Destaques

sexta-feira, maio 16, 2014

#VaiTerCachaça na Copa

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Se vai ter Copa, pode ainda haver controvérsia. Mas haverá cachaça.

Parte da cultura brasileira, a xambirra será valorizada durante o Mundial de futebol. Com recursos do Ministério da Cultura, liberados por meio da categoria Gastronomia de edital Cultura 2014, o divertido Mapa da Cachaça promete levar informação sobre a marvada para cada uma das cidades-sede do Mundial.



Ao que parece, eles não vão precisar levar cachaça. É que, pelo enraizamento do goró pelo território nacional, costuma ter caninha em praticamente qualquer canto de virtualmente qualquer cidade brasileira.

O Mapa das Cachaças promete ações de conteúdo como publicação de receitas, promoção de eventos e gravações de vídeos com chefs, mixologistas, especialistas e pesquisadores.

Se precisarem levar um apreciador, ou um par de amigos da cachaça, os sóbrios autores do Futepoca estão à disposição para visitar as cidades-sede da Copa. Politicamente, a gente se voluntaria a propagar o Manguaça Cidadão pelo mundo.

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quinta-feira, maio 15, 2014

Em Copas, Brasil anda com "apito amigo" do lado

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A seleção brasileira é penta e ninguém contesta. Porém, uma olhada mais atenta para alguns erros de arbitragem que beneficiaram o time canarinho ao longo da história em Copas não deixa dúvidas: uma fração das nossas glórias se deve à ajuda de juízes míopes. Abaixo, sete dos equívocos que nos ajudaram a ganhar (ou não) um título.

1 – Pênalti não marcado e gol da Espanha anulado (Brasil x Espanha, 1962)

Combo pró-Brasil nesse jogo. Nilton Santos comete pênalti, percebe que está dentro da área e dá dois passos para fora. O lance é tão ostensivo que parece jogo de criança de pré-escola. Mas o árbitro cai no truque e marca apenas falta. A essa altura a Espanha já ganhava por 1 a 0.
Na cobrança da falta, Puskas marca um golaço de bicicleta, mas bandeira vê um impedimento que nem Arnaldo marcaria, e anula a jogada.

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2 – Cotovelada de Pelé (Brasil x Uruguai, 1970)

Ok, era revide de outro lance não marcado, um pisão de Fontes no Rei. E, convenhamos, foi uma demonstração da arte da vingança. Mas isso não muda o fato de que Pelé deu com vontade na cara do rival. Deveria ter sido expulso e, consequentemente, perdido a final de 1970. Obrigada, deuses da bola. A História não teria sido escrita se o juiz não. tivesse perdido esse lance.



3 – Gol anulado da Espanha (Brasil x Espanha, 1986)

A Espanha não tem mesmo sorte contra o Brasil. Depois de ser garfada em 62, voltou a ser prejudicada em 86. No início do segundo tempo, com o placar ainda no zero, Francisco chuta da entrada da área, a bola bate na trave, bate dentro do gol e sai. Árbitro e bandeira não viram e placar seguiu inalterado. Brasil vence por 1 a 0. A partir de 3:04. O vídeo vale também por conta da pré-história do tira-teima.



4 – Falta de Branco não marcada (Brasil x Holanda, 1994)

O vídeo é cristalino. Branco meteu a mão no rosto e no pescoço do Overmars, seu marcador, antes de ser derrubado. O lance deu origem ao histórico gol de falta do próprio Branco. Mas, justiça seja feita, a miopia não foi seletiva. Depois de ser derrubado, o lateral esquerdo (que só atuou porque o titular Leonardo foi expulso após cotovelada criminosa desferida na partida contra os EUA) leva um chute de Koeman, aparentemente nas partes baixas, e ficou por isso mesmo. A partir de 0:56.



5 – Pênalti mal marcado para o Brasil (Brasil x Turquia, 2002)

A Copa de 2002 tem na conta grandes vergonhas por parte da arbitragem. Dois desses lances favoreceram o Brasil. No primeiro, a seleção ganhou um pênalti de presente na tensa estreia naquele Mundial. Aos 40 minutos, com o placar em 1 a 1, Luizão sofre falta fora da área e mergulha com vontade, tentando cavar o pênalti. Conseguiu convencer o árbitro, que ainda expulsa Ozalan. A partir de 3:52.

Também nessa partida, Rivaldo protagoniza papelão ao simular uma bolada no rosto. Enquanto esperava o time brasileiro posicionar-se para o escanteio, ele leva uma bolada no braço, desferida por um jogador da Turquia. Já era suficiente para que o adversário fosse expulso, mas ele resolveu fingir que havia sido atingido no rosto. Unsal foi de fato expulso, mas o teatro passou despercebido pela arbitragem. Rivaldo chegou a ir a julgamento pelo lance, mas levou apenas uma multa. A partir de 5:10.

 

6 – Gol anulado da Bélgica (Brasil x Bélgica, 2002)

O segundo lance que beneficia o Brasil aconteceu nas oitavas de final. O placar ainda estava no zero e a Bélgica jogava melhor. Aos 35 minutos, Wilmots sobe mais que Roque Júnior e cabeceia para o gol. Árbitro benevolente viu falta – que só ele e o Arnaldo viram, aliás. A partir de 1:40.



7 – Gol ilegal validado (Brasil x Costa do Marfim, 2010)

Esse lance pode não ter mudado o rumo do jogo, mas já está na história como um daqueles erros escandalosos. A partida já estava 1 a 0 para o Brasil quando Luís Fabiano dominou a bola com o braço duas vezes antes de meter para o gol. A partida terminou com 3 a 1 para o Brasil. A partir de 1:40.



Bônus – Juiz some com súmula (Brasil x Inglaterra, 1962)

Nas quartas de final do Mundial de 62, contra a Inglaterra, Garrincha foi expulso e desfalcaria o Brasil na semi contra o Chile. Desfalcaria, porque o craque brasileiro não apenas jogou como marcou 2 gols na semifinal. O motivo? O árbitro peruano Arturo Yamasaki sumiu. Não entrgou a súmula a tempo da realização do julgamento do brasileiro, que foi liberado para brilhar na partida seguinte. Curioso, não?

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segunda-feira, maio 12, 2014

Jogos da Copa que quase ninguém viu

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Muito antes dos mundiais se tornarem grandes fenômenos comerciais e televisivos, algumas partidas contaram com públicos dignos de campeonatos estaduais

Estima-se que o Mundial de 2014 deva ter uma audiência de 3,2 bilhões de espectadores em todo o planeta. A última edição, de 2010, teve uma média de público de 49.674 torcedores em cada uma das 64 pelejas disputadas na África do Sul. São números grandiosos, mas bem distintos do que acontecia nos primórdios do evento.
Laurent, autor do 1º gol das Copas
Entre os cinco piores públicos de uma partida disputada em Copa, dois aconteceram no primeiro Mundial, em 1930, no Uruguai. Ambas as pelejas aconteceram em Pocitos, um estádio de Montevidéu que tinha capacidade para 8 mil pessoas – o Centenário, que podia abrigar mais de dez vezes este número de pessoas, só ficou pronto para estrear cinco dias depois do início do torneio.
Assim, o campeão negativo de público em Copas foi a peleja Romênia 3 X 1 Peru, que contou com 2.549 espectadores, de acordo com a Fifa. O quinto jogo menos assistido in loco foi justamente a partida de abertura do torneio. Somente 4.444 torcedores viram, no dia 13 de julho de 1930, o francês Lucien Laurent marcar o primeiro tento da história dos mundiais, aos 19 minutos do primeiro tempo. A França bateu o México por 4 a 1.
Em 1958, País de Gales e Hungria terminaram empatados em pontos no Grupo 3 e jogaram uma partida-desempate, como previa o regulamento à época. O jogo entre os galeses, três empates na competição, e os húngaros, uma vitória (que valia dois e não três pontos), um empate e uma derrota, não atraiu os suecos. Compareceram ao Rasunda Stadium 2.823 pessoas, segundo pior público em Copas.
A terceira pior marca ocorreu na Copa de 1950, disputada no Brasil. A Suíça bateu o México por 2 a 1 no Parque dos Eucaliptos, em Porto Alegre. Inaugurado em 1931, o estádio era a sede do Internacional e, para o Mundial, foi construído um pavilhão de concreto com dinheiro arrecadado junto à torcida colorada. O clube também recebeu uma ajuda financeira da administração municipal da capital gaúcha e 5% da renda bruta dos dois jogos realizados lá (o outro foi México e Iugoslávia).
Como os dois times já estavam eliminados do torneio quando disputaram a partida, os gaúchos não se empolgaram e 3.580 pessoas foram ao estádio. Quem não foi, perdeu a chance de ver um fato, no mínimo, curioso. Como ambas as equipes entraram em campo com uniformes vermelhos – então vestuário preferido dos mexicanos –, a esquadra dos hermanos atuou com um jogo de camisas emprestado do Cruzeiro-RS.
O quarto pior público da história dos mundiais aconteceu na Copa de 1954, disputada na Suíça, e foi uma tremenda goleada. A Turquia superou a Coreia do Sul por 7 a 0 e conseguiu o direito de disputar um jogo-desempate do grupo contra a Alemanha, no qual foi também goleada por 7 a 2. Para o embate contra os turcos, aliás, os sul-coreanos trocaram oito jogadores em relação ao jogo de estreia, quando foram derrotados por nada singelos 9 a 0 para a Hungria. A chuva de tentos foi vista por 4 mil torcedores.
Todas as cinco partidas acima tiveram um público mais baixo que a média do campeonato paulista de 2014, de 5.675 pagantes. Para aqueles que penam ao tentar obter um ingresso de jogo da Copa de 2014, deve bater um certo saudosismo destes tempos idos...

domingo, maio 11, 2014

Os piores frangos em Copa do Mundo

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O post abaixo faz parte da parceria do Futepoca com a Rede Brasil Atual no Copa da Rede

Desde tempos imemoriais, nos estádios de futebol ou no mais surrado terrão, quando um goleiro falha clamorosamente a reação é uma só: "Que frango!"

Ao escapar das mãos do goleiro ou ao passar por baixo de suas pernas, a bola faz as vezes de galináceo que fugiu da granja para não servir de almoço. No galinheiro, a vítima normalmente mostra ginga e malemolência para se livrar do algoz. Nos gramados, faz rir e chorar.

Em tempos de avícolas industrializadas, a cena imaginada vai ficando até menos comum – para desespero dos trabalhadores e dos defensores de direitos dos animais. Mas, em épocas de Copa do Mundo, falhas acontecem. O Futepoca consolida o melhor de três listas de frangos históricos em mundiais de futebol. As imagens, espalhadas por diferentes canais do YouTube, são de dar pena.
As referências para os interessados nos domínios galináceos do ludopédio são Esporte Fino, Oba, Oba e o Planeta que Rola.

Robert Green - Inglaterra x Estados Unidos, 2010 

Uma falha terrível contra os Estados Unidos na Copa da África do Sul foi o primeiro frango (ou peru dado o seu tamanho) daquela edição. Também o maior.



Chaouchi - Argélia x Eslovênia, 2010 

Outro frango de 2010, desta vez do arqueiro argelino Chaouchi, contra a Eslovênia. Ele quase foi bem.



Zubizarreta - Espanha x Nigéria, 1998

Na Copa da França, o goleiro espanhol ajudou a ceder o empate, que culminaria em virada dos africanos. Nem todo cruzamento fácil é fácil para um goleiro (a partir de 1m5s).



Kopke - Alemanha x Iugoslávia, 1990

O goleiro alemão campeão do mundo em 1990 teve seu momento de frangueiro naquela edição contra a Iugoslávia (a partir de 51s).



Nery Pumpido - Argentina x Camarões, 1990

O país africano foi o azarão da Copa da Itália. Apesar do nome ser de um crustáceo, o time verde de Roger Milla fez fama de criar frangueiros. O primeiro foi logo na estreia: Pumpido, da Argentina, daria lugar a Goycochea (goleiro da seleção dos melhores do Mundial) – a partir de 45s.



René Higuita - Colômbia x Camarões, 1990

Nas oitavas da mesma Copa da Itália, há mérito do atacante Milla. Embora não seja um frango na acepção do termo, a lambança do colombiano René Higuita merece a menção na lista pelas qualidades cômicas.



Waldir Peres - Brasil x Rússia, 1982 

Exímio pegador de pênaltis, questionado por ter sido preferido por Telê Santana em uma época em que Leão era quase um apelo nacional, o então goleiro do São Paulo protagonizou uma cena patética na estreia contra a União Soviética.



Hellström - Suécia x Itália, 1970

Permitam-me citar Max Gehringer em "A grande história dos mundiais. 1962, 1966, 1970" (à pág. 80): "Aos 11', o goleiro Hellström engoliu o maior frango da Copa, num chute rasteiro e fraco de Domenghini de fora da área, pela meia esquerda. Helström saltou certo, junto à trave direita, mas a bola passou sob seu corpo" (a partir de 24s).



Lev Yashin - URSS 2 x 2 Inglaterra, 1958

O mítico Aranha Negra salta como uma aranha bêbada no cruzamento inglês. Ou um voo de galinha. A lenda soviética, do Dínamo de Moscou, podia até ser capaz de milagres. Mas também protagonizou seu momento de frangueiro (em 32s).



(Foto: Liz West/Flickr-CC-BY)

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sábado, maio 10, 2014

Copa na Rede: Futepoca e Rede Brasil Atual repetem parceria na cobertura do Mundial 2014

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A Rede Brasil Atual e o Futepoca realizam a cobertura da reta final dos preparativos e do Mundial de futebol 2014, sediado no Brasil. A exemplo da Copa do Mundo de 2010 e da Copa das Confederações de 2013, os veículos promovem uma ação na Web sobre o evento que mobilizará a pátria em chuteiras de 12 de junho a 13 de julho.

Iniciada em 7 de maio, com a convocação da Seleção Brasileira pelo técnico Luiz Felipe Scolari, a parceria envolve a produção de conteúdo exclusivo para um blogue estruturado dentro da Rede Brasil Atual. Elaborado pelos mesmos autores do Futepoca, a cobertura apostando no bom humor e na busca por recortes diferenciados sobre a competição.

Interessou? Acompanhe www.redebrasilatual.com.br/blogs/copa-na-rede

segunda-feira, abril 28, 2014

O motivo para João Paulo II ser canonizado

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Em 1984, o Papa polonês realizou seu maior feito: uniu, em Roma, os sãopaulinos - e desafetos - Marco Aurélio Cunha e Juvenal Juvêncio (à direita). MILAGRE!!!


Futebol 'mesa branca' (e 'mala preta'): Alan Kardec mata esperança do Palmeiras e quer reencarnar no São Paulo

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Kardec pediu mais cincão; Nobre não deu
Não, não foi pelos 20 centavos. Foi por 5 mil reais. Quando Alan Kardec pai deu um ultimato ao Palmeiras sobre o salário do Alan Kardec filho, dizendo que fechava contrato por 220 mil reais mensais, o diretor-executivo José Carlos Brunoro e o gerente de futebol Omar Feitosa garantiram que o negócio estava acertado. Mas o presidente alviverde, Paulo Pobre, digo, Nobre, mandou avisar que encerrava a conversa por 215 mil reais. Alan Kardec pai, que é empresário do filho boleiro, perdeu a paciência: "R$ 5 mil a menos, o que é muito pouco no futebol. Parece que queria pisar, humilhar, brincar... Chateou muito".

Pelo o que parece, depois da "desfeita" da cartolagem palmeirense, o pai-empresário abriu um "leilão" e o São Paulo cobriu todas as ofertas com 300 mil reais mensais para o jogador e um "chorinho" de 500 mil euros a mais para o detentor de seu passe, o Benfica (consta que o Palmeiras, que tinha preferência, pagaria 4 milhões de euros para comprá-lo, mas o clube do Morumbi pagará aos portugueses 4,5 milhões). No capitalismo é assim: quem pode mais, chora menos. No passado, o mesmo Palmeiras, turbinado pela Parmalat, tirou Cafu e Antônio Carlos do Tricolor, usando outros clubes como "pontes". Mais tarde, o Tricolor "roubou" o lateral Ilsinho.

Aidar ainda deu 500 mil a mais pro Benfica
Mas é curioso que o novo/velho presidente do São Paulo seja o mesmo Carlos Miguel Aidar que idealizou o Clube do 13 e sempre pregou a "união" entre os quatro "grandes" clubes paulistas. Essa "tungagem" no caso Alan Kardec azedou de vez a relação do Tricolor com os chamados "co-irmãos" (só se for o mesmo tipo de irmandade que Abel tinha com Caim!). No passado recente, Corinthians e Palmeiras já haviam desistido de mandar jogos no Morumbi, o que enfraqueceu sobremaneira os cofres sãopaulinos, e o alvinegro de Parque São Jorge foi ainda além e acabou com o acordo de negociar os direitos de TV em bloco. Tudo reflexo da gestão "soberana" de Juvenal Juvêncio, que elegeu o sucessor Aidar.

Juvenal, aliás, foi empregado sintomaticamente como novo comandante das categorias de base do São Paulo. O mesmo setor sãopaulino que vem sendo repudiado constantemente pelos "co-irmãos" e por vários outros clubes do Brasil como "ladrão" de jogadores (muitos ameaçam até boicotar qualquer competição que a garotada de Cotia se inscreva). Buenas, no frigir dos ovos, fica uma dúvida: Alan Kardec vale mesmo toda essa disputa? Só porque fez um bom Campeonato Paulista? Não foi artilheiro nem campeão. Vale 300 mil por mês? Tenho muitas dúvidas. O que sei é que o Palmeiras não quis pagar nem 220 mil. E no futebol, onde ninguém é santo, Alan Kardec renova o espírito - e o bolso - para reencarnar no São Paulo.

domingo, abril 27, 2014

Brasileirão 2014: Empate de Santos e Coritiba acende o sinal de alerta na Vila. Ou deveria acender..

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Em seu segundo jogo no Campeonato Brasileiro, o Santos mais uma vez fez uma atuação ruim, algo que vem acontecendo desde a semifinal do Paulista, quando a equipe suou sangue para derrotar o Penapolense. Mas, naquela ocasião, ainda conseguiu fazer três gols, desempenho que não se repetiu nas quatro pelejas seguintes, quando fez apenas dois tentos em duas partidas, ficando no zero em outras duas.

O que aconteceu com aquele time que marcava gols, era ofensivo e ensaiava promover candidatos a estrelas no cada vez mais pobre tecnicamente futebol brasileiro? Pode-se arriscar algumas explicações, mas a diretoria do clube deve estar atenta para conseguir corrigir o rumo da equipe antes que a vaca afunde de forma célere no brejo dos arredores da Vila famosa.
Gabriel: paciência que ele vai render (Ricardo Saibun/Santos FC)
Gabriel: paciência que ele vai render (Ricardo Saibun/Santos FC)
 
Os jovens sentiram?

Uma explicação bastante recorrente para explicar a queda de rendimento do Santos é o fato de parte dos atletas ser jovem, os ditos novos Meninos da Vila. Geuvânio, Gabriel e outros que costumam frequentar o gramado como Alan Santos, Emerson e Alison. Os homens da frente não têm rendido, em especial Geuvânio, que experimentou o banco de reservas ontem e só entrou no segundo tempo.

É possível que tenham sentido a pressão e/ou se deslumbrado um pouco com o oba-oba da reta final do Paulista. Mas seria injusto colocar a culpa somente nos garotos. Jogadores mais velhos também não corresponderam e têm mostrado dificuldades para liderar ou comandar uma reação. Não é à toa: jogadores experientes que são titulares não estão acostumados a decidir.

Cícero, 29 anos, tem três títulos na carreira: uma Copa do Brasil pelo Fluminense em 2007 e dois triunfos menos expressivos, um estadual de Santa Catarina em 2006 e o título da Sul-americana em 2012, sendo reserva no São Paulo. Thiago Ribeiro era reserva no título mundial tricolor de 2005, e foi escanteado por Muricy Ramalho quando a equipe foi campeã brasileira em 2006. Fora isso, tem os títulos mineiros de 2009 e 2011. Vejam o currículo de outros titulares da equipe e verão que, exceção feita a Arouca, louros importantes são raros.

Não se trata de desmerecer os jogadores mais velhos, mas tentar entender que eles também podem sentir a pressão, como os garotos parecem ter sentido. Ainda que haja diferenças. Thiago Ribeiro tem sempre buscado o jogo, ainda que de forma improdutiva em boa parte dos lances, já Cícero tem sido menos vistoso. Sobre ele, falamos a seguir.
Cícero não pode conduzir a equipe  (Ricardo Saibun/Santos FC)
Cícero não pode conduzir a equipe (Ricardo Saibun/Santos FC)
 
Cícero não pode ser protagonista

Pelo fato de ser um meia e fazer gols, Cícero por vezes é tido pela torcida, e até mesmo por Oswaldo de Oliveira, como solução para decidir pelejas. Mudanças recorrentes do treinador levam sempre o atleta à frente para que possa ser aproveitado seu poder de definição, já que sua finalização de longa distância é muito boa, assim como o cabeceio. Mas quando isso acontece, em geral acaba o fator surpresa daquele volante/meia que vem de trás e pega o sistema defensivo com o calção na mão.

Ontem, faria mais sentido Cícero vir buscar a bola para fazer a transição para o ataque, já que o Santos perdeu o meio de campo para o Coxa e não conseguia levar a redonda à frente. Ao invés disso, ele foi empurrado para jogar junto aos atacantes na segunda etapa. Mudança manjada e que não tem funcionado. E, assim, Cícero vive a paradoxal condição que em geral é vivida por aqueles “centroavantes-centroavantes”: se faz o gol, jogou bem; se não fez, não jogou. Na prática, seus tentos e a bola parada disfarçam o mau desempenho que tem ao exercer algumas funções na meia. Em alguns contextos, também teria que merecer um banco. Como aconteceu com Damião ontem.
Leandro Damião não engatou. Mas não pode ser bode expiatório (Ricardo Saibun/Santos FC)
Não engatou. Mas não pode ser bode expiatório (Ricardo Saibun/Santos FC)
 
O fator Damião

Leandro Damião é a contratação mais cara dentro da história do futebol brasileiro. É mais que natural que seja cobrado e que se espere dele algo diferente. Não tem acontecido. Damião também parece sentir a pressão, ainda mais pelo fato de torcida não ter com ele a paciência que reserva a outros jogadores, até pela expectativa que gerou a sua vinda.

Ter um jogador que atua abaixo do esperado atrapalha, mas atribuir a sua escalação todas as desgraças da equipe é exagero. “Ah, mas o Gabriel jogava melhor quando estava como homem de área.” Pode até ser, mas a média de gols da equipe não caiu com a entrada de Damião, em que pese seus gols perdidos irritarem qualquer um. Aliás, Gabriel também tem desperdiçado, como aconteceu com o Sport e ontem. A questão é que, em muitos aspectos, o ex-centroavante do Internacional tem sido prejudicado com o jeito que o Santos joga. Nos 180 minutos da final do Paulista, recorde-se quantas vezes ele recebeu a bola de costas para a área, com um marcador no cangote, e sem ninguém aproximando para receber. Resultado de uma maldita ligação direta que o Santos tem se habituado a fazer. Aí entra o problema do meio de campo... 

Cadê o substituto do Montillo?

Impossível dizer que o meia argentino teve uma passagem gloriosa pelo Santos, mas o jogador vinha 
crescendo de produção e foi o responsável pelas mais belas jogadas do Alvinegro no segundo semestre de 2013. Foi negociado para o futebol chinês e não houve reposição. Parecia que a providência divina tinha ajudado, com Geuvânio por vezes fazendo a função, compartilhada em algumas ocasiões com Thiago Ribeiro e mesmo Gabriel.
Montillo, mesmo sem ter sido brilhante, ainda faz falta (Ricardo Saibun/Santos FC)
Montillo, mesmo sem ter sido brilhante, ainda faz falta (Ricardo Saibun/Santos FC)

Ou seja, nenhum especialista na função que era do atleta portenho. E, no banco, Oswaldo ainda não achou por bem utilizar o promissor meia Serginho. Se não confia nele, o clube tem que contratar. É no meio de campo que a equipe tem penado. Não há substituto com as características de Arouca, por exemplo. Alison é o volante-volante, mais pegada do que técnica, e Alan Santos é, por enquanto, um volante que acha que pode jogar como meia. Mas não pode.

Sem reforços no meio ou alguma solução caseira de Oswaldo, o time vai continuar dependente de atacantes atuando como meias, o que poderia ser uma alternativa de jogo, e não quase uma obrigação. Com zagueiros que têm uma saída de bola ruim, e laterais/alas que também não costumam fazer essa transição. O Peixe vai continuar rifando a bola e sofrendo com desfalques.

Já era o Brasileiro?

Claro que não. Além do intervalo da Copa do Mundo, que costuma mudar o andar da competição, existe ainda a possibilidade, mencionada acima, de se arrumar a equipe com o que há na base. Algum lateral disputando posição ou mesmo um meia que veio de baixo se tornando titular é uma possibilidade. Mas Oswaldo armou uma equipe que apostava em dar uma condição confortável para que os homens da frente resolvessem, muitas vezes individualmente. Eles não têm resolvido e, ao que parece, um e/ou outro deve ir para a reserva.

Teste de criatividade para Oswaldo. E de paciência para o torcedor.
Oswaldo de Oliveira terá que quebrar a cabeça (Ricardo Saibun/Santos FC)
Oswaldo de Oliveira terá que quebrar a cabeça (Ricardo Saibun/Santos FC)

terça-feira, abril 22, 2014

Mesa de bar, encontro casual entre dois bambas. Assim nasceu um dos maiores clássicos da MPB

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Recorte do jornal 'Luta Democrática' de julho de 1976

Por CHICO NETO*

Sempre digo aos amigos que a música "Juízo Final", imortalizada na voz de Clara Nunes (veja o vídeo e a letra abaixo), não é de autoria apenas de Nelson Cavaquinho, mas sim parceria dele com um poeta desses que não receberam o devido reconhecimento da História. O poeta se chama “Seu” Élcio Soares, e frequentei muito a casa dele quando eu era criança, de uns 10 a 13 anos.

Era muito amigo do filho dele e passávamos horas brincando no quintal de "Seu" Élcio, em Sepetiba, RJ. Na época, eu não tinha a mínima ideia de que ele era da mesma cepa de craques como Cartola, Nelson Cavaquinho e outros ícones do samba e da MPB. Anos depois, já morando em São Paulo, descobri esse fato e fiquei emocionado por saber que ouvi tantas histórias desse senhor bonachão, que, se minha memória não falha, foi quem me apresentou um torresmo de porco.

Com a globalização da internet, pude retomar o contato com Naélcio, filho do "Seu" Élcio, e recebi dele o recorte de jornal que está no início deste post. Entre outras curiosidades, "Seu" Élcio diz na entrevista que "Juízo Final" nasceu de um encontro casual entre ele e Nelson Cavaquinho, no Centro do Rio de Janeiro, no final dos anos 1960.

Os dois sentaram em um bar e compuseram a música a pedido de Nelson, que já tinha a melodia na cabeça. Fico feliz de poder fazer esse registro, pois sempre considerei uma covardia só ver "Juízo Final" creditada ao grande Nelson. Fica aqui minha homenagem a "Seu" Élcio Soares, um dos grandes.

* Chico Neto, 49 (por muito pouco tempo!), é jornalista formado, publicitário por acaso, bebum, torcedor de F1 (Sennista) e, acima de tudo, Flamenguista que viu Zico, Adílio, Júnior e todo aquele timaço de 1981 jogar no Maracanã!



JUÍZO FINAL
(Nelson Cavaquinho e Élcio Soares)

O sol... há de brilhar mais uma vez
A luz... há de chegar aos corações
Do mal... será queimada a semente
O amor... será eterno novamente

É o Juízo Final
A história do bem e do mal
Quero ter olhos pra ver
A maldade desaparecer

O amor... será eterno novamente


O apagão de água em São Paulo e a semântica

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“Mas não estamos melhor apenas porque choveu. Não ficamos dependendo apenas da chegada das chuvas. A ajuda do nosso povo foi fundamental, ele aderiu ao racionamento de forma decidida.”

O trecho acima é de um discurso de Fernando Henrique Cardoso, então presidente da República, anunciando o fim do racionamento de energia para março de 2002. Os grifos anteriores são para exemplificar que, à época, o consumidor de energia elétrica no Brasil foi obrigado a economizar seu consumo de energia elétrica e, caso não o fizesse, seria punido ao ter que pagar uma multa de 50% sobre o excesso do limite estabelecido.

Ontem, Geraldo Alckmin anunciou que o governo de São Paulo vai “estabelecer o ônus para quem gastar mais água". Diz notícia do Uol:

Alckmin e a água: nada de apagão, qualquer coisa, a culpa é de São Pedro
Segundo o governador, a partir de maio, os moradores da região metropolitana abastecidos pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) deverão ser multados se aumentarem o consumo de água. Para Alckmin, a medida vem se somar ao desconto de 30% para quem economizar ao menos 20%.

A medida é bastante semelhante a uma das principais adotadas pelo governo FHC à época da crise do apagão. Mas Alckmin é muito melhor em comunicação do que o ex-presidente e só em ato falho utilizaria a palavra “racionamento”. O jargão do governo paulista utiliza palavras como “rodízio” e a multa existe para evitar “desperdício” de água.

Estranha (só que não) a mídia tradicional utilizar o mesmo vocabulário do tucanato de São Paulo. Abaixo, você pode ver como duas manchetes, uma do G1 e outra do Uol compram fácil, fácil, a versão de que o governo quer evitar desperdício de água. Desnecessário listar situações em que existe aumento de consumo de água ou de outro bem e que não envolve necessariamente desperdício. O governador também deve saber, até porque o consumo do Palácio dos Bandeirantes cresceu 22% em janeiro, mês em que ficou evidente a existência da crise hídrica.



Por enquanto, aliás, sabe-se apenas que o “ônus” será de 30%, mas não se diz qual a média que será usada para se fazer o cálculo nem se ele abrange todo tipo de consumidor de água ou é restrito ao residencial. Nas páginas da Sabesp e do governo do estado, muito confete e pouca informação até a manhã desta terça.

Algo pouco discutido até agora são os prejuízos decorrentes do “racionamento voluntário (mas nem tanto)” de água em São Paulo. O do apagão de FHC custou R$ 27 bilhões ao consumidor de forma direta e R$ 18 bilhões ao Tesouro Nacional, e o crescimento do PIB caiu de 4,3% em 2000 para 1,3% em 2001. Quais seriam então os prejuízos para o estado em caso de restrições ao consumo de água?

De acordo com matéria do R7, o presidente da General Motors para a América do Sul, Jaime Ardila, diz que “um racionamento de água em São Paulo teria efeitos mais danosos” sobre a montadora do que de energia: “A situação está ficando difícil e um racionamento de água é um cenário para o qual não temos alternativa”.

Enquanto a crise se desenrola e depois de as ações da Sabesp terem experimentado uma queda superior à dos papeis da Petrobras, seguimos com o jogo de palavras. Quando interessa, a qualquer falha de fornecimento de energia é atribuída a palavra "apagão", estigmatizada pela crise de 2001/2002. Mas nunca se fala em "racionamento" de água "apagão" do sistema hídrico, justamente pela maldição que as palavras carregam. A diferença, sempre, é o destinatário.

Aguarda-se menos preocupação com a semântica e mais contato com a realidade.

sábado, abril 19, 2014

Luciano do Valle e o Show do Esporte de cada um

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Quando era pequeno, na minha casa em São Vicente pegavam apenas dois canais em VHF (não sabe o que é isso, vai no Wikipedia): Globo e Bandeirantes. Como meu pai não gostava de novelas tampouco da programação da emissora carioca, invariavelmente a TV estava ligada na concorrente.

E, no domingo, quando estava em casa, também lá estava o Show do Esporte. 

Pra quem não viu, era um dia inteiro de transmissões esportivas, com esportes inusitados como sinuca, em partidas que por vezes contavam com os comentários de Juarez Soares, passando por jogos de futebol de veteranos, os chamados “masters”, e também inesquecíveis lutas de boxe de Adilson Maguila Rodrigues no encerramento. Dele e de outros pugilistas que foram longe na carreira como Francisco Tomás da Cruz.

Antes da TV a cabo, a Band era quem trazia modalidades e ídolos em modalidades ou eventos até então pouco vistos. Ali começaram as transmissões da NBA de Larry Bird e Magic Johnson; da NFL; da Fórmula Indy, com Emerson Fittipaldi, Al Unser Jr. e Mario Andretti; do futebol feminino dos tempos da Michael Jackson e Sissy; do vôlei, do basquete, do boxe, antecipando tendências e enfrentando o boicote da muito mais poderosa Rede Globo, que ignorava jornalisticamente quase toda referência a eventos transmitidos pela emissora paulista.

Todo esse introito acima é para lembrar um pouco da importância de Luciano do Valle, falecido hoje aos 66 anos, e que foi o grande idealizador da Bandeirantes como “canal do esporte”. Depois de sair da Globo, onde teve momentos marcantes como a narração da Copa de 1982, tornou-se um manager na emissora paulista, além de ser narrador e até técnico da seleção de Masters na qual teve oportunidade de treinar Pelé, Rivellino, Cafuringa, Edu e tantos outros craques que tiveram uma prorrogação em seus tempos de glória em função da ideia transmitir veteranos em campo.

Foi ele também que comandou um programa chamado Apito Final, elaborado para Copa do Mundo, mas que ganhou sobrevida por conta do sucesso. Tinha Silvio Luiz, Armando Nogueira, Julio Mazzei. E Toquinho. No final, surgia o músico, fanático por futebol e pelo Corinthians, tocando e/ou cantando, algo absolutamente inovador à época. Nunca vou esquecer quando ele interpretou a Marcha da Quarta-feira de Cinzas depois da eliminação do Brasil na nada saudosa Copa de 1990. 

Aqui não se trata de falar ou julgar pessoas, mas de reconhecer alguém que, profissionalmente, foi um dos melhores da sua área. É dar a dimensão de História e de quanto Luciano do Valle fez parte da vida de tantas pessoas, prestar uma última homenagem a alguém que passou emoção em momentos importantes do esporte quando ele era voz solitária, porque ninguém mais transmitia. Abaixo, alguns destes momentos. Sentimentos à família.


sexta-feira, abril 18, 2014

"Desejo, de todo coração, que o mundo seja socialista. E tenho certeza que cedo ou tarde ele será"

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Gabriel García Marquez (1927-2014). Por que o homem, o escritor e o político sempre foram um só.


quarta-feira, abril 16, 2014

Projeto principal da oposição: contra os trabalhadores

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Armínio e Aécio: pelo mínimo mais mínimo
"O salário mínimo está muito alto." A afirmação do economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central (nos tempos bicudos de FHC) e escolhido pelo candidato tucano à presidente Aécio Neves como seu futuro ministro da Fazenda, não chega a surpreender. Fora o fato de que fornece uma oportuna lenha para a imprensa queimar e jogar fumaça sobre a notícia de que o governo federal projeta valor de R$ 780 para o mínimo a partir de 2015, um aumento nada desprezível de 7,7% sobre os R$ 724 atuais, a declaração apenas corrobora o único projeto nítido, coeso e concreto da oposição brasileira: desmerecer, desacreditar e destruir toda e qualquer política voltada para os trabalhadores.

Campos e Jorge Bornhausen: a 'nova política'
Mês passado, o outro candidato de oposição, Eduardo Campos (PSB), já havia soltado - despudoradamente - outra pérola que faz côro com o economista preferido de Aécio Neves: "Não tem mais como crescer pela quantidade [de trabalhadores] no mercado de trabalho." Traduzindo: para Campos, parceiro de Marina Silva, o Brasil não pode basear seu crescimento econômico na geração de emprego (e renda). Detalhe: o absurdo mereceu o aplauso de alguns dos mais significativos "escudeiros" de sua campanha, gente do naipe do ultra-reacionário PFL-DEM Jorge Bornhausen, do "cristão novo" Heráclito Fortes e do tucanaço Pimenta da Veiga. Resumo da "nova política" anunciada pelos novos "salvadores da Pátria" Eduardo e Marina...

Aécio e Merval: convergentes
Ano passado, o camarada Glauco chamou a atenção, aqui neste blog, para o discurso do Merval Pereira, um dos baluartes do conservadorismo na mídia nacional, a respeito das manifestações das centrais sindicais durante os protestos de rua de junho (o grifo é nosso): "As reivindicações eram coisas muito específicas da classe trabalhadora." "Ou seja", concluiu o Glauco, "como o trabalhador, pelo silogismo mervaliano, não é 'povo', suas bandeiras não interessam ao resto da sociedade". Exato. Merval é símbolo da imprensa elitista que critica diuturnamente políticas como a progressiva valorização do salário mínimo (acertada por Lula com as centrais, em 2007) e a permanente geração de postos formais de emprego.

José Serra e Maria Helena de Castro
É um discurso que agora tem convergência entre os candidatos de oposição Aécio Neves (via Armínio Fraga) e Eduardo Campos, mas que é recorrente entre políticos e gestões conservadoras. Em 2007, o mesmo camarada Glauco reproduziu, no sarcástico post "Ganhar pouco é bom para o trabalhador", a estapafúrdia declaração da então secretária estadual de Educação de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro, de que "não há uma relação direta entre salário e qualidade do ensino" - para "justificar" a mixaria paga pelo então governador José Serra aos professores (situação que se agravou decisivamente nas gestões do PSDB, com Mário Covas, Geraldo Alckmin e o próprio Serra). O trabalhador sempre ficou ostensivamente em último plano.

Pois é. Não é a toa que um certo partido apanhe tanto, desde quando surgiu, por se denominar "dos trabalhadores". Essa é, talvez, a bandeira mais ofensiva e perigosa para a classe dominante brasileira. E não foi a toa que a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, tenha afirmado recentemente, durante um evento em Porto Alegre: "Jamais enfrentamos a crise à custa do trabalhador." O "recado" confirma que o discurso, ou melhor, o projeto maior da oposição, é mesmo o de conter, castrar e "enquadrar" a classe trabalhadora. Seja afirmando que "o salário mínimo está muito alto" ou que o crescimento econômico não pode se basear na geração de empregos. Se você é trabalhador, já entendeu o que está em jogo.

segunda-feira, abril 14, 2014

'Porto de Lenha, tu nunca serás Liverpool!'

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Hodgson: declaração infeliz
Diz uma das mais sábias das Leis de Murphy: "Toda vez que se menciona alguma coisa, se é bom, acaba; se é ruim, acontece". O técnico da seleção inglesa, Roy Hodgson, devia ter lembrado da última parte dessa máxima ao afirmar, na véspera do sorteio dos grupos para a Copa do Mundo de 2014: "O clima tropical de Manaus é o problema. Manaus é o lugar ideal para se evitar e Porto Alegre o lugar ideal para jogar" (leia aqui). A declaração pegou mal e mereceu resposta indignada do prefeito da capital amazonense, Arthur Virgílio Neto (PSDB): "Nós, amazonenses, também preferimos que a Inglaterra não venha. Torcemos pra que venha uma seleção melhor, com mais futebol... e com técnico mais sensível, culto e educado" (leia aqui).

'Trapiche 15 de Novembro', estrutura flutuante apelidada de 'Porto de lenha'
Pois é. Pela já citada Lei de Murphy, não deu outra. O sorteio definiu que a Inglaterra estreará na Copa contra a Itália, em 14 de junho, justamente na "indesejável" Manaus. Tudo isso acabou por reavivar o brio dos amazonenses. Um sentimento que é embalado, há mais de 30 anos, por uma música local que, curiosamente, cita os ingleses. A canção, chamada "Porto de lenha", é considerada um hino extra-oficial da cidade de Manaus. Seu nome tem origem no antigo tablado de madeira, batizado de "Trapiche 15 de Novembro", que deu origem ao porto da cidade, na margem do Rio Negro. Tratava-se de uma estrutura flutuante construída propositadamente desta forma para acompanhar as cheias e vazantes do rio, sem ser submersa. Esse cais foi projetado por ingleses e inaugurado quando a cidade vivia o apogeu da época áurea da borracha. Mais tarde, quando a economia amazonense entrou em decadência, a obra tornou-se um símbolo da pretensão ridícula, por parte daquela elite da época, de ostentar uma "superioridade europeia" que, na verdade, era só verniz "pra inglês ver".

Música batizou um disco de Zeca Torres
Muitos anos depois, no fim da década de 1960, o poeta nativo Aldísio Filgueiras se inspirou em uma tema instrumental dos músicos e compositores amazonenses Zeca Torres (o Torrinho) e Wandler Cunha para escrever um extenso poema. Ao saber disso, a dupla resolveu musicar alguns trechos do texto. “A intenção era transformar em uma suíte com vários movimentos. Devem ter saído quatro ou cinco canções e ‘Porto de lenha’ foi uma delas", diz Torrinho. Nem Zeca nem Aldísio imaginavam, mas a música se tornou um sucesso em Manaus já no fim dos anos 1970, quando fez parte da peça "Tem piranha no pirarucu", dirigida por Márcio Souza. Seus versos iniciais conclamam o orgulho dos nativos contra a "europeização" dos gostos e costumes: "Porto de lenha/ Tu nunca serás Liverpool/ Com uma cara sardenta/ E olhos azuis". Outros trechos desdenham os artistas locais que sonham com o "sucesso sulista" e também a invasão das "quadrilhas de turistas" (veja a letra e o vídeo com a gravação abaixo).

A identificação dos habitantes de Manaus foi tão forte que, desde então, a música passou a ser entoada como um hino. Em 2012, o jornal "A Crítica" fez uma enquete para que elegessem a música que melhor identificasse a cidade, nas comemorações de seus 393º aniversário. "Porto de lenha" venceu com 41,2% dos votos (leia aqui). E é curioso pensar, como bem observa o colega jornalista Diego Sartorato, que a canção cai como uma luva para ser entoada na Arena Amazônia, após as declarações do técnico Roy Hodgson. Ainda mais se pensarmos que o Liverpool, time da cidade portuária citada na letra, está prestes a ser campeão na Inglaterra...


PORTO DE LENHA
(Letra: Aldísio Filgueiras/ Música: Torrinho)

Porto de lenha
Tu nunca serás Liverpool
Com uma cara sardenta
E olhos azuis

Um quarto de flauta
Do alto Rio Negro
Pra cada sambista
Para-quedista

Que sonha o sucesso
Sucesso sulista
Em cada navio, em cada cruzeiro

Das quadrilhas de turistas



'És o maioral!' *

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*Título do post é um trecho do Hino do Ituano, campeão paulista de 2014: "Ituano, Ituano, Ituano…/ Que coisa linda, és o maioral!/ Dentro de campo, um só pensamento/ Outra vitória, seu lema é ganhar" (veja - e ouça - a íntegra aqui).

sexta-feira, abril 11, 2014

A ciência do machismo: álcool favorece infidelidade masculina

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Dando prosseguimento à nossa interminável série de pesquisas, análises e estudos acadêmicos/científicos mais ou menos (ou nada) confiáveis sobre álcool publicadas aqui neste imparcial blog de manguaças, cumprimos o dever de informar que "cientistas da Saúde e da Ciência na Universidade de Oregon, em Portland, constataram que o álcool faz os homens ficarem mais propensos à infidelidade enquanto as mulheres se tornam mais melosas" (leia aqui). Segundo consta, fizeram testes em ratos e descobriram que, depois de uma bebedeira, os machos tenderam a preferir novas parceiras, enquanto as fêmeas preferiram seus companheiros originais.

Seria essa uma pista para entender por que a maioria das mulheres - comprometidas - odeia que seus companheiros fiquem no bar ou encham a cara? Buenas, pesquisas como essas sempre são temerárias, pois bichos não guardam, necessariamente, similaridade de hábitos com os humanos - e roedores não costumam combinar com bebida ou com bares (lembram-se do "desconto-rato"?). Seja como for, para aqueles que gostam de recorrer ao difícil para explicar o fácil, a notícia sobre a pesquisa de infidelidade masculina detalha que "os pesquisadores descobriram que os neuropeptídeos ligados à ansiedade foram afetados pelo álcool, mas de maneira diferente entre os machos e as fêmeas".

Em tempo: neuropeptídeos "regulam determinados aspectos da função neuronal e atuam para a modulação de respostas somáticas diversas, como a sensibilidade e as emoções" (leia aqui). Dando sequência, os tais cientistas de Oregon dizem ainda que "os [ratos] machos exibiram um aumento na densidade da sua amígdala, que está associado com a redução da ansiedade, ao passo que as fêmeas não. Os cientistas acreditam que a ansiedade baixa em homens os torna mais propensos a correrem atrás de novas mulheres". É isso. Minha opinião? Isso é papinho de cientista manguaça e putanheiro para dar desculpinha à sua respectiva - e se valendo de rato sem-vergonha. Eu prefiro minha parte em cerveja.

Pois é. E eu sou abstêmio. Mas ninguém acredita...

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(Ps.: Pela data da declaração, nota-se que foi feita com uma semana de atraso.)

quinta-feira, abril 10, 2014

O time do São Paulo é a cara do Juvenal Juvêncio

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E de "Soberano" não tem nada. Prova disso foi o sufoco que tomou na segunda metade do primeiro tempo, ontem, em pleno Morumbi, contra o "portentoso" CSA, pela Copa do Brasil. Aliás, naquele momento, houve um pênalti claro para o time alagoano, não marcado, que poderia ter igualado o placar em 1 a 1. Entra ano, sai ano, entra campeonato, sai campeonato, entra técnico, sai técnico, entra jogador, sai jogador, e o São Paulo Futebol Clube continua o mesmo: apático, sorumbático, descoordenado, sem rumo, sem padrão, sem planejamento, sem saída. Ou seja, a cara daquele que o governa por 8 longos e tenebrosos anos: Juvenal Juvêncio. São Paulo que não joga nada e Juvenal que só faz besteira: Criador e Criatura.

Simbolicamente, como "homenagem" ao nefasto mandatário, que ontem viu o último jogo do clube como seu presidente, os jogadores vestiram máscaras com reprodução de sua face. Tirando a vergonha alheia e o constrangimento (pra não dizer "assédio moral"), nada mais justo que essa manifestação "espontânea" do elenco. Juvenal Juvêncio é o responsável por contratar esse "catado" que, invariavelmente, joga mal. Que o torcedor não consegue nem escalar de cabeça - e, quando faz isso, entra em desespero ou fica deprimido. Mas, acima de tudo, é o presidente que mais fez besteira, no menor prazo possível, e que afundou o São Paulo na pior crise de sua História, em 2013, a ponto de quase cair para a Série B do Brasileirão.

Brigou com Corinthians e Palmeiras e perdeu a grana do aluguel dos Morumbi para esses clubes; perdeu a abertura da Copa em seu estádio; perdeu o patrocínio da LG; implodiu o Clube dos 13 e minguou a verba da TV para o São Paulo; provocou um êxodo de pratas-da-casa, como Oscar, e também de profissionais como Carlinhos Neves e Turíbio Leite; deu um golpe no estatuto para se perpetuar no poder, etc etc etc. Não vou me alongar, já fiz isso aqui neste blog (leia aqui). Porém, graças a Alah, Buda, Deus, Jesus, Krishna, Moisés, Mussum, Oxalá, seu mandato será encerrado no próximo dia 16. ALELUIA! AMÉM! SHALOM! SARAVÁ! Que o lixo da História te receba em boa hora, Juvenal Juvêncio. E que, mesmo que Carlos Miguel Aidar não seja nenhuma Brastemp e consiga melhorar só 10% do que está aí, já será uma dádiva.

E para que Nação Tricolor, finalmente, deixe de ficar com cara de idiota no fim de todo campeonato. VAMO, SÃO PAULO!

quarta-feira, abril 09, 2014

A origem do '171'

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O 2º volume escrito por Lira Neto
Lendo "Getúlio 1930-1945 - Do governo provisório à ditadura do Estado Novo", segundo dos três volumes biográficos de Vargas escrito pelo cearense Lira Neto (foto à direita), me deparei com uma curiosa "segunda explicação" para a nossa tradicional gíria "171", usada geralmente para designar alguma "enganação". A primeira explicação, e mais conhecida, é o fato de 171 ser o artigo do Código Penal que trata sobre estelionato (ou seja, crime de falsidade - ou "enganação"). O Código, válido ainda hoje, foi criado em 1940 e entrou em vigência em 1942. Porém, pode ser que o tal 171 da nossa gíria venha de outra legislação, anterior a essa: a Constituição Federal promulgada por Getúlio Vargas em novembro de 1937 e apelidada de "Polaca", por ter sido baseada na constituição autoritária vigente, à época, na Polônia. Diz o livro de Lira Neto (o grifo é nosso):

A 'Polaca', Constituição de 1937
"Se o artigo 78 da Polaca fosse levado em consideração, aquele 10 de novembro de 1943 seria o último dia de Getúlio no [Palácio do] Catete. A legislação em vigor previa que o mandato do presidente da República - que recomeçara a ser contado em 1937, com a instauração do Estado Novo - era de seis anos. Teria chegado a hora, portanto, de passar a faixa presidencial ao sucessor. Mas o artigo 171 da mesma Constituição estabelecia que, na vigência do estado de guerra, o presidente tinha a prerrogativa de suspender qualquer trecho da Carta Magna. Como o Brasil se encontrava oficialmente em luta contra o Eixo [na Segunda Guerra Mundial], Getúlio tornou sem validade o artigo que determinava a extensão de seu mandato e, sem ferir as regras estabelecidas, voltou a dilatar o próprio período de governo, que já se estendia por treze anos, iniciados em 1930."

Portanto, se em 1937 alguém atentou para a previsão de troca presidencial dali a seis anos (e não observou o tal artigo 171), deve ter se sentido ludibriado em novembro de 1943 - e essa "enganação" pode ter sido fixada no imaginário popular. O que poderia nos levar a crer que, antes de uma origem policial, a gíria "171" teria, na verdade, gênese política. Afinal, o cancelamento do fim mandato presidencial em 1943 não poderia ser considerado, em termos institucionais, uma espécie de "estelionato"? Pois é: mais uma engenhosa manobra política desse que passaria para a História como um "171" clássico e inveterado: Getúlio Vargas.

terça-feira, abril 08, 2014

Futebol é esporte aquático?

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Com o São Paulo afundando, treinador recorre a equipamento de mergulho...