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domingo, julho 13, 2014

7 x 1 é conta de mentiroso? 7 motivos para crer que não

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Pronto, a Copa acabou. Mas, se los hermanos também perderam pra Alemanha, pelo menos não perderam de sete. Ou 7 x 1, que, se colocarmos como "1 jogo de 7 a 1", teremos o numeral 171 - que no Brasil configura estelionato, pelo Código Civil, e virou gíria para qualquer tipo de enganação, tapeação. Ou mentira. Afinal, 7 x 1 parece conta de mentiroso. Mas veremos, abaixo, sete motivos para mostrar que, no Brasil, muitos torcedores tiveram sensação de dejà vu no desagradável (para dizer o mínimo) "Mineiraço":

1) São Paulo 7 x 1 União São João (26/10/1997) -  Quem lê o placar e desdenha o time de Araras, que hoje disputa a 2ª Divisão paulista, deve lembrar que naquela época ele disputou a Série A do Brasileiro quatro anos seguidos, entre 1994 e 1997. Foi também o clube tri-superlativo (ão-ão-ão) que revelou o lateral pentacampeão Roberto Carlos. Naquele jogo do Brasileirão, no Morumbi, o União, treinado por Geninho, deu o azar de ter dois jogadores expulsos (Toninho e Ricardo Lima), de o juiz Dalmo Bozano marcar um pênalti duvidoso e de pegar o atacante sãopaulino Dodô "na ponta dos cascos": fez cinco gols. Marcelinho Paraíba fez os outros dois. Em 97, Dodô fazia uma dupla infernal com Aristizábal e chegaria a 55 gols em 69 jogos pelo São Paulo (média de 0,79) - até hoje, o maior artilheiro do clube em uma temporada. Naquele campeonato, o atacante já havia feito todos os gols dos 5 x 0 contra o Cruzeiro, no hoje fatídico Mineirão.



2) Vasco 7 x 1 Guarani (05/08/2001) - Campeão da infame Copa João Havelange, que substituiu o Brasileirão em 2000, o Vasco "atropelou" muita gente no ano seguinte. Comandados em campo por um Romário mais artilheiro que nunca (marcou nada menos que 73 gols em 2000), os vascaínos aplicaram 7 x 0 no Botafogo pelo Carioca, no Maracanã, e repetiriam o placar de 7 x 1 por duas vezes no Brasileirão, ambas em São Januário e contra times paulistas. A primeira vítima foi o Guarani, do técnico Hélio dos Anjos e de Edu Dracena (hoje no Santos), Jadílson (futuro Goiás e São Paulo) e Fumagalli (que iria para o Corinthians). Jogando com dez, depois da expulsão de Sangaletti, o time campineiro sofreu gols de Botti, Jorginho, Juninho Paulista e quatro de Romário, autor de outros dois contra o Botafogo e de mais três contra o São Paulo. Ou seja, dos 21 marcados pelo Vasco naquelas três goleadas de sete em 2001, mais de um terço, nove gols, foram do Baixinho.



3) Vasco 7 x 1 São Paulo (25/11/2001) - Em mais uma partida válida pelo Brasileirão, no estádio dos vascaínos, cinco personagens foram decisivos para que os sãopaulinos sofressem um "Januariaço": o goleiro Rogério Ceni, que pegou a bola com as mãos fora da área logo aos 6 minutos, num lance de bola cabeceada que ia em direção ao gol, e foi corretamente expulso pelo árbitro Carlos Eugênio Simon; o goleiro reserva Alencar, que entrou cometendo falhas grotescas e já foi tomando um peruzaço quando o Vasco abriu o placar; o atacante Romário, em mais uma tarde inspirada, que marcou três vezes; o lateral Gustavo Nery, que também foi expulso e fez o Tricolor terminar com nove em campo; e, mais do que todos, o técnico Nelsinho Baptista, que já havia feito o São Paulo sofrer um 7 x 2 da Portuguesa, no Brasileirão de 1998 - e que voltaria a tomar 7 x 1 quatro anos depois pelo Santos, como veremos mais abaixo. Perto de Nelsinho, Felipão é juvenil.



4) Fluminense 7 x 1 Juventude (27/10/2004)  - Novamente pelo Brasileirão, cariocas e gaúchos se enfrentaram em Volta Redonda, na mesma noite em que, no Morumbi, o zagueiro Serginho, do São Caetano, sofreu um ataque cardíaco e morreu, durante confronto com o São Paulo. No Rio, os destaque da goleada foram o hoje comentarista Roger Flores, com dois gols (um deles uma pintura), Alessandro, que também marcou duas vezes, e Rodrigo Tiuí, o artilheiro da noite, com três anotados. Assim, o Fluminense vingou a derrota de 6 x 0 sofrida em 1999. Mais uma vez, expulsões favoreceram o placar: o Juventude perdeu Lauro e Vanderson (Odvan, do Flu, também levou vermelho). Daquele time gaúcho, treinado por Ivo Wortmann, talvez o único jogador um pouco mais conhecido seja o lateral Jancarlos, que depois jogaria por Goiás e Atlético-PR, antes de sagrar-se campeão brasileiro pelo São Paulo, em 2008 - e falecer num acidente de carro, em 2013.



5) Corinthians 7 x 1 Santos (06/11/2005) -A tragédia santista no Pacaembu começou antes do primeiro minuto de jogo, quando o jovem Halysson fez besteira perto da área e Rosinei abriu o placar. O massacre ainda teria mais três gols do argentino Tévez, dois de Nilmar e um de Marcelo Mattos. A expulsão do santista Rogério favoreceu o "vareio", mas a escalação de Hallyson, que falhou por duas vezes e foi substituído tardiamente, fez com que os torcedores creditassem ao técnico Nelsinho Baptista a culpa pelo desastre. Sim, aquele mesmo treinador que já havia levado sete por duas vezes, com o São Paulo. Num campeonato em que os corintianos seriam campeões após uma polêmica anulação de partidas, a reincidência de Nelsinho leva a crer que a história se repete mesmo como farsa. E a cruel ironia: Baptista seria o técnico no rebaixamento do Corinthians, em 2007.



6) Grêmio 7 x 1 Figueirense (24/07/2008) - Se tivemos Dodô, Romário, Rodrigo Tiuí e Tévez como protagonistas das goleadas anteriores, as estrelas desse atropelo gremista pra cima dos catarinenses, no Brasileirão, foram o colombiano Perea e Reinaldo (aquele que era "melhor que o Tierry Henry" e hoje está no Oeste de Itápolis), com três gols cada um. Marcel fechou o placar. O Grêmio do técnico Celso Roth contava ainda com Victor no gol, que esquentou o banco da malfadada seleção canarinho nesta Copa de 2014, e o hoje aposentado meia Tcheco. Do outro lado, apenas o meia Cleiton Xavier, que teria brilho efêmero no Palmeiras, é digno de nota. Foi ele quem anotou o "gol de honra" da partida. Uma curiosidade: ao contrário dos jogos descritos acima e assim como o Brasil contra a Alemanha, o Figueirense não teve jogador expulso nestes 7 x 1. E, não por acaso, o time de Florianópolis foi um dos rebaixados no Campeonato Brasileiro de 2008.



7) Bahia 7 x 1 Itabuna (25/03/2012) -Em que pese a diferença algo significativa entre a Copa do Mundo e o Campeonato Baiano, nada melhor do que um jogo em que o Bahia, time do coração de Daniel Alves e Dante, encontrou o mesmo nível de dificuldade que a Alemanha teve diante do Brasil de Felipão - e que me perdoe o Itabuna e seu técnico na ocasião, Gélson Fogazzi, pela pouco lisonjeira comparação! O artilheiro daquele dia, com quatro gols (quatro vezes mais do que o Fred em toda a Copa), foi o velho conhecido Souza, ex-artilheiro do Brasileirão pelo Goiás e com passagens por Flamengo e Corinthians. Magno, Junior e Lenine "fecharam o caixão". No jogo, outros dois ex-corintianos marcaram presença: Lulinha, pelo Bahia, e  Fernando Baiano, de tempos (muito) idos, pelo Itabuna. Detalhe: a equipe de Salvador era treinada por ninguém menos que Paulo Roberto Falcão, que treinou a seleção brasileira mas não chegou a uma Copa. Nem levou 7 x 1 da Alemanha...

sábado, julho 12, 2014

A Laranja contra o bagaço - Brasil e Holanda disputam o 3º lugar da Copa

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Seleção tenta apagar péssima impressão do vexame contra a Alemanha, Holanda busca manter invencibilidade na competição

Brasil e Holanda entram em campo hoje para tentar superar o trauma das semifinais. A partida, que será disputada em Brasília, no Estádio Mané Garrincha, às 17h, dará à seleção de Felipão a oportunidade de apagar ao menos um pouco o resultado vexatório contra a Alemanha, enquanto o treinador Louis Van Gaal, após desdenhar do duelo, busca na manutenção da invencibilidade uma forma de motivar seus atletas.

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Disputa de 3º lugar nem sempre é jogo chato 

A disputa do terceiro lugar, desprezada publicamente pelo técnico da Holanda Louis Van Gaal, sequer existe em algumas competições e modalidades. No tênis, por exemplo, tal duelo não costuma acontecer e mesmo em Mundiais, em duas ocasiões, 1930 e 1950, não houve jogo pelo bronze do torneio. Ainda assim, o fato de a partida contar com seleções já desobrigadas pode resultar em pelejas emocionantes e com muitos gols.

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quarta-feira, julho 09, 2014

Fui à cozinha e tava 2 x 0. Voltei, tava 5!

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Sim, sou um cara esquisito. Desde aquela fatídica cobrança de pênaltis contra a França, em 1986, nunca mais consegui torcer pela seleção brasileira. Não torço contra, mas o selecionado não me diz absolutamente nada. Porque nunca concordo com a escolha dos técnicos nem com as convocações e muito menos com a escalação dos titulares. Também só assisto futebol pela TV com o som desligado. Não suporto o tanto de besteiras, lugares-comuns, obviedades e gracinhas sem graça de locutores, comentaristas e afins. Enfim, sou esquisito, não nego e pago quando puder!

Dito isto, fica mais fácil descrever a cena da tarde paulistana (nublada) de terça-feira, quando me postei sozinho em frente à TV (sem som) para assitir Brasil x Alemanha. Por ter aproveitado a dispensa do trabalho para me levantar o mais tarde possível, ainda não havia almoçado às 17 horas. Assim, depois de testemunhar (sem qualquer comoção) o primeiro e o segundo gols dos alemães, e já prevendo que dificilmente os brasileiros reverteriam tal placar, me levantei para ir à cozinha preparar o almoço.


Lembrem-se: a TV estava sem som. Peguei a comida na geladeira, botei num prato, levei ao microondas e teclei 3 minutos. Enquanto aguardava o alimento esquentar, espremi umas laranjas pra fazer um suco e temperei um pouco de salada. Silêncio absoluto na vizinhança. Transportei o almoço para a sala, me posicionei novamente em frente à TV e, por um segundo, tive um lapso de confusão mental. Porque o placar da partida, no canto superior esquerdo da telinha, não era mais 2 x 0. Era 5 x 0!

Mas, como assim?!!?? Somando a ida e a volta e o tempo do microondas, não gastei mais do que 5 minutos na cozinha! O que aconteceu?!? Apalermado, apanhei o controle remoto e acionei o som da TV. Na Bandeirantes, parecia que o locutor falava comigo: "Pra você que está ligando agora, é isso aí mesmo, está 5 x 0 pra Alemanha, com meia hora de jogo". Desliguei o som. Na vizinhança continuava o mais completo e absoluto silêncio. E permaneceu o silêncio mais ensurdecedor que jamais ouvi.

Depois da goleada mais bizarra, inacreditável, impensável, inapelável e acachapante que jamais imaginaria presenciar em toda a minha existência. E a Alemanha visivelmente "tirou o pé" e poupou o Brasil no segundo tempo (!). E foi "só" 7 x 1...

sábado, julho 05, 2014

Semifinais definidas. Veja como ficaram os confrontos da Copa

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E estão definidos os confrontos das semifinais da Copa do Mundo de 2014. Entre os quatro melhores, dez títulos mundiais e uma seleção que busca seu primeiro triunfo. As partidas que vão decidir os dois finalistas da competição acontecem na terça e na quarta desta semana (sim, você vai ter que aguentar agora mais dois dias sem jogos...).

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sexta-feira, julho 04, 2014

James Rodríguez, o camisa dez da Colômbia que quer fazer história

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Dezesseis anos depois de participar de sua última edição de Copa do Mundo, a Colômbia voltou a jogar um Mundial e conseguiu sua melhor campanha em todos os tempos. Foi quem conseguiu fazer fácil sua partida nas oitavas de final (contra o outrora favorito Uruguai), tem 100% de aproveitamento e conta com o principal astro do torneio até agora, o meia James Rodríguez. Mas quem é esse camisa dez que roubou a cena de astros com muito mais nome?

No caso do craque da Colômbia, o gosto pela bola vem de berço. O jovem meia nasceu em Cúcuta, em 12 de julho de 1991, e é filho de Wilson James Rodríguez, que jogou no Independiente de Medellín, e sobrinho de Antonio Rodríguez, que também jogou no clube. Mas não foi o pai que o introduziu no futebol.

Ainda na infância, seus pais se separaram e foi o segundo marido de Pilar Rubio, sua mãe, Juan Carlos Restrepo, que o inscreveu na Academia Tolimense aos cinco anos. O ídolo de infância de James Rodríguez não era um jogador de carne e osso, mas sim Oliver Tsubasa, garoto japonês do desenho animado Supercampeões. Aos 12 anos de idade, chamou a atenção ao marcar um gol olímpico na final do torneio infantil mais importante de seu país, atuando pela Tolimense.

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quarta-feira, julho 02, 2014

Hora da decisão: as oito melhores seleções da Copa 2014

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Como há um confronto entre duas seleções europeias para definir um dos semifinalistas (França x Alemanha), pelo menos um representante do Velho Mundo está assegurado entre os quatro melhores do mundo. O mesmo vale para os sul-americanos: Brasil x Colômbia são garantia de que alguma nação do Novo Mundo estará lá.

Curiosamente, na outra chave, os confrontos são entre seleções do continente americano contra times oriundos da Europa.

Todos os africanos e asiáticos já foram eliminados.

De um lado (a chave do Brasil), há três campeões do mundo e um azarão (ai, meu Deus! Parece um certo Grupo D, no qual dois bichos-papões caíram). De outro, uma bicampeã e três aventureiros.


Os favoritos que se cuidem.

Leia o post completo aqui

segunda-feira, junho 30, 2014

França x Alemanha - clássico europeu nas quartas de final

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Confira como foram as duas partidas das oitavas de final hoje que definiram mais um duelo de quartas de final da Copa do Mundo de 2014.

França 2 x 0 Nigéria: Em ótima partida, Azuis são mais objetivos e chegam às quartas 

Times fizeram jogo movimentado e cheio de alternativas, mas africanos cansam e franceses aproveitam

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Alemanha bate Argélia na prorrogação em jogaço no Beira Rio 

Partida disputada segundo a segundo teve chances para os dois lados e foi uma das melhores da Copa - mesmo sem gols no tempo normal

Leia aqui

sábado, junho 28, 2014

Brasil x Chile - retrospecto em Copas favorece a seleção

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O retrospecto brasileiro contra os chilenos em Copa do Mundo é amplamente favorável à seleção canarinho. Foram três partidas em mata-mata, todas com vitória do Brasil, e saldo de oito gols a favor, com onze tentos anotados e três sofridos. Entre as curiosidades, a força da jogada aérea. Em todas as pelejas a seleção marcou pelo alto, três vezes em 1962 e uma vez em 1998 e 2010.

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sexta-feira, junho 27, 2014

Futebol em que bola na rede não é o principal

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Quatro crônicas de Mouzar Benedito que vêm a calhar antes das oitavas de final da Copa

O futebol nosso, da Copa e de cada dia (Gisele Porcaro/Flickr)

Jogador birrento

O Edmilson nem era tão craque que pudesse fazer exigências para jogar no time de criado pelo meu amigo Luizinho, mas era cheio de manhas.
Uma vez, num jogo com outro time de várzea dos extremos da zona oeste de São Paulo, o árbitro jogou a moeda e o Luizinho, que além de criador era o capitão do time, escolheu para iniciar o jogo um lado do campo de maneira que o sol batia no rosto do goleiro adversário, e aí o Edmilson, que jogava como lateral esquerdo, veio com uma exigência:
― Quero jogar na ponta direita.
O Luizinho não entendeu, perguntou porque ele resolveu mudar de posição na hora de iniciar o jogo, mas o Edmilson não falava nada, a não ser que se não fosse na ponta direita ele não jogaria. Como não tinha nenhum reserva naquele dia, o Luizinho acabou cedendo. E o Edmilson foi para a ponta direita.
Iniciado o jogo, todos entenderam o motivo da exigência. É que pertinho da risca do campo, naquele lado, ficava a birosca em que se podia comprar cachaça e cerveja. O Edmilson ficava ali, encostado no balcão e bebericando. Quando vinha uma bola, ele entrava correndo no campo, chutava e voltava para a birosca.
O Luizinho resolveu sacanear: “Vou mandar bastante bola pra ponta direita”, pensava. E começou a fazer isso.
Na terceira bola que mandou para lá, o Edmilson nem entrou no campo. Gritou da birosca, com um copo na mão:
― Não vou jogar mais, não!


Um time com muito assunto para o “terceiro tempo”

Houve um período em que meus amigos formaram um time que jogava aos sábados à tarde, na Cidade Universitária da USP, e eu fiz parte dele. Os jogos começavam sempre por volta das quatro horas, mas não tinham hora para acabar. Era só depois que escurecesse e não se enxergasse mais a bola. Aí, íamos para o Bar do Bilu, na avenida de entrada da Cidade Universitária, para o chamado “terceiro tempo”, que consistia em beber e gozar os adversários e os próprios colegas de time, lembrando as jogadas malfeitas, os frangos do goleiro, os dribles levados, as caneladas...
O que não faltava no nosso time era jogador perna de pau. Aliás, se não tivesse vários deles, o jogo não tinha graça. Uma vez levamos o Nicola pra jogar futebol com a gente. Tinha uma miopia de mais de dez graus e, mesmo usando óculos, tinha que quase colar os livros no nariz, para ler. Se de óculos ele não enxergava quase nada, imagine sem óculos. Ele mal tocava a bola, ela é que tocava nele de vez em quando. E quando alguém se aproximava dele, perguntava:
— Você é do meu time ou do adversário?
O Henrique, meu conterrâneo, pegou o apelido de Barroso, que era o sobrenome de um homem considerado o mais feio da minha terra. Ficou sendo o Barroso, não ligava para as brincadeiras. Era pura tranquilidade. Menos numa coisa: no futebol, virava uma fera. Dava chute até na sombra.
Estava jogando na lateral direita e pegou pela frente um ponta esquerda driblador e gozador. O sujeito ficou fazendo embaixada na frente dele, com a intenção de lhe dar um chapéu, mas o Barroso não foi na bola. Foi direto na canela dele. E justificou:
— Ele ficou petecando na minha frente... Petecou, eu quebro.
Outro jogador interessante, assunto permanente no terceiro tempo, no Bar do Bilu, era o Ricardinho, que por causa de um acidente, em que bateu com a cabeça no chão, ficou com problemas de movimento dos membros do lado esquerdo. Na primeira vez que foi jogar com a gente, ríamos bastante porque ele corria com uma perna e andava com a outra. Era esquisito. Mas nosso futebol fez bem para ele, seus movimentos foram melhorando. Mas como “atleta”, ele não melhorou nem um pouquinho.
Uma vez, alguém deu um chutão para cima e ele tentou cabecear a bola, olhando para baixo, mas errou. A bola bateu no chão, foi direto no rosto dele e ele caiu de costas. Ela subiu e, quando ele ia se levantando, caiu na cabeça dele, que caiu de novo. Um adversário ficou tão surpreso que nem entrou na bola. Na terceira vez que ela picou no chão, o Ricardinho conseguiu chutá-la. O tal adversário olhou para o cara que fazia o papel de árbitro e perguntou:
— Não foi falta não?
E a resposta foi:
— Só se eu apitasse falta da bola, que deu uma surra nele.


Goleador desobediente

Em Nova Resende, o São Lourenço, apesar de ter um campo na cidade, era praticamente um “time de roça”, só jogava contra times da zona rural.
Uma vez foi jogar no Cedro, município de Conceição da Aparecida, cidade mais conhecida como Barro Preto, e os jogadores foram muito bem recebidos, tratados com carinho. Depois do jogo, houve um jantar regado a cachaça e cerveja, tudo de graça, e o Amado, técnico que era na verdade dono do time, convidou os adversários para jogar no domingo seguinte em seu campo, na cidade.
Sábado à noite, véspera do jogo, Amado reuniu a equipe para dar instruções para o dia seguinte e insistiu numa coisa:
— Eles trataram muito bem de nós lá. Vamos tratar eles bem aqui também. Então, nada de fazer gol neles. Como é que pode um pessoal ser tão bom e a gente fazer gol neles?
Mas na hora do jogo houve um problema: o time do Cedro estava desencontrado, jogando muito mal, e o São Lourenço estava afinadinho, jogando bem. Vira e mexe, sobrava bola direto para algum atacante cara a cara com o gol e ele tinha que fingir tropeçar ou chutar muito mal, propositalmente, para não marcar o gol.
Um dos atacantes era um filho do Amado, o Subaco, um molecão de 16 anos, que jogava relativamente bem. Errou vários chutes de propósito, mas houve um momento em que não aguentou, meteu um bolaço no ângulo. Gol do São Lourenço!
Indignado, o Amado entrou correndo no campo e deu uma surra no filho, diante da torcida que não entendia nada do que estava acontecendo.


Tira o Cuca ou deixa o Cuca?

Eu trabalhava como orientador social no Sesc, numa unidade móvel que percorria o interior do estado de São Paulo, desenvolvendo várias atividades, inclusive esportivas. Conforme o lugar, orientávamos grupos de jovens para trabalhos sociais, culturais, esportivos etc. Em Porto Feliz, encontrei um grupo bom, já formado e bastante ativo.
Resolvemos fazer uma “Olimpíada” municipal, com vários esportes praticados em quadras e jogos de salão, incluindo pingue-pongue, dominó, damas e xadrez. Uma preocupação do grupo era evitar que certos grupos brigões entrassem nas competições com intenção prévia de arrumar encrenca. Como esses grupos só jogavam futebol de salão, pusemos no regulamento que cada equipe interessada em participar teria que se inscrever em todas as modalidades.
O resultado é que mesmo as equipes de jovens não tinham gente para todas as modalidades, e foi preciso treinar algumas equipes na última hora. Uma delas foi a da Polícia Militar, que nas modalidades femininas inscreveu mulheres dos policiais, filhas e amigas. Mas mesmo para modalidades masculinas havia problemas: nessa equipe da PM, por exemplo, ninguém jamais havia jogado vôlei. Mas se inscreveram. Algun professores de educação física se encarregaram de tentar ensinar alguns esportes para equipes formadas uma semana antes da abertura dos jogos.
No sorteio, uma coisa esperável: o primeiro jogo seria de vôlei masculino, entre a equipe da PM e uma de jovens já experientes na modalidade. Primeiro saque, logicamente ganho pelos adversários da PM, dois policiais correram de lados opostos em direção à bola, deram uma baita cabeçada no meio da quadra e caíram meio desmaiados. Demorou um tempão pra se recuperarem
A segunda partida da noite foi de basquete feminino, entre duas equipes que com muito agrado poderiam ser classificadas como “iniciantes”. Logo em seguida, começou o jogo de basquete, que deveria entrar para o Livro dos Recordes. Resultado final: 2x1.
Apesar de tudo, a “olimpíada” foi um sucesso, com bom público nos jogos, que afinal eram divertidos. Sempre aconteciam coisas esquisitas e a torcida era animada. A grande festa era nos jogos de futebol de salão, com a torcida gritando para o jogador Cuca: “Tira o Cuca... deixa o Cuca... tira o Cuca... DEI-XA-O-CU-CAÍ...”





quinta-feira, junho 26, 2014

Separados no fio do bigode

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'Mas hein? Depois dizem que o Coalhada é isso, que o Coalhada é aquilo...'

sábado, junho 21, 2014

Favoritas, Argentina e Alemanha jogam neste sábado

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Hermanos abrem a rodada às 13h, enquanto germânicos enfrentam Gana às 16h. Nigéria e Bósnia fecham os trabalhos do dia às 19h 

Dois dos principais favoritos a ganhar a Copa do Mundo entram no gramado neste sábado. Os argentinos enfrentam o Irã, e com um trio de atacantes promete uma partida bem mais vistosa do que foi a estreia contra a Bósnia. O jogo pode determinar a classificação antecipada dos hermanos às oitavas de final.

Mas se os sul-americanos querem apagar a estreia pouco empolgante, os germânicos jogam justamente para confirmar o ótimo desempenho do jogo de estreia contra Portugal. A peleja contra Gana, de acordo com o resultado do embate entre estadunidenses e portugueses amanhã (22), pode eliminar os africanos já na segunda rodada.

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sexta-feira, junho 13, 2014

Futebol ainda - e infelizmente - com racismo

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Em 2007, cerca de dois meses antes de o Brasil ser escolhido como sede da Copa de 2014, o meio-campista Hugo, então no São Paulo, foi suspenso por 120 dias pelo STJD por ter cuspido em um adversário durante uma partida contra o Paraná, no Morumbi. Até aí, nada de extraordinário. A punição foi justa porque, além da cuspida, constou na súmula do árbitro Elmo Resende que Hugo xingou e humilhou o oponente nos seguintes termos: "Porra, seu merdinha, joga a sua bolinha, fraquinho".

Hugo, ex-meia do São Paulo: 'Negros têm sempre de andar reto'
Hugo errou (feio) e admitiu sua culpa em uma entrevista coletiva. Mas o que procurei destacar na época, em post aqui neste blog, foi exatamente um trecho dessa coletiva, em que o jogador chorou e fez uma revelação incômoda: "Meu pai disse que, por sermos negros, temos sempre de andar reto, porque as coisas repercutem mais". O resumo do meu comentário, no post, foi: "Dizem que errar é humano. Mas ao negro, no Brasil, isso não é permitido. E eles sabem disso". Infelizmente.

O lateral Marcelo, após seu gol contra marcado a favor da Croácia
Ontem, no jogo de abertura da Copa, o placar foi aberto pela Croácia com um gol contra do lateral-esquerdo brasileiro Marcelo. O mesmo jogador que, em fevereiro deste ano, foi alvo de racismo, junto com o filho Enzo, de apenas 4 anos, após clássico de seu time, o Real, contra o Atlético de Madrid. Alguns torcedores do Atlético que ainda permaneciam no estádio começaram a xingar e ofender o brasileiro, que estava no gramado. Os boçais gritavam: "Marcelo é um macaco". E o filho dele ouviu isso. Infelizmente.


Hoje, abro minha página na rede social Facebook e vejo a imagem acima, reprodução do comentário de algum(a) outro(a) boçal que muitos internautas, estarrecidos com a frase, compartilharam e geraram (justa) indignação coletiva. Esse é o futebol ainda - e infelizmente - com racismo. Para os boçais, Marcelo, assim como Hugo, não pode, não tem o direito de errar. Triste. E mais triste é saber que, se o gol contra tivesse sido marcado pelo zagueiro David Luiz, que tem corte de cabelo semelhante ao de Marcelo, dificilmente tal frase (estúpida, racista, hedionda) teria sido publicada. Porque David tem pele, cabelos e olhos claros. E, provavelmente, nunca foi - ou será - alvo de racismo.

Marcelo e David: cabelos parecidos, mas cor da pele condiciona ofensa 'cabelo ruim'

sexta-feira, junho 06, 2014

Futepoca ajuda a trazer belgas para a Copa

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A belga Antje (à esquerda) e dois colegas: campanha para irem à Copa no Brasil
Na estação ferroviária de Bruges (cidade histórica europeia, Meca da cerveja, citada em outro post aqui deste blog), formos abordados por algumas garotas vestidas com o uniforme da seleção belga, meiões e chuteiras. Como não falamos francês e o inglês de ambas as partes não era particularmente favorável, foi com certa dificuldade que compreendemos que elas participavam de uma espécie de campanha para levar torcedores belgas à Copa no Brasil. Consistia basicamente em coletar 150 mil assinaturas, com caneta piloto, em painéis de lona espalhados por diversos lugares do país, como a tal estação de Bruges.

Patricia tira onda das 'mulatas' rumbeiras e do 'samba' Buena Vista Social Club
O engraçado é que, para aquele local, eles levaram uma banda pretensamente brasileira para tocar um som pretensamente chamado de "samba" - mas os músicos só tocavam mambo e Buena Vista Social Club e as pretensas "mulatas" estavam vestidas como rumbeiras. O que levou minha esposa Patricia a alertá-los de que, ali, os únicos brasileiros legítimos éramos nós. No folder de campanha que nos deram, aliás, há uma foto do jogador brasileiro naturalizado belga Igor de Camargo, sob uma chuva de confetes, e empunhando... maracas!

Igor chacoalha maracas sob chuva de confetes, mas recomenda a caipirinha
Igor, que chegou a jogar pela seleção da Bélgica, mas não foi convocado para a Copa, parece ter esquecido do samba, do pandeiro, do tamborim... Mas, além do futebol, não esqueceu o principal: a cachaça! O folder da campanha diz que "nosso belgo-brasileiro preferido, Igor de Camargo, os aconselha a se preparar para o refrescante coquetel". O texto ainda observa: "A cerveja é a bebida preferida dos belgas, mas no Brasil os torcedores preferem caipirinha, coquetel preparado à base de limão, cachaça, gelo moído e açúcar".

Foto da nossa tradicional coxinha no folder: sonho de consumo entre os gringos
Para nossa surpresa, outra recomendação imprescindível aos belgas que se aventurarem no Brasil é a.... coxinha! Sim, a nossa tradicional iguaria de buteco, raríssima em terras europeias, é sonho de consumo de dez entre dez gringos. Em Amsterdã, nos hospedamos na casa de uma moça que morou brevemente em São Paulo, há 20 anos, e ela diz que chega a sonhar que está comendo coxinha. Taí, se já falamos de futebol e cachaça, podemos acrescentar a tag Política neste post, em alusão aos "coxinhas" que deturpam muitas das manifestações de rua no Brasil...

Contribuindo para a campanha que pretendia reunir 150 mil assinaturas em painéis
Enfim, pra encurtar o causo, não só assinamos nosso nome no painel, para ajudar os simpáticos belgas a conhecerem o "país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza" (e, por tabela, a caipirinha e a coxinha - com ou sem maracas), como também registramos, para a posteridade, o nome do glorioso Futepoca entre os colaboradores. Só falta o time de Courtois, Hazard & Cia. aprontar pra cima da equipe brasileira, nessa Copa! Daí, quem vai sair tocando maracas, vestido de rumbeiro, sou eu! Mas brindando com as incontáveis e divinas cervejas belgas! SANTÈ!

Nosso glorioso blog imortalizado em Bruges, Meca dos cervejeiros de todo o planeta

quarta-feira, junho 04, 2014

A Copa dos técnicos gringos

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Mundial de 2014 deve contar com 15 seleções comandadas por treinadores nascidos em outros país


O alemão Klinsmann, que dirige os EUA
Se não houver mudanças de comando técnico nas seleções que vão participar da Copa de 2014, a competição deve igualar o recorde do Mundial de 2006, ocasião em que 15 equipes foram dirigidas por técnicos nascidos em outro país. Algumas trazem treinadores de fora para aprimorar o futebol jogado e não fazer tão feio, outras pretendem repetir o feito de Gus Hiddink, o holandês que levou a Coreia do Sul a um incrível quarto lugar em 2002. O fato é que uma escrita ainda não foi quebrada: nenhum “pofexô” foi campeão treinando uma seleção que não fosse de seu país natal.

Neste ano, Alemanha e Colômbia são os que fornecem mais comandantes para os times que chegam ao Brasil daqui a alguns dias. Conterrâneos de Shakira estão à frente da Costa Rica, com Jorge Luis Pinto, e de Honduras, com Luis Fernando Suárez. O técnico colombiano que por enquanto está desenvolvendo o trabalho mais chamativo é Reinaldo Rueda, um dos responsáveis pelo bom futebol jogado pelo Equador, aquela seleção que empatou com a Holanda no último final de semana. Curiosamente, o treinador da Colômbia é também um estrangeiro: o argentino José Pékerman. No país vizinho, parece que também vale o ditado “santo de casa não faz milagre”.

Já os alemães estão no comando das seleções de Camarões, com Volker Finke, e da Suíça, que se tornou cabeça de chave do Mundial com Ottmar Hitzfeld. Mas quem deve sofrer é Jürgen Klinsmann, treinador da seleção do seu país em 2006 numa campanha que levantou a autoestima do torcedor germânico, hoje à frente dos Estados Unidos. Logo na primeira fase ele irá enfrentar a equipe de seu país natal, mas um fato mostra que o profissionalismo deve falar mais alto. Em sua lista de pré-convocados está Julian Green, revelação de 18 anos do Bayern de Munique que ainda não havia decidido se iria defender Estados Unidos ou Alemanha.

Cadê os brasileiros?

Mesmo com 15 comandantes gringos na Copa, nenhum deles é brasileiro. E olha que o país tem história nesse quesito, uma trajetória iniciada com Otto Glória, que dirigiu Portugal em sua melhor campanha em mundiais, em 1966, e que teve seu capítulo mais recente com Carlos Alberto Parreira, um dos responsáveis pela pior jornada de uma equipe dona da casa na História, com a África do Sul em 2010.

O atual coordenador técnico da seleção, aliás, é recordista, junto com o sérvio Bora Milutinovic, em número de equipes diferentes treinadas em Copas. Parreira comandou o Kuwait, em 1982; Emirados Árabes Unidos, em 1990; Brasil, em 1994 e 2006; Arábia Saudita, em 1998; e a já citada África do Sul, em 2010.
Bora, no entanto, é mais “internacional”, já que nunca treinou a seleção de seu país e tem uma distribuição geográfica mais vasta em relação aos times que dirigiu. Trabalho com o México, em 1986; Costa Rica, em 1990; Estados Unidos, em 1994; Nigéria, em 1998, e China, em 2002. Só com o time asiático, que fazia sua primeira – e única até agora – participação em mundiais, o sérvio não levou a equipe para além da primeira fase.

Para os supersticiosos, vale lembrar que, desde 1982, esta é a terceira vez que nenhum brasileiro vai comandar uma seleção estrangeira. As outras duas vezes em que isso aconteceu foi em 1994 e 2002, quando o Brasil levou o título. Se este Mundial seguir a tendência, pode preparar o champanhe (ou a cachaça) para a final...
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quarta-feira, maio 21, 2014

Brasileiros que vestem a camisa. Dos outros

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Confira quem são os jogadores nascidos no Brasil que vêm ao Mundial de 2014 defendendo outras seleções e relembre outros brazucas que já disputaram Copas por outros países

Um dos efeitos da diáspora de jogadores brasileiros pelo mundo é a naturalização de alguns atletas que, sem chances de disputar uma vaga na seleção brasileira ou em função de gratidão (emocional e/ou financeira) aos países que os acolhem, vestem a camisa de outras nações. Logo na estreia da seleção brasileira, contra a Croácia, no dia 12 de junho, poderemos ter dois jogadores relacionados que exemplificam essa situação, já que a lista dos 30 pré-convocados da Croácia tem Eduardo da Silva, que atua no Shakhtar Donetsk, e o meia-atacante baiano Sammir, do espanhol Getafe.
Jogadores nascidos em um país e vestindo camisa de outro, aliás, não será algo incomum nesse Mundial. Com base nas pré-listas divulgadas até agora, 11,1% dos atletas chamados até agora são naturalizados, sendo os franceses os maiores fornecedores de “pés-de-obra”: 33 boleiros que atuarão em seleções como as da Argentina, Camarões, Portugal e, principalmente, Argélia, que conta com 21 conterrâneos de Ribéry. A Alemanha vem em seguida, com 15 jogadores e o Brasil tem 8. Somente a seleção brasileira, Colômbia, Rússia, Honduras e Coreia do Sul não possuem naturalizados em suas fileiras.
Thiago Motta, da Azzurra
O caso mais emblemático entre os brasileiros de outras seleções é, sem dúvida, o do sergipano Diego Costa, do Atlético de Madri. Convocado por Felipão para as partidas amistosas contra Itália e Rússia, em 2013, chegou a atuar 35 minutos em ambas as pelejas. Preterido nas convocações seguintes, acabou chegando a um acordo com a Fifa e obteve autorização para defender a Espanha, tendo possibilidades de ser titular na Copa. O atacante teria a companhia de Thiago Alcântara, filho do tetracampeão Mazinho que atua no Bayern de Munique, mas uma lesão o deixará de fora do torneio.
A seleção italiana tem uma dupla brasileira entre os seus. O volante da Internazionale Thiago Motta já é veterano em convocações, fazendo parte das listas da equipe de Cesare Prandelli desde 2011 e com um vice-campeonato da Eurocopa (2012) no currículo. Pode vir ao seu país de origem com outro volante, Rômulo, vice-campeão paulista pelo Santo André em 2010 e ex-atleta do Cruzeiro, que hoje atua no Verona e também faz parte do rol chamado pelo comandante italiano.
Além destes, há o zagueiro Pepe, que já defendeu a seleção de Portugal em 2010, à época, junto com outros brasileiros naturalizados, o meia Deco, hoje aposentado, e o atacante Liédson. Outro zagueiro, Marcos Gonzáles, ex-Flamengo e atual Unión Espanhola, veste a camisa do Chile.
O arrependimento de Mazzola
Já houve uma época em que jogadores de futebol, mesmo já tendo defendido uma seleção em Copa do Mundo, podiam se naturalizar e atuar por outro país. Foi o caso de José Altafini, o Mazzola, campeão pelo Brasil em 1958. Aos 19 anos, jogou duas partidas e marcou dois gols na campanha da seleção em solo sueco, quando a equipe canarinha se livrou do “complexo de vira-latas”, obtendo seu primeiro título.
Logo após o Mundial, o Palmeiras vendeu seu passe para o Milan e, por sua ascendência italiana, foi convidado a se naturalizar pelo país. Atuou em três das seis partidas da Azzurra na Copa de 1962 mas a Fifa determinou logo depois que um jogador não podia mais atuar por duas seleções diferentes. Como a norma retroagia, Mazzola, ou Altafini como era conhecido na Itália, encerrou sua carreira em seleções aos 24 anos, como conta o livro Futebol Exportação – a seleção expatriada (Senac Rio Editora), de Claudia Silva Jacobs e Fernando Duarte.
“Cometi um erro muito grande e me arrependo de ter aceitado o convite da Federação Italiana. Mas eu era muito novo, não entendia muito bem o que estava fazendo. Senti-me muito pressionado a dizer sim para os dirigentes. Fico achando que perdi a chance de ter sido tricampeão mundial com o Brasil. Tinha condições de ter chegado até 1970, de jogar ao lado de Pelé”, avalia o ex-atleta, que jogou até os 42 anos, no livro.
Ao lado de Mazzola, atuou também na Copa de 1962 o ex-santista Angelo Sormani, nascido em Jaú. E, bem antes dos dois, o ex-ponta-direita de Paulistano, Portuguesa e Corinthians Filó havia atuado pela seleção italiana em 1934, tornando-se o primeiro atleta nascido no Brasil a ser campeão mundial de futebol.
Mais recentemente, outros boleiros nascidos no Brasil vestiram a camisa de outras seleções como Alexandre Guimarães, que jogou pela Costa Rica em 1990; Zaguinho, que em 1994 e 1998 defendeu o México; Clayton, que atuou pela Tunísia em 1998 e 2002, e Francileudo Santos, atacante também da seleção tunisiana em 2006. No Japão, Wagner Lopes (1998), Alex (2002 e 2006) e Túlio Tanaka (2010) seguiram a trilha do meia Ruy Ramos, ídolo nipônico e pioneiro brasileiro no futebol local.
Outros dois brasileiros poderiam disputar o Mundial de 2014, mas acabaram de fora. O meia Edinho não foi convocado pelo treinador lusitano Carlos Queiroz para a seleção do Irã. O alemão Jurgen Klinsmann também não chamou o volante carioca Benny Feilhaber, que disputou a Copa de 2010 pelos EUA, para jogar na seleção dos EUA.
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terça-feira, maio 20, 2014

O porquê dos apelidos das 32 seleções da Copa

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Fennecs, Charrúas e guerreiros de diversos tipos disputarão a Copa no Brasil. Veja a lista de apelidos de cada seleção e não confunda na hora de torcer - ou secar

Apelido é uma forma carinhosa (ou jocosa) de tratamento. No caso de uma seleção nacional de futebol, a alcunha tem elementos históricos. Confira como a mídia ou os torcedores tratam cada uma das seleções.

Alemanha: Mannschaft ou Nationalmannschaft
O quê: literalmente "equipe" ou "equipe nacional"
Por quê: É que… é uma equipe nacional. Né?

Argentina: Albiceleste
O quê: branca e azul-celeste
Por quê: Pelas cores da bandeira e da camisa, estúpido!

1280px-TA_ZOO_orna_Pict0224.jpgArgélia: Fennec, ou Les Guerriers du Désert
O quê: Feneco, ou Raposas-do-Deserto ou Guerreiros do Deserto
Por quê: Consta que 80% do território argelino é coberto pelo deserto do Saara. O Feneco é uma espécie de raposa típica do deserto e um símbolo do norte da África. Já os guerreiros são símbolos autoexplicativos em se tratando de competições esportivas. O difícil é imaginar que um feneco fofo como o da foto possa um dia vir a ser um temível guerreiro. (Foto: Ladypine/Wikipedia-CC BY-SA 3.0)

Austrália: Socceroos
800px-Kaenguru_Hinterfuss-drawing.jpg O quê: trocadilho de "Soccer" com "Kangaroos", ou "futebol" e "cangurus", em inglês.
Por quê: O esporte mais popular do país é o críquete. O futebol corre por fora (Foto: Wikicommons).

Bélgica: Le Diable Rouge
O quê: Os Diabos Vermelhos
Por quê: Alcunha conferida ainda em 1906, quando o diabo era mais temido do que atualmente (#sqn), após uma vitória estrondosa sobre a seleção da Holanda em um jogo amistoso. Considere-se que Bélgica e Holanda, ambas nações dos países baixos, possuem alguma rivalidade correlata a um Brasil e Uruguai.

Bósnia e Herzegovina: Plavo-žuti ou žuto-plavi
O quê: Azul e amarelos ou Amarelo e azuis
Por quê: Porque assim a gente aprende pelo menos duas palavras em sérvio. Falta conhecer o restante do idioma dos Balcãs para poder fazer turismo. A remição às cores dispensa mais explicações.

Brasil: Canarinha, Verde-amarela
800px-Gelber_Kanarienvogel.JPG O quê: Referência à cor da camisa e da bandeira
Por quê: Até 1950, o time jogava de branco; depois disso, em um concurso cultura, foi escolhido amarelo-ouro para exorcizar o Maracanazzo. A cor foi associada pelo radialista Geraldo José de Almeida, da Rádio Globo, ao simpático passarinho que, muito antes de uma certa rede social, piava por aí. Se fosse hoje, a depender do topete da vez adotado como penteado pelo Neymar, alguém talvez associasse a calopsitas. Melhor não dar ideias (Foto: Wikicommons).

Camarões: Les Lions Indomptables
O quê: Os Leões Indomáveis
Por quê: Leões são parte da fauna nativa camaronesa. E, exceto pelos que integram elencos circenses, a maioria dessa espécie de felinos não está domada (Foto: Severin Meyer/Flickr).

Coreia do Sul: Os Tigres Asiáticos ou Guerreiros de Taegeuk
Flag_of_South_Korea.svg.png O quê: referência a um animal símbolo do continente asiático ou a defensores do símbolo que consta na bandeira sul-coreana.
Por quê: tigres são bravos. Asiáticos, o continente. Vale lembrar que a associação também se fazia no âmbito econômico para designar, nos anos 1980 e 1990, países do continente que cresciam à reboque da economia do Japão, até a crise de 1998. Já o Taegeuk pede explicações bem mais sofisticadas, tipo yin-yang, origem das coisas e um papo que não cabe em dois tweets (Foto: Wikicommons).

Costa do Marfim: Les Elephants
O quê: Os Elefantes
Por quê: O marfim é material nobre e nada ecológico, produzido a partir das presas dos elefantes. Na África, poucos países tiveram sua economia tão marcada pelo material -- e pela caça aos pobres paquidermes. No bullying infantil (infantilizado) elefante pode remeter a alguém muito pesado. Na fala do lugar comum, à memória. O símbolo do país, porém, tem relação com potência e força de grupo. Fato é que se recomenda evitar ficar na frente de uma manada de elefantes em movimento.

Chile: La Roja ou El Equipo de Todos
O quê: A vermelha ou a equipe de todos.
Por quê: Referência à camisa vermelha usada pelo país. O Chile comumente gosta de jogar ofensivamente. Isso fez da seleção ser benquista por torcedores de outros países em competições internacionais. Diferentemente de uruguaios e argentinos, o time do país de Michelle Bachelet joga pra frente. E se acha bem visto por isso.

Colômbia: Los Cafeteros, La Tricolor
O quê: Os "cafeicultores", em traduçaõ aproximada, ou a tricolor
Por quê: Referência a um dos principais produtos do país, o café. Pela centralidade até geográfica que o grão possui na economia e na vida nacionais, o termo “cafetero” é aplicado ao futebol em diferentes aspectos. Mas o “Craque-Café” é brasileiro. A tricolor, naturalmente, diz respeito à bandeira.

Costa Rica: Ticos ou La Sele
O quê: Os garotos ou “Selê”
Por quê: Os costa-riquenhos se chamam de ticos e de ticas. A extensão à seleção nacional é natural. Segundo uns, é porque todo diminutivo por lá termina em “tico”, em vez de “ito”. Mas, como isso também acontece no castelhano falado no restante da América Central, a origem remeteria a “hermanitico” (em vez de “hermanitos"), usado em episódios específicos da história. Resta saber se o tamanho da bola apresentada pelo país será “una pelotica” ou um bolão.

Croácia: Vatreni
O quê: Ardente
Por quê: Apesar de usar uma camisa que, por vezes remete a toalha de cantina italiana, a seleção nacional se entende raçuda. Uma pegada meio “Vai, Corinthians!”, mas com chamas.

Equador: La Tri
O quê: A tri(color)
Por quê: Curiosamente é a terceira copa com participação do país de Rafael Corrêa. Mas o apelido tem a ver com as três as cores da bandeira equatoriana, amarelo, vermelho e azul. "Tri", de "tricolor", vai no gênero feminino, diferentemente dos mexicanos, que usam o masculino.

Espanha: La Fúria
O quê: A fúria
Por quê: Há referências que associam os espanhóis a atributos furiosos desde o saque de Antuérpia, na Bélgica, um episódio de 1576 em que a Espanha promoveu a união territorial com os países baixos. Foi um pouco antes de existir futebol. No contexto do ludopédio, a primeira aplicação teve a ver com a Olimpíada de 1920, justamente na referida cidade belga, quando os ibéricos ficaram com a medalha de prata, mostrando força e agressividade.

Estados Unidos: The Star and Stripes
O quê: Time das Estrelas e Listras
Por quê: Na bandeira estadunidense há estrelas e listras. Como, em termos de popularidade, o beisebol e o futebol americano estão muito na frente do nosso soccer, sobraram para o futebol os marqueteiros mais fraquinhos pra dar apelido.

França: Le Bleu
O quê: Os Azuis
Por quê: É a cor da camisa. E se aplica a qualquer esporte que use uniforme. Como ensina a trilogia de Krzysztof Kieslowski, a bandeira francesa tem também as cores vermelha e branca. Mas a estas os conterrâneos de Asterix e Obelix não dão muita trela.

Gana: Nsoroma Tuntum
O quê: No idioma Akan, quer dizer Estrelas Negras
Por quê: No centro da bandeira nacional, há uma estrela negra. Que, na bandeira, representa os 98% de negros que compõem a nação. A aula de Akan é cortesia da casa.

Grécia: Piratiko
O quê: Navio Pirata
Por quê: Por causa do desempenho como azarão na Euro 2004, por uma piada de um comentarista grego de TV. Se ele tivesse alguma vivência futebolística no Brasil, teria falado em zebra. Mas a afinidade com os helenos ficaria bem pouco clara.

Holanda: Oranje ou Clockwork Orange
O quê: Laranjas (em holandês) ou Laranja Mecânica
Por quê: A cor da camisa é laranja. A "mecânica" é referência à seleção de 1974 e 1978, em que Cruyff e cia. encantaram o mundo com o "futebol total", aplicado apenas três anos depois do lançamento do filme homônimo, dirigido por Stanley Kubrick.

Honduras: La Bicolor ou Los Catrachos
O quê: a bicolor e os Catrachos
Por quê: Referência ao general Florencio Xatruch, aplicada também a qualquer hondurenho, enquanto seguidores do militar. O termo "catracho" é uma corruptela do nome do herói pátrio.

Inglaterra: Three lions
O quê: Os Três Leões
Por quê: No brasão da associação de futebol e no do exército real há três simpáticos leõezinhos.

Irã: فدراسیون فوتبال ایران, príncipes da pérsia, leões da pérsia
O quê: Seleção do povo ou da nação (Team melli, em uma transliteração do farsi para o inglês).
Por quê: Os caracteres árabes usados na escrita farsi correspondem ao termo para “seleção nacional”. Alusões aos persas apareceram da Copa da Ásia de 2011 em diante, em frases-lema adotadas para cada seleção. Vê-se que não inventaram a moda no Brasil.

Itália: Azzurra, Gli Azzurri
O quê: A Azul, Os Azuis
Por quê: A cor da camisa é azul, embora a bandeira seja verde, branca e vermelha, escolhida em homenagem aos Savoia, família real responsável pela unificação no século XIX.Curioso é que, no bicampeonato de 1938, usaram uniforme inteirinho em preto, por ordem de Benito Mussolini. Tudo ficou azul de novo, já em 1950.

Japão: サムライ・ブルー
O quê: Os Samurais Azuis
Por quê: Samurais eram os soldados aristocratas do Japão pré-industrial. Guerreiros são legais. E porque não haveriam de escolher "lutadores de sumô" como símbolo -- embora certos craques brasileiros pudessem merecer essa alcunha. Ah, e a camisa é azul.

México: El Tri, La Verde
O quê: O Tri, A Verde
Por quê: De "tricolor", por causa da bandeira. Diferentemente dos equatorianos,o apelido vai no gênero masculino. La Verde vincula-se à cor da camisa. E não à pimenta jalapeño.

Nigéria: Super Eagles
O quê: As Superáguias
Por quê: A águia está no brasão da associação de futebol nigeriana. O "super" é pela hipérbole.

Portugal: Seleção de Quinas, Os Navegadores
O quê: Símbolos nacionais
Por quê: O brasão da bandeira e da federação de futebol remete à união do cinco reinos promovida por Affonso I, nos idos de 1143, e inclui cinco escudos -- ou quinas. Assim como o da Portuguesa de Desportos, clube brasileiro tradicional de São Paulo.

Rússia: Сборная
O quê: Equipe, em russo
Por quê: Antes, na época da URSS, eram os soviéticos. Agora, só uma equipe. Melhor do que "Seguidores de Putin", vá?

Suíça: Schweizer Nati pelos germanófilos, La Nati pelos francófonos e Squadra nazionale ou Rossocrociati pelos italófilos
O quê: Seleção Nacional ou “da cruz vermelha”
Por quê: A cruz vermelha está na bandeira. E, poliglotas, os suíços chamam o time no idioma que mais falam. Pelo jeito, Alpes, bancos e chocolates não ficariam bem como apelidos.

Uruguai: La Celeste ou Los Charrúas
Charrúas, indígenas do Uruguai O quê:A Celeste ou Charrúas
Por quê: Cor da camisa é azul-celeste. E charrúas a etnia principal de indígenas que habitavam aquelas pradarias, do Rio Grande do Sul brasileiro ao Uruguai. Os nativos foram exterminados em 1831 no massacre de Salsipuedes (saia se puderes), por tropas de Bernabé Rivera, sobrinho do primeiro presiente uruguaio. Mesmo assim, a garra dos indígenas orgulha os conterrâneos de Pepe Mujica. (Foto: Wikicommons)

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sexta-feira, maio 16, 2014

#VaiTerCachaça na Copa

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Se vai ter Copa, pode ainda haver controvérsia. Mas haverá cachaça.

Parte da cultura brasileira, a xambirra será valorizada durante o Mundial de futebol. Com recursos do Ministério da Cultura, liberados por meio da categoria Gastronomia de edital Cultura 2014, o divertido Mapa da Cachaça promete levar informação sobre a marvada para cada uma das cidades-sede do Mundial.



Ao que parece, eles não vão precisar levar cachaça. É que, pelo enraizamento do goró pelo território nacional, costuma ter caninha em praticamente qualquer canto de virtualmente qualquer cidade brasileira.

O Mapa das Cachaças promete ações de conteúdo como publicação de receitas, promoção de eventos e gravações de vídeos com chefs, mixologistas, especialistas e pesquisadores.

Se precisarem levar um apreciador, ou um par de amigos da cachaça, os sóbrios autores do Futepoca estão à disposição para visitar as cidades-sede da Copa. Politicamente, a gente se voluntaria a propagar o Manguaça Cidadão pelo mundo.

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quinta-feira, maio 15, 2014

Em Copas, Brasil anda com "apito amigo" do lado

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A seleção brasileira é penta e ninguém contesta. Porém, uma olhada mais atenta para alguns erros de arbitragem que beneficiaram o time canarinho ao longo da história em Copas não deixa dúvidas: uma fração das nossas glórias se deve à ajuda de juízes míopes. Abaixo, sete dos equívocos que nos ajudaram a ganhar (ou não) um título.

1 – Pênalti não marcado e gol da Espanha anulado (Brasil x Espanha, 1962)

Combo pró-Brasil nesse jogo. Nilton Santos comete pênalti, percebe que está dentro da área e dá dois passos para fora. O lance é tão ostensivo que parece jogo de criança de pré-escola. Mas o árbitro cai no truque e marca apenas falta. A essa altura a Espanha já ganhava por 1 a 0.
Na cobrança da falta, Puskas marca um golaço de bicicleta, mas bandeira vê um impedimento que nem Arnaldo marcaria, e anula a jogada.

2
2 – Cotovelada de Pelé (Brasil x Uruguai, 1970)

Ok, era revide de outro lance não marcado, um pisão de Fontes no Rei. E, convenhamos, foi uma demonstração da arte da vingança. Mas isso não muda o fato de que Pelé deu com vontade na cara do rival. Deveria ter sido expulso e, consequentemente, perdido a final de 1970. Obrigada, deuses da bola. A História não teria sido escrita se o juiz não. tivesse perdido esse lance.



3 – Gol anulado da Espanha (Brasil x Espanha, 1986)

A Espanha não tem mesmo sorte contra o Brasil. Depois de ser garfada em 62, voltou a ser prejudicada em 86. No início do segundo tempo, com o placar ainda no zero, Francisco chuta da entrada da área, a bola bate na trave, bate dentro do gol e sai. Árbitro e bandeira não viram e placar seguiu inalterado. Brasil vence por 1 a 0. A partir de 3:04. O vídeo vale também por conta da pré-história do tira-teima.



4 – Falta de Branco não marcada (Brasil x Holanda, 1994)

O vídeo é cristalino. Branco meteu a mão no rosto e no pescoço do Overmars, seu marcador, antes de ser derrubado. O lance deu origem ao histórico gol de falta do próprio Branco. Mas, justiça seja feita, a miopia não foi seletiva. Depois de ser derrubado, o lateral esquerdo (que só atuou porque o titular Leonardo foi expulso após cotovelada criminosa desferida na partida contra os EUA) leva um chute de Koeman, aparentemente nas partes baixas, e ficou por isso mesmo. A partir de 0:56.



5 – Pênalti mal marcado para o Brasil (Brasil x Turquia, 2002)

A Copa de 2002 tem na conta grandes vergonhas por parte da arbitragem. Dois desses lances favoreceram o Brasil. No primeiro, a seleção ganhou um pênalti de presente na tensa estreia naquele Mundial. Aos 40 minutos, com o placar em 1 a 1, Luizão sofre falta fora da área e mergulha com vontade, tentando cavar o pênalti. Conseguiu convencer o árbitro, que ainda expulsa Ozalan. A partir de 3:52.

Também nessa partida, Rivaldo protagoniza papelão ao simular uma bolada no rosto. Enquanto esperava o time brasileiro posicionar-se para o escanteio, ele leva uma bolada no braço, desferida por um jogador da Turquia. Já era suficiente para que o adversário fosse expulso, mas ele resolveu fingir que havia sido atingido no rosto. Unsal foi de fato expulso, mas o teatro passou despercebido pela arbitragem. Rivaldo chegou a ir a julgamento pelo lance, mas levou apenas uma multa. A partir de 5:10.

 

6 – Gol anulado da Bélgica (Brasil x Bélgica, 2002)

O segundo lance que beneficia o Brasil aconteceu nas oitavas de final. O placar ainda estava no zero e a Bélgica jogava melhor. Aos 35 minutos, Wilmots sobe mais que Roque Júnior e cabeceia para o gol. Árbitro benevolente viu falta – que só ele e o Arnaldo viram, aliás. A partir de 1:40.



7 – Gol ilegal validado (Brasil x Costa do Marfim, 2010)

Esse lance pode não ter mudado o rumo do jogo, mas já está na história como um daqueles erros escandalosos. A partida já estava 1 a 0 para o Brasil quando Luís Fabiano dominou a bola com o braço duas vezes antes de meter para o gol. A partida terminou com 3 a 1 para o Brasil. A partir de 1:40.



Bônus – Juiz some com súmula (Brasil x Inglaterra, 1962)

Nas quartas de final do Mundial de 62, contra a Inglaterra, Garrincha foi expulso e desfalcaria o Brasil na semi contra o Chile. Desfalcaria, porque o craque brasileiro não apenas jogou como marcou 2 gols na semifinal. O motivo? O árbitro peruano Arturo Yamasaki sumiu. Não entrgou a súmula a tempo da realização do julgamento do brasileiro, que foi liberado para brilhar na partida seguinte. Curioso, não?

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segunda-feira, maio 12, 2014

Jogos da Copa que quase ninguém viu

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Muito antes dos mundiais se tornarem grandes fenômenos comerciais e televisivos, algumas partidas contaram com públicos dignos de campeonatos estaduais

Estima-se que o Mundial de 2014 deva ter uma audiência de 3,2 bilhões de espectadores em todo o planeta. A última edição, de 2010, teve uma média de público de 49.674 torcedores em cada uma das 64 pelejas disputadas na África do Sul. São números grandiosos, mas bem distintos do que acontecia nos primórdios do evento.
Laurent, autor do 1º gol das Copas
Entre os cinco piores públicos de uma partida disputada em Copa, dois aconteceram no primeiro Mundial, em 1930, no Uruguai. Ambas as pelejas aconteceram em Pocitos, um estádio de Montevidéu que tinha capacidade para 8 mil pessoas – o Centenário, que podia abrigar mais de dez vezes este número de pessoas, só ficou pronto para estrear cinco dias depois do início do torneio.
Assim, o campeão negativo de público em Copas foi a peleja Romênia 3 X 1 Peru, que contou com 2.549 espectadores, de acordo com a Fifa. O quinto jogo menos assistido in loco foi justamente a partida de abertura do torneio. Somente 4.444 torcedores viram, no dia 13 de julho de 1930, o francês Lucien Laurent marcar o primeiro tento da história dos mundiais, aos 19 minutos do primeiro tempo. A França bateu o México por 4 a 1.
Em 1958, País de Gales e Hungria terminaram empatados em pontos no Grupo 3 e jogaram uma partida-desempate, como previa o regulamento à época. O jogo entre os galeses, três empates na competição, e os húngaros, uma vitória (que valia dois e não três pontos), um empate e uma derrota, não atraiu os suecos. Compareceram ao Rasunda Stadium 2.823 pessoas, segundo pior público em Copas.
A terceira pior marca ocorreu na Copa de 1950, disputada no Brasil. A Suíça bateu o México por 2 a 1 no Parque dos Eucaliptos, em Porto Alegre. Inaugurado em 1931, o estádio era a sede do Internacional e, para o Mundial, foi construído um pavilhão de concreto com dinheiro arrecadado junto à torcida colorada. O clube também recebeu uma ajuda financeira da administração municipal da capital gaúcha e 5% da renda bruta dos dois jogos realizados lá (o outro foi México e Iugoslávia).
Como os dois times já estavam eliminados do torneio quando disputaram a partida, os gaúchos não se empolgaram e 3.580 pessoas foram ao estádio. Quem não foi, perdeu a chance de ver um fato, no mínimo, curioso. Como ambas as equipes entraram em campo com uniformes vermelhos – então vestuário preferido dos mexicanos –, a esquadra dos hermanos atuou com um jogo de camisas emprestado do Cruzeiro-RS.
O quarto pior público da história dos mundiais aconteceu na Copa de 1954, disputada na Suíça, e foi uma tremenda goleada. A Turquia superou a Coreia do Sul por 7 a 0 e conseguiu o direito de disputar um jogo-desempate do grupo contra a Alemanha, no qual foi também goleada por 7 a 2. Para o embate contra os turcos, aliás, os sul-coreanos trocaram oito jogadores em relação ao jogo de estreia, quando foram derrotados por nada singelos 9 a 0 para a Hungria. A chuva de tentos foi vista por 4 mil torcedores.
Todas as cinco partidas acima tiveram um público mais baixo que a média do campeonato paulista de 2014, de 5.675 pagantes. Para aqueles que penam ao tentar obter um ingresso de jogo da Copa de 2014, deve bater um certo saudosismo destes tempos idos...

domingo, maio 11, 2014

Os piores frangos em Copa do Mundo

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O post abaixo faz parte da parceria do Futepoca com a Rede Brasil Atual no Copa da Rede

Desde tempos imemoriais, nos estádios de futebol ou no mais surrado terrão, quando um goleiro falha clamorosamente a reação é uma só: "Que frango!"

Ao escapar das mãos do goleiro ou ao passar por baixo de suas pernas, a bola faz as vezes de galináceo que fugiu da granja para não servir de almoço. No galinheiro, a vítima normalmente mostra ginga e malemolência para se livrar do algoz. Nos gramados, faz rir e chorar.

Em tempos de avícolas industrializadas, a cena imaginada vai ficando até menos comum – para desespero dos trabalhadores e dos defensores de direitos dos animais. Mas, em épocas de Copa do Mundo, falhas acontecem. O Futepoca consolida o melhor de três listas de frangos históricos em mundiais de futebol. As imagens, espalhadas por diferentes canais do YouTube, são de dar pena.
As referências para os interessados nos domínios galináceos do ludopédio são Esporte Fino, Oba, Oba e o Planeta que Rola.

Robert Green - Inglaterra x Estados Unidos, 2010 

Uma falha terrível contra os Estados Unidos na Copa da África do Sul foi o primeiro frango (ou peru dado o seu tamanho) daquela edição. Também o maior.



Chaouchi - Argélia x Eslovênia, 2010 

Outro frango de 2010, desta vez do arqueiro argelino Chaouchi, contra a Eslovênia. Ele quase foi bem.



Zubizarreta - Espanha x Nigéria, 1998

Na Copa da França, o goleiro espanhol ajudou a ceder o empate, que culminaria em virada dos africanos. Nem todo cruzamento fácil é fácil para um goleiro (a partir de 1m5s).



Kopke - Alemanha x Iugoslávia, 1990

O goleiro alemão campeão do mundo em 1990 teve seu momento de frangueiro naquela edição contra a Iugoslávia (a partir de 51s).



Nery Pumpido - Argentina x Camarões, 1990

O país africano foi o azarão da Copa da Itália. Apesar do nome ser de um crustáceo, o time verde de Roger Milla fez fama de criar frangueiros. O primeiro foi logo na estreia: Pumpido, da Argentina, daria lugar a Goycochea (goleiro da seleção dos melhores do Mundial) – a partir de 45s.



René Higuita - Colômbia x Camarões, 1990

Nas oitavas da mesma Copa da Itália, há mérito do atacante Milla. Embora não seja um frango na acepção do termo, a lambança do colombiano René Higuita merece a menção na lista pelas qualidades cômicas.



Waldir Peres - Brasil x Rússia, 1982 

Exímio pegador de pênaltis, questionado por ter sido preferido por Telê Santana em uma época em que Leão era quase um apelo nacional, o então goleiro do São Paulo protagonizou uma cena patética na estreia contra a União Soviética.



Hellström - Suécia x Itália, 1970

Permitam-me citar Max Gehringer em "A grande história dos mundiais. 1962, 1966, 1970" (à pág. 80): "Aos 11', o goleiro Hellström engoliu o maior frango da Copa, num chute rasteiro e fraco de Domenghini de fora da área, pela meia esquerda. Helström saltou certo, junto à trave direita, mas a bola passou sob seu corpo" (a partir de 24s).



Lev Yashin - URSS 2 x 2 Inglaterra, 1958

O mítico Aranha Negra salta como uma aranha bêbada no cruzamento inglês. Ou um voo de galinha. A lenda soviética, do Dínamo de Moscou, podia até ser capaz de milagres. Mas também protagonizou seu momento de frangueiro (em 32s).



(Foto: Liz West/Flickr-CC-BY)

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sábado, maio 10, 2014

Copa na Rede: Futepoca e Rede Brasil Atual repetem parceria na cobertura do Mundial 2014

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A Rede Brasil Atual e o Futepoca realizam a cobertura da reta final dos preparativos e do Mundial de futebol 2014, sediado no Brasil. A exemplo da Copa do Mundo de 2010 e da Copa das Confederações de 2013, os veículos promovem uma ação na Web sobre o evento que mobilizará a pátria em chuteiras de 12 de junho a 13 de julho.

Iniciada em 7 de maio, com a convocação da Seleção Brasileira pelo técnico Luiz Felipe Scolari, a parceria envolve a produção de conteúdo exclusivo para um blogue estruturado dentro da Rede Brasil Atual. Elaborado pelos mesmos autores do Futepoca, a cobertura apostando no bom humor e na busca por recortes diferenciados sobre a competição.

Interessou? Acompanhe www.redebrasilatual.com.br/blogs/copa-na-rede