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quarta-feira, setembro 26, 2012

O garçom que enfrentou a tropa de choque da polícia

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Um garçom de um bar em Madri que já faz fama em todo o mundo. Ele impediu que a tropa de choque local chegasse até manifestantes que estavam refugiados no bar em que ele trabalha. Ontem, milhares de espanhois protestaram "cercando" a Câmara dos Deputados em Madri, contra as medidas de austeridade do governo espanhol.

Alberto Casillas Asenjo trabalha em um bar que servelanches e fica em frente ao Museu do Prado, perto da Praça Netuno, onde os manifestantes se concentraram. Segundo o Huffington Post, Asenjo conta que um manifestante ferido, sangrando, se refugiou no estabelecimento e ele escutou uma ordem dada pela polícia para que prendessem o rapaz. "Foi então que lhes disse que não iriam passar. Durante todo o dia, o clima da manifestação foi o mais correto. E digo, a título pessoal, que acho que houve um excesso de força policial terrível."

Segundo a matéria, os momentos de tensão se estenderam por meia hora. Em relação ao fato de usuários das redes sociais terem o chamado de "herói", Asenjo comentou: "Herói é cada pessoa que luta por seus direitos".

As imagens abaixo dizem muito:

 
 


Quem disse que democracia também não se faz (ou se exerce) no bar?

Fotos extraídas daqui, daqui e daqui. Via Twitter do Idelber Avelar.

A regra é clara OU Se você pensa que vodca é aquavit

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A matéria é de destilada relevância, mas recebeu nada além de notinhas despercebidas por aí.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) regulamentou a produção de bebidas alcoólicas no país, definindo o que pode ser chamado do quê.

A regra é clara. E foi publicada no Diário Oficial da União.

A partir de agora, se o mosto (sumo) do vegetal fermentado é logo destilado e submetido a outras formas de separar o álcool das impurezas, trata-se de "destiladas retificadas".

É complicado entender, mas o Estado ajuda você
Se o vegetal usado for semente de alcarávia, a produção é aquavit. Se forem cereais em geral, o goró chamar-se-á "corn". Se a base contiver zimbro, o embriagado há de pedir por "genebra" ou gim ou steinhaeger. Vodca é a branquinha extraída de destilados alcoólicos simples de cereais ou pelo álcool etílico potável.

Em todos os casos, provavelmente, será recomendada moderação.

Açúcar pode; caramelo, só na Genebra. Embora seja vista como remédio para dores de amor mal curadas, "é vedada a utilização de recipientes e embalagens tipo flaconetes, sachês, conta-gotas, spray, ampolas, copos-medidas ou outros que caracterizem os produtos similares àqueles de uso farmacêutico, medicamentoso ou terapêutico".

Como boteco também é cultura, aí vai o momento aula de geografia. Aquavit vem de países escandinavos. A mais famosa versão norueguesa jura ser envelhecida em barris armazenados em navios cargueiros que vão e voltam da Austrália, cruzando a linha do Equador por duas vezes. Steinhegger é germânico; genebra e gim, dos Países Baixos. Zimbro é um arbusto rasteiro da família dos ciprestes e cedros, e alcarávia refere-se à planta que produz a semente kümmel, usada como tempero. Para fugir da botânica, consta que o Aquavit é fermentado da batata na Noruega, Dinamarca e Suécia. No Brasil, a exemplo da Suécia e Alemanha, só vale o tal cominho-armênio. A vodca, diminutivo de água em idiomas eslavos, tem regulamentações distintas, mas é produzida tradicionalmente na Rússia, Bielorússia, Polônia, Lituânia e até nos Estados Unidos.

Qualidade

Para qualquer das levanta-defunto produzidas em território brasileiro será permitido imprimir, no rótulo, expressões como "artesanal", "familiar", "caseiro", "natural", "premium", "reserva" etc. Isso quer dizer que não se pode sequer usar esses termos como parte do nome ou da marca dos produtos. Fica liberada se a palavra se for parte da razão social, mas nada de destaque.

Só faltou a instrução proibir de dizer que é bom, mas aí se estaria versando sobre questão de gosto, que não se discute. Mas fica praticamente verdadeira a sentença: "Ministério da Agricultura adverte: vodca nacional não é premium".

Manguaça cidadão

A medida é um importante passo para uma das frentes do Manguaça Cidadão, projeto de política pública lançado, patrocinado e construído colaborativamente pelo Futepoca com a sociedade. Entre outras medidas, consta a garantia de controle de qualidade dos etílicos consumidos pela população. Saber o que se está bebendo porque é líquido (porque se sólido fosse, come-lo-ia) é um direito do consumidor e do cidadão - sóbrio ou bêbado.

Mais importante do que isso é descobrir que o Manguaça Cidadão tem mais capilaridade no Executivo do que sonhava o devaneio mais entorpecido do mais ébrio momento dos membros desde fórum.

Um brinde aos avanços do Manguaça Cidadão
É que o Ministério possui um "coordenador Geral de Vinhos e Bebidas". Segundo a nota do órgão, Helder Moreira Borges considera que a atualização é um avanço, já que as referidas bebidas eram regulamentadas por uma instrução normativa de 38 anos, de 9 de setembro de 1974. Daquele texto, conhaque, grapa, bagaceira e vinagra já haviam recebido revisão em 1983.

Todo esse tempo de defasagem é mais do que o período de envelhecimento de qualquer uísque que este sóbrio autor já tenha degustado. Mas leis e regras, ao contrário de destilados e fermentados em barris de carvalho, não melhoram com o tempo.

segunda-feira, setembro 24, 2012

Santista, faça as contas, fique feliz e deixe o Ganso jogar

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Claro que a longa negociação que envolveu a transferência de Paulo Henrique Ganso para o São Paulo desgastou não apenas as partes envolvidas, mas também o torcedor santista. Até porque não é de hoje que o meia é alvo de especulações. A imprensa já tinha “vendido” o atleta para outro time no ano passado. Ainda que a diretoria do Santos tenha sempre negado ter recebido propostas oficiais por Ganso nesse período de dois anos, com exceção de uma feita pelo Porto, de cerca de US$ 8 milhões, o torcedor tinha conviver com a possibilidade de saída do jogador a cada janela, para diversos times.

Quando questionado, na coletiva de domingo, 23, sobre o que teria sido determinante para que desejasse sair da Vila Belmiro, Ganso desconversou. Disse que há dois anos a relação só se desgastava. De fato, o jogador queria sair desde então do clube. O que não havia, até agora, era uma proposta formal que contemplasse, principalmente, o que o Santos queria para liberar o atleta. Ele queria sair, mas ninguém queria bancar o risco de contratá-lo.

Faz tempo que Ganso está em outra... (Ricardo Saibun/Santos FC)
É quando tem início a novela que durou 32 dias, que revelou bem o modus operandi das partes. Em um domingo, salvo engano no dia 26 de agosto, ouvi pelo rádio uma coletiva quebra-queixo do vice-diretor de futebol do São Paulo, João Paulo de Jesus Lopes, na qual dizia que o clube do Morumbi não iria fazer outra proposta por Ganso. A primeira dava ao clube da Vila aproximadamente R$ 12 milhões. O Santos já havia recusado a proposta oficialmente. Ao mesmo tempo em que negava disposição de fazer outra investida, o cartola não dizia que o Tricolor havia desistido do negócio. Ou seja, obviamente o São Paulo contava com a vontade do atleta de sair e com o constrangimento do Santos por parte da DIS e, diga-se, de boa parte da mídia esportiva que joga junto com o grupo e com o clube paulistano. A ideia era forçar a saída por menos do que aquilo que o clube praiano achava justo.

Mas os santistas fizeram jogo duro. O grupo, dono de 55% dos direitos econômicos de Ganso, mais o próprio atleta poderiam até tentar a liberação na Justiça, mas os problemas decorrentes disso seriam inúmeros. Ainda mais porque o Santos nunca negou ao boleiro o direito de trabalhar. Ao fim, o clube conseguiu quase o dobro do que o São Paulo propôs inicialmente, além de 5% do valor de eventual transação futura (sem prejuízo dos 5% que já tem direito por ser o clube formador). E ainda trocou a penhora de 20% de parte de suas receitas – que iriam ser depositadas judicialmente, não podendo ser utilizadas pelo clube – pela penhora de um dos seus centros de treinamento, o CT Meninos da Vila.

Para se ter uma ideia do quanto o Santos lucra com o negócio, cabe um exercício: imaginem que Ganso estoure, jogue como nunca, não sofra mais com contusões e instabilidade emocional e seja vendido daqui a um tempo pelo valor da sua atual multa rescisória, 60 milhões de euros ou, pela cotação de hoje da moeda, R$ 156,6 milhões de reais. Viriam para os cofres da Vila Belmiro R$ 15,6 milhões. O São Paulo embolsaria R$ 45,12 milhões, o equivalente a 32% do restante, porcentagem que adquiriu ao pagar R$ 16,4 milhões (a outra parte do pagamento feito ao Santos para se chegar aos R$ 23,9 milhões veio da DIS, que subiu sua participação nos direitos econômicos do atleta de 55% para 68%).

Resumindo, fazendo as contas da transação de um Ganso mais que recuperado e valendo mais do que vale Neymar hoje, o Tricolor teria como “lucro”, descontando o investimento feito para levá-lo do Santos, R$ 28,72 milhões. O Alvinegro, somando o que ganhou agora com o que receberá caso a transação para o exterior ocorra nesses termos, R$ 40,3 milhões. Pode-se incluir mais ganhos de marketing e venda de produtos para o São Paulo, mas também é preciso levar em conta o salário pago ao atleta. Em um ano, o Tricolor deve gastar praticamente o que o Santos pagou a Ganso durante todo seu período como profissional.

Ainda assim, a venda de Ganso não envolve só dinheiro. Existe o ganho intangível, que envolve possíveis títulos e futebol bem jogado. Isso o ex-Dez já deu aos santistas, sendo fundamental, em menor ou maior grau, em cinco títulos nos últimos três anos. Mas o fato é que ele já não estava na Vila há muito tempo. Seus belos lances eram lampejos em meio a uma aparente apatia e constantes visitas ao departamento médico.

Fui a um jogo no Pacaembu neste ano no qual ele sequer saudou a torcida quando teve seu nome entoado pela massa. Se o Santos já não poderia tê-lo, que fizesse uma boa negociação. E foi, de fato, das melhores que se podia fazer.

Memória

Sebastían Pinto, presente da DIS
A diretoria do Santos pode ter sido inábil nesse período em que Ganso esteve no clube insatisfeito, mas é bom lembrar que o atleta já se envolveu em confusão com seu “descobridor”, o eterno Giovanni, que diz ter direito a parte dos direitos econômicos do meia, mas nem se anima a ir à Justiça por eles. A DIS, que detém 55% dos direitos, é outro “parceiro” difícil, que já se envolveu em imbróglios em vários outros clubes. E essa é uma “herança maldita” de nosso dileto ex-presidente Marcelo Teixeira, que trouxe o grupo como parceiro preferencial.

Pra quem não lembra, o grupo traria reforços de peso para o time em 2008, mas chegaram Molina, Michael Jackson Quiñones, Sebastían Pinto e Trípodi. Levaram embora o lateral Kléber para o time de coração do dono do grupo, o Internacional, e ainda compraram, a preço de banana, parte dos direitos econômicos de jogadores da base do clube, como Neymar, Ganso, André e Wesley.

No caso do meia, a DIS também gerencia sua carreira, o que não acontece (ainda bem) com Neymar, por exemplo. Daí toda a dificuldade enfrentada pelo clube para lidar com Ganso.

Antes de falar mal da atual gestão, é bom lembrar quem trouxe esse “parceirão” para o Santos...

sábado, setembro 22, 2012

Promessa dramática

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– Ô, rapaz, tirou a barba – abordou-me o palmeirense no corredor da firrrma.

– Tirar é bondade sua. Só aparei, viu? – respondi, deixando claro que os pelos na cara seguem como marca registrada, até no calor do Centro Oeste.

– Mas foi promessa?

– Não. Até pensei em oferecer a barba como promessa caso o Palmeiras não caia, mas desisti. Uma reles penugem dessas seria insuficiente para sensibilizar o imponderável...

– É fato. Só se você prometesse cortar... – pausou meu palestrino interlocutor, causando suspense e me deixando sem respirar – os pelos do saco.

Entre o alívio, por ter me poupado do destino de eunuco de um lado, mas ainda chocado pelo fim escatológico da proposta de promessa, preferi não responder. A tréplica veio de graça:

– Do jeito que nosso time está, precisaria de uma promessa mais dramática.

sexta-feira, setembro 21, 2012

Lula adere ao Fora Mano Menezes

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Palmeiras: três motivos para alento e para desespero

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O palmeirense precisa de alento. Mas tem motivos de sobra para o desespero. O Futepoca prefere, então, de forma democrática, oferecer tanto alguns fios de esperança aos alviverdes que compartilham a lanterna dos afogados na tabela quantos motivos para novas troças dos torcedores rivais.

Verde esperança em três tons

Exemplo do Fluminense de 2009
Foi há três anos. O Palmeiras era líder do campeonato, e o Fluminense vivia o drama das últimas posições. Em uma recuperação histórica e contrariando todos os prognósticos de bom senso, o Tricolor carioca escapou da degola em uma campanha de recuperação com 28 pontos somados em 13 jogos. O final feliz para os cariocas só aconteceu na última rodada, para desespero do então centenário Coritiba, que terminou rebaixado.

Quem diria que a previsão de fim do mundo em 2012 do 
calendário Maia aplicar-se-ia exclusivamente a palmeirenses. Na foto, a pirâmide Kukulkan

Basta ao time paulista, agora em 2012, somar 25 dos 39 pontos (64%) em disputa para o ano da conquista da Libertadores pelo Corinthians não se converter no pior ano da história da humanidade para os palestrinos. É desempenho de time campeão, que pode até não ser provável, mas não é impossível.

Catarinenses
Ainda em 2009, faltando as mesmas 13 rodadas para o final, o Fluminense tinha 18 pontos, dois a menos do que possui hoje o Alviverde outrora imponente. A "arrancada da virada" se iniciou contra uma equipe catarinense, a saber: o Avaí, por 3 a 2.

A próxima partida do Palmeiras acontece contra outro time barriga verde, desta vez o Figueirense. Vai que...

Primavera
O Flu chamou Cuca no início de setembro para comandar a recuperação. Igualmente, antes do início da primavera, dá-se a troca de comando no Palmeiras neste ano, com Gilson Kleina assumindo a direção (?) do time do banco de reservas. E a estação das flores pode ver o renascimento do futebol no Verdão neste ano.

Foto: mauroguanandi no Flickr 
Uma das poucas chances de ver Palmeiras bem na foto no ano

Tripé do desespero

Segundona na veia
Em 2005, o Santo André derrubou o próprio Palmeiras e o Flamengo na semi e na final da Copa do Brasil. Da Série B do Nacional, foi percorrer as Américas para participar da Libertadores. Fez papel coadjuvante, mas debutou na fórmula. Uma queda depois de garantida a vaga no torneio continental nem representaria, assim, feito inédito. Só seria uma reprise indigesta.

Maldição da semifinal da Copa do Brasil
Mais grave: desde 2004, entre os quatro semifinalistas da Copa do Brasil ou havia um representante da Segundona ou um dos quatro acabou caindo. Em 2012, só times da suposta elite, ou seja, a maldição do rebaixamento assombraria ao menos um dos quatro. A escrita não poderia ser riscada assim, sem mais nem menos. Qual uma maldição, recairá sobre o vencedor da competição o fardo de reequilibrar esse retrospecto?

Semifinalistas rebaixados
Ceará e Avaí – 2011
Vitória – 2010
Coritiba – 2009
Semifinalistas que não estavam na Série A
Corinthians - 2008
Brasiliense – 2007
Ipatinga – 2006
Paulista e Ceará – 2005
Santo André, XV de Novembro, Vitória (rebaixado) – 2004
Brasiliense – 2002

Retrospecto de Série B
Na Copa do Brasil, foram disputados 11 jogos. Se fosse no Brasileirão, valeriam 33 pontos. Desses, apenas quatro foram contra adversários da Série A. Para conquistar o título, foi preciso bem menos esforço de elite do que para se manter na primeira divisão do Brasileirão. Acreditar que um time manco poderia se dar bem em uma competição de pontos corridos é motivo de alegria para os adversários.

Por um triz

Pontuação de quem escapou da degola na era dos pontos corridos

Ano Pontos Time Aproveitamento
2011 43 Cruzeiro 37,7%
2010 42 Atlético-GO 36,8%
2009 46 Fluminense 40,4%
2008 44 Náutico 38,6%
2007 45 Goiás 39,7%
2006 44 Palmeiras 38,6%
2005 51 Ponte Preta 40,4%
2004 51 Botafogo 37,0%
2003 49 Paysandu 35,5%

* Até 2004, eram 24 clubes, o que correspondia a quatro jogos a mais. Em 2005, foram 22 participantes. Em 2003, foram dois rebaixados apenas.

quarta-feira, setembro 19, 2012

Dirceu não sai da cabeça dos tucanos desde 2006

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A nova peça de propaganda do candidato tucano à prefeitura de São Paulo, José Serra, tenta fazer uma relação direta entre Fernando Haddad e réus do Mensalão, como Delúbio Soares e José Dirceu. O candidato petista aparece ao lado das fotos dos acusados e vem a voz, tétrica, vaticinando: “Sabe o que acontece quando você vota no PT? Você vota, ele volta”.



Tudo bem que o marqueteiro-mór da campanha de Serra, Luiz Gonzales, é o mesmo que fez sua campanha em 2010 e a de Kassab em 2008. Mas falta de criatividade tem (deveria ter) limite. De verdade, o que essa peça tem de diferente de uma das que foram usadas (aparentemente apócrifa) contra Dilma, em 2010? Naquela propaganda, uma foto da atual presidenta ia aos poucos sendo transformada em... José Dirceu! E a narração dizia: “Ela [Dilma] vai trazer de volta todos os petistas cassados ou que renunciaram. Dilma vai trazer de volta inclusive aquele que o procurador-geral da República chamou de chefe da quadrilha [José Dirceu]”.



Bom, não se sabe se Dilma nomeou de ontem pra hoje algum daqueles ao que o vídeo acima faz referência, mas até agora nenhum deles tinha sido nomeado para qualquer cargo. A propaganda de rádio também fazia referência à associação com Zé Dirceu. “Toc toc toc, bate na madeira. Dilma e Zé Dirceu, nem de brincadeira”, dizia a música abaixo. Aliás, além da temática repetida (em 2006 um jingle ditava “Não pro mensalão/pra dólar na cueca e mentiroso eu digo não”), a música também era readaptada de outra, usada na campanha de Kassab em 2008 (aqui).



Parece que anda faltando assunto na campanha tucana. E criatividade para os marqueteiros...

segunda-feira, setembro 17, 2012

E por falar em saudade (ou não)... Por onde andam aqueles jogadores que você achava que tinham se aposentado

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Dando uma olhadela nas Séries C e D do Campeonato Brasileiro é possível ver que, apesar da idade ou da “rodagem” excessiva, muitos jogadores que passaram por times grande e fizeram fama mundo afora ainda arriscam entrar no gramado mesmo sem os holofotes de outrora. Vejam alguns dos medalhões, quase craques ou simplesmente atletas famosos que ainda estão em atividade – e talvez você nem soubesse.

Rodrigo Gral – jogador promissor revelado pelo Grêmio, atuou pela seleção brasileira sub-20 e foi campeão da Copa do Brasil pelo Juventude, em 1999. Teve mais duas passagens pelo tricolor gaúcho e passou também pelo Flamengo. Após passar pelo Japão e Catar, voltou ao Brasil e jogou pelo Bahia em 2010 e pelo Santa Cruz em 2011. Estava até pouco tempo no Duli Pengiran Muda Mahkota Football Club (DPMM FC), time de Brunei que disputava o campeonato da Malásia. Mas acertou com a Chapecoense e disputa hoje a Série C. Estreou oficialmente com gala no sábado, na vitória do clube contra o Caxias.

Paulo Almeida – capitão do time do Santos campeão brasileiro de 2002, o volante Paulo Almeida tem passagens ainda por Benfica e Corinthians. Chegou a disputar a Copa Ouro vestindo a camisa da seleção brasileira em 2003 e fez parte da fracassada equipe pré-olímpica comandada por Ricardo Gomes em 2004. Hoje, com 31 anos, é peça-chave da equipe do Mixto-MT, que disputa com o Sampaio Corrêa uma vaga para a Série C de 2013.

Warley – se você não lembra desse atacante, de 34 anos, que se destacou no Atlético-PR, foi vendido por uma fábula (segundo o Wikipedia, U$S 9 milhões por metade dos seus direitos) à Udinese e jogou por São Paulo, Grêmio e Palmeiras, ele passou até pela seleção brasileira (a prova está aqui). Hoje é ídolo do Campinense e vice-artilheiro da Série D com sete gols. Sua meta é ajudar o time de Campina Grande a superar o Baraúnas-RN, assegurando um lugar na Série C em 2013.

Baiano – revelação do Santos, disputou o Pré-Olímpico e os Jogos Olímpicos de 2000, em Sidney, pelo Brasil. Tem no currículo um rol invejável de clubes que inclui o Atlético-MG, Palmeiras, Boca Juniors e Vasco. Lateral-direito que migrou pela meia e se especializou em cobranças de falta, aos 34 ainda presta serviços ao mundo da bola no Brasiliense, clube da Série C do Brasileirão. No time de Brasília, comandado por Márcio Fernandes (ex-Santos), joga com outro “medalhão”, Ruy Cabeção, ex- Botafogo, Grêmio, Fluminense e Cruzeiro (não nessa ordem) e atua também com o argentino Frontini, ex-atleta do Santos.

Luis Mario – campeão paulista e brasileiro de 1999, e do Mundial de Clubes da Fifa em 2000, todos pelo Corinthians, o atacante ou meia-atacante jogou também pelo Grêmio, Atlético-MG e Botafogo, passando pelo futebol japonês, lusitano e suíço. Com 35 anos, está disputando a Série C pelo Icasa, depois de disputar o campeonato paulista pela Catanduvense.

domingo, setembro 16, 2012

Coritiba 1 X 2 Neymar

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Meu pai tem birra da imprensa esportiva paulistana porque acha que, desde os anos 1950, ela menospreza o Santos por não ser da capital. De acordo com seo Orlando, uma das coisas que mais lhe irritava em tempos idos era quando o Peixe vencia alguém de forma inapelável e os jornais paulistanos estampavam: Pelé 5, 6, 7 ou 8 X tal time zero. Não que o Rei do futebol tivesse marcado todos os gols, mas tudo se resumia à atuação do Dez alvinegro.

É óbvio que, muitas vezes, o Rei monopolizava a atenção e talvez até justificasse uma ou outra manchete. Mas ele, quase sempre, na Vila Belmiro, contou com companheiros preciosos, talentosos, dos maiores que o futebol pôs os olhos. Não fosse entrar em uma equipe campeão e já entrosada, talvez não chegasse à Copa de 1958 e sabe-se lá o que seria da seleção. Mas o destino foi bom com ele, com o Santos e com o Brasil, e o resto da história todo mundo sabe.

Toda essa introdução é para justificar o título acima. Neymar não conta hoje, em seu clube, com companheiros próximos ao seu talento. Digo “próximos” porque, à altura, nem na seleção ele tem. Tem a seu lado um André que parece pesado, um Patito Rodríguez, habilidoso mas ainda perdido em boa parte do tempo; Gerson Magrão, talvez o mais lúcido na meia, mas... é Gerson Magrão. E Juan, no seu lado canhoto, o predileto, que também dispensa comentários. 

É o salvador em uma época de transição na qual o time do Santos busca uma nova cara, com a saída de diversos jogadores como Elano, Borges, Alan Kardec, Ibson (tá, esse não faz grande falta), e, fatalmente, o volúvel e inconstante Ganso. Ainda não conta com o calejado Léo na maior parte do tempo, tampouco com o contundido – e vital – para a defesa, Edu Dracena, além de outros no departamento médico. O Alvinegro não consegue repetir a mesma formação (hoje não contou com um recém-contundido Adriano, além de Felipe Anderson e Durval). Sem um conjunto formado para ajudar, Neymar carrega a responsabilidade, mas não é fácil seu jogo encaixar.

Mais um gol de placa para a coleção de Neymar
Na primeira etapa isso ficou patente. Pra variar, o Santos tomou um tento dentro dos 15 primeiros minutos. Também nada incomum, tomou um gol de um ex-jogador, Deivid. O Coritiba marcava bem, atacava pelos lados e levava perigo nas bolas aéreas, ponto fraquíssimo dos zagueiros que estavam em campo, principalmente de Bruno Rodrigo. Já no segundo tempo, o posicionamento nas ditas bolas paradas foi bem melhor, e o Coritiba pouco ameaçou o Santos, que muitas vezes oferecia o campo para o contragolpe dos donos da casa.

Mas os peixeiros também não chegavam. Desde o primeiro tempo, os torcedores xingavam Neymar. Quando as ofensas subiram o volume, o atacante quase marcou de cabeça na primeira etapa. E quase desapareceu depois. No entanto, Muricy teve um ímpeto ofensivo e trocou Ewerthon Páscoa por Bernardo. Patito recuou mais para vir de trás, e o Peixe começou a ganhar terreno. Começava a se desenhar um cenário mais favorável à atuação de Neymar.

E, aos 26, veio o encanto. Neymar passou por cinco rivais (ou seis, conforme a conta), incluindo o arqueiro rival. Contou com a sorte, como todo craque, e fez um gol de placa. Um tento genial. E a virada chegou depois de uma finalização de Patito Rodríguez, que sobrou para Neymar complementar com a tranquilidade dos que sabem do que a bola gosta. Infelizmente, por conta de uma suposta provocação à torcida adversária que o xingou quase o tempo todo, tomou o terceiro amarelo e não pega a Portuguesa. Azar do Santos e de quem gosta de futebol. 


Números de Neymar

Com Neymar em campo, o Peixe tem um aproveitamento de líder: 20 de 26 pontos disputados, ou 76,9%. Fluminense e Atlético-MG tem menos de 71%. Mais um motivo para o torcedor não simpatizar nem um pouco com Mano Menezes e a sua seleção brasileira. O garoto chega a oito gols em nove partidas no Brasileiro (sim, ele não participou de mais de 60% dos jogos do Santos, boa parte deles em função do Brasil, e não é a CBF que paga o seu salário). Neste ano, em 52 partidas, fez 44 gols, sendo que, pelo Santos, foram 38 jogos e 36 tentos. Sua impressionante performance soma ainda 27 assistências no ano, 17 pelo Alvinegro e dez pela seleção. É top 5 de qualquer lista de artilheiro ou meia que dá passe para gol.

E ainda tem quem duvide do garoto.

sábado, setembro 15, 2012

Lula toma água em comício e manda militância tomar cerveja no boteco

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No primeiro comício da campanha de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva declarou não poder mais tomar cachaça para refrescar a garganta e sugeriu que a militância vá às ruas e tome cerveja nos botecos para angariar votos para o candidato do PT.

Faltando 22 dias para a eleição, Lula debutou em comícios, uma prática comum no século XX como forma de políticos populares demonstrarem apoio popular. Foi na Zona Sul da capital paulista, no Capão Redondo. Outro comício nos mesmos moldes seguiu-se nas horas subsequentes. Hoje em dia, quando essa prática é tema de enciclopédia e livros de história, Lula segue como o único político em ação no Brasil capaz de mobilizar pessoas para sair de casa para vê-lo falar.

Depois de Lula, Haddad fez seu discurso carregado de sotaque paulistano, ô, meu. Insistiu nas críticas a Serra e deixou o PRBista livre de ataques. Até que mandou bem para um novato que fala depois de um orador do nível de Lula. Mas a estrela foi o ex-presidente.

Com a voz ainda mais rouca de pós-tratamento, Lula repetiu os autoelogios ao Universidade para Todos (ProUni), às melhorias no Programa de Financiamento Estudantil (Fies) e a outras frentes de educação do governo federal de 2003 a 2010.

Ainda voltado a malhar mais José Serra, candidato do PSDB à prefeitura, do que ao líder nas pesquisas, Celso Russomano, Lula sugeriu calma ao tucano. "Depois dos 60, a gente corre o risco de enfarte", tripudiou.

A certa altura, depois de 10 minutos de falatório, o ex-presidente sentiu sede, necessidade que acomete humanos de modo geral. Alegando se tratar dos efeitos do tratamento que o fez superar um câncer na laringe, Lula sacou uma garrafa de água e, sem perder o bom humor, avisou que sabe de sua condição. Insinuou que, no passado, pediria uma cachaça para irrigar a garganta, mas que, agora, ia de água mesmo.

sexta-feira, setembro 14, 2012

Financiamento de campanha dá poder exagerado a construtoras

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No meu último texto, discuti alguns aspectos do adensamento e da verticalização das metrópoles. Nele, afirmei que os prédios levantados hoje em São Paulo não são saudáveis para os destinos da metrópole. Essa opinião é compartilhada por muita gente, mas mesmo assim não há debate nem oposição às vontades das construtoras no meio político. Por que isso acontece?

Em primeiro lugar, porque existem políticos na nossa cidade que vieram do meio das construtoras. O próprio prefeito Gilberto Kassab é um deles. Ele fez parte do Sindicato da Habitação (Secovi) e do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci). Parece evidente que um político oriundo do mundo da construção seja, digamos assim, mais sensível às demandas desse setor.

Outra questão é a dependência do orçamento municipal das receitas do IPTU. Essa é a maior fonte de dinheiro para o município, ou seja, quanto mais imóveis, de preferência com IPTU alto, forem construídos, mais dinheiro entra nos cofres públicos. Essa não é uma questão de corrupção ou má-fé nem depende da vontade dos partidos. Qualquer projeto na cidade precisa de dinheiro. Fundos estaduais e federais demandam trabalho e tempo para serem acessados, enquanto o IPTU pinga diretamente na conta da Prefeitura todos os anos. E as necessidades urgem. 

Mas a razão mais nefasta para o aparente salvo-conduto que as construtoras têm em São Paulo é o financiamento de campanha. Poucos vereadores e nenhum prefeito conseguem se eleger na cidade – provavelmente em nenhuma grande cidade – sem o apoio financeiro dessas empresas. Os valores doados são brutais. Kassab recebeu de empreiteiras mais de R$7 milhões para sua campanha à prefeitura de 2008. Vereadores de todos os matizes ideológicos também foram agraciados com polpudas contribuições às suas campanhas (o apoio é mais generoso aos partidos ditos de direita, mas nenhum fica imune). Tudo isso acaba sendo noticiado vez ou outra, mas é difícil dar um sentido geral a esse fenômeno. Fica a sensação de que todos os políticos são iguais, já que todos se venderiam aos interesses imobiliários. 

O texto completo aqui

quinta-feira, setembro 13, 2012

Em dois minutos, Santos bate o Flamengo em noite de futebol fraco

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Santos e Flamengo, na Vila Belmiro, remete obviamente ao jogaço do ano passado, o melhor de 2012. Mas, dadas as situações das duas equipes no Brasileirão, que tinham as duas piores campanhas do segundo turno, não sugeria uma grande partida. Bingo. O jogo foi pavoroso na maior parte do tempo. Mais uma vez, um show de passes errados: 38 do Santos e fantásticos 54 do Flamengo, 92 ao todo.

Meninos salvam a noite do Santos
A partida foi equilibrada, com oportunidades para as duas equipes, apesar do péssimo futebol. O Rubro-negro de Dorival vinha com quase meio time de garotos, e os donos da casa com alguns jovens, muitos deles carregadores de bola corredores. Sem Gérson Magrão, suspenso, não havia na meia um atleta para pensar ou cadenciar um pouco o ritmo. Felipe Anderson, Pato Rodríguez e, quando subia, Arouca, carregavam e buscavam imprimir velocidade, mas pecavam no passe. André, pouco móvel, também. Talvez por conta das companhias pouco inspiradas, Neymar tentou quase durante toda a primeira etapa resolver sozinho. Sem sucesso.

No tempo final, os times vieram mais acertados na marcação. O Peixe dominou territorialmente, mas o Flamengo conseguiu controlar o ímpeto santista e chegou perto em contra-ataques. Em especial, aos 39, quando Vagner Love se aproveitou da falha de Léo e saiu na cara de Rafael, mas finalizou na trave. Àquela altura, Felipe Anderson, vaiado, e Pato Rodríguez tinham saído para as entradas de Bernardo e João Pedro. O Alvinegro tentava fazer a bola correr, e não correr com a bola.


Mas a troca que decidiu o jogo foi André por Victor Andrade. Bruno Peres deu um belo passe e o menino de 16 anos finalizou com classe, fazendo o gol que tirava o Peixe do sufoco. Vibrou, sacou a camisa, tomou amarelo, mas não estava nem aí. O torcedor, também não. E, no minuto seguinte, novamente Bruno Peres roubou uma bola no meio e tocou para Neymar, no mesmo lado esquerdo da defesa flamenguista, marcar um golaço.

Embora Victor Andrade tenha sido o nome do jogo, o lateral Bruno Peres, apagado ofensivamente durante parte dos 90 minutos, foi crucial Mesmo jogando mal, o Santos conseguiu uma vitória fundamental, para fugir da turma de baixo e se aproximar de novo do meio da tabela. Já o Flamengo segue em má fase e, embora esteja a quatro pontos da zona perigosa, o rebaixamento já começa a assombrar.


quarta-feira, setembro 12, 2012

Um giro pelas eliminatórias da Copa de 2014: zebras querem dar as caras

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A última rodada das Eliminatórias da Copa 2014 reservou algumas surpresas e serviu de alento para o sonho de muitas seleções que nunca chegaram a um Mundial. Algumas competições continentais estão mais adiantadas que outras, sendo os torneios europeu, africano e da Oceania os que têm somente duas rodadas. Já os outros continentes tem quase à metade das partidas disputadas, caso da sul-americana, que chegou à penúltima rodada de seu primeiro turno.
Com nove seleções na briga de quatro vagas e mais uma repescagem (o quinto colocado enfrenta o quinto das eliminatórias asiáticas), os vizinhos têm feito uma competição equilibrada. Só Bolívia e Paraguai parecem estar fora da briga, com quatro pontos cada um, uma vitória e um empate. A altitude de La Paz só funcionou para os bolivianos contra o próprio Paraguai, vitória por 3 a 1. Já os conterrâneos de Fernando Lugo conheceram o sabor da vitória contra o Equador, 2 a 1. Parece que Larissa Riquelme não poderá torcer pela sua equipe no Brasil em 2014...

César Farias pode fazer história
Quem faz uma campanha interessante é a Venezuela, cujo bom desempenho já se esperava aqui. Com 11 pontos em oito jogos (folgam na nona rodada), a Vinotinto tem um a menos que Uruguai e Chile, quarto e quinto colocados, e está a três dos líderes argentinos. A vitória fora de casa por 2 a 0 contra os paraguaios ontem deu mais moral para a seleção de César Farias. Será que os venezuelanos conseguirão debutar em uma Copa?

Zebras asiáticas

Será que o Líbano chega lá?
A rodada das eliminatórias também reservou algumas surpresas na Ásia. O Líbano venceu o Irã por 1 x 0, sua primeira vitória nos quatro jogos que disputou no Grupo A. Terá ainda mais quatro para tentar obter uma das duas vagas do grupo que asseguram a vinda para cá daqui a dois anos. A Coreia do Sul lidera com sete pontos, seguida por Irã e Catar, quatro cada. O Uzbequistão, com dois, empatou com o sul-coreanos e ainda sonham.
No grupo B, o ex-time de Zico, o Japão, derrotou sua equipe atual, o Iraque, por 1 a 0, consolidando uma confortável liderança com dez pontos em quatro partidas. Seis à frente da surpreendente Jordânia, que bateu a Austrália por 2 a 1. Caro jovem que se confundiu com a geografia, os australianos disputam as eliminatórias asiáticas por conta de um acordo feito com a Fifa, já que sua supremacia na Oceania era bastante sem graça. Em 2010, sua estreia na Ásia, sua classificação foi tranquila, mas, para 2014, sua campanha é levemente preocupante: dois pontos em três jogos; além da derrota para a Jordânia, empates contra Japão (em casa) e Omã (fora).

Nas eliminatórias asiáticas, os dois primeiros de cada grupo se classificam para a Copa. Já os dois terceiros se enfrentam em jogos de ida e volta e o vencedor do confronto pega o quinto colocado na América do Sul também em dois jogos.

Os azarões da Concacaf

Na Concacaf (América Central e do Norte), de três grupos com quatro seleções cada saem os dois melhores de cada para o hexagonal final. E há zebras querendo surgir a duas rodadas do fim da fase. No Grupo A, só Antigua e Barbuda está fora, enquanto Guatemala, Estados Unidos e Jamaica têm sete pontos. Os ianques correm o risco de não irem para a fase final, o que seria um vexame considerável, já os guatemaltecos tentam ir pela primeira vez a um Mundial. Nas eliminatórias de 2006, ficaram a apenas dois pontos da vaga na repescagem.

Já no grupo B, o México, com 12 pontos, já garantiu sua passagem para o hexagonal. El Salvador, que já foi ao Mundial de 1970 e 1982, está um ponto à frente da Costa Rica (5 contra 4), e a Guiana, com um pontinho, precisa vencer seus dois jogos e torcer. No grupo C, só Cuba, com quatro derrotas, está eliminada. O Panamá, que nem chegou à fase de grupos nas eliminatórias de 2010, lidera com nove e, se bater Honduras, que tem sete pontos junto com o Canadá, em casa, assegura vaga no hexagonal.

Na Europa, África e Oceania, apenas duas rodadas foram disputadas até agora. A Nova Zelândia venceu as duas, como esperado, marcando oito gols e sofrendo um. Nos dez grupos das eliminatórias africanas (classificam-se as primeiras de seleções cada grupo para disputarem cinco confrontos de ida e volta), somente Egito e Tunísia têm aproveitamento de 100%. Na Europa, mais seleções venceram seus dois jogos: Alemanha, Romênia, Holanda, Suíça, Rússia, Portugal, Bósnia, Grécia e França.

segunda-feira, setembro 10, 2012

Trolagem obrigatória: Santos de 2010 > seleção brasileira. China > Naviraiense

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Santos 10 X 0 Naviraiense, Copa do Brasil 2010. Muito mais engenho e arte que o jogo de hoje...

domingo, setembro 09, 2012

San-São: um castigo para quem assistiu

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As duas formações dos times que disputavam o clássico paulista da rodada não inspiravam muita coisa. O São Paulo não contava com Lucas, na seleção, assim como os donos da casa não tinham Neymar e Arouca, também com Mano Menezes. O Alvinegro não contava ainda com Ganso, Bruno Rodrigo (substituto de Dracena, que só volta em 2013), Juan e outros inúmeros reservas. Não, não seria um grande jogo, ainda mais com a postura dos dois treinadores.


Em relação à partida com o Fluminense, Muricy colocou Pato Rodríguez no lugar de Bill, e manteve dois volantes quase zagueiros, Adriano e Everton Páscoa. Ney Franco optou pela formação com três defensores de fato, com a entrada de Paulo Miranda.

O resultado: uma série de passes errados, principalmente no primeiro tempo, por conta das opções dos técnicos (sendo que as do santista eram mais limitadas) e também pelo modo dos times atuarem. No Santos, no primeiro tempo, os lances ofensivos estavam sob responsabilidade de três “corredores”: Pato Rodríguez, que jogou mais próximo de André; Felipe Anderson, perdido na marcação são-paulina, e Bruno Peres, o ala-lateral que ia à frente, falhando atrás muitas vezes. Atletas que carregam a bola sugerem que os de trás tenham que dar passes longos e, além disso, jogador que aposta uma, duas, três vezes uma corrida, sem se importar em passar a bola, na quarta tentativa não vai contar com a aproximação de um companheiro. Qualquer peladeiro sabe disso, mas tem muito atleta profissional não tem essa consciência.

 

Assim, os passes à distância faziam ambas as equipes errarem demais. O Santos, tentando lançar um velocista/driblador; o São Paulo, buscando a inspiração de uma bola enfiada para Luis Fabiano. Assim, algumas oportunidades surgiram de parte a parte, mas nada que empolgasse. As duas equipes jogavam com seu meio de campo distante do ataque ou da defesa, sem qualquer compactação. Muricy ainda pode justificar tal postura pelo fato de não poder escalar o mesmo time duas vezes seguidas, e Ney Franco pode dizer que chegou há pouco tempo, está testando alternativas etc e tal. Difícil é o torcedor aturar uma partida com tão poucas oportunidades de gol de lado a lado, um clássico quase vazio de sentido. De emoções também, com a anuência da CBF, que esvaziou o San-São em função de um amistoso portentoso com a perigosa China.

Jogo besta, com um zero a zero sendo final justo. Fica até difícil escrever.

Imagens de campanha: a intimidade de José Serra com o futebol

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sábado, setembro 08, 2012

Balão de ensaio ou piada? Ronaldo Fenômeno vice de Aécio Neves em 2014

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Saiu na coluna de Bruno Astuto, na revista Época desse fim de semana: “O sonho de Aécio é ter um novato a seu lado na chapa: o ex-jogador Ronaldo Nazário. A conversa ainda é prematura. Em tom meio sério e meio de galhofa, Ronaldo foi sondado sobre sua vontade de concorrer como vice de Aécio. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que apadrinha o mineiro, também não se opõe à ideia. O tucano quer que, de qualquer modo, ele participe ativamente da campanha”.

Ronaldo, aquele mesmo que a Globo ama, cultiva boas relações no meio político. Mora próximo ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em Higienópolis, e costuma se encontrar com o tucano para conversas regadas a uísque e partidas de pôquer, ao que consta. Diz também ter boas relações com Lula, com quem teve um entrevero na malfadada Copa de 2006, mas parece que é entre os tucanos que se sente de fato à vontade.

Ficou célebre um jantar do Fenômeno em julho de 2010, com José Serra e FHC. À época, ele justificou: “Pra ficar claro, não é apoio político. Eu e meus companheiros no Corinthians só demos sugestões para políticas públicas de apoio ao esporte”, escreveu. “Faremos isso com outros candidatos também.” Não houve o prometido jantar nem com Marina Silva, nem com Dilma Rousseff, segundo o ex-atleta, por “problemas de agenda” das candidatas. Talvez a diferença seja que, com os tucanos, o encontro fora marcado antes de a campanha pegar fogo...

No início deste ano, foi cogitada a sua possível candidatura a vereador em São Paulo, mas o Fenômeno teria achado pouco. Se Romário é deputado federal, ele se contentaria em ser vereador? À frente do Comitê Organizador Local da Copa (COL) em São Paulo, ele miraria um lugar na Câmara ou, como já se insinua agora, um cargo de vice de Aécio Neves.

O Fenômeno tem uma carreira como boleiro digna das jornadas de herói, ressurgindo quando menos se esperava. Mas sua trajetória depois da aposentadoria deixa muitas dúvidas no ar. É empresário, lida com empresas e imagem de jogadores em sua atividade profissional, mesmo assim, não viu qualquer conflito de interesses em ter que lidar com o mesmo nicho como presidente do COL, indicação do nada saudoso Ricardo Teixeira, com quem Ronaldo mantinha ótimas relações.

O também ex-jogador Tostão foi enfático em relação à nomeação: “Ronaldo, por não ter tido preparo técnico, não demonstra condições para o cargo nem para ser membro do comitê organizador da Copa. Ele precisa também decidir se quer ser empresário do esporte ou dirigente esportivo. Há um nítido conflito de interesses. Para um atleta se tornar um ótimo profissional em outro cargo relacionado ao futebol, precisa, além de se preparar bem, executar integralmente a nova atividade. Não pode ser por bico, por vaidade, por diversão ou apenas para faturar mais. Tem ainda de abandonar os trejeitos, a pose e o estrelismo da época de jogador.” E mais: “Infelizmente, as pessoas são mais reconhecidas e escolhidas por prestígio, por serem amigas do rei, do que por conhecimentos técnicos. O que prevalece, na maioria das vezes, é a ética do mercado e da política, o corporativismo e o toma cá dá lá.”

Ricardo Teixeira sabia que a imprensa é toda de Ronaldo, o PSDB, obviamente, também sabe, mas fica meio evidente a falta de quadros no ninho tucano. Resta saber de que forma o Fenômeno decidirá entrar na vida política. Dada a coerência, não é de se estranhar que ele possa até adotar outro partido. Melhor decidir logo, porque pode ser que seu amigo Luciano Huck já esteja na fila...

sexta-feira, setembro 07, 2012

São Paulo malufou e ninguém percebeu

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Muitos que avaliam o cenário eleitoral de São Paulo fazem alusão à polarização PT-PSDB como praticamente uma “tradição” na cidade, talvez influenciados por um cenário que se repete nas disputas presidenciais desde 1994, com os dois partidos ocupando sempre as duas primeiras posições. No entanto, na capital paulista, isso não é verdade.


De 1988 a 2000, a grande polarização paulistana foi entre dois projetos: o do PT e o de Paulo Maluf; um que representava aspirações populares de centro-esquerda; outro, com um ideário mais conservador, já encarnado, de formas distintas, por políticos anteriores como Jânio Quadros e Adhemar de Barros. Nesse período, o PMBD e o PSDB ocuparam os governos estaduais mas sequer chegaram ao segundo turno na capital paulista. Em 1988 (quando ainda não havia dois turnos), o governador Orestes Quércia, no auge da sua popularidade, não emplacou João Leiva . Seu sucessor, Fleury, viu seu candidato, Aloysio Nunes, ficar de fora da disputa final em 1992. Em 1996, mesmo à frente dos governos federal e estadual, os tucanos e o ex-ministro José Serra viram da arquibancada Pitta e Erundina concorrerem no segundo turno. A força de Covas em seu segundo mandato no governo do estado também não foi suficiente para levar seu pupilo Geraldo Alckmin à volta final em 2000.

Em 2004, pela primeira vez, os tucanos foram ao segundo turno, com José Serra. Àquela altura, o ex-presidenciável era um político com perfil bem distinto daquele que ficou em quarto lugar na disputa de 1988. Foi o seu discurso de cunho conservador que roubou os corações partidos dos eleitores de Paulo Maluf, então um quase cadáver político adiado que ainda iria para a disputa em 2008, já sem condições de ser um candidato competitivo. O afilhado de Serra, Gilberto Kassab, venceria as eleições de 2008, deixando fora do segundo turno o candidato do PSDB (mas não de Serra), Geraldo Alckmin.

Aí está o xis que mostra o mapa das duas últimas eleições paulistanas. Foi a decadência do malufismo que permitiu a ascensão do grupo representado por Serra/Kassab (PSDB/DEM, depois PSD). A prisão pela Polícia Federal, a investigação da Interpol e a trágica gestão de Celso Pitta (não necessariamente nessa ordem de importância) acabaram com a carreira de Maluf, mas o ideário representado por ele não pereceu.

Trocaram-se os nomes, mas a postura, o discurso e as ações permaneceram praticamente as mesmas. Nesse sentido, poucas coisas são tão reveladoras como uma entrevista dada pelo então prefeito de São Paulo em 1995, ao Roda Viva, da TV Cultura.

Na ocasião, Maluf já era um prefeito bem avaliado e, caso existisse o instituto da reeleição, talvez fosse agraciado com um novo mandato. Mas boa parte de sua popularidade estava ancorada em um discurso moral, daquele que dita comportamentos e, acima de tudo, estabelece condutas e proibições. Havia obrigado os paulistanos a usar cinto de segurança, o que não foi uma decisão pacífica, a despeito de ser apoiada pela maioria da população.

Mas o assunto que dominou mais de um terço da entrevista, levando-se em conta a transcrição, foi a proibição do fumo dentro dos restaurantes, obrigando a que os estabelecimentos usassem “fumódromos”, nos quais era proibido servir comida. Maluf utiliza praticamente todos os argumentos que seriam usados por José Serra anos mais tarde, na ocasião em que radicalizou a restrição ao fumo quando governador, em 2009, e, ainda, transformá-la em grande bandeira eleitoral.

Abaixo, Maluf no Roda Viva e Serra, no Diário do Grande ABC:

E sobre o cigarro, não é problema do governo federal e nem do governo do estado, é um problema das prefeituras fazerem suas próprias legislações. Então, nós achamos que temos que defender primeiro o não fumante. Segundo pesquisa do seu jornal, do DataFolha (ele se dirige ao mediador Matinas Suzuki Junior), indica que 75% da população não deseja que se fume nos restaurantes, e 19% deseja. Isso quem diz é o seu jornal, o Data Folha. E mais, o seu jornal diz o seguinte: 67% dos fumantes desejam que não se fume nos restaurantes, então, não é contra fumante, é contra o fumo no restaurante.
Maluf, em 1995

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"O noticiário está meio enviesado, parece que a gente está querendo diminuir o fumo daqueles que já fumam. Claro que se o sujeito puder não ficar fumando, melhor, mas a lei é para proteger aqueles que não fumam e são mais prejudicados pela fumaça que sai dos cigarros"
Serra, em 2009

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Ambos também citam cidades do exterior como exemplo a seguido, entre outros argumentos coincidentes. Aqui, não é o caso de entrar no mérito de ambas as leis, se foram (ou são) benéficas ou não, mas sim atentar à forma semelhante com que ambos a fizeram: sem discussão ou participação, baseando-se em pesquisas de opinião como verdades incontestes, sem admitir que pudessem haver soluções intermediárias ou alternativas. E também é o caso de ressaltar a centralidade que esse tipo de proibição adquiriu como “realizações” de ambos.

Maluf, no Roda Viva, inclusive “antecipou” a existência da Lei Seca, necessária, mas não na sua versão draconiana, como lembra Túlio Vianna aqui. Esse trecho da entrevista do Roda Viva, é novamente revelador:

Nirlando Beirão: Às vezes, eu sinto que o senhor tem o prazer de proibir as coisas, sabia?
Paulo Salim Maluf: Por exemplo?
Nirlando Beirão: Proibir. Ditar normas de comportamento pessoal. Deixa a pessoa fumar.
Paulo Salim Maluf: Por exemplo, além do negócio de fumar, o que mais que foi proibido?
Nirlando Beirão: O negócio do cinto de segurança. Eu tenho que andar com aquilo me amarrando?
Paulo Salim Maluf: Eu acho que salva a tua vida.
Nirlando Beirão: Prefeito, mas eu posso decidir sobre isso? Não posso, prefeito?
Paulo Salim Maluf: Não, eu acho que você não deve decidir sobre isso. Vou dizer porque: porque se você quiser decidir sobre isso, você está pregando, não o Estado de direito, mas o Estado de anarquia. Existe uma estatística na cidade de São Paulo.
Matinas Suzuki: [Interrompendo] Prefeito, o álcool faz mal. O senhor vai proibir o álcool na cidade de São Paulo?
Paulo Salim Maluf: O álcool, nós não vamos proibir.
Matinas Suzuki: A motocicleta é perigosa. Motocicleta não anda mais em São Paulo?
Paulo Salim Maluf: Já se proibiu o álcool. Já se proibiu o álcool nas beiras das estradas.
Nirlando Beirão: Os carros matam....
Matinas Suzuki: [Interrompendo] Como já se proibiu o álcool, várias culturas já proibiram tabagismo, como café já foi proibido, essas coisas vão e voltam, prefeito, culturalmente, vão e voltam.
Paulo Salim Maluf: Matinas, eu estava em uma estrada na França...
Matinas Suzuki: [Interrompendo] O senhor faz um teste com um carro a trezentos quilômetros por hora, o senhor vai proibir isso?
[sobreposição de vozes]
Paulo Salim Maluf: Espera, então, espera um pouquinho aí. Eu fiz... Dá licença.
Matinas Suzuki: [Interrompendo] o senhor pega o seu carro por prazer, que é a mesma relação que tem com o cigarro, e a pessoa vai lá e pode fumar. Então, o senhor deveria proibir também....
Paulo Salim Maluf: [Interrompendo] Não, senhor, perdão, você está tergiversando. Vamos falar, em primeiro lugar, sobre o álcool. O senhor me deixa responder sobre o álcool ou não?
Matinas Suzuki: Mas claro, pois não.
Paulo Salim Maluf: Muito bem, eu estava numa estrada na França à noite, tinha um comando, o comando me parou e eu tirei os documentos e ele me disse: "não", e me deu um bafômetro. Os documentos não interessavam a ele, ele queria saber se eu tinha bebido e se estava guiando na estrada. De maneira que eu acho, se as autoridades brasileiras fossem, quem sabe, um pouco mais severas para fiscalizar os motoristas nas estradas para saber se bebem ou não, provavelmente alguns acidentes não teriam acontecido. Ninguém sabe se esse acidente de ontem no Rio de Janeiro que matou quinze pessoas, se o motorista não tinha bebido antes. Inclusive, há um decreto aqui no estado de São Paulo que proíbe os bares à beira de estradas de vender álcool, e eu acho que está perfeito.


É interessante observar que os entrevistadores pressionam Maluf no que diz respeito a seu ímpeto proibicionista, algo presente em todo programa.

No entanto, tratamento similar não foi dispensado a José Serra anos mais tarde pela imprensa em geral. É claro que a simpatia dos grandes veículos pelo tucano entra na conta, mas será que, culturalmente, muita coisa não mudou também, principalmente em São Paulo? Passamos a aceitar todo tipo de proibicionismo, alguns até com sentido, outros desprovidos de qualquer senso de justiça ou respeito como a rampa anti-mendigo, sem questionar? Em suma, a maioria ou muitos de nós pensa hoje como Maluf pensava em 1995 em relação ao proibicionismo?

O grande feito de Gilberto Kassab na capital paulista foi a Lei Cidade Limpa, uma série de restrições à publicidade de rua, atingindo também praticamente todos os estabelecimentos comerciais em São Paulo. Também empreendeu sua sanha de proibições contra camelôs, artistas de rua, venda de cachorros quentes, distribuição de sopão, bares (esta ele deve a José Serra, que aumentou a repressão aos botecos), incluindo uma tal Lei Seca na Virada Cultural etc etc etc. Seguiu a linha do seu antecessor, representando também o antigo Jânio e, sobretudo, Maluf, que redescobriu o poder eleitoral do ato de "cercar" os cidadãos e impor. Está tudo lá, na entrevista do Roda Viva (vale ler) de 1995. 

Foi Maluf que fez?
Paulo Maluf encarnou o espírito conservador que repousa em parte da sociedade de São Paulo. Bebeu da fonte de Jânio, o reinventou, e foi vanguardista nas ações proibicionistas que conquistariam as mentes de Serra e Kassab. Hoje, dado como morto politicamente, vê um pupilo seu, Celso Russomanno, fazer uma campanha de cunho semelhante às suas, vertendo reacionarismo, liderando as pesquisas. Vê Serra desfilar obras (que o tucano começou, que pegou no meio, que concluiu, que são de Alckmin, de Kassab, mas que, na propaganda são suas, todas...) e vestir o manto antipetista e conservador com todo gosto, como o próprio Maluf fazia nos seus melhores momentos. Ainda tripudiou do petismo, seu inimigo de sempre na cidade, ao exigir a foto mais polêmica da política dos últimos tempos. Não concorre a cargo nenhum, mas seu ideário está mais presente do que nunca.

Alguém tem dúvida de que Maluf é um vencedor?

domingo, setembro 02, 2012

Incrível: a história de Alan Fonteles, o brasileiro que superou Oscar Pistorious

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Mesmo quem não acompanha o noticiário esportivo conhece ou já ouviu falar do sul-africano Oscar Pistorious. Velocista, ele utiliza duas próteses feitas de carbono no lugar das pernas, e conquistou o direito, após muita luta, de competir além da modalidade paralímpica (sim, é paralímpica agora) e disputar os Jogos de Londres 2012 entre outros grandes nomes do atletismo. Findas as Olimpíadas da capital inglesa, ele entrou na disputa dos Jogos Paralímpicos como estrela máxima da competição.

Mas havia Alan Fonteles, um paraense de Marabá, de 20 anos de idade. Ele teve as pernas amputadas por conta de uma infecção, quando ainda era bebê. Mesmo assim, quando criança tornou-se apaixonado pelo atletismo tanto que, aos 8 anos de idade, começou a correr mesmo contando apenas com próteses de madeira, inadequadas para a prática do esporte. Por meio de um triatleta, Rivaldo Martins, que teve que amputar a perna esquerda devido a um acidente, Fonteles conseguiu, em 2007, próteses especiais para competições. De lá pra cá, várias conquistas, incluindo uma medalha de prata em Pequim 2008, no revezamento 4 X 100.

E chegou o domingo, 2 de setembro. Nas semifinais para os 200 metros rasos, na classe T44, ele já havia batido o recorde mundial com 21s88, mas foi superado por Pistorious na bateria seguinte, com o sul-africano marcando o tempo de 21s30. Hoje, após uma largada ruim como ontem, ele conseguiu uma recuperação inacreditável e venceu o rival, marcando 21s45. Para se ter uma ideia do que significa a marca, os brasileiros que concorreram nas Olimpíadas de Londres nos 200 metros rasos, Bruno Lins e Aldemir da Silva Júnior, conseguiram em suas semifinais 20s55 e 20s63. O vídeo da prova está aqui.

Pistorious, derrotado pela primeira vez nos 200 metros, criticou o brasileiro, que ficou mais alto por conta das próteses novas, que estão, aliás, totalmente dentro da regra. Justo ele, que combateu tanto quem argumentou que as próteses lhe davam vantagem sobre atletas considerados “normais”, tentando barrar sua participação em competições que não fossem paralímpicas. E foi seu exemplo que serviu de inspiração para o próprio Fonteles, segundo o brasileiro conta aqui. Não fique chateado, Pistorious. Como você pode ver, esse ouro também é seu, como muitos outros que virão também terão sua marca. Mas hoje a festa também é de Alan Fonteles.

sábado, setembro 01, 2012

Paradoxo: esperança de Serra em ir ao segundo turno pode estar no crescimento de Haddad

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Não é novidade pra ninguém que a semana foi péssima para o candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra. Primeiro, a pesquisa Datafolha, divulgada na quarta-feira, mostrava uma queda de cinco pontos de sua candidatura e, dois dias depois, o Ibope já apontava um empate técnico do tucano com Fernando Haddad na segunda colocação. Agora, a campanha serrista tem como objetivo garantir a ida do eterno presidenciável ao segundo turno, ainda que o tom agressivo possa prejudicá-lo – e muito – em uma eventual segunda volta.


Pesquisas não têm deixado Serra feliz
Mas, a essa altura, as opções de estratégia para o PSDB são poucas. Junto com o petista, Serra tem o maior tempo no horário eleitoral e, mesmo assim, minguou nas pesquisas. Analisando os dados do Datafolha, ele perdeu votos em quase todos os estratos da população, exceção feita àqueles que ganham entre 5 e 10 salários mínimos, onde cresceu três pontos. Mesmo assim, nessa faixa Russomano cresceu seis, enquanto Haddad e Chalita oscilaram positivamente dois pontos cada.

Embora o crescimento de Haddad e a queda de Serra possam sugerir que o petista cresceu em cima do provável eleitorado tucano, isso pode ser verdade apenas em parte. Na faixa daqueles que ganham até dois salários mínimos, por exemplo, o Datafolha mostra Haddad crescendo nove pontos, exatamente a soma do que perderam Russomano (2) e Serra (7). Entre aqueles que se declaram simpatizantes do PT (25% dos entrevistados), Haddad cresceu 15 pontos, enquanto Russomano perdeu quatro, e Serra, seis. Já entre tucanos (9% dos pesquisados), Serra perdeu 15 pontos e Russomano ganhou 16, enquanto o petista perdeu 3 pontos. Ou seja, os dados podem indicar que Haddad tem, sim, tirado votos do candidato do PRB, que tem compensado essa perda ao tirar votos do pessedebista, mantendo-se estável.

O Ibope vai no mesmo sentido, mostrando que Serra estaria cada vez mais confinado eleitoralmente em seu reduto, o centro expandido de São Paulo. Antes do horário eleitoral, 59% de seus eleitores estavam nessa região e, agora, são 69%. Ele perde votos e vê sua rejeição aumentar no resto da cidade e, com Haddad crescendo e Russomano com um eleitorado que parece consolidado, sua estratégia para ir ao segundo turno é se firmar como o “anti-PT”, explorando a rejeição do partido em São Paulo e tentando mostrar ao eleitorado conservador ser a melhor opção para derrotar os petistas. Não é à toa que os ataques contra a campanha de Haddad começaram cedo demais nas hostes tucanas, destoando dos programas de rádio e TV dos rivais.

No entanto, as estratégias dos adversários não favorecem o estilo agressivo de Serra. Chalita, por exemplo, bate na tecla da “terceira via”, condenando o suposto Fla/Flu entre PT e PSDB (o que tem favorecido mais Russomano do que o próprio peemedebista, como lembra Rodrigo Vianna). Enquanto isso, Haddad prega o “novo”, mostrando realizações suas como ministro, mas o “novo” permeia também outras candidaturas. Assim, nada parece mais antigo aos olhos do eleitor do que a candidatura tucana, que carrega ainda o ônus de uma administração mal avaliada como a de Kassab. O jeitão da campanha tucana na TV e no rádio também cheira a mofo.

A esperança de Serra pode ser Haddad

Como Maluf, um candidato competitivo de outras épocas, Serra desfila uma série de realizações (“obras”) na televisão. Usando, aliás, um método semelhante, bastante criticado pelos adversários em tempos idos, a tal “apropriação” de feitos alheios: obra que ele iniciou, projetos pegos no meio do caminho ou finalizados em sua gestão, tudo passa a ficar no mesmo bolo e figura como realização exclusivamente sua. Até os CEUs, obra da ex-prefeita Marta Suplicy, viraram “CEUs do Serra”, um jogo duplo que pode significar que os “seus” CEUs são melhores que os originais (difícil dizer, já que ele não finalizou nenhum em seu curto período como prefeito) ou que podem ter sua criação vinculados a sua obra e graça. Vendo a propaganda tucana, tem-se a impressão que Serra governou a cidade por oito anos, participando ao mesmo tempo do governo do estado. Um político “onipresente” mas que, aos olhos do eleitor, parece bastante ausente...

Assim, a grande esperança de Serra ir ao segundo turno pode estar justamente no crescimento de Haddad. Caso o petista continue avançando, vai tirar votos do atual líder das pequisas, principalmente nas franjas da cidade, e as pesquisas mostram que esse espaço de crescimento existe. Se o tucano conseguir estancar a sua queda, é possível que o crescimento do petista desidrate o desempenho de Russomano e mantenha os dois candidatos, do PRB e do PSDB, em patamares mais próximos, dando chances de Serra ir à rodada final. 

E, com um Haddad mais "robusto" nas pesquisas, o discurso antipetista faria mais sentido para parte do eleitorado paulistano que rejeita o partido. Novamente, o medo seria a mola propulsora do tucano. Obviamente, o cenário idílico para Serra seria Haddad não ultrapassá-lo, mas o histórico das eleições paulistanas, já citado aqui, e o andar da carruagem mostram essa possibilidade bem distante. Diante disso, restaria ao tucano se credenciar como o mais indicado para bater o PT.

Mesmo indo desgastado para o segundo turno, o tucano provavelmente apostaria no vale-tudo já usado em outras ocasiões e, ao menos, evitaria repetir o vexame de Geraldo Alckmin em 2008. A propósito, outra aposta do PSDB reside justamente nas aparições de Alckmin. Para quem não lembra, sua presença foi decisiva na vitória de Serra em 2000, quando o tucano disputava a ida para o segundo turno com Marta e Maluf. No entanto, a recíproca não foi verdadeira nas eleições de 2008, ocasião em que os serristas não se esforçaram pelo candidato do seu partido e Kassab deixou o atual governador de São Paulo fora do segundo turno. Ali, Alckmin teve 22,48% dos votosválidos, enquanto Serra tem atualmente 26,5% (descontando indecisos, brancos e nulos, segundo o Datafolha). Será esse o piso eleitoral tucano em São Paulo ou o buraco seria mais embaixo?

terça-feira, agosto 28, 2012

O video de Aécio supostamente bêbado e a pergunta: quem nunca?

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Este blogue, por uma questão evidente de coerência, vem defender a pessoa do senador Aécio Neves, a despeito das diferenças políticas abissais que possamos ter com ele. O vídeo acima, que vem fazendo sucesso nas redes e mostra o tucano aparentemente embriagado, tem servido para uma série de ataques que beiram (ou carregam e atravessam) a hipocrisia. Quem nunca tomou um porrezinho, ficou em um estado semelhante ou conhece alguém que tenha procedido de modo similar? Às vezes nem precisa ser com álcool, pode ser um remedinho a causar tal efeito, que o digam Lúcia Hippolito e Fernando Vanucci.

"Ah, mas se fosse o Lula, a imprensa ia cair em cima." Verdade, mas daí a fazer o papel da dita imprensa e se igualar a ela... Não precisa, né? Antes o principal defeito de Aécio fosse tomar umas a mais vez ou outra. Se ele estivesse dirigindo, agredindo alguém ou causando dano a terceiros, uma reprimenda indignada ou mesmo a aplicação dura da lei seria algo justo, mas não é o caso. Parece até que dá uma generosa gorjeta ao atendente.

Deixem o homem tomar uma, pô!

domingo, agosto 26, 2012

Corinthians 1 X 2 São Paulo - Para “elevar o moral”, ainda que só por enquanto

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POR MORITI NETO



Que o time do São Paulo é instável e faz uma temporada apenas mediana, é dispensável comentar, por tão óbvio. Ao torcedor tricolor que, neste ano, viu os principais rivais campeões e já é chamado de “quarta força” no atual contexto do futebol paulista, um post menos sisudo cai bem após a grande vitória contra o Corinthians, ontem, no Pacaembu.
Fabuloso conhece... (Por Rubens Chiri/saopaulofc.net)
Primeiro: ganhar do maior rival é sempre delicioso. Segundo, porque foi de virada. Terceiro: a quebra do “tabu” de seis derrotas seguidas no estádio Paulo Machado de Carvalho. Quarto, a vitória veio num belíssimo jogo em que, aliás, o cenário começou bastante desfavorável aos visitantes, causado pela forte pressão desde os primeiros toques na bola por parte dos donos da casa.

De cara, o Corinthians procurou impor o estilo característico de marcar no campo adversário e tomar a redonda perto do gol. Deu certo. Nos primeiros 15 minutos, o Tricolor não conseguia jogar, nem mesmo articular um contra-ataque. O abafa enervava os são-paulinos, que não sabiam como e com quem sair da defesa. Nesse ritmo, aos cinco minutos, Paulinho, num cochilo de Paulo Assunção, desarmou saída de jogo. Rápido, o volante corintiano invadiu a área. De frente para Rogério Ceni, passou para Emerson Sheik bater de perna direita e fazer 1 x 0.
A ducha gelada provocada pelo gol no início, o palco do Pacaembu, a falha individual e o estado aparentemente grogue do time, remetiam o são-paulino ao histórico recente de contundentes derrotas para o adversário. O momento frágil de um clube e o de conquistas de outro davam a impressão de leveza nas camisas alvinegras e de peso nas tricolores.
              

Contudo, o futebol também existe para ceder espaços a reviravoltas. Principalmente, quando o ídolo joga o que sabe e consegue se equilibrar em momentos decisivos. E, na peleja de ontem, era um jogador que retornava aos gramados – após outra entre tantas contusões – quem inverteria a lógica reinante nas mesas de bar.

Luis Fabiano jogou demais. Aos 24, recebeu de Lucas, que vinha em bela arrancada. No canto direito do ótimo goleiro Cássio, cruzou o disparo rasteiro para empatar. O gol, na verdade, fez muito mais do que igualar o placar, reanimou os são-paulinos e retirou o ímpeto dos corintianos. Graças a ele, o desenho do segundo tempo seria outro.
Na etapa final, a posse de bola inverteu-se. Denílson batia com Paulinho e anulava as subidas do ótimo volante adversário, tantas vezes escoadouro nas ações ofensivas do Corinthians. Ney Franco, que havia invertido os laterais no primeiro tempo, puxando Douglas para a direita e Paulo Miranda à esquerda, perdendo a saída de bola nesse lado, mas fortalecendo a marcação, tinha participação importante no confronto.

O ritmo alvinegro caía. E os méritos eram tricolores. Assim, foram necessários 16 minutos para que a virada ocorresse. Jadson deu ótimo passe. O Fabuloso arrancou, deu meia-lua em Cássio e rolou até as redes. Golaço. Comemoração intensa do atacante, que batia no peito e parecia querer dizer da importância que tem no clube.
São 22 gols em 27 jogos na temporada. Artilheiro, inclusive entre os que lideram a lista de goleadores do Brasileiro. Precisa é manter o equilíbrio, indispensável não só no aspecto disciplinar, mas também para ser decisivo.

Final de jogo, fim de primeiro turno no Campeonato Brasileiro. O São Paulo consegue passar da casa dos 30 pontos (está com 31) e virar ao returno entre os cinco primeiros da tabela. Não é ruim para um time que perdeu três seguidas não faz muito tempo, com direito a vexames, como os 3 x 0 contra o Náutico.
Não dá para fazer planos. O Tricolor é imprevisível ainda. Necessita, antes de tudo, priorizar jogar bem, encontrar um jeito convincente e regular de atuar. Com elenco completo, pode funcionar. Por enquanto, saboreemos o prazer de vencer de virada, com quebra de tabu e meia-lua, o rival. Carência? Pode até ser, mas que é bom para “elevar o moral”, isso é.