Destaques

domingo, agosto 25, 2013

Vitória no Brasileirão, depois de quase três meses

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Diante de 55 mil torcedores, o São Paulo enfim conseguiu vencer uma partida no Campeonato Brasileiro, 2 x 1 sobre o Fluminense, com gols de Luís Fabiano e Reinaldo (Eduardo descontou). O jejum de 12 jogos sem vencer na competição vinha desde 29 de maio, quando goleou o Vasco também no Morumbi. A partir de então, empatou com Atlético-MG, Grêmio, Corinthians, Atlético-PR e Flamengo e perdeu para Goiás, Santos, Bahia, Vitória, Internacional, Cruzeiro e Portuguesa.

No jogo da redenção, ponto positivo para Paulo Henrique Ganso, que deu belo passe para o primeiro gol, e para o lateral-esquerdo Reinaldo, que, a exemplo de Aloísio, compensa a pouca qualidade com vontade de mostrar serviço e finalizações no ataque. É claro que o Fluminense de Vanderlei Luxemburgo também não vai muito bem das pernas, mas o que importam são os 3 pontos e a moral que uma vitória dá para o grupo, mostrando que é possível reagir e sair da zona de rebaixamento.

As três recentes contratações - os zagueiros Antonio Carlos (ex-Botafogo) e Roger Carvalho (ex-Bologna) e o atacante Welliton (ex-Grêmio) - dão uma certa injeção de ânimo. Falta, agora, um lateral-direito. Se Paulo Miranda voltar ao time titular e Negueba oferecer opção no ataque, o técnico Paulo Autuori terá algo de mais substancial para buscar uma reação. Ganso também parece estar reagindo e, se Luís Fabiano continuar se entendendo com ele, tanto melhor. Oremos!


Um mês depois de Djalma Santos, morre De Sordi

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Início, no XV de Piracicaba
O ex-lateral direito Nilton de Sordi morreu neste sábado, 24 de agosto, exatamente um mês e um dia após a morte do também ex-lateral direito Djalma Santos. Ambos foram campeões mundiais na Copa da Suécia, em 1958, com De Sordi titular em todos os jogos da campanha, menos na decisão, quando se contundiu e deu lugar exatamente para Djalma. Homem de confiança do técnico Vicente Feola, com quem tinha trabalhado no São Paulo, De Sordi era mais marcador que apoiador, mais obediente às ordens táticas de guardar posição (ao contrário de Djalma Santos). Prova disso é que disputou 536 partidas pelo time do Morumbi, entre 1952 e 1965, e não marcou um gol sequer.

Treze anos pelo São Paulo
De Sordi começou a carreira no XV de Piracicaba, de sua cidade natal, e depois foi para o São Paulo, onde ganhou os Campeonatos Paulistas de 1953 e 1957. No final da carreira, jogou pelo União Bandeirante, do Paraná, onde se aposentou, em 1966. E foi justamente no município paranaense de Bandeirantes, onde residia, que veio a falecer. De Sordi sofria do Mal de Parkinson. Em junho de 2008, esteve com outros veteranos na solenidade de homenagem aos 50 anos da conquista na Suécia, em Brasília, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Morreu de falência múltipla dos órgãos. No dia seguinte, a seleção de 1958 teria mais um desfalque, com a morte do legendário goleiro Gylmar dos Santos Neves.

Já doente, na homenagem do presidente Lula aos 50 anos do título na Suécia

sábado, agosto 24, 2013

Gabriel estreia como titular, brilha novamente, e Santos supera o Vitória

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Gabriel, de novo, o nome do jogo (Foto Santosfc)
Gabriel, 16, 17 só daqui a seis dias. Entrou contra o Grêmio na etapa final e fez o gol que garantiu uma estreita vantagem para o Santos na Copa do Brasil. Hoje, contra o Vitória, começou como titular e mais uma vez mostrou frieza incomum para alguém da sua idade. Seu segundo gol como profissional facilitou e muito a vida do Alvinegro contra o Vitória.

O tento do jovem, aos 8 minutos, decorreu de uma boa troca de passes que envolveu meias e atacantes santistas, contando também com a falha do goleiro Wilson. Tranquilo, o Peixe não foi ameaçado em todo o primeiro tempo, e armou uma estratégia para deixar o Vitória com a posse de bola, roubando bolas no meio e armando contra-ataques rápidos. Poderia ter saído com uma vantagem maior para o intervalo, mas faltou precisão.

No segundo tempo, mais uma vez não houve tempo para o Vitória tentar pressionar os donos da casa. Aos 10, Cícero trocou passes com Montillo e serviu Gabriel. O atacante peixeiro sofreu pênalti, mas o árbitro deixou a jogada seguir e Cícero fez. A partir daí, os santistas trataram de tocar mais a bola, irritando em alguns momentos a torcida, que queria mais agressividade. O Vitória teve duas oportunidades com Dinei, mas continuou com um nível de jogo abaixo do rival.



Impressionou mais uma vez a vontade dos jogadores alvinegros, com uma aplicação tática e na marcação que acabam compensando a afobação dos mais novos e mesmo a falta de qualidade de um ou outro. Com Montillo mantendo um bom jogo, Thiago Ribeiro se adaptando e Gabriel despontando bem, o Santos pode resolver um problema já tratado aqui, no qual o excesso de preocupação com a defesa acabava minando o ímpeto ofensivo da equipe. E o garoto que joga com a onze mostrou, com mais tempo em campo, que tem bola, sabe virar o jogo, tocar rápido, e finalizar. Caso Alisson, que hoje foi titular, e Alan Santos, seu suplente, treinem mais para aprimorar o passe, o torcedor pode ter mais esperanças de termos uma equipe competitiva em breve.

Com 19 pontos, mas tendo ainda dois jogos a menos que a maioria dos concorrentes, o Santos tem 45% de aproveitamento, o que o posiciona mais próximo de uma eventual briga pelo G-4 – o quarto colocado, Corinthians, tem 56% – do que da zona da degola – o Criciúma, time mais próximo de sair do grupo, tem 31%. Mas é preciso engatar uma sequência para dar mais tranquilidade aos garotos e também ao treinador Claudinei Oliveira, que também é um iniciante, poder ousar um pouco mais.

sexta-feira, agosto 23, 2013

Ainda sobre homofobia

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Reproduzo trecho de notícia publicada hoje pelo site do Estadão:

Ônibus da frota de transporte coletivo de São Paulo vão exibir nos próximos dias um vídeo institucional para lembrar o Dia da Visibilidade Lésbica, comemorado anualmente no dia 29 de agosto. A exibição terá duração de oito dias, com início previsto para este sábado, 24. Vai envolver mil ônibus. A iniciativa é resultado de uma parceria entre a Coordenação de Políticas LGBT, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos, e a SPTrans, da Prefeitura de São Paulo. O vídeo, de 30 segundos, foi produzido com a participação de ativistas. Sem áudio, apresenta mulheres exibindo cartazes nos quais se lê: “Sou mulher. Sou lésbica. Sou bissexual. Sou cidadã. Sou filha. Sou mãe. Trabalho. Estudo. Tenho direitos e quero respeito.” Ao final, aparece a mensagem que norteia essa e outras campanhas que devem vir por aí: ”Na São Paulo que a gente quer não cabe homofobia.”


Iniciativa mais do que bem vinda (e necessária) se levarmos em conta que, segundo uma pesquisa divulgada ano passado pela Secretaria de Estado da Saúde, nada menos que 70% dos homossexuais da capital paulista já sofreram algum tipo de agressão. E a discussão sobre homofobia e decorrente enfrentamento (em todos os setores da sociedade) parecer ser uma pauta que, tomara, veio pra ficar.

quarta-feira, agosto 21, 2013

Especial: É hora de discutir a homofobia no futebol

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Corintianos protestam contra beijo de Sheik
O selinho do jogador corintiano Emerson Sheik no amigo Isaac Azar trouxe à tona a questão da homofobia no futebol em função da reação agressiva de torcedores do clube que protestaram contra a atitude do herói da Libertadores de 2012.

Mas não é uma questão nova, ainda que não tenha merecido a atenção devida nem dos dirigentes esportivos da CBF e das federações, tampouco das equipes profissionais. “Os clubes de futebol, a imprensa esportiva e outros atores envolvidos com o futebol legitimam a homofobia ao silenciarem sua existência. Ao não serem citados, os xingamentos homofóbicos acabam sendo naturalizados”, acredita Gustavo Andrada Bandeira, pedagogo e autor da dissertação intitulada Eu canto, bebo e brigo... alegria do meu coração: currículo de masculinidades nos estádios de futebol. “Os nossos grandes clubes possuem origens e histórias mais ou menos semelhantes. Não vejo, neste momento, condições para que um clube de futebol brasileiro levante qualquer bandeira política que o diferencie dos demais.”

O surgimento das torcidas queer, que combatem a homofobia nas redes sociais, teve o mérito de tirar esse tema da invisibilidade. Mas, mesmo ganhando inúmeros adeptos e o apoio de outros tantos, reconhecem dificuldades para fazerem coisas simples, como manifestar o amor pelo seu time em um estádio de forma coletiva.

Frequentamos o estádio e temos sim esse objetivo [de comparecer como organizada]. Mas queremos fazer tudo com calma e no momento certo, é preciso garantir a integridade física de todos os participantes. Infelizmente a intolerância é muito grande e, a julgar pelas ameaças que recebemos na página, sabemos que não será fácil fazer protestos no estádio. Estamos pensando na melhor forma de fazer isto”, diz Milena Franco, da Galo Queer, torcida considerada precursora do movimento atual.

Algumas torcidas já tentaram ir aos estádios levando a temática LGBT. Muito antes da internet e das redes sociais, em 1977, surgiu a primeira organizada gay do Brasil, a Coligay,  fundada por Volmar Santos, então dono da boate Coliseu, para apoiar o Grêmio. Hostilizada pelos próprios torcedores do clube, foi extinta na década de 1980. Outro exemplo que também não foi adiante é a FlaGay, fundada pelo carnavalesco botafoguense Clóvis Bornay e que teve idas e vindas entre o final da década de 1970 e os anos 1990. 

Quanto ao comparecimento em estádios, a Bambi Tricolor enfrenta a mesma dificuldade da Galo Queer, mas em um nível talvez pior, já que são-paulinos são muitas vezes alvo de ofensas homofóbicas por parte dos rivais. “Há uma forte resistência entre os torcedores, agravada, inclusive, pela escolha do nome Bambi Tricolor. E embora a maioria que se manifesta tenha consciência de que as provocações e ofensas contra os são-paulinos tem um forte caráter homofóbico, não é muito clara a ideia de que a reação da torcida, de modo geral, tende a reforçar a homofobia”, conta Aline, representante da Torcida.

Confira nos links abaixo as três entrevistas feitas pelo Futepoca em abril e maio deste ano sobre a homofobia no futebol brasileiro.



Entrevista com Gustavo Andrada Bandeira, pedagogo e autor da dissertação intitulada Eu canto, bebo e brigo... alegria do meu coração: currículo de masculinidades nos estádios de futebol. 


Entrevista com Aline, representante da Bambi Tricolor

"A rivalidade faz parte do futebol, mas a homofobia não”

Entrevista com Milena Franco, da Galo Queer.

(Texto com contribuições de Glauco Faria, Marcão Palhares e Nicolau Soares)

Gustavo Bandeira: “Nossa cultura ainda é muito permissiva em relação à homofobia”

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Entrevista com Gustavo Andrada Bandeira, pedagogo e autor da dissertação intitulada Eu canto, bebo e brigo... alegria do meu coração: currículo de masculinidades nos estádios de futebol

Por Glauco Faria

Futepoca – Por que, no seu entendimento, o estádio de futebol é um espaço tão marcante para afirmações de masculinidade e práticas homofóbicas? Isso tem mais a ver com a cultura do futebol ou com a cultura do próprio país?
Gustavo Andrada BandeiraDesde a perspectiva teórica que me aproprio, as diferentes instâncias da cultura trabalham na produção dos gêneros e das sexualidades. Os esportes modernos, em geral, são locais da cultura em que as construções de masculinidades ocupam um lugar privilegiado. Os confrontos são próprios das construções culturais do masculino. Na cultura brasileira, e não apenas nela, a homofobia tem se constituído em um importante conteúdo das construções mais tradicionais de masculinidade que, de alguma forma, ainda ocupam um espaço preponderante nas disputas por significado nos estádios de futebol.

Futepoca – Como você avalia o surgimento de torcidas que combatem a homofobia, como a Galo Queer, considerada pioneira? Você acha que elas poderão sair doa internet e se manifestar nos estádios sem causar desentendimentos com outras organizadas do próprio time?
Bandeira – O surgimento das torcidas queer obedece uma lógica muito interessante. Elas se aproximam do próprio surgimento do que poderia se chamar de "movimento queer" que pretendia positivar um termo que historicamente era utilizado para desqualificar os sujeitos não heterossexuais. A colocação dessa pauta na ordem do futebol brasileira é altamente positiva, conquanto tenhamos que esperar um pouco para vermos a reação a essas manifestações. Corremos o risco do surgimento de movimentos reacionários nas redes sociais ou nos estádios como contraponto a essas torcidas. Temos exemplos de torcidas gays no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul que acabaram na década de 1970 sumindo a partir da relação com as outras torcidas. O torcer nos estádios possui uma constante disputa por legitimidade. Não saberia precisar se a relação das torcidas organizadas com as torcidas queer seria muito diferente da relação das torcidas organizadas com as demais torcidas.

Futepoca – Qual a responsabilidade dos clubes de futebol no Brasil em relação ao fomento da homofobia? Acredita que existirão aqui exemplos como o do clube alemão St Pauli, que tem uma luta objetiva contra a intolerância?
Bandeira –
(Do Facebook do IHU)
Os clubes de futebol, a imprensa esportiva e outros atores envolvidos com o futebol legitimam a homofobia ao silenciarem sua existência. Ao não serem citados, os xingamentos homofóbicos acabam sendo naturalizados. Os nossos grandes clubes possuem origens e histórias mais ou menos semelhantes. Não vejo, neste momento, condições para que um clube de futebol brasileiro levante qualquer bandeira política que o diferencie dos demais.

Futepoca – De que forma esse comportamento homofóbico das torcidas afeta os próprios jogadores, obrigados muitas vezes a reprimir ou ocultar sua orientação sexual?
Bandeira – O comportamento homofóbico é tão naturalizado, os homossexuais são tão marcados como desviantes que a própria violência é entendida como natural. O "caso Michael" do vôlei é emblemático. O jogador afirmava que os xingamentos eram normais. Aos jogadores de futebol não parece possível assumir uma identidade homossexual. Mesmo que suas práticas sexuais ocorram com pessoas do mesmo sexo, a identidade homossexual dificilmente será assumida.

Futepoca – Você estudou o comportamento das torcidas dos principais times gaúchos. Acha que essa afirmação de masculinidade é pior no futebol do estado por conta da cultura esportiva que foi desenvolvida?
Bandeira – As torcidas de futebol do Rio Grande do Sul possuem um comportamento aproximado das torcidas platinas (Uruguai e Argentina). As representações da torcida brasileira em geral (especialmente como é entendida pelos estrangeiros) são mais carnavalescas. E o carnaval é uma festa importante em que existe um deslocamento entre o permitido e o proibido na ordem cotidiana, incluindo a de gênero. A ausência dessa característica pode ampliar a fixação de uma representação de masculinidade. A rivalidade é outro ingrediente fundamental no Rio Grande do Sul. Torcedores de Internacional e Grêmio são muito parecidos entre si, portanto, é necessário utilizar elementos compartilhadamente ofensivos. A sexualidade acaba ocupando este lugar.

Futepoca – É possível estabelecer uma relação entre as práticas homofóbicas com outros tipos de violência praticados em estádios de futebol, como o preconceito étnico ou social e às agressões físicas de uma forma geral?
Bandeira – Sim e não. Sim, porque a homofobia também é uma violência e impede que sujeitos não heterossexuais se entendam como possíveis nesse espaço. Não, porque outras manifestações violentas (como os enfrentamentos físicos) tendem a ser transgressivas, procuram fugir da ordem estabelecida. Infelizmente, a homofobia está totalmente dentro da ordem da masculinidade e do universo futebolístico.

Futepoca – Que tipo de campanhas e e ações de conscientização você acha que seria possível promover para combater a homofobia em estádios e no futebol em geral. E qual a responsabilidade da mídia dinate desse panorama?
Bandeira – Não tenho uma receita de como combater esta situação. É inegável que a situação das mulheres nos estádios foi alterada drasticamente nos últimos 15, 20 anos. Estamos vivendo um momento único na história do futebol brasileiro com a construção das novas Arenas. O comportamento das torcidas deverá ser alterado, mas não temos como saber de que forma. A mídia é responsável pela espetacularização do futebol. Enquanto as espetacularidades continuarem muito baseadas no confronto e nas metáforas bélicas, não acredito em mudanças significativas (ao menos não no que concerne a essa espetacularização). Entender que a homofobia é uma violência, que foge do ordinário e que é digna de ser narrada pode ser um primeiro passo.

Futepoca – Há casos de algumas torcidas que assumiram apelidos pejorativos e preconceituosos como a do Inter fez com "macaco", a do Palmeiras com o "porco" e a do Santos com o "peixe" (referência à origem socio-econômica dos "peixeiros", torcedores do clube do litoral). A torcida anti-homofobia do São Paulo adotou o nome de "Bambi Tricolor", mas já recebeu várias manifestações de torcedores são-paulinos contra a atitude. Por que é tão mais difícil assumir apelidos que dizem respeito a ofensas homofóbicas?
Bandeira – Nossa cultura ainda é muito permissiva em relação à homofobia. As pessoas não tem muita tranquilidade para manifestarem ódio racial ou de classe no espaço público. O ódio aos desviantes sexuais ainda aparece como um imperativo, especialmente para os homens.

Bambi Tricolor: “Em questões que envolvem violência, todo silêncio é, na verdade, uma omissão”

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Entrevista com Aline, representante da Bambi Tricolor.

Por Glauco Faria

Futepoca – Como surgiu a ideia de fundar a São Paulo Livre?
Aline – Pra começar, o nome da página não é São Paulo Livre e sim Bambi Tricolor. A escolha do nome, aliás, é o que tem gerado mais críticas e, ao mesmo tempo, apoio. Até agora, publicamos três posts para falar quase exclusivamente sobre a escolha do nome e suas implicações, uma delas, inclusive, responde diretamente a pergunta "Por que Bambi Tricolor e não SPFC Livre?"

A ideia de fundar a página Bambi Tricolor veio por inspiração da Galo Queer, que realmente foi corajosa e pioneira nesse sentido. E a página também foi uma espécie de desdobramento de conversas que nós tínhamos sobre a homofobia no futebol. Somos um grupo de amigos que, desde antes desse movimento de torcidas anti-homofobia, dizíamos que os são-paulinos deveriam adotar o apelido Bambi por todos os motivos já explicitados na página.

Futepoca – Existe uma articulação com torcidas de outros times que também têm como objetivo o combate à homofobia?
Aline – Não. Pelo menos nada além do que se vê publicamente. Nós apoiamos todas as manifestações das outras torcidas, assim como recebemos apoio de várias delas. São torcidas que atuam em confluência, mas não necessariamente articuladas.

Futepoca – Os torcedores são-paulinos não raro são estigmatizados com ofensas homofóbicas por rivais. Nesse caso, é mais difícil trazer a discussão sobre homofobia pelo fato de boa parte dos torcedores do São Paulo rejeitar a associação feita por adversários?
Aline – Sim. Há uma forte resistência entre os torcedores, agravada, inclusive, pela escolha do nome Bambi Tricolor. E embora a maioria que se manifesta tenha consciência de que as provocações e ofensas contra os são-paulinos tem um forte caráter homofóbico, não é muito clara a ideia de que a reação da torcida, de modo geral, tende a reforçar a homofobia. Parece mais fácil dirigir-se à torcida e dizer que certos apelidos e certas ofensas são homofóbicas. No máximo, você será acusado de ser chato ou defensor do politicamente correto. Mas quando nós dizemos "vamos assumir o Bambi" pensando em mudar os termos dessa discussão, quando dizemos que o estigma da homossexualidade não pode, em si, ser recebido como ofensa por mais que seja formulado e proferido como tal, somos acusados de todo o tipo de coisa, que vai de ingenuidade, a estupidez, a sermos rivais humilhando e desrespeitando o clube. Uma das coisas que nos foram ditas é que se tivéssemos escolhido o nome SPFC Livre, nós receberíamos mais apoio e adesões. O que, para nós, aponta a ambiguidade da situação dos são-paulinos diante da homofobia. Como defender a causa LGBT sem "piorar" o estigma de sermos uma torcida gay, ou torcedores de um time gay? A própria configuração desse "impasse" já expõe o quanto nós, como sociedade, não temos clareza sobre o problema, e quão naturalizada é a homofobia.

Mas é preciso ponderar uma coisa: se, por um lado, os torcedores contrários à página são refratários aos nossos argumentos, os favoráveis já chegam com uma elaboração própria e muito interessante sobre a homofobia no futebol e, mais especificamente, da homofobia de que os são-paulinos são vítimas e compactuantes. Isto é, há mais resistência, por um lado, mas há também uma recepção muito estimulante, de outro. Sinais de que essa é uma boa conversa.

Futepoca – Como foi/está sendo a reação de organizadas do São Paulo que, a exemplo de inúmeras de diversos clubes brasileiros, em muitas ocasiões se mostram homofóbicas?
Aline – Nós não recebemos nenhum contato, seja positivo ou negativo, oficialmente, das organizadas. Muitas pessoas, homens em sua extrema maioria, chegam e dão pistas de que pertencem a alguma das organizadas, mas nada além disso. Estes são os que com mais agressividade se manifestaram. Recebemos muitas ofensas, mensagens cheias de irritação, perplexidade, muitos pedidos ou exigências para deletarmos a página ou mudarmos o nome. E recebemos umas poucas ameaças.

Futepoca – A Bambi Tricolor é uma iniciativa relacionada mais às redes sociais ou pretende também pretende marcar presença nos estádios?
Aline – A Bambi Tricolor, como "organização", por assim dizer, é uma tentativa de debate. Ele se dá, hoje, mais eficientemente, nas redes sociais.

Nós, pessoas que idealizamos e administramos a página, frequentamos o estádio como torcedores comuns, nós estamos lá sempre que possível. Por enquanto, não é possível fazer nenhuma manifestação física que se aproprie do apelido Bambi, ainda mais no estádio. Se, pela internet, as reações contrárias foram tão intensas, imagine na arquibancada, quando o sangue está ainda mais quente. Qualquer coisa que pareça ofensiva ou provocativa pode despertar reações violentas, então é preciso ter cautela aqui.

Futepoca – Quais são os próximos passos planejados pela Bambi Tricolor?
Aline – Não sabemos ainda. A página Bambi Tricolor não é resultado de um planejamento, ela foi uma manifestação imediata, espontânea, inspirada pela ocasião. A Galo Queer foi um acontecimento e veio ao encontro de demandas nossas, expectativas nossas em relação ao futebol, à política, ao mundo. Nós sabemos que o hype sobre as páginas de torcidas anti-homofobia vai, mais cedo ou mais tarde, diminuir e minguar. Nossa ideia, contudo, é pelo menos manter a página como mais uma referência, um lugar de debate sobre homofobia e/no futebol. Se algo maior advier daí, beleza. Estaremos dispostos.

Futepoca – Na sua opinião, os clubes brasileiros, a CBF e as federações não tratam da forma devida o combate à homofobia no futebol?
Aline – Claro que não. Nem os clubes nem a CBF se posicionam publicamente, ou seja, eles não tratam de forma nenhuma. Em questões que envolvem violência, todo silêncio é, na verdade, uma omissão. Na melhor das hipóteses, os clubes e a entidade responsável pelo esporte são omissos diante de uma causa que só cresce e reivindica direitos, conscientização, transformações sociais. Na melhor das hipóteses. Pois é virtualmente impossível que a homofobia seja tão naturalizada no meio sem que as instituições, em suas estruturas de poder e formação, contribuam diretamente para isso.

Às vezes, sinais mais claros dessa homofobia emergem, como aconteceu quando o cartola do Palmeiras, José Cyrillo Jr, mencionou o Richarlyson num programa de televisão quando questionado sobre um suposto jogador que assumiria sua homossexualidade. Ou o vídeo comemorativo do Corinthians que exibia um veado como símbolo do São Paulo. Infelizmente, esses casos são tratados como gafes, deslizes pontuais que ocorreram por falta de cuidado ou avaliação correta. E, até certo ponto, essa descrição leviana não deixa de ser reveladora. Numa cultura machista como a nossa, pode soar natural que num ambiente tão masculino a homossexualidade seja um tabu e uma piada. Mas sabe-se também que não é apenas isso (uma piada). Quando o assunto é seriamente abordado, os relatos que chegam até o público indicam uma força repressiva que torna a homossexualidade um obstáculo, talvez até um impedimento para as carreiras dos jogadores. Não por acaso, não há jogadores homossexuais assumidos. Não se pode creditar esse "grande armário" apenas à rejeição da torcida e à cultura machista, as instituições são uma parte importante dessa equação aí.

Galo Queer: “A rivalidade faz parte do futebol, mas a homofobia não”

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Entrevista com Milena Franco, da Galo Queer.

Por Nicolau Soares

Futepoca – Como surgiu o movimento? Quais suas motivações?
Milena Franco – Sou atleticana desde sempre, mas recentemente comecei a estudar gênero e teoria feminista e, por isso, da última vez que fui ao estádio, fui com um outro olhar, e fiquei muito incomodada com a homofobia e o machismo generalizados e naturalizados por todos, mesmo por parte de pessoas que, fora do estádio, têm uma postura política de respeito à diversidade. Dessa angústia surgiu a ideia de fazer um movimento e várias pessoas gostaram da ideia e se juntaram a ele. Agora o movimento cresceu e é constituído por muitas pessoas. Somos atleticanos de várias idades, gêneros, profissões e orientações.

Futepoca – A repercussão surpreende? Como está se dando esta repercussão, tanto positiva quanto negativa? 
Milena – A repercussão surpreendeu muito. Nunca imaginei uma repercussão dessa magnitude. Fiz a página apenas para divulgar entre meus amigos, pensando que algum dia poderíamos nos organizar pra fazer algo maior. Mas em três dias a página foi curtida por mais de 3.000 pessoas. Acho que atendemos a uma demanda silenciosa. Pelo visto, muita gente que gosta de futebol já queria dar esse grito contra o machismo, a homofobia e a intolerância e ficamos muito emocionados com todas as manifestações de apoio. Infelizmente, há também muita repercussão negativa, mas isso já era esperado, já que estamos mexendo em um terreno muito machista e conservador, que é o do futebol. O problema são as ameaças que recebemos. As pessoas se oporem ao movimento é totalmente aceitável, mas ameaça não..

Futepoca – Há a ideia de levar isto à direção do Galo? 
Milena – Ainda não recebemos uma resposta do time. Ficamos sabendo, no entanto, através da reportagem do Globo Esporte, que a diretoria é favorável ao movimento e ficamos muito felizes de ver que o nosso time tem essa postura de respeito á diversidade e combate ao preconceito.

Futepoca – Qual a dimensão da homofobia e do sexismo no futebol brasileiro hoje? Qual a importância de se mudar isto?
Milena – Há muito machismo e muita homofobia no futebol e estes são temas totalmente intocados. Enquanto essas arenas de exceção continuarem existindo, arenas onde o preconceito é permitido, o preconceito e a intolerância nunca acabarão. Discutir machismo e homofobia no futebol é uma questão urgente.

Futepoca – Após a repercussão inicial do Galo Queer, uma página similar foi criada levando o nome do Cruzeiro e posteriormente várias outras torcidas de times de todo o Brasil. O que vocês acham disso?
Milena – Achamos as iniciativa muito boas. A rivalidade faz parte do futebol, mas a homofobia não. E é por isso que é importante que haja um movimento amplo de combate à homofobia e ao machismo dentro do futebol. Claro que temos orgulho do pioneirismo, mas é essencial que o movimento se espalhe. Ficamos muito felizes.

Futepoca – Vocês pretendem levar o movimento para o estádio?
Milena – Frequentamos o estádio e temos sim esse objetivo. Mas queremos fazer tudo com calma e no momento certo, é preciso garantir a integridade física de todos os participantes. Infelizmente a intolerância é muito grande e, a julgar pelas ameaças que recebemos na página, sabemos que não será fácil fazer protestos no estádio. Estamos pensando na melhor forma de fazer isto. Mas o legal é que o movimento já começou a ir para o estádio naturalmente, recebemos fotos de torcedores do Galo que foram ao Mineirão no último jogo (contra o Villa) com cartazes de apoio à Galo Queer e repúdio à homofobia. O triste foi saber que os seguranças do estádio não permitiram a entrada dos cartazes, com a justificativa de que "eles não tinham nada a ver com futebol". E depois falam que o "políticamente correto" é que faz censura.

Futepoca – Vocês estão em contato com as outras torcidas anti-homofobia que surgiram após a criação da Galo Queer?
Milena – As outras torcidas anti-homofobia que surgiram entraram em contato com a gente apenas para pedir ajuda na divulgação. Mas estamos dispostos a, no futuro, organizar alguma ação conjunta com as outras torcidas.

Futepoca – O que vocês acham de expressões como "Maria" e "Bambi"?
Milena – Expressões como "bambi" e "Maria" são sim sintomas de uma cultura homofóbica. Se você não é homofóbico nem machista, você simplesmente não usa tais termos para ofender alguém. A rivalidade pode se expressar de várias outras formas que não alimentem uma cultura opressiva. O argumento de que "brincadeiras" desse tipo fazem parte da cultura do futebol não se sustenta, a escravidão também fazia parte da nossa cultura há alguns séculos atrás, mas a cultura é mutável, ainda bem.

Futepoca – Na sua opinião, os clubes brasileiros, a CBF e as federações não tratam da forma devida o combate à homofobia no futebol? E a mídia esportiva?
Milena – Não. Acreditamos que não há nenhum empenho da CBF em combater a homofobia e o machismo no futebol. Em outros lugares do mundo existem iniciativas super interessantes, como a campanha da Holanda, mas no Brasil não há nada parecido. A mídia esportiva parece seguir a mesma linha da CBF, apesar de que ficamos felizes de ver tantas matérias sendo feitas sobre a Galo Queer e as demais torcidas anti-homofobia e antissexismo, parece que as coisas estão começando a mudar.

terça-feira, agosto 20, 2013

Pôster-piada OU Apertem os cintos, Luís Fabiano sumiu

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Desdobramento

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Abdalla e Cunha: chapa de oposição no SPFC
A oposição ao tirânico (e "Eterno!", segundo os adversários) Juvenal Juvêncio começa a tomar fôlego no São Paulo. E, ironicamente, isso ocorre como reação às besteiras do próprio presidente do clube. Em 10 de junho, escrevi aqui sobre os berros que Juvenal dirigiu ao diretor jurídico Kalil Abdalla antes da partida contra o Goiás, por este ter posado para uma foto postada em uma rede social junto com o vereador Marco Aurélio Cunha - principal oponente da atual gestão sãopaulina. Consta que Abdalla respondeu no mesmo tom e, com isso, rachou a base de "cardeais" do São Paulo, onde tem força. Hoje, veio a confirmação: Abdalla renunciou ao cargo de diretor jurídico para se candidatar à presidência do clube em 2014. E o vice, nessa chapa, será ninguém menos que Marco Aurélio Cunha. Sinceramente, não saberia dizer se a dupla representa algo de "muito bom" ou "positivo", até porque ambos fizeram parte por muito tempo do séquito de Juvenal Juvêncio. Mas já é um bom sinal saber que o atual presidente, responsável direto pela crise sem precedentes do São Paulo, dentro e fora de campo, está vendo seu poder "soberano" se esvaindo dia a dia. Só espero que, consolidada sua saída (ou melhor, a queda de seu grupo), os novos mandatários não tenham que reconstruir o clube a partir da Série B...

segunda-feira, agosto 19, 2013

O beijo do Sheik e a homofobia latente do futebol

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Por Marcelo Hailer*

O ato corajoso de Sheik... (Reprodução)
Ontem, domingo (18), o jogador do Corinthians, Emerson Sheik, para comemorar a vitória de seu time sobre o Coritiba, postou uma foto dando um selinho em seu amigo, o chef de cozinha Isaac Azar, dono do bistrô Paris 6. As reações foram imediatas e, claro, revelaram algo que todas estão carecas de saber: que o futebol (não apenas ele) é uma arena profundamente machista e homofóbica. E prova disso foi o ato de cinco torcedores que foram hoje (19) na porta do Centro de Treinamento do Corinthians carregando faixas com os seguintes dizeres:  “Viado não!”; “P.Q.P... Aqui é lugar de homem”.

As palavras escritas nas faixas dos torcedores da Camisa 12 apenas deixam claros marcadores comuns do mundo futebolístico, mas podem ser estendidas: o de que o futebol é o lugar do “homem de verdade” (macho, ativo, reprodutor e heterossexual) e não lugar dos viados (que não são considerados “homens”) e também não é o lugar de mulheres, visto que o machismo impera dentro e fora do campo. E para isso basta ver o “destaque” que se dá ao futebol feminino, tanto por parte dos clubes como por parte dos meios de comunicação especializados.

Mas antes de avançarmos é interessante nos determos em algumas declarações dadas pelos “manifestantes”. Ao UOL Esporte, Marco Antônio, membro da diretoria da Camisa 12, declarou o seguinte: "A nação inteira está freneticamente indignada. Pode até ser a opção dele, mas nós estamos sempre tirando sarro dos bambis [modo pejorativo com o qual é chamada a torcida do São Paulo]. O mínimo que ele tem de fazer é um pedido de desculpas". Disse mais: "A gente não quer ser homofóbico, mas tem de ter respeito com a camisa do Corinthians. Aqui não vai ficar beijando homem. Hoje são 5, amanhã são 30 e depois 300. Vamos fazer a vida dele um inferno".

A declaração do membro da diretoria da Camisa 12 ao UOL Esporte só não é crime por que a PLC 122/2004, que tramita há nove anos no Congresso Nacional, ainda não foi aprovada, visto que a homofobia não é exclusividade do mundo futebolístico: ela também está alojada no Congresso com inúmeros representantes que declararam guerra aos direitos civis das LGBT e das mulheres. Esse grupo, que defende o direito de ofender os seus adversários com expressões que remetem a homossexualidade e a passividade (seja masculina ou feminina), representa, infelizmente, uma boa parcela das torcidas do Brasil e não apenas a corintiana. Interessante seria (e até mesmo paradigmático) se outras torcidas, do Corinthians ou não, declarassem apoio ao jogador. Mas isso é utópico, visto que nenhum jogador ou torcida quer estar associado à homossexualidade.

Um selinho para criar novos paradigmas?  

...e os homofóbicos de plantão.
Se por um lado o selinho de Sheik em seu amigo desnudou completamente a homofobia latente do mundo esportivo, por outro pode ser uma grande oportunidade para os dirigentes dos clubes, para o Ministério do Esporte e até mesmo as torcidas repensarem suas posturas e deixarem para trás esta pedagogia do ódio escamoteada no mundo esportivo, pedagogia que espanta uma série de jovens ou que faz com que estes, quando ascendem na carreira, vivam as suas sexualidades dissimuladamente.

Devemos nos lembrar que no ano que vem o Brasil vai sediar a Copa do Mundo. Quer melhor momento do que esse para trazer à luz a questão do machismo e da homofobia no mundo do futebol? Se o fatídico selinho incomoda tanto é porque os machos alfas do futebol juravam que suas arenas estariam livres desses “viados”. Na verdade, eles dissimulam tal questão, pois sabemos que o mundo futebolístico, assim como qualquer outro que envolva corpos desejantes, está repleto de sujeitos iguais que se relacionam entre si sexualmente.

Mas as torcidas não estão sozinhas em sua propagação da homofobia. São incentivadas socialmente e também comercialmente. Pois, a teoria mais comum que se escuta a respeito de jogadores famosos (mas também de atores, por exemplo) é que, se estes saem do armário, nenhuma marca e ou patrocinador vai querer estar associado a um sujeito homossexual e sua carreira vai pro buraco; acreditam que isso prejudica a marca. Ora, seria muito legal que neste momento algum produto (seus gerentes) declarasse apoio espontâneo ao jogador em questão. Porém, esta lógica perversa (social e comercial) é que faz com que cenas deprimentes como a que aconteceu hoje no CT corintiano se repitam ad eternum.

*Marcelo Hailer é jornalista, bicha e torcedora do Corinthians

Palmeirenses tiram sarro dos rivais nesta segunda-feira

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Líder da Série B, Palmeiras foi o único que escapou de notícias esdrúxulas hoje:

Em crise, São Paulo 'Fashion Week' é sacaneado no Twitter oficial do adversário

Emerson Sheik comemora vitória corintiana com 'chamego' em colega barbado

Goleada sofrida por santistas na Espanha continua repercutindo negativamente




São Paulo reage: dois jogos sem perder!

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Sim, é piada. Cansei de gastar vela com defunto ruim. Até o próximo empate - se Deus quiser!

O que dizer de um jogo em que Rodrigo Caio e Paulo Baier fizeram os gols?

Rogério Ceni perde pênalti, Jadson perde pênalti... No próximo bate o Tolói.

domingo, agosto 18, 2013

Santos covarde empata com o Bahia. Essas recordações me matam...

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Relembro bem a festa, o apito
E na multidão um grito
O sangue no linho branco
A paz de quem carregava
Em seus braços quem chorava
E no céu ainda olhava
E encontrava esperança
De um dia tão distante
Pelo menos por instantes
encontrar a paz sonhada.

O apito não é de nenhuma partida de futebol, o linho branco também não é da camisa do Santos e a esperança distante não é de um futebol bem jogado, ofensivo, de acordo com um tal “DNA” que alguém invocou algum dia. Mas poderia ser. A letra acima é da canção de Roberto Carlos. O Divã, que, aliás, inspirou os pais do ex-zagueiro de Vasco, Peixe e outros tantos times, a chamá-lo de Odvan, em uma adequação tipicamente brasileira. O problema é que, como diz o refrão dessa canção, a partida de hoje entre Santos e Bahia me fez lembrar de tal letra, principalmente do refrão “Essas recordações me matam”...


Depois do empate em 0 a 0 com o Bahia, fora de casa, o Santos chegou a 16 pontos, a dois pontos da zona da degola mas com um ou dois jogos a menos que aqueles de cima ou de baixo. Melhor em aproveitamento que Atlético-MG e Fluminense, por exemplo, que estão acima. Mas não consola. Porque o que dói é o tipo de atitude que a equipe tem. Se antes reclamávamos, os santistas, que com Muricy não tínhamos padrão de jogo, hoje temos. Jogamos fora de casa, por exemplo, lá atrás, seja contra o líder Cruzeiro, seja contra o intermediário Bahia.

Difícil, difícil... Quem conseguiu ver o jogo no primeiro tempo provavelmente pensou: “mas não tá passando Sílvio Santos no SBT?”. Cada time com uma superpopulação de volantes e jogadores de marcação e, por isso (mas não só), perdendo bolas no meio de campo, quase sem criar chances de gol e com nenhuma criatividade.

Marcos Assunção em lance... Deixa pra lá
Claudinei Oliveira mudou para essa peleja. Colocou Marcos Assunção e Léo Cittadini, sacando Neílton (que não jogava bem há algum tempo) e colocando Montillo para atuar mais próximo a Willian José. Só com o meia gringo que saía algo que prestasse à frente e os meias pouco chegavam para o apoio. Tanto que a melhor “chance” (sim, entre aspas) do tempo inicial, foi uma bola cruzada rente ao gol que nenhum alvinegro chegou perto para empurrar.

Mas por que nenhum jogador chegou na frente? Acacianamente, respondo: porque nenhum jogador tinha como função chegar ali. E, no segundo tempo, isso piorou. Um time pode jogar recuado conforme o contexto, a fase, a sorte, a partida, a previsão do tempo, a recomendação do médico, ou o que quer que seja. Incrível é que não tenha uma reles jogada de contra-ataque. Sem um jogador de velocidade ou um volante que tenha qualidade para chegar perto da área. Se não há jogadores assim, que se libere os laterais para subir. Não. O Santos consegue a façanha de ter a segunda melhor defesa do Brasileiro. Mas não ganha, não faz gol e, em muitas ocasiões, se acovarda diante do adversário. Seja qual for.

As recordações que a música do início do texto me invocam é de um time apagado na memória santista, do treinador Nicanor de Carvalho, que esteve no Santos no campeonato paulista e em parte do Brasileiro de 1989. O time era meia boca, como muitos montados àquela época, e o comandante achou por bem armar uma equipe retrancada. A equipe ficava muitos jogos sem tomar gols, mas também não marcava. O goleiro se destacava, por sinal, um ex-pontepretano como Aranha, Sérgio Guedes. 


"Melhores momentos." Cuidado: cenas fortes.

Mas aquele Santos não chegou em lugar nenhum. No Brasileiro, por exemplo, mesmo com a vitória valendo dois pontos, os empates quase não foram suficientes para o Alvinegro se livrar do “grupo da morte” (ali, eram dois grupos e os três piores de cada um iam disputar para fugir do rebaixamento, outra das regras esdrúxulas desses campeonatos brasileiros). Para a segunda fase, Nicanor caiu e foi substituído por Pepe. Claudinei, cujo nome defendi como o melhor no momento, por conhecer e saber lidar com garotos, não tem colocado muitos meninos para jogar e tem mostrado medo, principalmente após a goleada para o Barcelona. O cargo interino virou prioridade. Com Thiago Ribeiro melhorando a forma física, Arouca retornando e uma ou outra contratação chegando, o cenário pode melhorar. Mas a postura incomoda. E traz as piores lembranças para o torcedor.

Bernardinho do vôlei: candidato tucano a governador do Rio?

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Deu no Brasil 247. O técnico de vôlei Bernardinho assinou sua ficha de filiação ao PSDB do Rio de Janeiro em julho e pode ser o candidato a governador pelo partido no terceiro maior colégio eleitoral do país. No estado que tem o governador mais impopular do Brasil, e sem nenhum franco favorito entre os quatro principais postulantes ao Palácio da Guanabara – a saber, Lindbergh Farias (PT), Anthony Garotinho (PR), Pezão (PMDB) e César Maia (DEM) –, os tucanos vão tentar emplacar um nome novo na política para ressuscitarem no Rio.

Bernardinho gosta de emoções fortes
De acordo com a matéria, o partido já tinha tentado Luciano Huck, Armínio Fraga e Pedro Malan, sem sucesso. Em abril, Aécio Neves, já havia feito convite a Bernardinho, aparentemente sem sucesso. Mas, de lá pra cá, o cenário político local mudou, o jogo está aberto e o PSDB vai testar o nome do treinador em pesquisas internas.

Para não dizerem que parte dos futepoquenses passou a falar mal de Bernardinho só porque ele se filiou ao PSDB, lembramos este post aqui e outros, nos quais foram discutidas algumas das características do treinador. Em um dos comentários, o companheiro Maurício definiu o esportista como “uma dessas figuras intragáveis e desnecessárias, que justificam sua truculência com as vitórias que obtêm. e muita gente no brasil, que gostaria muito de poder justificar um poder autoritário do qual fizesse parte, seja ele nacional ou simplesmente exercido na área de serviço de suas casas, levanta a bola desses caras e minimiza seus eventuais fracassos. muitas dessas pessoas compram jornais, outras tantas fazem jornais.” Parece até profecia...

Mas, enfim, sabe-se que parte da sociedade brasileira gosta de tal perfil autoritário e/ou com a pecha de “eficiente” em figuras políticas. Dado o cansaço com nomes tradicionais, é de se esperar não só no Rio, mas também em outros lugares, uma enxurrada de apostas em nomes novos e, no caso de Bernardinho, que faz palestras motivacionais para executivos, uma novidade conhecida de outra área e com verniz de campeão. Vai ser, no mínimo curioso.

Cabral mede o tamanho do tombo
Ninguém reina no Rio

A queda de Sérgio Cabral nas pesquisas é motivada por uma série de deméritos dele próprio e de sua equipe, contrastando com o perfil de poderoso cabo eleitoral em 2012 e até postulante a candidato a vice-presidente da República na chapa de Dilma Rousseff em 2014. Uma derrocada rápida, com alguns danos certamente irreversíveis.

Mas é uma característica da política fluminense, nesse período em que a eleição para governador voltou a ser por voto direto, a rotatividade de partidos no Palácio da Guanabara. Em 1982, Leonel Brizola (PDT) surpreendeu ao derrotar Moreira Franco (então no PDS). Quatro anos mais tarde, o próprio Franco, no PMDB, surfou na popularidade do Plano Cruzado de Sarney e derrotou o candidato brizolista Darcy Ribeiro.

Em 1990, já com eleição em dois turnos, Brizola não precisou do segundo para retornar com 61% dos votos, deixando o peemedebista Nelson Carneiro em um distante terceiro lugar. Porém, na eleição seguinte, o governador viu seu candidato, Anthony Garotinho, ser derrotado pelo tucano Marcelo Alencar no segundo turno. Garotinho, ainda no PDT, venceria em 1998, tendo como vice Benedita da Silva (PT) e derrotando César Maia (PFL) no turno final.

Benedita assumiu o governo com a saída do titular, que vai para a disputa da presidência da República e emplaca sua esposa, Rosinha Garotinho (PSB), em 2002, com vitória no primeiro turno. Já em 2006, Sérgio Cabral vence Denise Frossard (PPS) com vantagem de 68% a 32% no segundo turno, se reelegendo em 2010 com 66,08%.

Com tal cacife eleitoral, muitos davam como barbada a eleição do seu vice em 2014, o que seria algo inédito nesse Rio que não permite que o mesmo grupo político fique mais de dois mandatos seguidos à frente do estado e que, só no período aqui analisado, teve no Palácio o PDT, o PMDB, o PSDB, o PSB e o PT (este, por “herança” do titular). Tendo como parâmetro São Paulo, por exemplo, vê-se a diferença. De 1982 a 1990, todos os governadores paulistas foram do PMDB e, de 1994 até hoje, todos foram do PSDB. Se levarmos em conta que o governador eleito em 1994 e 1998, Mario Covas, foi nomeado prefeito de São Paulo por Franco Montoro e José Serra, eleito em 2006, foi secretário do mesmo Montoro (um dos fundadores do PSDB), a sensação de continuidade fica ainda maior...

Brizola e Garotinho: outros tempos
Outro ponto interessante da política fluminense é o fato de, apesar de nunca ter conseguido hegemonia, Leonel Brizola ter alavancado parte das figuras que passaram pelo Palácio do Guanabara e/ou que ainda estão na corrida pelo governo em 2014. Marcelo Alencar, que se elegeu pelo PSDB em 1994, foi presidente do extinto Banerj no primeiro governo pedetista e se elegeu prefeito do Rio em 1988, pelo partido. Garotinho, atualmente no PR, foi outra figura que se ergueu no brizolismo, tendo saído do partido em 2000 e migrado para o PSB. Já César Maia começou sua militância no Partidão (PCB), mas filia-se ao PDT em 1981 e torna-se secretário da Fazenda no primeiro governo Brizola, além de ter ocupado a presidência do Banerj, assim como Alencar. Após eleger-se deputado duas vezes pelo partido, vai para o PMDB em 1991, elegendo-se prefeito da capital um ano depois.

Mesmo com influência tal capaz de alavancar figuras de expressão que estão no cenário político até hoje, Brizola, em suas duas últimas eleições, foi coadjuvante. Na disputa pela prefeitura do Rio, em 2000, ficou em quarto lugar com 9,1% e, na eleição para senador em 2002, terminou em sexto, com 8,23%.

quinta-feira, agosto 15, 2013

#NaUltimaVitoriaDoSaoPaulo ou rir pra não chorar

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O empate do São Paulo com o Atlético-PR no Morumbi, por 1 a 1, ampliou a série de partidas sem vitória do Tricolor no Brasileirão 2013 para 11 jogos. O resultado motivou a volta da hashtag  #NaUltimaVitoriaDoSaoPaulo no Twitter, servindo para rivais fazerem piadas não apenas com a equipe do Morumbi, mas também com outros clubes. Abaixo, alguns dos tuítes da noite de hoje. Porque é melhor tentar rir...

#NaUltimaVitoriaDoSãoPaulo o mar morto ainda estava só com uma gripe

#NaÚltimaVitóriaDoSãoPaulo o Palmeiras era time grande

#NaÚltimaVitóriaDoSãoPaulo nascia Oscar Niemeyer.

#NaUltimaVitóriaDoSãoPaulo o Seedorf era do Corinthians segundo Neto!

#NaUltimaVitoriaDoSaoPaulo o palmeiras não tinha mundial. Ate hoje ainda não tem.

#NaUltimaVitóriaDoSãoPaulo O Léo queria ver se o Barcelona era tudo isso mesmo.

#NaUltimaVitoriaDoSaoPaulo Ph Ganso era maestro

#NaUltimaVitoriaDoSaoPaulo o Eike Batista era rico.

#NaUltimaVitoriaDoSaoPaulo o Atlético-MG ainda era motivo de piada.

#NaUltimaVitoriaDoSaoPaulo a torcida do Santos era realmente Jovem.

#NaUltimaVitóriaDoSãoPaulo o Mr Catra era pai pela primeira vez


#NaUltimaVitoriaDoSaoPaulo estreava pelo Santos uma promessa. Um garoto de nome Pelé.

#NaUltimaVitoriaDoSãoPaulo o Flamengo não tinha tomado gol de goleiro.

Timão 0 x 0 Fluminense: modo Tite para pontos corridos

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Sheik jogou bem, mas não marcou, como de praxe (Alexandre Loureiro/Lance)
Comecemos pelos fatos: o Corinthians foi ao Maracanã na noite desta quarta e empatou sem gols com o Fluminense. Bom resultado fora. Somemos a isso outra constatação, a de que dos últimos 15 pontos disputados, ou cinco jogos, o Timão levou 11. Ótimo desempenho, 73% de aproveitamento, coisa e tal.

Aí você olha a escalação do Flu e vê que o time estava inteiro remendado, pastando por contusões como a de Deco e ausência dos selecionados Fred e Jean, entre outros problemas. Assiste o jogo e vê a linha fechadinha do Timão na defesa. Muito bem construída, diga-se, retranca de nível europeu. Mas lá na frente, quase nada de criação. Vê também que o zagueiro Gum foi corretamente expulso após um carrinho de intenções assassinas em Emerson. E pensa que o resultado podia ser melhor.

Essa é a sensação do Corinthians nesse momento: não tá ruim, tá até bom, mas podia ser melhor. Indo um pouco mais longe, essa sensação está sempre pairando pela Era Tite, o que é muito estranho para aquela que já deve ser a mais vitoriosa fase do time. Tirando a defesa, o time nunca mostra um grande futebol, nunca encanta, nunca atropela, quase nunca dispara. Tem em sua grande marca a constância, para o bem e para o mal.

Melhor defesa do torneiro com 6 gols sofridos, o Corinthians hoje nega com firmeza as chances de gol do adversário, mas também as suas próprias. O ataque chuta pouco e mal, o meio campo toca a bola mas não abre espaços.

De todo jeito, parece estar perto de engatar o “modo Tite” de disputa de pontos corridos. Ganhar de 1 a 0 em casa, empatar sem gols fora. Nunca arriscar mais do que o necessário. Levamos o campeonato de 2011 nessa toada, poupando forças sempre que possível e só correndo atrás quando era necessário.

Pode dar certo dessa vez de novo, creio. Tite precisa considerar, no entanto, que naquela ocasião tivemos um começo meteórico por conta da atenção dividida de todos os outros concorrentes com Libertadores ou Copa do Brasil. Agora, temos é que tirar uma boa meia dúzia de pontos por conta de um começo vacilante. Vitórias fora serão necessárias nessa recuperação. E nessa situação, jogos como o de ontem entram para a conta de pontos perdidos pelo excesso de zelo e a ineficiência do ataque.

Santos "Sandoval Quaresma" deixa vitória escapar no final

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Os mais jovens podem não conhecer, mas o personagem vivido por Brandão Filho (ao lado) na Escolinha do Professor Raimundo, programa do humorista Chico Anysio, remete em dados momentos ao Santos atual. Sandoval Quaresma, questionado pelo mestre em sala de aula, sempre começava respondendo bem quando, em dado momento sádico, Raimundo introduzia a última questão com a frase “Agora, para tirar um dez...”. E o aluno colocava por terra todo o esforço anterior ao dizer alguma bobagem sem sentido. E lamentava no final: “mas eu estava indo tão bem”.

Não que o Peixe ontem, contra o Vasco, “tenha ido tão bem”. Começou com bom volume de jogo, mas passou, ainda no primeiro tempo, a ter seu meio de campo dominado pelo rival, que esbarrou na própria falta de competência do seu ataque e no goleiro Aranha. Com Leandrinho no lugar de Alan Santos, o Peixe voltou um pouco melhor do que terminou a etapa inicial, mas mesmo assim eram os cariocas que chegavam mais à área adversária. Até que Edu Dracena, em jogada de Montillo, marcou, aos 31. A partir daí, o Vasco pouco ameaçou e os donos da casa tiveram mais de uma chance de matar a peleja. Até que a bola, como diria o filósofo que deixou a Vila há alguns meses, puniu, e o empate veio nos últimos minutos.

Montillo se salva, mas não salva o resto (Foto Santosfc)
Em certa medida, o jogo pareceu mesmo reprise de outros do Brasileirão, um (Não) Vale a Pena Ver de Novo ou um desses programas antigos do Canal Viva, que passa a Escolinha citada acima. O time tomou um gol no final, tendo tido chances de sacramentar a vitória e desperdiçando, como contra o Coritiba. À semelhança do embate contra o Corinthians, tomou um gol de escanteio no qual não se sabe se houve tentativa de fazer linha de impedimento mal comunicada, tal a solidão de Rafael Vaz ao marcar o gol de empate. Nem tanta solidão assim, já que três outros companheiros seus estavam sem marcação. Também reprise foi um jogador, Edu Dracena, criticar ao fim da partida o ataque santista. Contra o Cruzeiro, foi o meia Cícero que disse faltar “malandragem” ao pessoal da frente.


Não vejo os atletas santistas tendo “sentido” a derrota vexatória para o Barcelona, como alguns analisam. Antes, alguns já tinham sofrido queda de rendimento, como Neílton, e, em outro grau, Giva, cuja produção caiu barbaramente. Normal pela idade e pelo noviciado dos moleques como profissionais. Mas Claudinei Oliveira parece ter sentido mais já que, desde a viagem para a Europa, resolveu priorizar a defesa, preterindo Leandrinho no meio de campo, que tem mais chegada no ataque, e priorizando a dupla Alan Santos e Alisson, mais “pegadora”, na ausência de Arouca. Só que, sem jogadores que tenham qualidade para definir na frente – aqui, não significa que os garotos sejam tão ruins assim, mas pecam pela imaturidade – , principalmente em momentos cruciais da partida, o Santos tem vivido do esforço e da habilidade de Montillo, que tem jogado bem nas últimas partidas. Mas se nem Neymar fazia mágica sempre, que dirá o meia argentino...

O fato é que, com os resultados recentes, três empates e uma derrota no Brasileirão, o Alvinegro já vê se aproximar a zona perigosa. Tem, a bem da verdade, dois jogos a menos que os times que estão imediatamente atrás e um a dois a menos que os que estão na frente. Com o atual aproveitamento, de 42%, porém, projetam-se 47 pontos no fim da competição, o que livraria o time de jogar terça, sexta e sábado em 2014, mas não serviria provavelmente nem para classificar na Sul-Americana. Muito pouco.

Já o ambiente político na Vila... Bom, isso é assunto para outro post.

terça-feira, agosto 13, 2013

A crise no São Paulo é mais por princípios e valores

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Por Moriti Neto

Ao contrário do que algumas vozes baseadas em chances de gols não convertidas defendem desde o jogo de domingo, contra a Portuguesa, o azar é o menor problema no São Paulo. Aloísio colocar a mão numa bola que entrava no gol, não é azar. É burrice. Como também é o que faz Paulo Autuori insistir na escalação de Douglas, que não consegue acertar três passes durante os noventa minutos.

Idem a ausência de senso crítico de Rogério Ceni. Se a condição do capitão embaixo das traves não é das melhores, mas inexiste substituto no momento, ele ao menos deveria reconhecer as dificuldades nos fundamentos que tão bem praticava e transferir funções, como reposição do esférico, além das batidas de faltas e pênaltis (o erro de domingo, contra a Lusa, foi só mais um entre cobranças ruins, inclusive de tiros de meta). 

Já disse, neste Futepoca, que não considero o elenco do São Paulo entre os piores do Campeonato Brasileiro, competição ruim de dar dó, em que times horrorosos, a exemplo de Vasco, Bahia e Vitória, têm muito mais pontos que o Tricolor. Assim, a realidade aponta dois motivos maiores que a questão técnica para a péssima fase são-paulina: um ambiente degradado internamente e a falta de confiança que passa a abater os jogadores/comissão técnica ao passo que os resultados positivos não vêm. Nessas situações, alguns pontos merecem destaque.

Ídolo sim. Infalível, não
Rogério Ceni

Certo: jogador histórico, ídolo. Um dos maiores da trajetória do clube. No entanto, tem personalidade difícil, é fato. Enquanto vivia momentos técnicos e de conquistas inquestionáveis, a importantíssima liderança não era contestada abertamente. Hoje, tem sérias limitações dentro do campo, mas segue na arrogância de semideus que outrora foi. Hora de assumir a mortalidade, sair da postura de dono do clube (que combina bem com o estilo nefasto de Juvenal Juvêncio e, talvez por isso, faça a relação deles tão boa) e deixar que outros floresçam como líderes técnicos e carismáticos.                      

Autuori

Dizer que Autuori é um enganador, treinador medíocre, é mostrar certo desconhecimento da história recente do futebol nacional. Foi campeão brasileiro, conquistou duas Libertadores, um Mundial de Clubes, fora títulos menores.                

O problema é que o sujeito não faz um trabalho que preste há muito. Insiste num 4-4-2 antiquado, extremamente vulnerável nas invertidas de bola do adversário, e possui míseros 13 por cento de aproveitamento na atual passagem no São Paulo. São oito derrotas, um empate e uma (!!!) vitória. Pelo momento, não era a opção para encarar o desafio de comandar o time.

Vontade ou burrice?

O futebol tem dessas coisas. Há jogadores limitados tecnicamente, mas que se superam na força física e, principalmente, mental. Com alguma capacidade de inteligência e concentração, são capazes de usar disposição, movimentação e ocupar espaços fundamentais do campo.

Entretanto, há certos atletas que, além das dificuldades técnicas, tem na ausência de inteligência o maior problema. Exemplo disso é o atacante Aloisio. O lance bizarro (alguém aqui já viu um jogador impedir o gol do próprio time como ele fez ontem, aos 42 do segundo tempo, numa jogada que daria o empate ao São Paulo?), foi típico de alguém incapaz de controlar elementos básicos das funções que exerce. Não é à toa que vive lesionado. Já se contundiu várias vezes por ser atabalhoado. Entra errado nas divididas, não sabe cair e confunde vontade com afobação.

O pior é que esse tipo de jogador engana. Não que seja ato pensado, mas a falsa imagem de “guerreiro” induz o torcedor. Confere ao atleta “autoridade moral”, o que disfarça os erros e a grossura. Aloisio perde gols incríveis por ruindade e excesso de individualismo. Fominha, conclui de forma precipitada e, invariavelmente, inócua. A mão na bola que tirou o gol de Ganso contra a Portuguesa seria, em minha opinião, o limite.

Crise

O ambiente no São Paulo, independentemente de critérios técnicos, é o retrato de uma crise muito mais de princípios e valores. E o é, pois, afora um presidente coronelista, o clima ruim é criado por profissionais sem autocrítica, algo que não gera espaços a soluções, mas propicia largamente falsas esperanças.

segunda-feira, agosto 12, 2013

Elegância

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Luxemburgo: pura finesse
Assim como já destacamos neste blogue em 2007, em post sobre o volante/lateral Dionísio, que jogava naquela época pelo Santos e, no dia de sua estreia no time profissional, recebeu ordem do técnico Vanderlei Luxemburgo para "não se cagar", o "pofexô", hoje técnico do Fluminense, deu a seguinte declaração sobre sua equipe após a derrota no clássico contra o rival Flamengo:

"TEM DE RALAR O RABO NO CHÃO E SE SACRIFICAR."

Sem mais.

19 derrotas em 30 jogos. Ceni perde outro pênalti.

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E o São Paulo segue seu calvário rumo à Série B, despencando de vexame em vexame. E não digo vexame por perder (com toda justiça) para Kashima Antlers ou Portuguesa, mas vexame porque perde jogando muito mal e exibindo a ruindade de seu elenco, o que, aliás, tem sido a tônica desde o início da temporada. O time não tem zagueiros que prestem, nem laterais ou volantes. Os meias jogam mal. Os atacantes, idem. Quando olham para o banco de reservas, os técnicos quintuplicam seu desespero. A coisa tá feia.

O São Paulo não venceu UM clássico sequer este ano. Foram três derrotas para o Corinthians mais dois empates (sendo que, em um deles, foi eliminado na semifinal do Paulistão, nos pênaltis), duas derrotas para o Santos e um empate com o Palmeiras. Na Libertadores, perdeu TODOS os jogos fora de casa e foi derrotado três vezes pelo Atlético-MG, que o eliminou com uma goleada humilhante. Isso mostra que a crise atual não é fenômeno de momento. O time é fraco e joga mal - contra os grandes - desde janeiro.

Aliás, depois da primeira fase da Libertadores, na qual apanhou dos medíocres Arsenal de Sarandí e The Strongest, ficou claro que a boa campanha no início do Paulistão, contra os times (fracos) do interior, era pura ilusão. A partir de abril, o time virou saco de pancadas de qualquer um, pequeno, médio ou grande. Fazendo um corte dos últimos 30 jogos, com início na vitória por 2 a 0 sobre o Paulista de Jundiaí, no dia 27 de março, e término na derrota de hoje por 2 a 1 para a Portuguesa, temos um cenário aterrador.

São simplesmente 19 derrotas nesta série, com apenas 7 vitórias e 4 empates. Em abril, o time perdeu para o Mogi Mirim e o XV de Piracicaba, pelo Paulistão, e The Strongest, pela Libertadores. Com isso, já eram previsíveis as eliminações para Corinthians, no estadual, e Atlético-MG, na competição sul-americana, no início de maio. Aí, a coisa degringolou de vez: o presidente Juvenal Juvêncio expurgou sete jogadores, rachou o elenco, tirou a autoridade do técnico Ney Franco (que já era pouca) e o time desandou.

E desandou porque o time é ruim. Muito fraco, nível de Série B, mesmo. Quando toma gol, dificilmente consegue reagir. Se sai atrás no placar, perde o jogo. E perde para equipes ainda mais fracas, que, contudo, conseguem ter um mínimo de padrão de jogo e esquema tático - o que o São Paulo não tem. Perder dois terços dos jogos em uma série de 30 partidas é argumento suficiente para sustentar essa afirmação. O problema não é treinador. Paulo Autuori será demitido e o clube só escapará do rebaixamento por milagre.

Infelizmente.

A coisa tá tão feia que, depois de perder um pênalti contra o Bayern de Munique, Rogério Ceni perdeu outra cobrança contra a Portuguesa. Essa uruca do capitão do time é o resumo de um catado de jogadores que, invariavelmente, já entra em campo derrotado. Está escrito na cara de cada um, tanto no horroroso time "titular" (se é que isso existe...) quanto no tenebroso banco de reservas. Hoje, qualquer adversário, mas qualquer mesmo, já entra em campo sabendo que vai derrotar o São Paulo. Essa é a triste realidade.



domingo, agosto 11, 2013

Não é privilégio do Barcelona

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