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quarta-feira, fevereiro 26, 2014

Muricy completa 400 jogos como técnico do São Paulo

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Cria das categorias de base do São Paulo, nos tempos de jogador de futebol, o técnico Muricy Ramalho completará hoje, diante do XV de Piracicaba, 400 jogos no comando do time. Ele é o quarto no ranking dos que mais treinaram o Tricolor, atrás apenas de Vicente Feola (532 partidas), José Poy (422) e de seu "mestre" Telê Santana (411). Por enquanto, nos 399 jogos em que comandou o São Paulo, Muricy obteve 213 vitórias, 109 empates e 77 derrotas. E conquistou quatro títulos: três Campeonatos Brasileiros, entre 2006 e 2008, e uma Copa Conmebol, em 1994. Abaixo, cinco de suas maiores vitórias e cinco derrotas marcantes à frente do Tricolor:


Corinthians 3 x 4 São Paulo (02/12/1994) - Pode-se dizer que Muricy virou "gente grande", como treinador, nesta partida. O chamado "Expressinho" do São Paulo era o "time B" do clube, formado por jogadores das categorias de base e atletas do elenco profissional que não estavam sendo aproveitados. Era usado quando o time não conseguia dar conta de disputar muitas competições ao mesmo tempo, como em 1993, quando o "Expressinho" o representou na Copa do Brasil. Geralmente, esse "time B", mais fraco, não chegava muito longe nos torneios. Mas na Conmebol de 1994, sob o comando de Muricy, eliminou Grêmio e Sporting Cristal e chegou à semifinal contra o time titular do Corinthians. Para surpresa geral, venceu o primeiro jogo por 4 x 3, com três gols de Juninho Paulista e um do falecido Catê. No segundo jogo, derrota por 3 x 2 e vitória por 5 x 4 nos pênaltis - com duas cobranças defendidas por Rogério Ceni. Na decisão, o "Expressinho" atropelou o Peñarol por 6 x 1, no jogo de ida, e garantiu o título ao perder em Montevidéu por 3 x 0. Porém, golear o Corinthians em pleno Pacaembu, jogando com garotos contra um time profissional completo, e eliminar o rival da competição, foi a primeira façanha de Muricy.


São Paulo 2 x 0 Internacional (17/09/2006) - Depois de perder a decisão da Libertadores para o Internacional de Porto Alegre, em agosto, Muricy ficou no fio da navalha para ser demitido logo na primeira temporada de seu retorno ao São Paulo, após nove anos longe do Morumbi. O curioso é que foi no mesmo Internacional que Muricy havia se projetado definitivamente para o futebol, ao vencer o Campeonato Gaúcho em 2003 e 2005 e só perder o Brasileirão, neste último ano, por conta da vergonhosa remarcação de jogos que beneficiou o Corinthians (sem contar que, no confronto direto com o alvinegro paulista, houve um pênalti - escandaloso - não marcado no colorado Tinga, que ainda acabou expulso). Por capricho do destino, seria ainda mais uma vez o Inter o adversário no jogo que marcaria a redenção de Muricy no São Paulo, rumo à conquista do Campeonato Brasileiro de 2006. Logo após a conquista da Libertadores sobre o próprio Tricolor do Morumbi, o forte Colorado treinado por Abel Braga (que seria campeão mundial naquele ano contra o Barcelona) era um dos favoritos a abocanhar também o nacional. Porém, a vitória do São Paulo contra os gaúchos no Morumbi pavimentou o caminho até o título. O Inter foi o vice.


São Paulo 6 x 0 Paraná (01/07/2007) - A campanha de 2007 foi a mais tranquila do São Paulo entre os três títulos nacionais seguidos levantados sob o comando de Muricy Ramalho até o ano seguinte. Com a jovem revelação Breno na zaga, acompanhado por Miranda e Alex Silva, ambos em grande fase, o Tricolor montou um sólido esquema defensivo, que chegou a ficar seis partidas sem tomar gol. A superioridade sobre os adversários foi tão flagrante que, ao final do campeonato, o Tricolor levantou a taça com três rodadas de antecedência, ao vencer o América-RN em casa, e terminou 15 pontos à frente do Santos, o segundo colocado. Numa campanha tão "sem graça", pela disparada do São Paulo na tabela, um jogo chamou a atenção. Descontando a fragilidade do adversário, o Paraná, que seria um dos quatro rebaixados à Série B ao final da competição (ao lado de Corinthians, Juventude e América-RN), o São Paulo adentrou o gramado do Morumbi em estado de graça, naquele 1º de setembro. Eu estava no estádio e deixei o queixo cair com a sequência de golaços de placa marcados por Aloísio, Dagoberto e Souza, logo no primeiro tempo. O time "jogou por música", como se diz no jargão. Palmas para Muricy.


Portuguesa 2 x 3 São Paulo (08/11/2008) - Se o Brasileirão de 2007 foi o mais sossegado para o São Paulo, o do ano seguinte marcou o título mais sofrido e improvável do tricampeonato conquistado por Muricy. O time já não impunha tanto respeito como nas três temporadas anteriores e contou com o mau momento dos principais adversários para arrancar "a forcéps" um título que, no início do segundo turno, parecia praticamente impossível - ao perder por 1 x 0 para o Grêmio e ficar a nada menos que 11 pontos da liderança da competição. A partir dali, porém, na base da raça e do desespero, o time engataria uma inacreditável sequência de 18 jogos sem derrota (12 vitórias e 6 empates) que consagrariam o inédito tri nacional em sequência. Esta arrancada "milagrosa" está no currículo de Muricy no mesmo patamar da classificação não menos "milagrosa" que conquistou com o Santos, na primeira fase da Libertadores de 2011, quando o alvinegro praiano esteve a um fio de ser eliminado do torneio continental - e arrancou dali para o título. Em 2008, um jogo quase arrancou o coração dos sãopaulinos pela boca: a vitória contra a Portuguesa, aos 42 do segundo tempo. Se perdesse dois pontos ali, dificilmente seria campeão.


São Paulo 1 x 0 Ponte Preta (12/09/2013) - A temporada de 2013 foi uma das mais desastrosas do São Paulo em toda a sua história, e poderia ter sido ainda mais catastrófica com a queda para a Série B do Campeonato Brasileiro, que passou muito perto de acontecer. Com uma crise sem precedentes iniciada em junho, ainda com Ney Franco como técnico, o time chegou a completar 14 jogos sem vitória, levou piaba do Corinthians na Recopa Sulamericana, passou vexame contra Bayern de Munique e Milan na Europa e contra o Kashima Antlers, no Japão, e despencou na tabela do Brasileirão. Depois de substituir Ney Franco e passar apenas 17 jogos no comando do São Paulo, o técnico Paulo Autuori foi demitido e as perspectivas para o Tricolor eram as piores possíveis no início do mês de setembro. Foi então que Muricy Ramalho foi trazido de volta às pressas, numa das muitas decisões intempestivas de Juvenal Juvêncio. Deu certo: logo na chegada, uma vitória suada, apertada e sofrida, no Morumbi, contra a Ponte Preta. Foi o suficiente para Muricy ganhar a torcida, o elenco e a moral necessária para iniciar a fantástica campanha de 35 pontos somados no segundo turno, que afastaram o rebaixamento definitivamente. Inesquecível.


Corinthians 5 x 0 São Paulo (10/03/1996) - Logo no início da temporada de 1996, o São Paulo ficou órfão do técnico que mais ganhou títulos em sua história, Telê Santana. Uma isquemia cerebral o tirou para sempre do futebol, abrindo caminho para o então auxiliar técnico e treinador-tampão Muricy Ramalho assumir pela primeira vez o posto oficial de comandante de um grande clube brasileiro. Mas não foi fácil. Depois de conquistar pelo menos oito títulos significativos sob a batuta de Telê, entre 1991 e 1993 (dois Mundiais, duas Libertadores, uma Supercopa, um Brasileirão e dois Paulistas), o time começou a decair após a derrota na decisão da Libertadores de 1994, em pleno Morumbi, para o Vélez Sarsfield. Em 1994, só conquistou a Conmebol, título menor, com o "Expressinho" comandado exatamente por Muricy. No ano seguinte, passou em branco. E 1996 começava com a perda de Telê. Mesmo assim, nem nos piores pesadelos os sãopaulinos poderiam prever o que aconteceria no estádio Santa Cruz, em Ribeirão Preto, onde o Tricolor exerceu seu mando de campo naquele Majestoso pelo Paulistão, no início de março. A goleada inclemente sinalizou que Muricy não duraria muito no cargo. O que, de fato, ocorreu.


São Paulo 1 x 2 Internacional (09/08/2006) - Quando Telê iniciou a disputa da Libertadores de 1992, desprezava tanto a competição que botou um time repleto de reservas para enfrentar o Criciúma. Levou um sonoro 3 x 0 dos catarinenses e um puxão de orelhas da diretoria do São Paulo, que há muitos anos buscava levar adiante o "Projeto Tóquio": conquistar a competição continental para disputar o Mundial de Clubes. Obediente, Telê centrou forças no torneio e chegou ao inédito título sulamericano, contra o Newell's Old Boys, selando definitivamente a identificação da torcida sãopaulina com a Libertadores - que seria reforçada ainda mais no ano seguinte, com o bicampeonato. Ao levantar essa taça pela terceira vez, em 2005, o São Paulo levava uma média de 70 mil torcedores ao Morumbi. Por isso, a pressão para engatar mais um bicampeonato consecutivo, em 2006, era insana (ainda mais porque o time tinha acabado de conquistar o terceiro Mundial). Foi essa "bucha" que Muricy pegou ao retornar ao clube. Para felicidade da torcida, levou o time a mais uma decisão. Mas, para sua infelicidade, perdeu o título em casa, no jogo de ida, ao ser derrotado pelo Internacional, que empataria no Sul e ficaria com o troféu.


Grêmio 2 x 0 São Paulo (09/05/2007) - A conquista do Brasileirão de 2006 amenizou a perda da Libertadores para o Inter e manteve Muricy Ramalho como técnico do São Paulo, mas a competição sulamericana continuava sendo prioridade para a torcida. Porém, depois de disputar duas decisões seguidas, a campanha de 2007 seria uma verdadeira ducha de água fria no time de Muricy, que começaria a sedimentar ali a má fama de sempre tropeçar contra times brasileiros na fase mata-mata do torneio. Logo na primeira fase, uma decepção: classificou-se apenas como segundo colocado em seu grupo, atrás do Necaxa, do México. Nas oitavas-de-final, o adversário seria o Grêmio, comandado por Mano Menezes, revelação do futebol gaúcho que havia conquistado para o clube o retorno à Série A do Brasileirão, ao vencer a Segundona em 2005 (na célebre "Batalha dos Aflitos"), mais o estadual de 2006. A desconfiança da torcida sãopaulina ficou clara logo no jogo de ida, quando apenas 33 mil foram ao Morumbi testemunhar a magra vitória por 1 x 0, gol do zagueiro Miranda. No jogo de volta, o Grêmio não tomou conhecimento da vantagem paulista e enfiou 2 x 0. Muricy balançou de novo, mas não caiu.


Fluminense 3 x 1 São Paulo (21/05/2008) - Derrotas inesperadas nos últimos minutos de jogo sempre deixam traumas para qualquer torcida do planeta. O São Paulo coleciona algumas bem doídas, como a virada que tomou do Cruzeiro, aos 46 do segundo tempo, na decisão da Copa do Brasil de 2000 (o empate garantia o título), ou a eliminação para o Once Caldas na semifinal da Libertadores de 2004, com gol tomado também aos 46 da etapa final. Mas, por ter acontecido em 2008, há menos tempo, a partida das quartas-de-final da competição sulamericana contra o Fluminense, no Maracanã, é uma ferida ainda mais aberta. A superioridade do São Paulo na conquista do Brasileirão de 2007, o segundo de Muricy pelo clube, levou a torcida a acreditar no tetracampeonato da Libertadores em 2008. A expectativa aumentou quando o Tricolor encerrou a primeira fase como primeiro colocado em seu grupo, com Adriano "Imperador" no time, e, nas oitavas, eliminou o uruguaio Nacional. Aí veio o Fluminense... Como no ano anterior, o São Paulo só conseguiu vencer por um raquítico 1 x 0 no Morumbi. No jogo de volta, levou 3 a 1, com o gol decisivo para o Flu, mais uma vez, nos fatídicos 46 do segundo tempo. Pesadelo.


São Paulo 0 x 2 Cruzeiro (18/06/2009) - O sacrifício que o São Paulo fez para vencer o Brasileirão de 2008, salvando mais uma vez o pescoço do técnico Muricy Ramalho, prenunciava dificuldades na temporada seguinte, quando disputaria a sexta Libertadores em sequência. Desde 2006, quando o treinador chegou, o clube vivia a sina de sucumbir em todas as competições disputadas em "mata-mata", como o estadual e o torneio sulamericano. E logo de cara, em 2009, foi eliminado pelo rival Corinthians na semifinal do Paulistão, com duas derrotas incontestáveis. O técnico poderia ter sido demitido ali, mas, como seguia vivo na Libertadores, ganhou uma (curta) sobrevida. Na primeira fase, terminou em primeiro no seu grupo mas, nas quartas-de-final, classificou-se sem precisar jogar contra o Guadalajara, numa decisão polêmica da Conmebol a partir da "gripe suína" que grassava no México. Pior para o Tricolor, que se acomodou, enquanto o forte Cruzeiro, do promissor técnico Adilson Batista, eliminava com duas vitórias a forte Universidad Católica, do Chile. Não deu outra: nas oitavas, os mineiros venceram no Mineirão e no Morumbi. E Muricy foi demitido, ficando quatro longos anos afastado do São Paulo.

Mas voltou. E hoje, ao completar 400 jogos no comando do time, segue fazendo história. Tomara que comece a acertar esse "catado", pois a coisa não está muito diferente do horror de 2013. Vai, São Paulo! Vai, Muricy!

Não discuta com os bêbados!

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'ABSENTEM LAEDIT CUM EBRIO QUI LITIGAT'
('Insulta um ausente quem discute com um bêbado')

Dicionário Jurídico de Bolso - Expressões Latinas, pág. 21
Autor: Douglas Dias Ferreira (Editora Quartier Latin, 2006)

segunda-feira, fevereiro 24, 2014

Descobriu a pólvora

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"A gente vem jogando mal, cara."

Muricy Ramalho, após o clássico sem gols contra o Santos, no Morumbi, ao justificar a decisão de colocar Paulo Henrique Ganso no banco de reservas (com toda razão, aliás).

E assim o São Paulo completou 12 clássicos - contra Corinthians, Palmeiras e Santos - sem vitória, desde o longínquo dezembro de 2012 (desde lá, foram sete derrotas e cinco empates).

Pois é, Muricy, que bom que você 'descobriu a pólvora' e, enfim, percebeu que o time (time?) vem jogando mal, muito, muito mal. Desde 2009 - eu acrescentaria...

domingo, fevereiro 23, 2014

Esqueceu de pôr no frizer? Cinco maneiras de gelar cerveja quente mais rapidamente

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Quase não acontece com os sóbrios. Mas com os bêbados, segundo a literatura, é comum. O churrasco está marcado para as 12h, ou o pessoal chegou para assistir o jogo, que começa em 10 minutos, ou o aniversário estava todo programado mas o cunhado Gervásio se atrasou e só chegou com a cerveja agora. E cada uma das latinhas ou das garrafas long neck está quente.

Maldade. Estão, provavelmente, à temperatura ambiente -- exceto pelas vezes em que o precioso líquido dourado descansou dentro do porta-malas sob o sol escaldante de um congestionamento metropolitano.

Antes de desejar ser um esquimó na próxima encadernação, ou de se aventurar a encarar as primeiras doses do fermentado de malte do jeito que está, em uma perigosa incursão no reino dos laxantes involuntários, conheça a luz no fim do túnel, o ar fresco dentro de um forno, o hipoglós da assadura...

Avalie as condições materiais disponíveis, considere que a necessidade é a mãe da inventividade e motor da inovação, e não estrague o convescote por tão pouco. Listamos, a seguir, cinco estratégias para sair dessa enrascada. Antes, um bônus -- que se fosse bom, viria no fim.

Sempre há outras opções (Stefan Krause)

Calma, calma. Sei que você pintou por aqui confiante no "ca" de cachaça do Futepoca. É que esta primeira opção tem uma certa função de disclamer, de aviso de que é preciso considerar que nem só de pão líquido o homem viverá. O convívio com amigos e familiares queridos também é importante e tem seu valor. Aproveitar o momento inebriado de sobriedade pode ser uma novidade assustadora para você, mas não é missão impossível.  Lembre-se de que 48% da população brasileira não bebe. E só 22% bebem uma vez por semana ou mais. Pode ser uma aventura antropológica, um mergulho de autoconhecimento, e numseiquelá,  numseiquelá,  numseiquelá.
Para quem não quiser ser tão radical, aplique as seguintes variantes autoexplicativas: "não beba cerveja até que gele naturalmente", "não beba cerveja até que alguém traga uma gelada da venda da esquina", "não beba cerveja, mas vinho", "não beba cerveja, mas destilados em shots cowboy" etc.
Método: Sobriedade OU Polivalência.
Ganho de tempo: 0 ou infinito.
Material necessário: Não se aplica
Cuidado: Se feita muito em cima da hora e a depender do que você tinha prometido a quem vinha, sua fama de organizador de eventos sociais pode terminar abalada ou correr o boato de que você se converteu a alguma religião nova...
Contra: Se eu estivesse pensando nisso, você não estaria lendo isso aqui, né?

1. Gelar cerveja embrulhada com papel toalha molhado no frizer

Imagem ilustrativa. Merchan gratuito (Foto do Enfim Casada)
Se você não quis ou não pôde considerar a alternativa zero, aí vai a primeira. Em vez de jogar tudo no congelador de uma vez, separe poucas unidades para priorizar o material que dará início aos trabalhos. Picote duas folhas de papel toalha para cada unidade e molhe, mas não a ponto de encharcar e deixar pingando. Com o papel banhado, embrulhe a embalagem da cerveja. Ocorre que, se estiver embebido, crescem os riscos de as paredes de seu frizer ganharem, por causa disso, uma camada extra de gelo, antecipando a próxima limpeza no eletrodoméstico. Em contrapartida, nenhum ganho de desempenho é alcançado com a medida. Consta que, passados 15 minutos, estreiam as embalagens inaugurais do certame.
É que a água em torno do vidro ou do alumínio faz uma função mais eficiente na condução térmica do que o ar de dentro do congelador. Mas há controvérsias.
Método: condutor térmico
Tempo total: 15 a 30 minutos
Ganho de tempo: 10 a 25 minutos
Material necessário: papel toalha, frizer, água suficiente para molhar sem deixar pingando.
Cuidado: É imperativo não esquecer tudo no congelador, já que estoura a garrafa ou fica choca a bebida sagrada. Isso quase não acontece (todo dia) com embriagados e esquecidos de plantão. Zelo também na apuração da temperatura ao medir com a mão se já está alcançado o patamar desejável, porque o papel toalha molhado dá a impressão de que o conjunto está pronto, por estar muito mais frio do que o conteúdo do embrulho. O tempo decorrido é indicador mais eficaz. Por fim, como sabem todos os que já receberam, na mesa do bar, uma garrafa gelada demais, acontece de a cerveja ter alcançado temperatura baixa demais para ser destampada de pronto, acarretando o congelamento ou até o derramamento no ato da abertura (por variação de pressão interna).
Contra: Independentemente das controvérsias, pouco tempo é poupado, há risco de esquecer tudo no frizer e estourar a garrafa ou a latinha, não resolve quando só está disponível um isopor ou cooler com gelo, e tem eficácia maior com menos unidades. Ainda é menos sustentável, mas quem tem sede por vezes não consegue se preocupar com as árvores.

2. Sal no gelo

O gelo é amigo, mas não dura muito (http://ashhurst8.blogspot.com.br/)
Aquela aula de química do segundo ano do ensino médio que você bolou explica porque você não sabia disso. O truque é simples. Num recipiente com gelo, adiciona-se água e sal. Uma xícara para cada cinco litros resolve. Há quem seja mais determinado e prefira concentrações maiores. Se puser álcool de cozinha, consegue-se resultado ainda mais rápido. Tudo porque o ponto de fusão da água fica rebaixado a -4ºC, inferior aos 0ºC mantidos pelo gelo, acelerando as trocas de calor com a cerveja.
Uma alternativa para pequenas quantidades é fazer a alquimia em uma bacia ou vasilha pequenas e deixar o processo andar dentro do congelador. O tempo vai ser mais ou menos o mesmo, com a vantagem de não precisar drenar a água derretida tantas vezes.
Método: Baixar ponto de fusão da água
Tempo total: 10 a 15 minutos.
Ganho de tempo: de 25 a 30 minutos.
Material necessário: Gelo, sal e, se quiser, álcool de cozinha, além de um recipiente para fazer a magia acontecer.
Cuidado: Com esse procedimento, o gelo vai derreter mais rapidamente, e você vai precisar de mais, a depender da duração do evento. Precisará drenar o excesso de água mais cedo. Também é preciso cautela no uso do sal. Se for um churrasco, na sanha de breja gelada, pode-se terminar sem sal grosso para temperar as carnes (isso nunca me aconteceu) -- exceto se o público-alvo for de hipertensos, mas aí você não estaria tão preocupado com a cerveja, certo?
Contra: Gelo derrete mais rápido, e vai demandar a aquisição ou produção de mais gelo.

3. Serpentina

Use com sabedoria
Hit dos anos 1970 e 1980, as serpentinas ressuscitaram em períodos mais recentes, deixando a bomba manual de outrora por soluções automatizadas. A cerveja ou o chopp passa por uma serpentina de cobre ou alumínio que, por sua vez, precisa estar mergulhada em gelo. Com uma bomba, o líquido é pressionado, do contrário, a carbonificação vai fazer tudo espumar e quase nada sair na outra ponta -- exceto uma mousse cremosa de tão aerada, iguaria que, imagino, não esteja no cardápio do seu evento.
O equipamento faz poucos milagres, e pode ser necessário esperar 15 ou 20 minutos para a temperatura baixar.
Houve quem tentasse produzir versão artesanal da traquitana, e apelado para sopros à lá Louis Armstrong em uma das terminações para conseguir fazer a cerveja sair do outro lado, sem muito sucesso.
Agora, se você achou uma dessas na garagem dos seus velhos, é bom lavar e revisar a mecânica antes de levar para produção. Sujeira, oxidação de cobre ou alumínio (menos provável) e mesmo alguma ruptura na superfície são hipóteses plausíveis em um trem que ficou jogado por 20 anos no esquecimento.
Método: Aumentar a superfície de contato com o gelo
Tempo total: 15 minutos, fora a montagem.
Ganho de tempo: de 20 a 30 minutos.
Material: Gelo, serpentina e
Cuidado: Vê lá onde você achou essa serpentina antes de pôr pra usar, hein?
Contras: Você vai precisar de bastante gelo. Se a serpentina tiver bomba manual, vai precisar fazer uma forcinha. Se estiver mesmo com cerveja, vai ter um líquido menos gasoso e com menos colarinho no final. E a limpeza é mais chata também, envolvendo sempre algum desperdício.

4. Expresso

Esta você não sabia porque, durante a aula de física do terceiro ano, ficou de conversinha na última fileira... A chave aqui é um spray de ar comprimido, um produto usado para limpar eletrônicos. O tubo sai de R$ 30 a R$ 50. Ao virar o dispositivo de cabeça para baixo e acioná-lo, a diferença de pressão do ar ao sair da lata faz com que o jato alcance temperaturas bastante baixas. Isso permite retirar, da cerveja, o calor que tanto incomoda.
Abaixo são exibidos dois vídeos com métodos levemente diferentes. O primeiro, de um russo maluco que ensina pequenos hacks para se viver, sugere virar o tubo de cabeça para baixo e apontar o jato de ar diretamente sobre a garrafa. Quando você executar, convém praticar o sotaque usado pelo meliante no vídeo. Algo me diz que isso influencia no bom resultado da experiência.

Antes que alguém se lembre de que russos preferem vodca, há outro passo a passo em imagens no formidável Instructables com ares de maior racionalidade. Em uma vasilha com tampa, as latinhas ou garrafas são colocadas. Faz-se um pequeno furo para inserção do canal de onde sai o jato de ar. Com o tubo de cabeça para baixo e vedação no orifício e na tampa do pote. Parece que o consumo do produto fica menos intenso.
Método: Variação térmica por descompressão de ar.
Tempo total: 1 minuto ou menos.
Ganho de tempo: 40 a 60 minutos
Material necessário: Tubo de ar comprimido em spray, talvez uma vasilha plástica com tampa, fita aderente e furadeira, além de um convidado que mantenha uma oficina de reparo de eletro-eletrônicos em casa e possa ceder um tubo para a nobre finalidade.
Cuidado: Melhor evitar de pôr o dedo na frente do jato de ar frio. E é melhor não prosseguir borrifando o ar depois que a temperatura da cerveja tiver sido alcançada, sob risco de, quem sabe, passar do ponto.
Contra: O método só aplica-se a poucas unidades, do contrário a despesa torna-se elevada. Ademais, a técnica é nada ecológica.

5. Rotação no gelo

A modalidade consiste em fazer a embalagem da cerveja, mergulhada em água a 0ºC, girar em seu próprio eixo a velocidade baixa e uniforme. Com isso, aumenta a superfície de contato com a água, intensificando trocas de temperatura entre o recipiente e o meio, favorecendo um resfriamento rápido e de forma homogênea. Ao girar tão direitinho, o gás carbônico se espalha, evitando riscos de explosões.
A ferramenta foi desenvolvida por dois (ébrios) engenheiros da universidade da Flórida que se cansaram de ficar improvisando para gelar logo a cerveja.
Desenharam uma adaptação em uma parafusadeira e, diante disso, levantaram dinheiro em uma vaquinha virtual (via plataforma de crowdfunding) para pôr o produto na rua. Custa US$ 30 no site. O dispositivo pode ficar dentro da água gelada e faz o serviço em 30 a 60 segundos.
De novo, o vídeo é autoexplicativo mesmo para quem não entende inglês.



Método: Convecção OU parafusadeira maluca
Tempo gasto: menos de 1 minuto.
Ganho de tempo: 40 a 60 minutos
Material necessário: Parafusadeira, adaptada com uma terminação que se encaixe na latinha ou na garrafa; ou o respectivo protótipo vendido a US$ 30 em lojas virtuais da gringolância e, principalmente, uma máquina do tempo para providenciar isso umas seis horas (ou 30 dias do tempo de espera do frete) antes de esquecer de pôr a cerveja para gelar.
Cuidado: Sem testar antes, a geringonça pode fazer você passar vergonha. Embora a promessa seja a de risco zero de estouro ou de cerveja espirrada para todas as direções, é saudável um pouco de parcimônia na hora de abrir o envólucro.
Contra: Indisponibilidade no Brasil. E, todas as vezes em que precisei contar com uma máquina do tempo, me dei mal. Tirando isso, é tudo tranquilo.

E você? Conhece algum método para gelar mais rapidamente a cerveja?

sexta-feira, fevereiro 21, 2014

'Biriteiros, travestis, trambiqueiros e o quengal em geral'

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Tecla SAP cearense: quenga = prostituta / quengal: coletivo de prostituta

terça-feira, fevereiro 18, 2014

Nada é tão óbvio que não possa ser redundante

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Instrutivo título de matéria do jornal Valor Econômico em 17/02/2014:


segunda-feira, fevereiro 17, 2014

Feito para você, reacionário

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A suposta agenda do banco Itaú: 'revolução' para designar o golpe militar de 64
Depois de ler que a agenda distribuída como brinde pelo banco Itaú traz, na página do dia 31 de março, o registro do "aniversário da revolução de 1964" (clique para ler aqui), vejo agora, também, que a referida publicação registra, no dia 25 de outubro, o "suicídio de Vladimir Herzog" (clique para ler aqui), jornalista que foi torturado e morto pelo regime militar. Não posso cravar que seja verdade, apesar de muita gente estar reproduzindo na internet a página sobre a "celebração" da "revolução" (foto acima). Procurei, mas não encontrei, a reprodução da página sobre o Herzog. Porém, se a tal agenda "sem noção" for mesmo verdadeira, podemos conjecturar que o Itaú, ao lançar o slogan "Feito para você", teria deliberadamente como alvo um público, no mínimo, "reacionário". Aliás, algumas notícias recentes - e outras nem tanto - sobre o banco dão ainda mais o que pensar sobre o assunto...

O Bope e o assédio moral
Senão, vejamos: em junho do ano passado, vazou uma acusação de que o Itaú teria contratado, no Rio de Janeiro, um oficial do temível Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope) para uma palestra denominada "motivação". Segundo a denúncia, "o oficial do Bope enfatizou que os fracos não têm vez no mundo competitivo" (clique para ler aqui). Mais uma vez, concedamos ao banco o benefício da dúvida. Mas que há probabilidade de ter acontecido, ninguém duvida. Afinal, naquele mesmo mês de junho de 2013, a Justiça havia condenado o Itaú por "assédio moral organizacional" em São Bernardo do Campo (clique para ler aqui). Na sentença, o juiz disse que "o banco reclamado imputa carga de estresse aos seus empregados por conta, única e exclusiva, de adoção de política organizacional voltada, primordialmente, para o contingenciamento de custos".

Protesto contra o banco Itaú: campeão nacional de lucros e demissões em 2011
Lucro recorde e o 'amigo' Serra
Essa política de pressão extrema sobre os funcionários para conter gastos e superar metas teria levado o Itaú, em 2011, a ser o campeão de lucros e de demissões no país (clique para ler aqui). Só que o desempenho chamativo dos lucros da empresa não dependia só disso. Um exemplo de que as relações promíscuas entre público e privado rendem bons negócios foi que, em 2005, ao assumir a Prefeitura de São Paulo, José Serra (PSDB) obrigou 210 mil servidores público ativos e inativos a ter uma conta no Itaú, cancelando as que tinham no Banco do Brasil, Banespa/Santander e Caixa Econômica Federal. A Folha de S.Paulo salientou que foi "um dos negócios mais cobiçados do mercado financeiro", com movimentação anual, na época, de R$ 15 bilhões (clique para ler aqui). Se o valor manteve-se neste patamar, o "favor" movimentou R$ 120 bilhões de 2006 pra cá.

'Principal foco' era o PSDB
Digo favor porque, "curiosamente", como observou a própria Folha, "o Itaú foi um dos maiores doadores da campanha de Serra à prefeitura. O banco deu R$ 1 milhão dos R$ 14,8 milhões que o tucano declarou ao Tribunal Regional Eleitoral ter recebido em 2004". A "camaradagem" entre o banco e político, aliás, já era tradicional. Segundo o site UOL, em 2002, o Itaú "contribuiu com cerca de 5,4 milhões de reais" para campanhas eleitorais, mas o PSDB era o "principal foco": "Do volume das doações, um total de 2,2 milhões de reais foram dirigidos ao então candidato tucano à Presidência José Serra, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levou 250 mil reais, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral" (clique para ler aqui). Em 2010, Serra voltaria a tentar a presidência da República e o Itaú-Unibanco seria novamente seu maior doador (clique para ler aqui), com R$ 4 milhões.

Roberto Setúbal, presidente do Itaú-Unibanco, e José Serra: 'camaradagens'
Da Redecard à Rede de Marina
Depois da derrocada política de Serra, que perdeu a presidência em 2010 e a prefeitura de São Paulo em 2012, o Itaú começou a ensaiar outra "aliança". Em fevereiro do ano passado, a herdeira do banco, Maria Alice 'Neca' Setúbal, "assinou o cheque para patrocinar a festa dada (...) no evento de lançamento do novo partido de Marina [Silva]" (clique para ler aqui), a Rede Sustentável - de oposição ao governo de Dilma Rousseff (PT). O tal partido terminaria tendo registro negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que obrigou Marina a aceitar ser vice na chapa de Eduardo Campos (PSB). Mas isso não impediu a família Setúbal de mudar o nome da empresa de cartões Redecard para Rede (clique para ler aqui). Sim, claro, é tudo "teoria petista da conspiração" etc etc. Assim como o fato de Luciano Huck, de notória ligação com Aécio Neves e Joaquim Barbosa (leia aqui e aqui), ser garoto-propaganda do Itaú...

Enfim, eu poderia até ter poupado tanto blablablá sobre a postura da empresa, na última década, se lembrasse que o partido político criado para dar sustentação à ditadura militar, a Aliança Renovadora Nacional (Arena), tinha como uma de suas figuras principais o banqueiro Olavo Setúbal (1923-2008), o dono do Itaú, que foi prefeito "biônico" de São Paulo de 1975 a 1979 - nomeado, sem eleições, pelo então governador Paulo Egídio. Nada mais coerente, portanto, que a agenda distribuída aos clientes na gestão do atual presidente do banco, Roberto Setúbal, seu filho (irmão da já citada 'Neca', amiguinha de Marina Silva), celebre o aniversário da "revolução" de 1964 - e na data mentirosa de 31 de março. Não é a primeira grande empresa nacional que agrada os generais. Tempos atrás, a família Frias amenizou o feroz regime militar como "ditabranda". Mas eu ainda conservo o direito de me espantar.

Se o Itaú foi "feito para você", tenho certeza absoluta que esse "você" não sou eu. E registro meus sinceros sentimentos à família do Vlado Herzog, que, depois de tanto sofrimento, é aviltada publicamente mais uma vez.

Até o macaco sentado no ombro do Huck sabe que ele é chapa do Aécio e do Barbosão

domingo, fevereiro 16, 2014

Também nos roubaram o futebol

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O texto abaixo originalmente diz respeito à realidade do futebol espanhol, mas é possível perceber que suas análises também podem ser estendidas para a modalidade de uma forma geral. Em muitos casos, a semelhança das mazelas de lá com as de cá são incríveis, e de modo algum são meras coincidências.

(Miguel Ruiz-FCB)

Por Ángel Cappa, no La Marea

O futebol, que nasceu plebeu e pertencia à classe trabalhadora, era uma festa que os povos davam a si mesmos até que o negócio se apoderou dele e o transformou em um gigantesco objeto de consumo, que gera lucros incalculáveis e também serve como entretenimento e distração das maiorias oprimidas. Ao fim e ao cabo, "o futebol é uma metáfora da vida", como dizia Sartre, e o que acontece neste âmbito é mais ou menos o que se sucede também na sociedade. O tsunami neoliberal levou à crise provocada pelos especuladores financeiros para arrasar com quase todos os bens e os direitos das pessoas. O lucro rápido, como valor máximo do capitalismo, pode ser comparado ao "ganhar do jeito que for" de um futebol que deixou de lado o gosto pelo jogo para dar valor única e exclusivamente ao resultado.

O vencedor sempre tem razão, do mesmo modo que os que têm dinheiro fazem o que querem. Dois conceitos impostos pela ideologia dominante para justificar as obscenas desigualdades que gerou. Até a década de 60 do século passado, aproximadamente, o futebol tinha valores tão importantes que até pensadores como Camus, que foi jogador também, se atreveu a dizer que tudo o que sabia sobre a moral e as obrigações dos homens devia ao futebol, ou intelectuais comunistas como Antonio Gramsci, que definiu o esporte como o "reino da lealdade ao ar livre".

Di Stéfano: sem comemorar gols de pênalti
O resultado foi sempre o mais importante, mas não o único objetivo, muito menos conseguido de qualquer maneira. Di Stéfano contou muitas vezes que naquela época não se costumava comemorar gols de pênalti; ou se comemorava de forma muito discreta pela considerável vantagem que o batedor tem sobre o goleiro. Algo semelhante aconteceu com Armando Galuchi, um jogador habilidoso do Blancha Bahia (Argentina) dos anos quarenta que, apesar de sua modéstia, em jogos oficiais cobrava pênaltis de letra para equiparar suas chances às do goleiro.

Hoje em dia, em que se festeja efusivamente até gols contra feitos pelos rivais, é muito raro encontrar alguém do futebol que faça uma declaração como a de Iniesta: "Ensinaram-me que é preciso ganhar, mas não de qualquer maneira". Ou seja, não é comum encontrar jogadores, treinadores ou mesmo jornalistas que valorizem o “jogar” pelo menos tanto quanto o resultado.
Uma das primeiras coisas que fez o negócio quando interveio decisivamente no futebol (e em outros esportes também) foi tirar do jogador o prazer de jogar. A palavra "trabalho" substituiu "treinamento" e "sacrifício" fez o mesmo com " jogar". Tudo o que passou a importar desde então foi o êxito, e o sucesso nesse contexto tem apenas um significado: ganhar. O prazer foi identificado com a indiferença e à diversão se deu o caráter de irresponsabilidade, ambos inaceitáveis para os critérios comerciais que tudo mercantilizam.

A enxurrada de dinheiro foi tão grande que os jogadores também perderam o sentido de pertencimento e já não sabem mais a quem representam quando entram em campo, nem para quem jogam. Isso foi fatal porque eles começaram a pensar como profissionais e se esqueceram ou confundiram o amor ao jogo com os privilégios da fama e o aparente poder que lhes dá a abundância econômica. Em outras palavras, deixaram de se sentir como amadores. Claro que sempre há exceções, como Xavi Hernández, que confessou que lhe dói mais um passe mal feito do que um gol perdido, palavras que são incompreensíveis para a maioria de seus colegas e fãs. Porque, como o filósofo polonês Zygmunt Bauman diz, também "as pessoas tinham um sentido de pertencimento e de solidariedade" que já não têm, atomizados pela filosofia do capitalismo neoliberal ultra-individualista.

Para a Fifa de Blatter, importa o tamanho dos lucros
A Fifa é uma das organizações mais poderosas do mundo, pela quantidade de dinheiro que maneja e pela influência que possui nas esferas políticas e sociais. Seus critérios e decisões são muito mais próximos da lógica comercial do que da desportiva. As marcas esportivas têm no futebol e em seus ídolos o que há de melhor para alavancar suas vendas multimilionárias.

E, como na sociedade as desigualdades são cada vez mais escandalosas, acontece o mesmo entre os clubes mais poderosos e o resto. O preço de um jogador do Real Madrid ou do Barcelona equivale ao orçamento anual de vários equipes da primeira divisão espanhola. A concorrência está praticamente desnaturada e as diferenças são cada vez mais acentuadas. Apenas em direitos da televisão, Real Madrid e Barcelona recebem anualmente 100 milhões de euros a mais do que as outras equipes.

Os preços dos ingressos, sempre excessivos – ainda mais nessa época dura para os trabalhadores – e os horários dos jogos que a TV fixa de acordo com a sua conveniência, juntamente a outros detalhes como o desconforto para os torcedores e o excessivo número de partidas jogados quase que diariamente, muitas vezes afasta as pessoas dos estádios e as leva para a televisão e para os anunciantes, que, finalmente, têm seu objetivo alcançado.

O futebol era nosso e agora é deles, que não o respeitam nem o querem, mas apenas usam-no em seu benefício e o esvaziam de sua identidade. Muitas vezes quiseram matá-lo – e outras tantas ele ressuscitou – mas parece que desta vez é sério. Contudo, sempre nos restará alguma jogada magnífica, coletiva ou individual, que nos devolva a esperança. Sempre haverá um Iniesta, um Xavi um Silva, um Valerón, que ameacem fazer um lance para executar outro, recuperando a essência do jogo. Sempre haverá um Messi que deixe sentados os defensores, sem saberem por onde passou. Ou um Ronaldo que sacuda as redes de qualquer meta e nos deixe assombrados. Sempre haverá um Oliver ou um Jesé para seguirmos acreditando. E sempre haverá uma equipe modesta que nos lembre a dignidade deste jogo trocando dez passes seguidos.

E nós sempre estaremos, como disse Eduardo Galeano, implorando pelos estádios: "uma jogadinha bonita, pelo amor de Deus."

sexta-feira, fevereiro 14, 2014

O homem que tem uma cervejaria dentro do corpo

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Mathew Hogg fica bêbado comendo pão
O sonho de muito manguaça pode ser, na verdade, um pesadelo. O inglês Mathew Hogg sofre da síndrome de fermentação intestinal, na qual um excesso de levedura preso ao intestino delgado cria álcool, que é absorvido diretamente pela corrente sanguínea. Ou seja, ele é uma espécie de "cervejaria ambulante": toda vez que come açúcar ou carboidratos, seu corpo converte em etanol e ele acaba meio bêbado ou de ressaca (portanto, para ele, aquela conversa de "pão líquido", apelido de cerveja, é literalmente verdadeira!). Pode parecer interessante, mas não é. A síndrome é ininterrupta e, muito mais do que sentir o alegre torpor da embriaguez, Hogg sofre constantemente com fadiga, dores musculares, dor de cabeça crônica, diminuição da capacidade mental e oscilações de humor, entre outros sintomas ruins.

Confira trechos de uma entrevista do "Homem-Cervejaria" ao site vice.com:

Quando você percebeu que seu intestino produzia álcool?
Matthew Hogg - Sofri de problemas estomacais durante toda a infância. Fui diagnosticado inicialmente com síndrome do intestino irritável, no entanto, na adolescência, experimentei uma piora severa dos sintomas, como inchaço e gases depois das refeições — eram tão fortes que eu conseguia sentir a fermentação borbulhar no meu baixo abdômen.

E você ficava de ressaca?
Sim, no final da adolescência, experimentei ressacas alcoólicas severas, geralmente nas manhãs depois de comer refeições ricas em carboidratos. Eu tinha dores de cabeça terríveis, náusea severa, às vezes com vômito, desidratação, boca seca, suores frios e mãos trêmulas. Era como se eu tivesse saído na noite anterior e bebido o bar inteiro, mas eu não tinha consumido nada de álcool.

E quando você foi diagnosticado com síndrome de fermentação intestinal?
Me indicaram um especialista em Londres. Os exames confirmaram que meu intestino produzia grandes quantidades de etanol de levedura, além de quantidades significativas de outros álcoois associados ao metabolismo de várias bactérias.

Como a doença afetou sua vida?
Ela teve um impacto devastador em minha vida. Até os 16 anos, eu era um aluno nota A, e achava o trabalho acadêmico divertido e recompensador. Eu era um bom atleta também, e tinha uma vida social ótima. Conforme a síndrome de fermentação intestinal começou a se estabelecer, tudo mudou. Eu me vi sofrendo na escola quando, na minha cabeça, eu sabia que não devia estar tendo problemas. Também tive que abandonar os esportes, porque me sentia exausto depois de uma corrida curta, e me vi lutando para conseguir levantar de manhã. Fiquei apavorado, eu não sabia o que estava acontecendo, eu ficava frustrado e nervoso por não ser mais capaz de funcionar no mesmo nível de antes. Minha vida social degringolou, eu me sentia sozinho e deslocado, e não tinha energia e motivação para fazer parte das coisas.

Ao ingerir carboidratos, Hogg sente-se como se tivesse 'bebido o bar inteiro'
Com que frequência você se sente bêbado ou de ressaca? É uma coisa diária?
Se eu tivesse uma dieta normal contendo grãos, frutas e comida processada com a adição de açúcar, eu experimentaria os sintomas que descrevi todo dia, mas aprendi a adaptar minha dieta para minimizar a fermentação em meu intestino. Há muito tempo venho fazendo algo parecido com uma dieta da Idade da Pedra, baseada em carne, vegetais, nozes e sementes. Apesar disso, a causa principal de minha condição não está sendo tratada com sucesso, então, ainda sofro com os sintomas crônicos como fadiga, dores, intolerância a exercícios e stress e disfunção cognitiva, mas não os sintomas de uma ressaca aguda e severa.

Você já comeu um monte de alimentos açucarados para ficar bêbado, por razões recreativas?
Francamente, às vezes, em situações sociais — ou quando não tenho mais nada disponível, se estou longe de casa — sou forçado a comer doces ou alimentos ricos em amido. Mas, como regra, prefiro manter a dieta de baixo carboidrato porque as consequências negativas superam o prazer momentâneo. Na maioria das vezes, eu me sinto mais de ressaca do que bêbado como resultado da síndrome de fermentação intestinal, então, apesar de as pessoas acharem que essa condição é um jeito barato de ficar bêbado para propósitos recreativos, essa, infelizmente, não é a realidade.

Enquanto sua namorada bebe vinho, Matthew 'bebe' pães
Mas você pode ficar bêbado comendo açúcar e carboidratos, certo?
Sim. Muitas vezes, especialmente nos últimos anos no colegial, tive momentos de embriaguez sem ter consumido nenhum álcool. Eu descreveria mais como períodos do que como momentos, já que eles duravam algumas horas de cada vez. Esses períodos sempre vinham depois de uma refeição e após algumas horas — que é o período de tempo típico para a digestão e absorção — os efeitos passavam e eu sentia minha consciência normal retornar.

Qual seu conselho para pessoas que sofrem de síndrome de fermentação intestinal?
Eu gostaria que seus leitores que suspeitam ter a síndrome de fermentação intestinal saibam que existem tratamentos efetivos por aí, ainda mais se a condição for diagnosticada logo no começo. A síndrome era algo completamente desconhecida quando fiquei doente, e passei os primeiros dez anos fazendo tudo errado e tornando a situação muito pior e mais difícil de recuperar depois. Espero que minha história ajude as pessoas a reconhecer essa condição, em si mesmo ou em pessoas próximas, e que elas procurem ajuda profissional o quanto antes.

quinta-feira, fevereiro 13, 2014

Som na caixa, manguaça! - Volume 75

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TODA BÊBADA CANTA
(Composição: Silvia Machete)

Silvia Machete

Cheguei em casa
Toda descabelada
Completamente arrependida
Do que aconteceu
Tomei cachaça
E fumei como maria fumaça
Completamente arrependida
Do que aconteceu

Não teve a menor graça
Tudo isso eu sei que passa
Mas não passou...
Eu não sou nenhuma santa
Eu não sou nenhuma santa
Eu não sou nenhuma santa
Eu não sou nenhuma santa

Cheguei em casa
Toda descabelada
Completamente arrependida
Do que aconteceu
Tomei cachaça
E fumei como maria fumaça
Completamente arrependida
Do que aconteceu

Não teve a menor graça
Tudo isso eu sei que passa
Mas não passou...
Eu não sou nenhuma santa
Eu não sou nenhuma santa
Eu não sou nenhuma santa
Eu não sou nenhuma santa

Eu não sou nenhuma santa...
Toda bêbada canta!

(Do CD 'Bomb of Love', Digipack, 2006)


terça-feira, fevereiro 11, 2014

Polícia criativa

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Estou com dificuldades para escrever o que quer que seja sobre essa nota da Polícia Militar de Goiás sobre a prisão de um acusado de tentar furtar dois CD's. Deixo o texto e o link, para provar a veracidade do fato.

"Um homem foi preso hoje (11/02/14), por volta das 14:36, na Livraria Saraiva, situada no piso 03 do Shopping Flambyant. De acordo com informações repassadas por policiais militares que chegaram ao local para fazer a condução do suspeito, Cxxxx Cxxxx Pxxxxxx Axxxx (06/02/75), de 39 anos, tentou sair do estabelecimento acima citado com dois discos da cantora norte americana Beyoncé. O suspeito escondeu os produtos em uma sacolinha do Bretas mas foi surpreendido pelo segurança quando tentou deixar a loja sem pagar pelo produto. Contudo a escolha do produto não foi aleatória. O suspeito disse que é dançarino e por isso queria se apropriar do objeto. Um dos policiais militares que está encaminhando o suspeito para a delegacia comentou que Cxxxx Cxxxx realmente dança muito bem, e que o talento que lhe faltou na habilidade de subtrair objetos sobrou na dança. O certo é que Cxxxx Cxxxx será agora encaminhado ao 8º DP e, caso fique preso, terá que dançar na cadeia. Mais informações com Soldado Melquisedeque: 9628-xxxx."

Duvida? Veja aqui.

Marco Feliciano alerta para o "auto" índice de analfabetos funcionais no Brasil

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segunda-feira, fevereiro 10, 2014

Um minuto de não silêncio para Nico Nicolaiewski, de Tangos & Tragédias

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Gomez e Nicolaiewski em ação (Ramiro Furquim/Sul21)
Com alguns dias de atraso, é preciso registrar aqui o falecimento, no último dia 7, do ator, músico e compositor Nico Nicolaiewsky. Junto com o parceiro Hique Gomez, ele protagonizou um dos espetáculos mais originais da história do teatro brasileiro. Tangos & Tragédias divertiu milhares durante 27 anos, tendo sempre uma temporada no Theatro São Pedro, em Porto Alegre, além de correr todo o Brasil. E não eram poucos os que viam a apresentação várias vezes, mesmo ela permanecendo praticamente a mesma no decorrer dos anos.

Na peça, Hique Gomez é Kraunus Sang e Nico Nicolaiewski é o Maestro Plestkaya, ambos naturais da Sbørnia, país fictício do qual foram expulsos após a chegada do rock and roll. Em palco, apresentavam músicas folclóricas da nação, como “Aquarela da Sbørnia”, que conta a história do país, separado do continente após “sucessivas explosões nucleares malsucedidas”, sendo hoje uma “lixeira cultural” do mundo que recicla o que vem de outros locais.


O lugar também é berço do “Copérnico”, coreografia na qual não se pode mexer com as pernas nem com as mãos, momento do show em que o público era convidado – ou desafiado – a incorporar a dança. Outro ponto interessante do país é seu sistema político, o “anarquismo hiberbólico”, definido assim: “Em época de grande indecisão o povo se reúne em uma praça pública e fica naquele clima de indecisão, naquele clima de indecisão, naquela coisa de indecisão... Insuportável indecisão. Indefinível indecisão, indecisível indecisão, aquela coisa, indecisão... Até que nasce uma flor, uma linda flor maravilhosa flor, tão bonita flor...”



Além das canções sbørnianas, Gomez, ao violino, e Nicolaiewsky, no acordeon e piano, também apresentavam "obras de compositores brasileiros mundialmente esquecidos ou ignorados, como Vicente Celestino, Alvarenga & Ranchinho e Cláudio Levitan", conforme eles próprios definiam.

Nicolaiewsky ao piano (Raul Krebs/Divulgação)
O sucesso do espetáculo o levou ainda a ser tema da escola de samba Imperatriz Leopoldinense em 1999 e, em 2007, fizeram um show comemorativo dos 20 anos do espetáculo reunindo 20 mil pessoas na Praça Matriz de Porto Alegre. Em breve, deve ser lançado no circuito comercial o desenho animado Até que a Sbórnia nos Separe, em 3D.

Os 30 anos do Musical Saracura, grupo que Nicolaiewsky integrou junto com Sílvio Marques, Flávio Chaminé e Fernando Pezão também será tema de um documentário da diretora Liliana Sulzbach. Sua última obra solo foi o impagável “Música de Camelô”, levando ao palco interpretações de canções populares, que mostravam "lados ocultos" das músicas.

quinta-feira, fevereiro 06, 2014

De Pato pra Ganso...

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Pato no Inter: não é mais o mesmo
...e só falta o São Paulo contratar o português Tozé Marreco para completar a granja. Falar o que? Alexandre Pato foi a grande decepção, senão a maior da história, do Corinthians. Agora ele é problema do São Paulo, que se livrou do Jadson (a informação de que o meia foi o maior destaque no treino de ontem, data do anúncio da transação, comprova que seu afastamento por "falta de preparo físico" era só conversa mole para não desvalorizar - ainda mais - o jogador, como ocorreu com Lúcio). Talvez o ex-sãopaulino se dê bem no Parque São Jorge. Depois que o Arouca, que fez um bom Brasileirão de 2009, foi "dado" para o Santos, onde virou craque, tudo é possível. Se até o referido (e escorraçado) Lúcio tá mandando bem no tal "Palmeiras 100%"...

Enfim, palpites e futurologias são dispensáveis por ora. Mas vou fazer, aqui, um paralelo polêmico. Para mim, Pato é uma decepção para os corintianos tanto quanto Ganso é para os sãopaulinos. Acontece que a pressão no clube alvinegro foi muito maior, pois logo antes da chegada da jovem estrela paranaense, entre 2011 e 2012, o time ganhou "tudo" (brasileiro, Libertadores e Mundial) e esperava-se que repetisse a dose em 2013 (só que não). Além do mais, Pato é atacante, e a expectativa era a de que chegasse para ser artilheiro absoluto (só que não). Já Ganso caiu num time que não ganhava nada desde 2008, beliscou uma Copa Sul-Americana logo na chegada e, por ser meia, não há cobrança por ter feito míseros cinco gols até hoje.

Ganso no Santos: não é mais o mesmo
Eu afirmo com toda convicção: a produção em campo do ex-santista, pelo status que tem, pelo o que custou e pelo que se espera dele, foi tão pífia quanto a de Pato. Ganso também não jogou NADA na Libertadores de 2013, nem no Brasileirão (quando o time quase caiu para a Série B e quem "salvou", na hora do aperto, foram os "esforçados" ou "anti-craques" Rodrigo Caio, Antonio Carlos e Aloísio). Idem no Paulistão do ano passado, quando o badalado meia assistiu, apático e sumido, o São Paulo ser eliminado justamente pelo Corinthians, nos pênaltis - com a cobrança decisiva sendo feita exatamente por Pato. Quantas boas partidas fez Ganso pelo Tricolor? Meia dúzia? Uma dúzia, se tanto? Jogo "nota 10", contra time forte, nenhum.

Em resumo, o São Paulo juntará duas decepções para tentar extrair leite de pedra. Interessante é que, há três ou quatro anos, TODO MUNDO escalaria os dois como titulares absolutos da seleção brasileira. Contusões em série, em ambos os casos, minaram o futebol deles de forma impressionante e praticamente sepultaram a chance de que sequer consigam uma vaga entre os reservas na Copa deste ano. Outra coincidência: Pato nasceu em 2 de setembro de 1989 e Ganso, em 12 de outubro daquele ano, ou seja, apenas 40 dias de diferença. Ambos têm, portanto, 24 anos, juventude que permite supor que ainda podem se recuperar no futebol. Vamos ver se a bola, tocada de Pato pra Ganso e vice-versa, vai dar canja. Mas não se pode contar com o ovo...


Quem é o 'Cidade'?!?!???

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Reprodução de uma página da revista Placar, de 1978, mostra figurinhas conhecidas daquele Flamengo do técnico Claudio Coutinho que conquistaria quatro estaduais e três brasileiros a partir dali: Leandro, Tita, Andrade, Zico, Júnior, Adílio e Júlio César "Uri Geller". Como sempre, todo elenco reserva para a posteridade jogadores obscuros, como o tal de André. Mas, olhando bem, a grande dúvida é: quem é esse tal de 'Cidade'?!??!?? Alguém tem alguma pista? Flamenguistas, manifestem-se!


sábado, fevereiro 01, 2014

Festa na Vila: Santos goleia de novo por 5 a 1 e chega ao gol 12 mil de sua história

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Se o Botafogo-SP já fazia parte da história do Santos por conta de uma derrota por 11 a 0, ocorrida no campeonato paulista de 1964, com oito tentos de Pelé, novamente fará parte da memória alvinegra de uma forma que não gostaria. O time sofreu o gol 12 mil do Santos, clube de futebol profissional que mais foi às redes no mundo, e levou uma goleada atuando em uma Vila Belmiro com sensação térmica de 34 graus.

As duas equipes fizeram um dos jogos mais intensos do Paulista na metade inicial do primeiro tempo. Com espaços nas duas defesas, os times criaram oportunidades, mas a qualidade técnica dos donos da casa fez a diferença e assegurou a vantagem alvinegra logo aos 4 minutos. Leandrinho, que entrou no lugar do contundido Alan Santos, deu uma bela enfiada de bola para Geuvânio. O moleque foi rápido, driblou o goleiro Gilvan, e marcou.

Ah, moleques! (Santos FC)
Ainda assim, a partida seguiu equilibrada, mas sempre pendendo para o Alvinegro que, aos 11, teve chance de ampliar. Geuvânio pedalou chegando à área e sofreu pênalti, desperdiçado por Cícero. Até o intervalo, Aranha teve que fazer ao menos três defesas importantes, e o Botafogo chegou com perigo à área santista. Isso por conta dos méritos do esquema montado por Wagner Lopes, que adiantou a marcação na maior parte do tempo e dificultou a saída de bola peixeira. Mas também em função de uma deficiência defensiva pelos lados do campo. Emerson Palmieri, que ocupou o lugar do contundido Mena, não foi bem mais uma vez e também não teve uma cobertura eficiente dos meias pelo lado esquerdo, que foi por onde o time do interior chegou mais.

Mesmo com a peleja perdendo intensidade na metade final da primeira etapa, os visitantes quase marcaram um golaço com uma bela chegada de Hudson. Contudo, foram castigados em um contra-ataque perfeito do Peixe, com uma assistência de Geuvânio para Cícero, que não perdeu.

No segundo tempo, o Botafogo começou assustando, com uma falha – rara, diga-se – do goleiro Aranha, que saiu mal em cobrança de escanteio pelo lado canhoto da defesa. A bola bateu no volante Hudson, que fez meio sem intenção. A partir daí, os visitantes recuaram e aguardaram os contra-ataques. Não foi uma boa opção...

Eram 21 minutos quando Geuvânio, jogador que mais se apresentava pelo lado alvinegro (e bem), deu um toque sutil e contou com a falha do defensor Lima, que furou e deixou a bola limpa para Gabriel. O moleque, sumido até então, não costuma tremer na frente do goleiro, e não foi diferente desta vez.

Faltava um gol para o 12 mil, e ele só poderia vir de um menino da Vila. Gabriel recebeu após um chutão de Aranha que passou por todo o campo. Novamente, o Nove peixeiro não desperdiçou,
entrando para a história do clube. Leandro Damião deve estar coçando a cabeça vendo seu provável adversário pela vaga no ataque fazendo o quarto gol no Paulista, tornando-se artilheiro do time no torneio.

Com a partida ganha, Oswaldo de Oliveira (expulso por reclamação) promoveu a estreia de Rildo, a entrada de Lucas Otávio, que participou da campanha vitoriosa na Copa SP de Juniores, e, antes de sair do campo, orientou a entrada de Bruno Peres. Rildo, aliás, fez uma bela jogada pela esquerda do ataque, dando assistência para o quinto gol peixeiro, marcado por Emerson Palmieri.

Mais uma goleada por 5 a 1, e o torcedor vai ganhando confiança, assim como os jovens que mostram personalidade em campo. E uma partida histórica. Definitivamente, pode dar caldo.

quinta-feira, janeiro 30, 2014

5 X 1: Arouca comanda os meninos, e Santos humilha Corinthians na Vila

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Era 15 de maio de 2011, segunda final do Paulista de 2011, quando Arouca fez seu primeiro gol pelo Santos. O adversário era o Corinthians de Tite, e o Peixe, na Vila Belmiro, se sagraria bicampeão estadual vencendo por 2 a 1. O volante ainda acertaria a trave na peleja.

O camisa 5 (5) do Alvinegro, demoraria a marcar outra vez. Antes, fez uma grande partida no segundo jogo da final da Libertadores, contra o Peñarol, em 2011. Foi dele que veio a assistência para Neymar fazer o primeiro da partida. Marcou seu segundo contra o Guarani, na primeira fase do estadual de 2011. E o terceiro na noite de ontem, (29), na goleada contra o Corinthians, aos 12 minutos da primeira etapa.

Foi o tento que abriu a vitória peixeira. Mas Arouca não fez só o gol. Deu assistência, após um belo lance, para o segundo, de Gabriel, aos 22. E, aos 2 do segundo tempo, desarmou uma bola na lateral esquerda, conduziu a redonda para o campo rival e articulou o ataque que resultou no gol de Thiago Ribeiro, “veterano” aos 27 anos em meio aos meninos da Vila. Moleques como Gustavo Henrique, Alan Santos, Geuvânio e Gabriel. Na etapa final, ainda entraram Leandrinho e o estreante, Stephano Yuri, artilheiro da Copa São Paulo de Juniores.

A sensação térmica de 35 graus não abalou o Santos, que começou a toda nos dois tempos. Mas foi o terceiro gol, feito logo após o intervalo, que acabou com o Corinthians. Os donos da casa, mais condicionados fisicamente e, principalmente, mais tranquilos, botaram os rivais na roda em diversos momentos, enervando-os ainda mais e levando perigo ao gol corintiano ao realizar a transição rápida para o campo de ataque.

Professor bate palmas, e aluno aplicado vibra (Ivan Storti/SantosFC)
Oswaldo de Oliveira, que falou a respeito da partida dizendo que este seria o verdadeiro teste do estadual até então, já que ambos estariam no mesmo grau de preparação física – enquanto alguns times do interior estariam acima – não deu banana pra torcedor e nem fez gestos obscenos. Conseguiu sua terceira vitória em quatro jogos e segue invicto à frente do Santos. Um terço dos triunfos conquistados em sua primeira passagem pelo Alvinegro, em 2005, quando obteve nove vitórias, quatro empates e três derrotas em 16 jogos.

O Santos adotou quase na maior parte do tempo um 4-2-3-1 da moda, mas diferente, já que os jogadores se alternavam nas posições e confundiam a marcação corintiana. Gabriel, 17 anos, mostrou personalidade, assim como Geuvânio, que deu um drible da vaca desagradável para Ralf no quarto gol, de Bruno Peres, que acertou de primeira, e de esquerda... Thiago Ribeiro fez dois gols, e foi crucial. Mas o dono do jogo foi Arouca, que pode não ter a regularidade que o torcedor gostaria, até por conta de contusões, mas que não foge do embate e sempre aparece nas partidas importantes, diferentemente de medalhões incensados pela mídia.

Quanto ao Corinthians, quase equilibrou o jogo na segunda metade do primeiro tempo, mas não mostrou o padrão técnico-tático preciso para igualar o ímpeto santista. Em suma, foi bipolar: quando quis ser aguerrido, foi nervoso; quando buscou ser calmo, foi apático. E Mano tinha mesmo que tirar Guerrero, que seria expulso, mas colocar Pato com 4 a 1 contra cheirou a provocação contra o moço.


Agora, faltam quatro gols para o maior time profissional artilheiro do planeta chegar aos 12 mil. E o Santos bateu o Corinthians pela segunda vez em cinco (5) dias, contando a final da Copinha. Quando as coisas ensaiam ficar difíceis, os moleques costumam salvar.

quarta-feira, janeiro 29, 2014

E se a novidade da campanha eleitoral 2014 for o uso de hologramas?

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O ano é de amplas movimentações político-eleitorais, com pleito nacional e estaduais no calendário. Em tempos de mídias sociais, há quem espere um acirramento da tensão virtual assistida em 2010. Ainda mais no contexto pós-protestos de junho de 2013, de #nãovaitercopa e, porque não, de rolezinhos organizados por celebridades locais que não precisaram das mídias de massa convencionais para alcançar milhões em audiência. Mas e se a novidade do ano não for bem essa?

No reino da palpitologia, uma iniciativa do primeiro ministro da Turquia traz uma estratégia, no mínimo, divertida.Por não poder participar de convenção partidária, armou uma alternativa digna de ficção científica.Políticos têm,  comumente, egos de proporções avantajadas. Não por acaso, o ilustre Recep Tayyip Erdogan foi substituído por um holograma gigante em seu lugar.

Antes dele, consta que o indiano Narendra Modi usou artimanha correlata no país do subcontinente asiático para ganhar atenção. Trocadilho fácil é dizer que essa visibilidade pode ser meio ilusória.

A presença holográfica seria novidade no Brasil no âmbito da política. E representaria uma tentativa de superar o trauma da manobra que levou Renato Russo a tocar em Brasília post mortem -- quebrando uma promessa feita em vida pelo músico, de não voltar a desempenhar em público na capital federal. Quebra de promessa e campanha eleitoral é outra piada fácil que fica no ar. O making of está no Youtube. Para quem quiser praticar turco, é uma oportunidade. Para os demais, só dá pra entender algo perto de "hologram".




Política virtual


Holografia pode ser um recurso novo, antes compartilhado apenas por jedis e outros personagens estranhos de Guerra nas Estrelas. Mas não seria a primeira investida em realidade virtual para partidos políticos brasileiros. Nos idos de 2007, após o primeiro de muitos reveses eleitorais, o então recém convertido de PFL a Democratas lançou uma sede no Second Life.

O serviço, pré-mídias sociais e anterior à febre de games atual, permitia a criação de personagens e e espaços virtuais para atividades cotidianas.

A simulação, pelo jeito, era muito sem graça, porque a história naufragou e hoje é uma zumbilândia virtual. Houve quem tivesse faturado bons trocados.

E quem só tivesse pagado mico.

Que venham os hologramas.

quarta-feira, janeiro 22, 2014

Corinthians de Mano começa 2014 com mais ataque

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Se alguém gostou do técnico novo, foi o Romarinho
O Corinthians faz hoje a noite, contra o Paulista, seu segundo jogo na novíssima era Mano Menezes – sendo ou um tremendo exagero ou um arroubo de otimismo falar em “era” com a tradição de demitir técnicos que grassa pelo país. O primeiro, contra a Lusa, no domingo, que assisti com meio e ressaqueado olho, trouxe novidades interessantes em termos de estilo de jogo e alguma esperança de um futebol um pouco mais vistoso para os corações alvinegros.

Em lugar da estrutura tática rígida implantada por Tite, que conquistou a América e o mundo em 2012 – sem contar o Paulistão de 2013, que todo corintiano adora exaltar mas que, na hora H, não salvou o ano de ser considerado perdido, vá entender –, Mano mostrou mobilidade no ataque, chegada dos laterais e volantes e outras cositas que resultaram em maior criação de jogadas de perigo e no primeiro jogo com dois marcados em um tempinho considerável. Por outro lado, a defesa levou uma boa meia dúzia de sustos do fraco time da Portuguesa, remontado às pressas depois d rebaixamento-que-não-se-sabe-bem-se-rolou-mesmo no Brasileirão e sem o tempo a mais de treino que costuma igualar condições entre grandes e pequenos no início do Paulistão – o São Paulo que o diga.

Mano não vem exatamente de uma tradição super-ofensiva. Sua primeira passagem no Parque São Jorge, de 2008 a 2010, foi também marcada por xingamentos contra o defensivismo excessivo, por recuar cedo demais e dar chance a empates, por não ousar. Mas mostra características diferentes de Tite. Enquanto este segurava os dois laterais e mantinha os três meias do 4-2-3-1 presos em suas faixas do campo para garantir a organização das linhas de marcação, aquele sempre liberou pelo menos um dos defensores (André Santos, no caso) e dava mais liberdade para um dos atacantes (Dentinho) e para o meia centralizado (Douglas). O torcedor de boa memória lembrar-se-á de mais tabelas e bolas enfiadas na Copa do Brasil de 2009 do que na Libertadores de 2012 – outros vão recordar mesmo é da eliminação para o Flamengo em 2010, mas aí são outros quinhentos.

No jogo contra a Lusa, Romarinho entrou pela direita na linha de meias, ou pelo menos foi o que todo mundo pensou. Na prática, via-se o garoto aparecendo em todos os cantos do ataque, ora com Rodriguinho caindo na ponta direita, ora com este e Danilo mais recuados como meias das antigas. Nessa posição, foi muito bem e pareceu mais à vontade do que na função de “Jorge Henrique 2 – A Ressurreição” que Tite lhe confiava.

Outro que rendeu muito foi Guilherme, pra mim o melhor do jogo. Chegou na frente o tempo todo, criou boas jogadas e deve ter sido quem mais chutou a gol.

A primeira questão que surge vem com o terceiro destaque claro da partida: o goleiro Walter, que trabalhou muito e muito bem. Uma sequência de duas defesas à queima-roupa contra o ataque da Lusa já no segundo tempo merecia mais destaque do que recebeu nos comentários. Isso indica que a melhoria ofensiva causou queda da produção defensiva – o que até é esperado, mas sempre um pouco preocupante. Claro que zagueiro leva mais tempo pra pegar ritmo de jogo e que entrosamento pega mais nas ações defensivas. Além do mais, se perdermos alguns lugares na lista de defesas menos vazadas e subirmos uns degraus na eficiência do ataque, temos muito a ganhar. Mas cabe acompanhar.

Santos empata com Audax e Oswaldo tem cartão de visitas da "turma do amendoim"

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Quem se arriscou a ir ao Pacaembu na noite de terça-feira, em um jogo com o ingrato horário de 19h30, mal divulgado pela Federação e tomando chuva, merecia um prêmio da diretoria do Santos. O mando de jogo era do Audax, que pensou faturar com os torcedores rivais cobrando R$ 60 o preço da arquibancada para uma partida da segunda rodada do Paulista, mas deu com os burros n'água. Não só pelo mau tempo, mas também pela inteligência (só que não) da Federação Paulista de Futebol, organizadora do campeonato estadual e da Copa São Paulo de Juniores, que marcou praticamente para o mesmo horário dois jogos do Peixe, o outro, válido pelas semifinais do torneio da base. Resultado: Arena Barueri com ótimo público para ver os meninos da Vila despacharem o Atlético-MG, e o Pacaembu com pouco mais de 2 mil testemunhas. Parabéns aos envolvidos.

Sim, sim, foi um jogo medonho. Boa parte dos jogadores alvinegros mostrou uma evidente falta de condição física, com alguns tendo atuações pavorosas. Era difícil escolher o pior em uma equipe remendada, com desfalques em todos os setores e o meio de campo totalmente reserva. Oswaldo de Oliveira tentou colocar Cicinho na meia, com Bruno Peres, persona non grata da torcida, na lateral direita. Não deu certo. No decorrer da partida inverteu as posições, mas o ex-pontepretano teve um dos seus piores desempenhos com a camisa peixeira.

Trabalhador tira soneca no intervalo do jogo. Acordou aos 7 do segundo tempo, mas deveria ter dormido mais...

Não só ele, ou eles, ficaram abaixo do esperado. Além das atuações individuais, saltou aos olhos a falta de um reserva para Montillo, algo mais do que necessário tendo em vista sua iminente ida para o chinês Shandong Luneng. Sem criatividade e articulação, viam-se os atacantes isolados, pedindo uma bola que nunca chegava.

Garoto com camisa do Barcelona.. Sinal dos tempos
O Audax fez seu gol no tempo inicial, boa jogada de Rafinha na direita da intermediária santista e passe preciso para Caion fazer de cabeça. Aliás, em nenhum momento a equipe de Fernando Diniz se intimidou com a marcação-pressão alvinegra, tocando sempre a bola para sair jogando de trás, com um bom entrosamento e saídas rápidas. Conseguiu assim diversos contra-ataques durante toda a partida e, se tivesse mais capricho, poderia ter assegurado a vitória já no primeiro tempo.

O castigo para o Audax e o alívio para o torcedor do Santos veio com uma cobrança de falta na cabeça do zagueiro Jubal, que marcou aos 42 do segundo tempo. Empate mais que imerecido do time de Oswaldo, que deu uma banana para parte da turma do amendoim que o azucrinava atrás do banco de reservas. Aliás, xingar o técnico de "burro" sendo que ele não pode contar com mais de meio time, além de não ter nenhuma contratação em campo e nem atletas da base que disputam a Copa São Paulo mostra quem deve ser o burro de verdade...

segunda-feira, janeiro 20, 2014

Sete jogos sem vitória (e contando) OU mais do mesmo

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Jogando um futebol tão ruim e improdutivo quanto o apresentado em 2013 e sem reforços que realmente reforcem alguma coisa (ou pior: reforçam o que há de ruim!), o São Paulo foi derrotado pelo Bragantino logo na estreia do Paulistão, por 2 x 0. A última vitória do Tricolor aconteceu no dia 13 de novembro, há quase 70 dias, contra o Flamengo, também por 2 x 0. De lá para cá, derrotas para Fluminense, Ponte Preta, Criciúma, Coritiba e, agora, Bragantino, e empates contra Botafogo-RJ e Ponte Preta. Esta sequência já representa metade dos 14 jogos sem vitória do time do São Paulo no ano passado, entre junho e agosto. Infelizmente, o torcedor não pode dizer com toda convicção que o clube tenha uma defesa que possa ser chamada de "titular", nem laterais com esse status, nem dupla de volantes, nem meias, nem linha de ataque. Se fosse para trazer jogadores, TODOS esse setores precisariam de reposições (urgentes!). Como isso não vai acontecer, a previsão é de um 2014 ainda mais complicado. Muricy Ramalho que tenha muita paciência para utilizar novamente Antônio Carlos, Rafael Tolói, Reinaldo, Denílson, Wellington, Douglas, Maicon, Osvaldo, Luís Fabiano, Ademilson - e jogo de cintura para lidar com as derrotas, vexames e eliminações que, com certeza, virão. Só rezo para que, mais uma vez, Deus tenha piedade de nós... Vamo, São Paulo! Escapar do rebaixamento mais uma vez!

domingo, janeiro 19, 2014

Paulistão 2014: Santos e Oswaldo estreiam com vitória magra

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Não foi uma estreia com pompa e circunstância. Aliás, os primeiros jogos dos grandes em início de temporada não costumam ser assim, que o digam Fluminense, Vasco e Botafogo. Sem ritmo e às vezes com atletas sem condições físicas, costumam enfrentar equipes que passaram por longas pré-temporadas, o que equilibra as forças entre adversários com poder de fogo desigual.

O adversário do Santos ontem era um desses times que se preparava há algum tempo. Desde novembro, o XV de Piracicaba (freguês premium) treinava para o Paulista, e mostrou bom preparo físico e um entrosamento interessante na partida de ontem. Na Vila Belmiro, a equipe do interior não deixou os donos da casa chegarem com facilidade à frente, congestionando o meio de campo e matando a criatividade peixeira. Criatividade, aliás, mais prejudicada após o intervalo, quando Montillo saiu lesionado para a entrada de Léo Cittadini. Mesmo assim, o XV era só defesa, e Oswaldo de Oliveira não teve seu esquema com três atacantes posto à prova na parte defensiva, graças à fragilidade do ataque piracicabano.

Se não contou com Leandro Damião, cuja situação ainda não foi regularizada; com Cícero, ainda sem uma definição sobre seu futuro, Alison e Edu Dracena (que só vai voltar no segundo semestre), o treinador alvinegro colocou seis garotos da base em campo, que se tornaram sete com a entrada de Cittadini. O desempenho, obviamente, foi desigual.

Gabriel Barbosa e Geuvânio se movimentaram bastante, embora tenham pecado na troca de passes, especialmente naquele último ou penúltimo lance antes de se chegar à meta. Leandrinho e Emerson Palmieri foram regulares, em especial na marcação, enquanto a dupla de zaga Gustavo Henrique e Jubal, que atuou junta durante muito tempo no time de baixo, mostrou entrosamento, inclusive na elaboração das famosas linhas burras que por vezes fazem o torcedor sofrer.

Comanda, professor... (Ricardo Saibun/Santos FC)
 A vitória veio com um belo passe de Geuvânio, que não ficou restrito a um lado só do campo como nos tempos de Claudinei, para Gabriel não hesitar. Ele hesitou no segundo tempo, quando teve oportunidade de ouro na qual poderia tentar driblar o goleiro, passar para Thiago Ribeiro, melhor colocado, ou finalizar com força. Mas preferiu dar uma cavadinha com o goleiro em pé... Perdoa-se pelos 17 anos, mas que deu raiva, deu. Foi seu quarto gol como profissional, em 16 pelejas nas quais participou (a maioria, entrando no decorrer do jogo).

Além da estreia com vitória, um gol a menos para a marca de 12 mil da equipe profissional que mais balançou as redes no mundo. Agora, faltam onze. E um pouco mais de rodagem para meninos promissores. 


E, na esdrúxula fórmula do campeonato paulista – vinte times divididos em quatro grupos, sendo que na primeira fase eles não enfrentam seus concorrentes diretos – São Paulo e Corinthians foram beneficiados mesmo sem jogar no sábado, já que nenhum clube de seus grupos venceu. Das seis partidas disputadas ontem (18), nenhum visitante ganhou, só o Audax conseguiu um empate em 0 a 0 com o Paulista, em Jundiaí.