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terça-feira, julho 29, 2014

20 anos sem Mussum: as origens do 'mé', do apelido e do 'dialétis'

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Mussum e uma garrafa: dia de homenagear o 'santo'
Todo butequeiro que se preze deve derramar um gole, hoje, em homenagem ao "santo" Antônio Carlos Bernardes Gomes, o saudoso mestre Mussum, morto há exatos 20 anos. Ícone do humor brasileiro, eternizado pelo grupo Os Trapalhões, foi também um grande sambista, compositor, músico e passista, tendo gravado vários discos com o grupo Originais do Samba e também em carreira solo. Anteontem, por coincidência (ou não), pois não me lembrava da data de morte do mito, comprei na rodoviária do Rio de Janeiro a biografia "Mussum forévis: samba, mé e Trapalhões", escrita por Juliano Barreto e publicada recentemente pela Editora LeYa. Embora eu considere que a rica e diversa vida de tal personagem mereça uma obra ainda mais "caudalosa", por assim dizer, com mais entrevistados, depoimentos, informações e infografia, o livro satisfaz algumas curiosidades que, com certeza, todo "mussunzista" deve ter. A elas:

A ORIGEM DO 'MÉ' - Já há muito tempo, a gíria "mé" é conhecida entre quem aprecia "molhar a palavra" ou "dar um tapa no beiço". Mas foi Mussum, indiscutivelmente, quem popularizou esse eufemismo para bebida alcoólica em escala nacional, no programa Os Trapalhões. Na biografia, Juliano Barreto conta que, em sua juventude na Mangueira, o carioca Carlinhos (como Mussum era conhecido), que trabalhava como mecânico e dividia um quarto de cortiço com a mãe a irmã, obviamente não tinha dinheiro para comprar conhaque ou uísque, suas futuras preferências. Por isso, "o drink preferido era a cachaça, mais barata e poderosa. Mas, para não beber a bebida pura, sempre rolava um xaveco para misturar a aguardente com algum ingrediente, para, pelo menos, suavizar seu gosto". Assim, naqueles anos 1950, o limão era a primeira opção da moçada mangueirense, seguido pela groselha e pelo mel. "Na primeira receita", prossegue o livro, "juntava-se a pinga com limão espremido e açúcar, o copo era chacoalhado e a mistura ganhava o nome de batida; a cachaça com groselha, por conta de seu tom vermelho opaco, ganhava o apelido de sangue; e a pinga com mel virou simplesmente o ". Bebedor "militante e profissional", Mussum tornaria-se um dos maiores "embaixadores" do "mé" e do prazer de "molhar a goela" (mesmo em um programa infantil!). Um dos momentos imortais, em Os Trapalhões, foi a paródia de uma propaganda de polivitamínico feita por Pelé, em que Mussum diz que o segredo da vitalidade "é que eu só tomo mé, MUITO mé!". Relembre:


A ORIGEM DO APELIDO - Mussum ainda era apenas um sambista, tocador de reco-reco e passista dos Originais do Samba, em novembro de 1965, quando o grupo foi convidado para ser figurante de um quadro fixo no programa de humor "Bairro Feliz", da recém-inaugurada TV Globo. No quadro, o ator Milton Gonçalves comandava um bloco de Carnaval e sempre se via em apuros para recusar algum samba-enredo horroroso que o mítico Grande Otelo insistia em lhe oferecer, toda semana. O programa era ao vivo, nas noites de terça-feira. Os Originais do Samba cumpriam o papel de figurantes, totalmente mudos, até que um dia Grande Otelo, que passava por fase instável na vida pessoal e vira e mexe aparecia bêbado, entrou em cena com um livro, dentro do qual escondera as folhas com o texto que não havia decorado. Só que, no ar, o veterano comediante tropeçou e derrubou o livro, espalhando folhas para todo lado. O (até então desconhecido) Carlinhos do Reco-Reco, ao fundo, não segurou sua irresistível gargalhada, o que, ao vivo, contagiou a plateia no estúdio e os telespectadores em casa. Furioso com a impertinência daquele figurante (e para disfarçar a gafe de não saber o texto e de ter sua malandragem de escondê-lo dentro do livro revelada ao vivo), Grande Otelo disparou, com sua voz esganiçada: "Tá rindo do quê, seu... seu... seu muçum!" O inusitado "xingamento" (muçum é um peixe parecido com uma enguia), somado a cara de espanto do sambista, completou a gargalhada do público - e tudo foi espontâneo. Para desespero do futuro Mussum, o apelido pegou forte no elenco e ele nunca mais seria chamado de outra maneira na vida. Veja vídeo do peixe muçum:


A ORIGEM DO 'DIALÉTIS' - Mesmo entre as crianças e adolescentes de hoje, que nem tinham nascido quando Mussum morreu, falar igual o personagem, colocando "is" no final das palavras - cadeiris, garrafis, carióquis - ainda é uma febre, e também em memes na internet e em camisetas. O que pouca gente sabe é que não foi o trapalhão quem inventou esse "dialétis". Depois da gargalhada espontânea no programa "Bairro Feliz", da Globo, que provocou a ira de Grande Otelo e o batismo de seu apelido eterno, Mussum saiu do anonimato e fixou-se como um cara engraçado, ganhando espaço para contar piadas e fazer palhaçadas nos shows dos Originais do Samba. Por isso, em 1967, foi convidado a integrar o novo quadro do programa "Chico Anysio Show", na TV Tupi, como aluno da "Escolinha do Professor Raimundo". Como precisava do dinheiro, pois, para sustentar mulher e filho pequeno, somava a carreira de sambista com a de cabo da Aeronáutica, Mussum aceitou. Mas ficou muito nervoso, já que, na experiência anterior na Globo, tinha sido só figurante e não precisava falar nada. Foi aí que o próprio Chico Anysio, que o convidou pessoalmente para o programa, bolou, junto com o redator Roberto Silveira, alguns bordões para ajudar o personagem Mussum a ter o que dizer na Escolinha: “Olha, crioulo, você tem três expressões para ganhar a vida: 'tranquilis', 'como di factis' e 'não tem problemis'. Esse vai ser o seu ganha pão”. De factis, foi isso mesmis que aconteceu. Muito depois, Mussum gravaria com Chico Anysio uma parceria do humorista cearense com Nonato Buzar. Ouça:


Passista: Mussum, de perfil, é o 2º a partir da esquerda
SAMBISTA E PASSISTA - Apesar de muitos ainda recordarem a vida musical de Mussum com os Originais do Samba e posterior carreira solo, poucos sabem sobre sua extraordinária habilidade como passista, que deslumbrou os mexicanos durante excursões por aquele país nos anos 1960. Para se ter uma ideia, Mussum foi um dos passistas de destaque do desfile da Mangueira no Carnaval de 1967, que contribuíram decisivamente para que a escola fosse campeã, depois de seis anos sem título. Ele apareceu até na capa da extinta revista O Cruzeiro. Foi a habilidade como passista de samba, aliás, que favoreceu sua estreia no mundo artístico: como o reco-reco, o instrumento que tocava, não era realmente imprescindível para um grupo de samba, foram os passos rápidos e acrobáticos que garantiram sua vaga nos Modernos do Samba, primeira versão dos Originais. Com o tempo, o bom humor, o jeito engraçado e a capacidade de fazer todo mundo rir seriam outras características que o tornariam insubstituível - e protagonista - no conjunto. E que o levariam ao "Chico Anysio Show", chamando a atenção de um outro cearense: Renato Aragão. O resto, como ele mesmo diria, "é históris". Avoé, mestre Mussum! Que esteja eternamente em paz, tomando um "mé" num buteco celestial. Vamos celebrá-lo com um pouco de Originais do Samba:


E (lógico) com Os Trapalhões, mostrando seus "dotes" de baterista e de cantor:


LEIA TAMBÉM:


Encerro o post registrando uma paródia de "Os seus botões", música do Roberto Carlos, que ouvi no programa Os Trapalhões quando tinha uns cinco ou seis anos (e que nunca mais me saiu da cabeça!): "O botão da calça/ Que o Mussum usava/ Era tão pequeno/ Não abotoava/ O dia que caiu/ Foi uma festança/ Todo mundo viu/ Sua preta poupança"

Figuraças da eleição 2014 (1): Clark Crente

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Eleições parlamentares sempre contam com figuras, no mínimo, curiosas. A que chegou aqui via Twitter do Antonio Luiz Costa é a de um candidato a deputado estadual pela coligação Paraná Mais Forte (PSC-PR-PTdoB). O nome, o trocadilho de gosto duvidoso e as fotos abaixo dizem tudo: Clark Crente.

Na imagem abaixo, o Super-Homem se inspira na leitura para salvar a humanidade...


PS: Incluímos nesse post o marcador "cachaça" porque, convenhamos, o mundo exige né...

terça-feira, julho 22, 2014

Fora, Dunga 7 x 1 Fica, Dunga

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O Futepoca foi, em 2007, early adopter do "Fora, Dunga". Foi também precursor do "Fica, Dunga", quando ninguém queria ver o corte de cabelo arrojado do cidadão. O pessoal que aderiu ao "#xôDunga", as piadas sobre os sete anões e a Branca de Neve repetem muito do que se viu no passado.

Como o momento é de olhar para frente e afogar as mágoas, repetimos a dose, inspirados pela dor mais recente do cataclismo do Mineirão (o Mineiraço). A seguir, sete motivos para pedir a saída de Dunga e um para sua volta.

Dunga de novo, com gravata vermelha. Foto: Rafael Ribeiro / CBF

Fora, Dunga

1) Sem consistência tática
Contra-ataque eficaz é uma boa arma, mas depende de peças aptas e não resolve todos os jogos, só os contra times que atacam mais. Falta estofo tático ao capitão do Tetra.

2) Conflito de interesses
Gilmar Rinaldi, Leonardo e Dunga são amigos. O primeiro vinha atuando como empresário de atletas. O segundo, foi cartola de clube italiano e técnico. O terceiro não tem histórico de feitos a partir do banco de reservas que justifique a (re) escolha. O valor das motivações privadas e obscuras ganham força.

3) Treino é treino
Dunga treinava muito, ensaiava muitas jogadas de bola parada, mesmo contra-ataques. Mas como sacramentou Didi na preparação para a Copa de 1958, treino é treino, jogo é jogo. Faltou à seleção de 2014, de fato, capacidade de aproveitar melhor as bolas paradas e contra-ataques, mas isso teve mais elo com as peças disponíveis do que com ensaio. Saber o que tinha de ser feito, até eu sabia. Fazer em campo depende de capacidade.

4) Escassez de craques ignorada
O momento do futebol brasileiro é de uma escassez inédita de craques. Reinventar o modo de jogo envolve saber explorar as peças disponíveis, pensar tanto em horizonte de quatro quanto de oito anos. Dunga não será esse cara capaz de articular ações para além da Rússia 2018. Os apelos por renovação e arejamento foram negados.

5) Repetir técnico em Copas não presta
Vicente Feola em 1966 (após o título de 1958), Mário Jorge Lobo Zagallo em 1974 e 1998 (após o tri de 1970), Telê Santana em 1986 (após a tragédia do Sarriá em 1982), Carlos Alberto Parreira em 2006 (após o Tetra de 1994) e Felipão em 2014 (após o penta de 2002). Repeteco do cidadão que ocupa o banco de reservas e recruta os selecionados deu água antes. E olhe que os nomes anteriores tinham, no currículo, campeonatos mundiais.

6) Faltou norte e cabeça no lugar, não só raça
Dunga foi chamado para a preparação da Copa de 2010 para recuperar a gana de defender as cores da camisa Canarinho, após a apatia de 2006, quando ninguém parecia querer jogar -- o que culminou na derrota para a França nas quartas de final. Em 2014, o sapeco sofrido diante da Alemanha e a derrota para a Holanda foram fruto da ausência de norte dentro de campo após a saída do 10 Neymar, por contusão. Raça não foi o atributo em falta (ou não foi o que mais fez falta). Chamar um técnico que tenha na capacidade de motivação seu forte pode não ser a resposta certa para as perguntas colocadas sobre o futuro do futebol brasileiro.

7) Figurino não ganha jogo
Um dos destaques da Era Dunga enquanto treinador foi o figurino. Desenhado pela filha, estilista, as roupas ganhavam mais atenção do que o futebol apresentado. Felipão usava o mesmo casaco todo jogo, por superstição. Joaquim Low vestia traje esporte, Sabella e Van Gal iam de terno e gravata. Não foi isso que deu resultado.

Mas como nem só de ranzinzas vivem os amantes do futebol, é preciso enxergar que pode haver algo dentro do Copa. De cara, alcançamos um ponto positivo... Pode nem ser um "copo meio cheio", mas talvez já sejam uns "dois dedinhos" no copo. Para manguaça sedento, dois dedos já é melhor do que nada. Proximamente poderemos ter mais...

Fica, Dunga

1) Anti-Globo, pelo menos até a página 2
Ao não privilegiar entrevistas exclusivas à Globo, criou-se a noção de que Dunga afrontou a emissora. A mudança na estrutura de comunicação da CBF com a saída de Rodrigo Paiva, em tese, pode permitir algum afastamento do veículo hegemônico. Só que os donos dos direitos de transmissão seguem os mesmos.

segunda-feira, julho 21, 2014

Pra FRENTE, Brasil! (Só que não...)

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Para a CBF, nosso futebol sempre está DE VOLTA para o 'futuro'
Seria uma boa piada, se não fosse a mais dura e cruel verdade: pressionada por "renovação" total, completa e absoluta, a conservadora, retrógrada e obsoleta CBF está prestes a anunciar como "novo" técnico da seleção... Dunga! Sim, Dunga! Ele é a RENOVAÇÃO! Insisto, não é piada, não (ou é, mas de muito mau gosto). Uma derrota para a Holanda, na Copa de 2010, o tirou do comando da equipe, e, após nova derrota para os holandeses, em 2014, ele volta ao comando. Extremamente simbólico isso. O remédio para um fracasso é demitir o treinador e, para outro, readmiti-lo (!). O que desperta, na cabeça de todos os torcedores, a pergunta óbvia (eternizada por Vinicius e Toquinho na música "Cotidiano nº 2"): "Se foi pra desfazer, por que é que fez?". Pra quê Mano Menezes? Pra quê Felipão?

O retorno de Dunga é só mais um motivo que explica o fato de eu não conseguir torcer pela seleção brasileira já há 28 anos - mais especificamente depois da Copa do México. Um mundial em que, curiosamente, o atual presidente da CBF, José Maria Marin, chefiou a delegação canarinho (ou seja, como diria o sábio Leo Jaime, "Uou-ou-ou-ou, nada mudou...". E vou além: ganhar as Copas de 1994 e 2002 fez MUITO MAL para o futebol brasileiro. Porque ganhou jogando mal, retrancado, dependente de valores individuais (Bebeto & Romário; Rivaldo & Ronaldo) e com a mesma falta de organização, de base, de estrutura, de planejamento, de conjunto e de RENOVAÇÃO que teve nas derrotas de 1990, 1998, 2006, 2010 e 2014, por exemplo. Sim, isso mesmo. Num torneio mata-mata de "tiro curto" como é a Copa do Mundo, essa mesma seleção que hoje está sendo trucidada pela torcida e pela imprensa poderia muito bem ter desviado da Alemanha e da Argentina - ou Neymar resolvido sozinho nesses jogos - e conquistado o hexacampeonato. Felipão seria "canonizado", a CBF louvada como "exemplo" e NINGUÉM estaria falando em "crise" ou "renovação" no futebol brasileiro. Muito menos em Dunga. Exagero?

Pois agora haverá mais uma "perfumaria" e tudo continuará como dantes no quartel de Abrantes. Os interesses econômicos sempre em primeiro lugar (Rede Globo, Nike, Traffic, mega-patrocinadores, empresários de jogadores etc etc etc), a mesma "meia-dúzia de três ou quatro" comandando a CBF, os mesmos nomes de sempre treinando a seleção, as mesmas convocações e escalações arbitrárias, sem qualquer critério ou lógica aparente, enfim, MAIS DO MESMO. E daqui a quatro anos todos os brasileiros que estão "revoltados" e "indignados" hoje com a seleção vão vestir suas (caríssimas) camisas oficiais do Brasil, pintar a cara, as ruas, soprar vuvuzelas, sintonizar a TV no último volume com o Galvão Bueno berrando e cantar "sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor". Afinal, é "dever patriótico" torcer pela seleção.... É isso mesmo? Eu passo.

domingo, julho 20, 2014

De volta ao mundo real, até que tem futebol no Brasileirão

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Guerrero guardou o dele, o que é um bom começo
De volta ao mundo real, onde os jogos de futebol não são entre seleções nem reúnem os melhores jogadores do mundo, assisti logo uns quatro  do Brasileirão nessa semana. Tratamento de choque, arrancar o band-aid, sabe como é.

O surpreendente é que o que vi não me deixou tão assustado assim. Teve momentos horrorosos, sem dúvida, mas também uns minutos de futebol bem jogado.

Para meu alívio, alguns desses minutos foram protagonizados pelo meu Corinthians, na vitória contra o Internacional - a primeira na casa nova, alvíssaras. Adversário de nível, o que valoriza os dois gols construídos com pressão na saída de bola, toque de bola rápido e jogadas inspiradas, como o belo passe de Jadson para o gol de Guerrero - pois é, o centroavante marcou. Elias jogou bem, a defesa foi consistente, Cássio fez uma defesa milagrosa, tudo certo.

Isso foi tudo antes dos 20 minutos de jogo, partida praticamente resolvida, coisa e tal. Aí começa o pepino, e um velho conhecido dos alvinegros: o time recua para atrair o adversário e buscar o contra-ataque. Nada contra a opção num jogo com vantagem de dois gols. Holanda, Argélia, Costa Rica e Argentina estão aí pra mostrar que um bom contra-golpe é uma arma poderosa. Mas o problema é que o dito cujo não sai. A defesa até que vai bem, mas quando retoma a bola, a coisa trava.

Não sei se é uma questão de posicionamento, time recuado demais e sem opções para o passe rápido, ou de técnica, o cara que pega a bola não sabe o que fazer com ela. Mas o fato é que os meias erram os passes, os atacantes não se mexem ou ficam isolados, e só acertamos de fato uma chance nessa modalidade, quando Luciano errou a cabeçada que poderia abrir a porteira do Inter. Em vez disso, ficamos acuados lá atrás até que o Colorado fazer seu gol. Emoção demais pro meu gosto.

Outro time que jogou bem na partida que vi foi o São Paulo. Futebol bacana de ver, com muita troca de passes, movimentação, busca do ataque, defesa pensada com a ocupação de espaços. Pergunta: alguma dessas características lembra algum time já montado por Muricy Ramalho? Pois é, parece que a Copa fez bem ao inventor do famigerado muricybol.

A opção fez bem a Ganso, que parece mais aceso e adaptado a esse estilo de jogo. Falta ainda um pouco mais de participação na fase defensiva, mas o meia está bem. Outro que fez bom começo é Allan Kardec, que estreou marcando o segundo gol, resultado de uma bonita trama entre Ganso e o bom volante Souza.

No segundo tempo, o time tirou o pé do acelerador e chegou a passar uma certa raiva, mesmo com o Bahia  fazendo uma apresentação tenebrosa. Como acabou perdendo em casa na partida seguinte para a Chapecoense, diminuiu minha preocupação inicial.

O Bahia também esteve em outra partida que vi parcialmente, contra o Atlético MG, no Independência. E curiosamente, foi o visitante que fez o melhor jogo no primeiro tempo. Baixou um pouco a ansiedade e conseguiu tocar minimamente a bola, o que não fez contra o São Paulo. O time nordestino ainda busca uma melhor formação, mas pelos dois jogos palpito que William Barbio merece começar jogando e que Rainer não pode pegar a bola no meio de campo sob pena de perdê-la no quarto drible que o rapaz exige antes de passar a redonda.

Já o Atlético foi decepcionante, pelo menos na primeira etapa, com passes errados a granel. Claro que não tinha vários de seus principais jogadores, entre eles Ronaldinho Gaúcho, fora do time por opção de Levir Culpi. Segundo o técnico, os números do ex-craque não têm demonstrado efetividade e Guilherme está melhor. Por mais que o argumento não seja muito do gosto do torcedor brasileiro, fico me perguntando se os atleticanos sentem tanta falta do Gaúcho quanto alguns profestas do passado que depois da eliminação da seleção passaram a pedir o ex-melhor do mundo no elenco de Felipão.

De todo jeito, os mineiros melhoraram no segundo tempo com a entrada de Luan, autor do gol de empate. E Levir, sejá lá o que diga sua planilha, tem uma boa dose de trabalho a fazer.

O jogo mais fraco da minha pequena lista foi Grêmio e Goiás. Lento, pouco criativo e com poucas chances de gol, valeu o 0 a 0. Exatamente como eu imaginava que todos seriam, no que me descobri agradavelmente equivocado.

sexta-feira, julho 18, 2014

Se vai resolver lá na CBF, não sei - mas o homem já deu prova, em campo, de que sabe decidir sob pressão

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Gilmar no São Paulo: de 85 a 90
Anunciado ontem como novo coordenador geral de seleções pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o ex-goleiro Gilmar Rinaldi já enfrenta ceticismo, desaprovação e desconfiança por parte da imprensa. Principalmente porque, do ano 2000 para cá, ganhou a vida como empresário de jogadores. Por isso, a possível convocação de algum deles, a partir de agora, vai dar o que falar - mesmo que o ex-goleiro tenha abandonado suas atividades como agente de atletas.

A pulga é colocada atrás da orelha devido a um episódio ocorrido logo após a única experiência de Gilmar como administrador, a curta passagem como superintendente de futebol no Flamengo, entre 1999 e 2000, marcada de forma polêmica pelas multas e repreensões a Romário, que teve o contrato rescindido naquele ano e voltou ao Vasco (não por outro motivo, o ex-atacante, hoje deputado federal, detonou a escolha de Rinaldi pela CBF e o chamou de "incompetente e sem personalidade").

Vampeta no Flamengo: fracasso
Em 2001, ao se tornar agente de jogadores, Gilmar cooptou três jovens revelações flamenguistas: o zagueiro Juan (hoje no Internacional) e dois atacantes recém-profissionalizados,  Reinaldo (que passaria por São Paulo e Santos) e Adriano (futuro "Imperador"). Daí, na ânsia e na oportunidade de emplacar seus empresariados no futebol europeu, intermediou uma das transações mais lamentadas pela torcida rubro-negra. O volante Vampeta, que tinha metade de seus direitos econômicos divididos entre o Inter de Milão e o Paris Saint Germain, veio para o Flamengo; em troca, o clube deu Adriano para o Inter e Reinaldo para o PSG, mais 5 milhões de dólares.

O fiasco do time da Gávea naquela temporada, em que escapou do rebaixamento no Brasileirão por pouco, ficou eternizado em uma frase exatamente de Vampeta: “O Flamengo finge que me paga, eu finjo que jogo”. Pra piorar a situação, Adriano brilharia no Inter de Milão e Reinaldo conquistaria até uma Copa da França pelo PSG. Como ex-funcionário do Flamengo (o que possibilitou o contato e o aliciamento das "pratas da casa" do clube), Gilmar ficou em "saia justa" por ter intermediado esse clássico "negócio furado" para o Flamengo. Relembrado, agora, para botar desconfiança em sua contratação pela CBF.

Gilmar atuando pelo Cerezo Ozaka
Bom, como o futuro - na e da CBF - a Deus pertence, só me resta relembrar, aqui, um pouco da (vitoriosa) carreira de Gilmar dentro de campo. Revelado pelo Inter de Porto Alegre, pelo qual foi tetracampeão gaúcho entre 1981 e 1984, jogou depois pelo São Paulo (campeão paulista em 1985, 1987 e 1989 e brasileiro em 1986), Flamengo (campeão carioca em 1991 e brasileiro em 1992) e Cerezo Osaka, do Japão, onde encerrou a carreira. Pela seleção brasileira, ganhou a medalha de prata como titular nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1984, e a Copa de 1994, também nos Estados Unidos, dessa vez como terceiro goleiro. Mas o que vou guardar na memória para sempre, de seus tempos sob as traves, foi uma das decisões mais instantâneas, lúcidas, incisivas e espetaculares tomadas por um jogador em uma situação de pressão extrema.

A decisão do Brasileiro de 1986, disputada na noite/início de madrugada de 25 para 26 de fevereiro de 1987, em Campinas, foi uma das mais emocionantes do futebol brasileiro em todos os tempos (já escrevi sobre ela aqui). Na metade do segundo tempo da prorrogação, quando São Paulo e Guarani empatavam por 2 x 2, o rápido bugrino João Paulo aproveitou uma falha do zagueiro Wagner Basílio e botou os donos da casa na frente do placar, garantindo, ali, o título. Depois, quando faltava só um minuto para o jogo acabar, o mesmo João Paulo, em vez de segurar a bola em seu pé no ataque e aguardar o apito final para comemorar, tentou mais um chute, que foi para a linha de fundo. Na reposição, Gilmar pegou a bola e tocou para o - até ali - desafortunado Wagner Basílio.

Careca: milagre na prorrogação
O outro zagueiro, Darío Pereyra, contaria mais tarde que recriminou o goleiro: "Pô, falta menos de um minuto, pra quê sair jogando? Dá um chutão pra frente!" Naquele momento, o hino do Guarani soava nos auto-falantes do estádio Brinco de Ouro e o juiz José de Assis Aragão já olhava o relógio para apitar o fim do jogo. Mas Gilmar, ao tocar para Wagner, ordenou: "Toca pro Careca, que ele resolve!". No vídeo do lance (abaixo), é possível ver João Paulo chutando a bola para fora e depois fazendo o gesto de "Calma, que já acabou" para o time do Guarani; Gilmar tocando a bola para Wagner e Darío Pereyra olhando para trás e reclamando; a bola viajando e resvalando na cabeça do meia Pita; e depois pingando na frente do centroavante Careca. Que, para milagre supremo e confirmação do palpite de Gilmar, soltou a bomba, de primeira, e empatou o jogo!


Sábio Gilmar! Que depois ainda pegaria um pênalti na série de cobranças que deu o título ao São Paulo - e cujo último gol, ironicamente, foi de Wagner Basílio. Um título que, aos 14 minutos do segundo tempo da prorrogação, estava (quase) irremediavelmente perdido.

quinta-feira, julho 17, 2014

No primeiro clássico paulista pós-Copa, Santos supera Palmeiras por 2 a 0 na Vila

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Bruno Uvini comemora seu 1º tento (Ivan Storti/SantosFC)
Com dois gols de jogadores que nunca haviam marcado antes com a camisa do Santos, o Alvinegro Praiano superou o Palmeiras na Vila Belmiro. O zagueiro Bruno Uvini, aliás, autor do primeiro tento da peleja, nunca havia marcado como profissional. Alison, volante, foi quem anotou o segundo. O Peixe está quinto lugar no Brasileirão, empato em número de pontos com o Sport, que fecha o G-4.

Depois do intervalo forçado dos clubes do Brasileiro, em função da Copa, a expectativa era grande em relação à forma como as duas equipes iam jogar. Após o apito inicial, viu-se que a proposta alviverde do treinador Ricardo Gareca, argentino, era até parecida com a adotada pela seleção do seu país no Mundial, com duas linhas de quatro na defesa mas com o adendo de marcar em boa parte do tempo com os dez atrás da linha da bola.

Bom, mas a diferença é que Gareca não tem grandes opções de ataque como a equipe de seu compatriota Alejandro Sabella. Assim, o Palmeiras foi um time que marcou bastante no primeiro tempo, abrindo mão da posse de bola (que na metade da etapa inicial era de 68% para os donos da casa), e esperando um contra-ataque. Mas o "arco" da equipe, Bruno César, foi mal, e as "flechas" Leandro e Diogo também.

Com a proposta de atacar, o Santos seguiu pressionando mas só achou uma finalização aos 21 minutos, com Geuvânio. Mesmo assim, notava-se uma mobilidade bastante grande dos homens de frente, que trocavam de posição de forma coordenada e contavam ainda com a chegada de Arouca e dos laterais. O gol chegaria logo depois do chute inaugural, em uma cobrança de falta pelo lado direito de Lucas Lima, que achou o zagueiro Bruno Uvini, livre. O garoto testou para o chão, como manda a cartilha, e fez.

O Palmeiras ainda tentou atacar, mas o único momento de tensão surgiu em uma saída errada de Aranha pelo alto, que não foi aproveitada pelos visitantes. Já na segunda etapa, os visitantes conseguiram chegar com algum perigo, mas os espaços para os contragolpes santistas apareceram. Os palmeirenses chegaram a comemorar um gol, anotado após impedimento corretamente marcado pela arbitragem, mas foi quase tudo que a equipe fez.

Aos 23, o fim das esperanças alviverdes. Arouca tocou para Gabriel que, de primeira, serviu o volante Alison, que também chutou de bate-pronto. Mesmo com mais posse de bola em função da postura do Peixe após a vantagem e com Mendieta entrando e fazendo um pouco mais que Bruno César, o poder ofensivo do Verdão era reduzido e foi o Alvinegro que ainda levou perigo em estocadas de Rildo e Gabriel.

Pelo lado santista, a defesa, a melhor da competição junto às do Cruzeiro e do Corinthians, com cinco gols sofridos, segue bem, mas a coordenação das jogadas de ataque precisa melhorar, principalmente quando o time tem espaço para contragolpear e pode utilizar sua melhor arma, a velocidade. No Palestra, Gareca ajustou a defesa, mas vai ter que se virar para fazer um ataque eficiente com as peças de que dispõe.

Pra (não) variar, 'a culpa é da Dilma'...

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Mais uma da série "Oi? Acuma?" lá pelos lados do São Paulo Futebol Clube (notório por "dificultar a vida de seus fãs de esquerda"): depois que Ney Franco, como treinador do time, tentou desviar a atenção da mídia sobre a campanha vexatória que quase levou o clube à Série B do Campeonato Brasileiro citando o "mensalão", agora é a vez de Rogério Ceni diagnosticar a crise da CBF e do futebol brasileiro como culpa da... presidente da República, Dilma Rousseff (!).

- A CBF deveria pensar menos em si, em lucrar, e mais nos clubes, que estão em uma pindaíba desgraçada. Quem sabe agora, com campanha, a presidente não tenta se mexer um pouco. Em época de eleição, as pessoas acabam se mexendo. - disse o goleiro.

Mas... peraí. Num "intindí". A CBF não é uma entidade privada, mantida com recursos privados? E os clubes de futebol também não são, da mesma forma, entidades privadas mantidas com recursos idem? E o governo de Dilma Rousseff não foi (e ainda é) duramente criticado exatamente por gastar dinheiro com futebol, na organização da Copa do Mundo e liberação de verbas para a reforma e construção de estádios? E Rogério Ceni não cai em contradição ao exigir intervenção pública no futebol quando, nas últimas eleições presidenciais e municipais, apoiou publicamente José Serra, agressivo defensor do estado mínimo e do mercado privado como regulador da economia?

Pois é. Como disse o goleiro, "em época de eleição, as pessoas acabam se mexendo". Pessoas como ele próprio, notório eleitor do PSDB, que sempre aproveita microfones, câmeras e holofotes para misturar alhos com bugalhos, sem qualquer "bom senso", e favorecer (desinteressadamente?) interesses políticos de sua preferência. Públicos e privados.

domingo, julho 13, 2014

7 x 1 é conta de mentiroso? 7 motivos para crer que não

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Pronto, a Copa acabou. Mas, se los hermanos também perderam pra Alemanha, pelo menos não perderam de sete. Ou 7 x 1, que, se colocarmos como "1 jogo de 7 a 1", teremos o numeral 171 - que no Brasil configura estelionato, pelo Código Civil, e virou gíria para qualquer tipo de enganação, tapeação. Ou mentira. Afinal, 7 x 1 parece conta de mentiroso. Mas veremos, abaixo, sete motivos para mostrar que, no Brasil, muitos torcedores tiveram sensação de dejà vu no desagradável (para dizer o mínimo) "Mineiraço":

1) São Paulo 7 x 1 União São João (26/10/1997) -  Quem lê o placar e desdenha o time de Araras, que hoje disputa a 2ª Divisão paulista, deve lembrar que naquela época ele disputou a Série A do Brasileiro quatro anos seguidos, entre 1994 e 1997. Foi também o clube tri-superlativo (ão-ão-ão) que revelou o lateral pentacampeão Roberto Carlos. Naquele jogo do Brasileirão, no Morumbi, o União, treinado por Geninho, deu o azar de ter dois jogadores expulsos (Toninho e Ricardo Lima), de o juiz Dalmo Bozano marcar um pênalti duvidoso e de pegar o atacante sãopaulino Dodô "na ponta dos cascos": fez cinco gols. Marcelinho Paraíba fez os outros dois. Em 97, Dodô fazia uma dupla infernal com Aristizábal e chegaria a 55 gols em 69 jogos pelo São Paulo (média de 0,79) - até hoje, o maior artilheiro do clube em uma temporada. Naquele campeonato, o atacante já havia feito todos os gols dos 5 x 0 contra o Cruzeiro, no hoje fatídico Mineirão.



2) Vasco 7 x 1 Guarani (05/08/2001) - Campeão da infame Copa João Havelange, que substituiu o Brasileirão em 2000, o Vasco "atropelou" muita gente no ano seguinte. Comandados em campo por um Romário mais artilheiro que nunca (marcou nada menos que 73 gols em 2000), os vascaínos aplicaram 7 x 0 no Botafogo pelo Carioca, no Maracanã, e repetiriam o placar de 7 x 1 por duas vezes no Brasileirão, ambas em São Januário e contra times paulistas. A primeira vítima foi o Guarani, do técnico Hélio dos Anjos e de Edu Dracena (hoje no Santos), Jadílson (futuro Goiás e São Paulo) e Fumagalli (que iria para o Corinthians). Jogando com dez, depois da expulsão de Sangaletti, o time campineiro sofreu gols de Botti, Jorginho, Juninho Paulista e quatro de Romário, autor de outros dois contra o Botafogo e de mais três contra o São Paulo. Ou seja, dos 21 marcados pelo Vasco naquelas três goleadas de sete em 2001, mais de um terço, nove gols, foram do Baixinho.



3) Vasco 7 x 1 São Paulo (25/11/2001) - Em mais uma partida válida pelo Brasileirão, no estádio dos vascaínos, cinco personagens foram decisivos para que os sãopaulinos sofressem um "Januariaço": o goleiro Rogério Ceni, que pegou a bola com as mãos fora da área logo aos 6 minutos, num lance de bola cabeceada que ia em direção ao gol, e foi corretamente expulso pelo árbitro Carlos Eugênio Simon; o goleiro reserva Alencar, que entrou cometendo falhas grotescas e já foi tomando um peruzaço quando o Vasco abriu o placar; o atacante Romário, em mais uma tarde inspirada, que marcou três vezes; o lateral Gustavo Nery, que também foi expulso e fez o Tricolor terminar com nove em campo; e, mais do que todos, o técnico Nelsinho Baptista, que já havia feito o São Paulo sofrer um 7 x 2 da Portuguesa, no Brasileirão de 1998 - e que voltaria a tomar 7 x 1 quatro anos depois pelo Santos, como veremos mais abaixo. Perto de Nelsinho, Felipão é juvenil.



4) Fluminense 7 x 1 Juventude (27/10/2004)  - Novamente pelo Brasileirão, cariocas e gaúchos se enfrentaram em Volta Redonda, na mesma noite em que, no Morumbi, o zagueiro Serginho, do São Caetano, sofreu um ataque cardíaco e morreu, durante confronto com o São Paulo. No Rio, os destaque da goleada foram o hoje comentarista Roger Flores, com dois gols (um deles uma pintura), Alessandro, que também marcou duas vezes, e Rodrigo Tiuí, o artilheiro da noite, com três anotados. Assim, o Fluminense vingou a derrota de 6 x 0 sofrida em 1999. Mais uma vez, expulsões favoreceram o placar: o Juventude perdeu Lauro e Vanderson (Odvan, do Flu, também levou vermelho). Daquele time gaúcho, treinado por Ivo Wortmann, talvez o único jogador um pouco mais conhecido seja o lateral Jancarlos, que depois jogaria por Goiás e Atlético-PR, antes de sagrar-se campeão brasileiro pelo São Paulo, em 2008 - e falecer num acidente de carro, em 2013.



5) Corinthians 7 x 1 Santos (06/11/2005) -A tragédia santista no Pacaembu começou antes do primeiro minuto de jogo, quando o jovem Halysson fez besteira perto da área e Rosinei abriu o placar. O massacre ainda teria mais três gols do argentino Tévez, dois de Nilmar e um de Marcelo Mattos. A expulsão do santista Rogério favoreceu o "vareio", mas a escalação de Hallyson, que falhou por duas vezes e foi substituído tardiamente, fez com que os torcedores creditassem ao técnico Nelsinho Baptista a culpa pelo desastre. Sim, aquele mesmo treinador que já havia levado sete por duas vezes, com o São Paulo. Num campeonato em que os corintianos seriam campeões após uma polêmica anulação de partidas, a reincidência de Nelsinho leva a crer que a história se repete mesmo como farsa. E a cruel ironia: Baptista seria o técnico no rebaixamento do Corinthians, em 2007.



6) Grêmio 7 x 1 Figueirense (24/07/2008) - Se tivemos Dodô, Romário, Rodrigo Tiuí e Tévez como protagonistas das goleadas anteriores, as estrelas desse atropelo gremista pra cima dos catarinenses, no Brasileirão, foram o colombiano Perea e Reinaldo (aquele que era "melhor que o Tierry Henry" e hoje está no Oeste de Itápolis), com três gols cada um. Marcel fechou o placar. O Grêmio do técnico Celso Roth contava ainda com Victor no gol, que esquentou o banco da malfadada seleção canarinho nesta Copa de 2014, e o hoje aposentado meia Tcheco. Do outro lado, apenas o meia Cleiton Xavier, que teria brilho efêmero no Palmeiras, é digno de nota. Foi ele quem anotou o "gol de honra" da partida. Uma curiosidade: ao contrário dos jogos descritos acima e assim como o Brasil contra a Alemanha, o Figueirense não teve jogador expulso nestes 7 x 1. E, não por acaso, o time de Florianópolis foi um dos rebaixados no Campeonato Brasileiro de 2008.



7) Bahia 7 x 1 Itabuna (25/03/2012) -Em que pese a diferença algo significativa entre a Copa do Mundo e o Campeonato Baiano, nada melhor do que um jogo em que o Bahia, time do coração de Daniel Alves e Dante, encontrou o mesmo nível de dificuldade que a Alemanha teve diante do Brasil de Felipão - e que me perdoe o Itabuna e seu técnico na ocasião, Gélson Fogazzi, pela pouco lisonjeira comparação! O artilheiro daquele dia, com quatro gols (quatro vezes mais do que o Fred em toda a Copa), foi o velho conhecido Souza, ex-artilheiro do Brasileirão pelo Goiás e com passagens por Flamengo e Corinthians. Magno, Junior e Lenine "fecharam o caixão". No jogo, outros dois ex-corintianos marcaram presença: Lulinha, pelo Bahia, e  Fernando Baiano, de tempos (muito) idos, pelo Itabuna. Detalhe: a equipe de Salvador era treinada por ninguém menos que Paulo Roberto Falcão, que treinou a seleção brasileira mas não chegou a uma Copa. Nem levou 7 x 1 da Alemanha...

sábado, julho 12, 2014

A Laranja contra o bagaço - Brasil e Holanda disputam o 3º lugar da Copa

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Seleção tenta apagar péssima impressão do vexame contra a Alemanha, Holanda busca manter invencibilidade na competição

Brasil e Holanda entram em campo hoje para tentar superar o trauma das semifinais. A partida, que será disputada em Brasília, no Estádio Mané Garrincha, às 17h, dará à seleção de Felipão a oportunidade de apagar ao menos um pouco o resultado vexatório contra a Alemanha, enquanto o treinador Louis Van Gaal, após desdenhar do duelo, busca na manutenção da invencibilidade uma forma de motivar seus atletas.

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Disputa de 3º lugar nem sempre é jogo chato 

A disputa do terceiro lugar, desprezada publicamente pelo técnico da Holanda Louis Van Gaal, sequer existe em algumas competições e modalidades. No tênis, por exemplo, tal duelo não costuma acontecer e mesmo em Mundiais, em duas ocasiões, 1930 e 1950, não houve jogo pelo bronze do torneio. Ainda assim, o fato de a partida contar com seleções já desobrigadas pode resultar em pelejas emocionantes e com muitos gols.

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quarta-feira, julho 09, 2014

Fui à cozinha e tava 2 x 0. Voltei, tava 5!

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Sim, sou um cara esquisito. Desde aquela fatídica cobrança de pênaltis contra a França, em 1986, nunca mais consegui torcer pela seleção brasileira. Não torço contra, mas o selecionado não me diz absolutamente nada. Porque nunca concordo com a escolha dos técnicos nem com as convocações e muito menos com a escalação dos titulares. Também só assisto futebol pela TV com o som desligado. Não suporto o tanto de besteiras, lugares-comuns, obviedades e gracinhas sem graça de locutores, comentaristas e afins. Enfim, sou esquisito, não nego e pago quando puder!

Dito isto, fica mais fácil descrever a cena da tarde paulistana (nublada) de terça-feira, quando me postei sozinho em frente à TV (sem som) para assitir Brasil x Alemanha. Por ter aproveitado a dispensa do trabalho para me levantar o mais tarde possível, ainda não havia almoçado às 17 horas. Assim, depois de testemunhar (sem qualquer comoção) o primeiro e o segundo gols dos alemães, e já prevendo que dificilmente os brasileiros reverteriam tal placar, me levantei para ir à cozinha preparar o almoço.


Lembrem-se: a TV estava sem som. Peguei a comida na geladeira, botei num prato, levei ao microondas e teclei 3 minutos. Enquanto aguardava o alimento esquentar, espremi umas laranjas pra fazer um suco e temperei um pouco de salada. Silêncio absoluto na vizinhança. Transportei o almoço para a sala, me posicionei novamente em frente à TV e, por um segundo, tive um lapso de confusão mental. Porque o placar da partida, no canto superior esquerdo da telinha, não era mais 2 x 0. Era 5 x 0!

Mas, como assim?!!?? Somando a ida e a volta e o tempo do microondas, não gastei mais do que 5 minutos na cozinha! O que aconteceu?!? Apalermado, apanhei o controle remoto e acionei o som da TV. Na Bandeirantes, parecia que o locutor falava comigo: "Pra você que está ligando agora, é isso aí mesmo, está 5 x 0 pra Alemanha, com meia hora de jogo". Desliguei o som. Na vizinhança continuava o mais completo e absoluto silêncio. E permaneceu o silêncio mais ensurdecedor que jamais ouvi.

Depois da goleada mais bizarra, inacreditável, impensável, inapelável e acachapante que jamais imaginaria presenciar em toda a minha existência. E a Alemanha visivelmente "tirou o pé" e poupou o Brasil no segundo tempo (!). E foi "só" 7 x 1...

sábado, julho 05, 2014

Semifinais definidas. Veja como ficaram os confrontos da Copa

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E estão definidos os confrontos das semifinais da Copa do Mundo de 2014. Entre os quatro melhores, dez títulos mundiais e uma seleção que busca seu primeiro triunfo. As partidas que vão decidir os dois finalistas da competição acontecem na terça e na quarta desta semana (sim, você vai ter que aguentar agora mais dois dias sem jogos...).

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sexta-feira, julho 04, 2014

James Rodríguez, o camisa dez da Colômbia que quer fazer história

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Dezesseis anos depois de participar de sua última edição de Copa do Mundo, a Colômbia voltou a jogar um Mundial e conseguiu sua melhor campanha em todos os tempos. Foi quem conseguiu fazer fácil sua partida nas oitavas de final (contra o outrora favorito Uruguai), tem 100% de aproveitamento e conta com o principal astro do torneio até agora, o meia James Rodríguez. Mas quem é esse camisa dez que roubou a cena de astros com muito mais nome?

No caso do craque da Colômbia, o gosto pela bola vem de berço. O jovem meia nasceu em Cúcuta, em 12 de julho de 1991, e é filho de Wilson James Rodríguez, que jogou no Independiente de Medellín, e sobrinho de Antonio Rodríguez, que também jogou no clube. Mas não foi o pai que o introduziu no futebol.

Ainda na infância, seus pais se separaram e foi o segundo marido de Pilar Rubio, sua mãe, Juan Carlos Restrepo, que o inscreveu na Academia Tolimense aos cinco anos. O ídolo de infância de James Rodríguez não era um jogador de carne e osso, mas sim Oliver Tsubasa, garoto japonês do desenho animado Supercampeões. Aos 12 anos de idade, chamou a atenção ao marcar um gol olímpico na final do torneio infantil mais importante de seu país, atuando pela Tolimense.

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quarta-feira, julho 02, 2014

Hora da decisão: as oito melhores seleções da Copa 2014

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Como há um confronto entre duas seleções europeias para definir um dos semifinalistas (França x Alemanha), pelo menos um representante do Velho Mundo está assegurado entre os quatro melhores do mundo. O mesmo vale para os sul-americanos: Brasil x Colômbia são garantia de que alguma nação do Novo Mundo estará lá.

Curiosamente, na outra chave, os confrontos são entre seleções do continente americano contra times oriundos da Europa.

Todos os africanos e asiáticos já foram eliminados.

De um lado (a chave do Brasil), há três campeões do mundo e um azarão (ai, meu Deus! Parece um certo Grupo D, no qual dois bichos-papões caíram). De outro, uma bicampeã e três aventureiros.


Os favoritos que se cuidem.

Leia o post completo aqui

segunda-feira, junho 30, 2014

França x Alemanha - clássico europeu nas quartas de final

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Confira como foram as duas partidas das oitavas de final hoje que definiram mais um duelo de quartas de final da Copa do Mundo de 2014.

França 2 x 0 Nigéria: Em ótima partida, Azuis são mais objetivos e chegam às quartas 

Times fizeram jogo movimentado e cheio de alternativas, mas africanos cansam e franceses aproveitam

Leia aqui

Alemanha bate Argélia na prorrogação em jogaço no Beira Rio 

Partida disputada segundo a segundo teve chances para os dois lados e foi uma das melhores da Copa - mesmo sem gols no tempo normal

Leia aqui

sábado, junho 28, 2014

Brasil x Chile - retrospecto em Copas favorece a seleção

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O retrospecto brasileiro contra os chilenos em Copa do Mundo é amplamente favorável à seleção canarinho. Foram três partidas em mata-mata, todas com vitória do Brasil, e saldo de oito gols a favor, com onze tentos anotados e três sofridos. Entre as curiosidades, a força da jogada aérea. Em todas as pelejas a seleção marcou pelo alto, três vezes em 1962 e uma vez em 1998 e 2010.

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sexta-feira, junho 27, 2014

Futebol em que bola na rede não é o principal

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Quatro crônicas de Mouzar Benedito que vêm a calhar antes das oitavas de final da Copa

O futebol nosso, da Copa e de cada dia (Gisele Porcaro/Flickr)

Jogador birrento

O Edmilson nem era tão craque que pudesse fazer exigências para jogar no time de criado pelo meu amigo Luizinho, mas era cheio de manhas.
Uma vez, num jogo com outro time de várzea dos extremos da zona oeste de São Paulo, o árbitro jogou a moeda e o Luizinho, que além de criador era o capitão do time, escolheu para iniciar o jogo um lado do campo de maneira que o sol batia no rosto do goleiro adversário, e aí o Edmilson, que jogava como lateral esquerdo, veio com uma exigência:
― Quero jogar na ponta direita.
O Luizinho não entendeu, perguntou porque ele resolveu mudar de posição na hora de iniciar o jogo, mas o Edmilson não falava nada, a não ser que se não fosse na ponta direita ele não jogaria. Como não tinha nenhum reserva naquele dia, o Luizinho acabou cedendo. E o Edmilson foi para a ponta direita.
Iniciado o jogo, todos entenderam o motivo da exigência. É que pertinho da risca do campo, naquele lado, ficava a birosca em que se podia comprar cachaça e cerveja. O Edmilson ficava ali, encostado no balcão e bebericando. Quando vinha uma bola, ele entrava correndo no campo, chutava e voltava para a birosca.
O Luizinho resolveu sacanear: “Vou mandar bastante bola pra ponta direita”, pensava. E começou a fazer isso.
Na terceira bola que mandou para lá, o Edmilson nem entrou no campo. Gritou da birosca, com um copo na mão:
― Não vou jogar mais, não!


Um time com muito assunto para o “terceiro tempo”

Houve um período em que meus amigos formaram um time que jogava aos sábados à tarde, na Cidade Universitária da USP, e eu fiz parte dele. Os jogos começavam sempre por volta das quatro horas, mas não tinham hora para acabar. Era só depois que escurecesse e não se enxergasse mais a bola. Aí, íamos para o Bar do Bilu, na avenida de entrada da Cidade Universitária, para o chamado “terceiro tempo”, que consistia em beber e gozar os adversários e os próprios colegas de time, lembrando as jogadas malfeitas, os frangos do goleiro, os dribles levados, as caneladas...
O que não faltava no nosso time era jogador perna de pau. Aliás, se não tivesse vários deles, o jogo não tinha graça. Uma vez levamos o Nicola pra jogar futebol com a gente. Tinha uma miopia de mais de dez graus e, mesmo usando óculos, tinha que quase colar os livros no nariz, para ler. Se de óculos ele não enxergava quase nada, imagine sem óculos. Ele mal tocava a bola, ela é que tocava nele de vez em quando. E quando alguém se aproximava dele, perguntava:
— Você é do meu time ou do adversário?
O Henrique, meu conterrâneo, pegou o apelido de Barroso, que era o sobrenome de um homem considerado o mais feio da minha terra. Ficou sendo o Barroso, não ligava para as brincadeiras. Era pura tranquilidade. Menos numa coisa: no futebol, virava uma fera. Dava chute até na sombra.
Estava jogando na lateral direita e pegou pela frente um ponta esquerda driblador e gozador. O sujeito ficou fazendo embaixada na frente dele, com a intenção de lhe dar um chapéu, mas o Barroso não foi na bola. Foi direto na canela dele. E justificou:
— Ele ficou petecando na minha frente... Petecou, eu quebro.
Outro jogador interessante, assunto permanente no terceiro tempo, no Bar do Bilu, era o Ricardinho, que por causa de um acidente, em que bateu com a cabeça no chão, ficou com problemas de movimento dos membros do lado esquerdo. Na primeira vez que foi jogar com a gente, ríamos bastante porque ele corria com uma perna e andava com a outra. Era esquisito. Mas nosso futebol fez bem para ele, seus movimentos foram melhorando. Mas como “atleta”, ele não melhorou nem um pouquinho.
Uma vez, alguém deu um chutão para cima e ele tentou cabecear a bola, olhando para baixo, mas errou. A bola bateu no chão, foi direto no rosto dele e ele caiu de costas. Ela subiu e, quando ele ia se levantando, caiu na cabeça dele, que caiu de novo. Um adversário ficou tão surpreso que nem entrou na bola. Na terceira vez que ela picou no chão, o Ricardinho conseguiu chutá-la. O tal adversário olhou para o cara que fazia o papel de árbitro e perguntou:
— Não foi falta não?
E a resposta foi:
— Só se eu apitasse falta da bola, que deu uma surra nele.


Goleador desobediente

Em Nova Resende, o São Lourenço, apesar de ter um campo na cidade, era praticamente um “time de roça”, só jogava contra times da zona rural.
Uma vez foi jogar no Cedro, município de Conceição da Aparecida, cidade mais conhecida como Barro Preto, e os jogadores foram muito bem recebidos, tratados com carinho. Depois do jogo, houve um jantar regado a cachaça e cerveja, tudo de graça, e o Amado, técnico que era na verdade dono do time, convidou os adversários para jogar no domingo seguinte em seu campo, na cidade.
Sábado à noite, véspera do jogo, Amado reuniu a equipe para dar instruções para o dia seguinte e insistiu numa coisa:
— Eles trataram muito bem de nós lá. Vamos tratar eles bem aqui também. Então, nada de fazer gol neles. Como é que pode um pessoal ser tão bom e a gente fazer gol neles?
Mas na hora do jogo houve um problema: o time do Cedro estava desencontrado, jogando muito mal, e o São Lourenço estava afinadinho, jogando bem. Vira e mexe, sobrava bola direto para algum atacante cara a cara com o gol e ele tinha que fingir tropeçar ou chutar muito mal, propositalmente, para não marcar o gol.
Um dos atacantes era um filho do Amado, o Subaco, um molecão de 16 anos, que jogava relativamente bem. Errou vários chutes de propósito, mas houve um momento em que não aguentou, meteu um bolaço no ângulo. Gol do São Lourenço!
Indignado, o Amado entrou correndo no campo e deu uma surra no filho, diante da torcida que não entendia nada do que estava acontecendo.


Tira o Cuca ou deixa o Cuca?

Eu trabalhava como orientador social no Sesc, numa unidade móvel que percorria o interior do estado de São Paulo, desenvolvendo várias atividades, inclusive esportivas. Conforme o lugar, orientávamos grupos de jovens para trabalhos sociais, culturais, esportivos etc. Em Porto Feliz, encontrei um grupo bom, já formado e bastante ativo.
Resolvemos fazer uma “Olimpíada” municipal, com vários esportes praticados em quadras e jogos de salão, incluindo pingue-pongue, dominó, damas e xadrez. Uma preocupação do grupo era evitar que certos grupos brigões entrassem nas competições com intenção prévia de arrumar encrenca. Como esses grupos só jogavam futebol de salão, pusemos no regulamento que cada equipe interessada em participar teria que se inscrever em todas as modalidades.
O resultado é que mesmo as equipes de jovens não tinham gente para todas as modalidades, e foi preciso treinar algumas equipes na última hora. Uma delas foi a da Polícia Militar, que nas modalidades femininas inscreveu mulheres dos policiais, filhas e amigas. Mas mesmo para modalidades masculinas havia problemas: nessa equipe da PM, por exemplo, ninguém jamais havia jogado vôlei. Mas se inscreveram. Algun professores de educação física se encarregaram de tentar ensinar alguns esportes para equipes formadas uma semana antes da abertura dos jogos.
No sorteio, uma coisa esperável: o primeiro jogo seria de vôlei masculino, entre a equipe da PM e uma de jovens já experientes na modalidade. Primeiro saque, logicamente ganho pelos adversários da PM, dois policiais correram de lados opostos em direção à bola, deram uma baita cabeçada no meio da quadra e caíram meio desmaiados. Demorou um tempão pra se recuperarem
A segunda partida da noite foi de basquete feminino, entre duas equipes que com muito agrado poderiam ser classificadas como “iniciantes”. Logo em seguida, começou o jogo de basquete, que deveria entrar para o Livro dos Recordes. Resultado final: 2x1.
Apesar de tudo, a “olimpíada” foi um sucesso, com bom público nos jogos, que afinal eram divertidos. Sempre aconteciam coisas esquisitas e a torcida era animada. A grande festa era nos jogos de futebol de salão, com a torcida gritando para o jogador Cuca: “Tira o Cuca... deixa o Cuca... tira o Cuca... DEI-XA-O-CU-CAÍ...”





quinta-feira, junho 26, 2014

Separados no fio do bigode

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'Mas hein? Depois dizem que o Coalhada é isso, que o Coalhada é aquilo...'

sábado, junho 21, 2014

Favoritas, Argentina e Alemanha jogam neste sábado

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Hermanos abrem a rodada às 13h, enquanto germânicos enfrentam Gana às 16h. Nigéria e Bósnia fecham os trabalhos do dia às 19h 

Dois dos principais favoritos a ganhar a Copa do Mundo entram no gramado neste sábado. Os argentinos enfrentam o Irã, e com um trio de atacantes promete uma partida bem mais vistosa do que foi a estreia contra a Bósnia. O jogo pode determinar a classificação antecipada dos hermanos às oitavas de final.

Mas se os sul-americanos querem apagar a estreia pouco empolgante, os germânicos jogam justamente para confirmar o ótimo desempenho do jogo de estreia contra Portugal. A peleja contra Gana, de acordo com o resultado do embate entre estadunidenses e portugueses amanhã (22), pode eliminar os africanos já na segunda rodada.

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sexta-feira, junho 13, 2014

Futebol ainda - e infelizmente - com racismo

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Em 2007, cerca de dois meses antes de o Brasil ser escolhido como sede da Copa de 2014, o meio-campista Hugo, então no São Paulo, foi suspenso por 120 dias pelo STJD por ter cuspido em um adversário durante uma partida contra o Paraná, no Morumbi. Até aí, nada de extraordinário. A punição foi justa porque, além da cuspida, constou na súmula do árbitro Elmo Resende que Hugo xingou e humilhou o oponente nos seguintes termos: "Porra, seu merdinha, joga a sua bolinha, fraquinho".

Hugo, ex-meia do São Paulo: 'Negros têm sempre de andar reto'
Hugo errou (feio) e admitiu sua culpa em uma entrevista coletiva. Mas o que procurei destacar na época, em post aqui neste blog, foi exatamente um trecho dessa coletiva, em que o jogador chorou e fez uma revelação incômoda: "Meu pai disse que, por sermos negros, temos sempre de andar reto, porque as coisas repercutem mais". O resumo do meu comentário, no post, foi: "Dizem que errar é humano. Mas ao negro, no Brasil, isso não é permitido. E eles sabem disso". Infelizmente.

O lateral Marcelo, após seu gol contra marcado a favor da Croácia
Ontem, no jogo de abertura da Copa, o placar foi aberto pela Croácia com um gol contra do lateral-esquerdo brasileiro Marcelo. O mesmo jogador que, em fevereiro deste ano, foi alvo de racismo, junto com o filho Enzo, de apenas 4 anos, após clássico de seu time, o Real, contra o Atlético de Madrid. Alguns torcedores do Atlético que ainda permaneciam no estádio começaram a xingar e ofender o brasileiro, que estava no gramado. Os boçais gritavam: "Marcelo é um macaco". E o filho dele ouviu isso. Infelizmente.


Hoje, abro minha página na rede social Facebook e vejo a imagem acima, reprodução do comentário de algum(a) outro(a) boçal que muitos internautas, estarrecidos com a frase, compartilharam e geraram (justa) indignação coletiva. Esse é o futebol ainda - e infelizmente - com racismo. Para os boçais, Marcelo, assim como Hugo, não pode, não tem o direito de errar. Triste. E mais triste é saber que, se o gol contra tivesse sido marcado pelo zagueiro David Luiz, que tem corte de cabelo semelhante ao de Marcelo, dificilmente tal frase (estúpida, racista, hedionda) teria sido publicada. Porque David tem pele, cabelos e olhos claros. E, provavelmente, nunca foi - ou será - alvo de racismo.

Marcelo e David: cabelos parecidos, mas cor da pele condiciona ofensa 'cabelo ruim'

sexta-feira, junho 06, 2014

Futepoca ajuda a trazer belgas para a Copa

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A belga Antje (à esquerda) e dois colegas: campanha para irem à Copa no Brasil
Na estação ferroviária de Bruges (cidade histórica europeia, Meca da cerveja, citada em outro post aqui deste blog), formos abordados por algumas garotas vestidas com o uniforme da seleção belga, meiões e chuteiras. Como não falamos francês e o inglês de ambas as partes não era particularmente favorável, foi com certa dificuldade que compreendemos que elas participavam de uma espécie de campanha para levar torcedores belgas à Copa no Brasil. Consistia basicamente em coletar 150 mil assinaturas, com caneta piloto, em painéis de lona espalhados por diversos lugares do país, como a tal estação de Bruges.

Patricia tira onda das 'mulatas' rumbeiras e do 'samba' Buena Vista Social Club
O engraçado é que, para aquele local, eles levaram uma banda pretensamente brasileira para tocar um som pretensamente chamado de "samba" - mas os músicos só tocavam mambo e Buena Vista Social Club e as pretensas "mulatas" estavam vestidas como rumbeiras. O que levou minha esposa Patricia a alertá-los de que, ali, os únicos brasileiros legítimos éramos nós. No folder de campanha que nos deram, aliás, há uma foto do jogador brasileiro naturalizado belga Igor de Camargo, sob uma chuva de confetes, e empunhando... maracas!

Igor chacoalha maracas sob chuva de confetes, mas recomenda a caipirinha
Igor, que chegou a jogar pela seleção da Bélgica, mas não foi convocado para a Copa, parece ter esquecido do samba, do pandeiro, do tamborim... Mas, além do futebol, não esqueceu o principal: a cachaça! O folder da campanha diz que "nosso belgo-brasileiro preferido, Igor de Camargo, os aconselha a se preparar para o refrescante coquetel". O texto ainda observa: "A cerveja é a bebida preferida dos belgas, mas no Brasil os torcedores preferem caipirinha, coquetel preparado à base de limão, cachaça, gelo moído e açúcar".

Foto da nossa tradicional coxinha no folder: sonho de consumo entre os gringos
Para nossa surpresa, outra recomendação imprescindível aos belgas que se aventurarem no Brasil é a.... coxinha! Sim, a nossa tradicional iguaria de buteco, raríssima em terras europeias, é sonho de consumo de dez entre dez gringos. Em Amsterdã, nos hospedamos na casa de uma moça que morou brevemente em São Paulo, há 20 anos, e ela diz que chega a sonhar que está comendo coxinha. Taí, se já falamos de futebol e cachaça, podemos acrescentar a tag Política neste post, em alusão aos "coxinhas" que deturpam muitas das manifestações de rua no Brasil...

Contribuindo para a campanha que pretendia reunir 150 mil assinaturas em painéis
Enfim, pra encurtar o causo, não só assinamos nosso nome no painel, para ajudar os simpáticos belgas a conhecerem o "país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza" (e, por tabela, a caipirinha e a coxinha - com ou sem maracas), como também registramos, para a posteridade, o nome do glorioso Futepoca entre os colaboradores. Só falta o time de Courtois, Hazard & Cia. aprontar pra cima da equipe brasileira, nessa Copa! Daí, quem vai sair tocando maracas, vestido de rumbeiro, sou eu! Mas brindando com as incontáveis e divinas cervejas belgas! SANTÈ!

Nosso glorioso blog imortalizado em Bruges, Meca dos cervejeiros de todo o planeta

quarta-feira, junho 04, 2014

A Copa dos técnicos gringos

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Mundial de 2014 deve contar com 15 seleções comandadas por treinadores nascidos em outros país


O alemão Klinsmann, que dirige os EUA
Se não houver mudanças de comando técnico nas seleções que vão participar da Copa de 2014, a competição deve igualar o recorde do Mundial de 2006, ocasião em que 15 equipes foram dirigidas por técnicos nascidos em outro país. Algumas trazem treinadores de fora para aprimorar o futebol jogado e não fazer tão feio, outras pretendem repetir o feito de Gus Hiddink, o holandês que levou a Coreia do Sul a um incrível quarto lugar em 2002. O fato é que uma escrita ainda não foi quebrada: nenhum “pofexô” foi campeão treinando uma seleção que não fosse de seu país natal.

Neste ano, Alemanha e Colômbia são os que fornecem mais comandantes para os times que chegam ao Brasil daqui a alguns dias. Conterrâneos de Shakira estão à frente da Costa Rica, com Jorge Luis Pinto, e de Honduras, com Luis Fernando Suárez. O técnico colombiano que por enquanto está desenvolvendo o trabalho mais chamativo é Reinaldo Rueda, um dos responsáveis pelo bom futebol jogado pelo Equador, aquela seleção que empatou com a Holanda no último final de semana. Curiosamente, o treinador da Colômbia é também um estrangeiro: o argentino José Pékerman. No país vizinho, parece que também vale o ditado “santo de casa não faz milagre”.

Já os alemães estão no comando das seleções de Camarões, com Volker Finke, e da Suíça, que se tornou cabeça de chave do Mundial com Ottmar Hitzfeld. Mas quem deve sofrer é Jürgen Klinsmann, treinador da seleção do seu país em 2006 numa campanha que levantou a autoestima do torcedor germânico, hoje à frente dos Estados Unidos. Logo na primeira fase ele irá enfrentar a equipe de seu país natal, mas um fato mostra que o profissionalismo deve falar mais alto. Em sua lista de pré-convocados está Julian Green, revelação de 18 anos do Bayern de Munique que ainda não havia decidido se iria defender Estados Unidos ou Alemanha.

Cadê os brasileiros?

Mesmo com 15 comandantes gringos na Copa, nenhum deles é brasileiro. E olha que o país tem história nesse quesito, uma trajetória iniciada com Otto Glória, que dirigiu Portugal em sua melhor campanha em mundiais, em 1966, e que teve seu capítulo mais recente com Carlos Alberto Parreira, um dos responsáveis pela pior jornada de uma equipe dona da casa na História, com a África do Sul em 2010.

O atual coordenador técnico da seleção, aliás, é recordista, junto com o sérvio Bora Milutinovic, em número de equipes diferentes treinadas em Copas. Parreira comandou o Kuwait, em 1982; Emirados Árabes Unidos, em 1990; Brasil, em 1994 e 2006; Arábia Saudita, em 1998; e a já citada África do Sul, em 2010.
Bora, no entanto, é mais “internacional”, já que nunca treinou a seleção de seu país e tem uma distribuição geográfica mais vasta em relação aos times que dirigiu. Trabalho com o México, em 1986; Costa Rica, em 1990; Estados Unidos, em 1994; Nigéria, em 1998, e China, em 2002. Só com o time asiático, que fazia sua primeira – e única até agora – participação em mundiais, o sérvio não levou a equipe para além da primeira fase.

Para os supersticiosos, vale lembrar que, desde 1982, esta é a terceira vez que nenhum brasileiro vai comandar uma seleção estrangeira. As outras duas vezes em que isso aconteceu foi em 1994 e 2002, quando o Brasil levou o título. Se este Mundial seguir a tendência, pode preparar o champanhe (ou a cachaça) para a final...
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