Destaques

quinta-feira, outubro 29, 2015

Alô, alô, freguesia!

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Há 13 anos, o São Paulo não disputa "mata-mata" com o Santos; só "morre-morre":


BRASILEIRÃO DE 2002 - Oitavas-de-final
Santos 3 x 1 São Paulo (Vila Belmiro)
São Paulo 1 x 2 Santos (Morumbi)

SUL-AMERICANA DE 2004
Santos 1 x 0 São Paulo (Vila Belmiro)
São Paulo 1 x 1 Santos (Morumbi)

CAMPEONATO PAULISTA DE 2010 - Semifinais
São Paulo 2 x 3 Santos (Morumbi)
Santos 3 x 0 São Paulo (Vila Belmiro)

CAMPEONATO PAULISTA DE 2011 - Semifinal
São Paulo 0 x 2 Santos (Morumbi)

CAMPEONATO PAULISTA DE 2012 - Semifinal
São Paulo 1 x 3 Santos (Morumbi)

CAMPEONATO PAULISTA DE 2015 - Semifinal
Santos 2 x 1 São Paulo (Vila Belmiro)

COPA DO BRASIL DE 2015 - Semifinais
São Paulo 1 x 3 Santos (Morumbi)
Santos 3 x 1 São Paulo (Vila Belmiro)


Reparem que, nesses 11 confrontos decisivos, o São Paulo não venceu UM jogo sequer. Foram DEZ vitórias (inapeláveis) do Santos, dentro ou fora de casa, e apenas um empate. E mais: daquele ano de 2002 pra cá, foram disputados exatos 50 clássicos entre os dois clubes, com 24 vitórias do Santos, 17 do São Paulo e 9 empates. Ontem, o Peixe só precisou jogar bola por meros 23 minutos para fazer 3 x 0, sem o menor esforço. Depois, descansou (dando-se ao luxo de desperdiçar displicentemente outras chances claras de gol entregues pelo São Paulo e nem se importando com o "gol de honra" do adversário). Surra, sova, show de bola. E a suprema humilhação: cansado de ser vazado e/ou com medo de placar ainda mais elástico, Rogério Ceni, o "mito" (ou mico?) saiu no intervalo, sendo substituído por Denis. O ídolo sãopaulino vai se aposentar sem um título de despedida. E o São Paulo continua sendo o único dos "grandes" paulistas sem o troféu da Copa do Brasil. Sem mais.

quarta-feira, outubro 28, 2015

'Os bares e puteiros são meu laboratório'

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Tonico no tempo em que vivia Zé Carneiro
O ator Tonico Pereira, mítico Zé Carneiro do Sítio do Pica Pau Amarelo de minha infância, interpreta atualmente um malandro em mais uma das telenovelas globais. Numa entrevista para o site IG, ao ser questionado sobre a composição da personagem Ascânio, descrito como "vagabundo e bêbado", ele escancara: "Não tenho essa ortodoxia escolar. Os bares e puteiros são meu laboratório. Está tudo dentro de mim". E mais: em plena "crise econômica", Tonico diz que já foi à falência sete vezes. "Minha bandeira é o descontrole", enfatiza.
Personagem Ascânio: 'vagabundo e bêbado'
Chamando a responsabilidade pelo aperto financeiro para si, evita bater no governo de Dilma Rousseff, a presidenta que, como candidata à reeleição, no ano passado, contou com o apoio público do ator em um ato no Rio de Janeiro. E, já que ele falou sobre cachaça e eu entrei na seara política, completo a tríade do Futepoca no post com uma menção de Tonico Pereira ao futebol. Segundo ele, na entrevista para o IG, o esporte foi preterido por seu apetite sexual: "Entrei na profissão [de ator] pelo prazer e satisfação, mas também pela libido. Na época que comecei, tinha muita mulher bonita querendo se libertar, estava começando aquela coisa da pílula e era melhor estar no teatro do que no futebol, rodeado de homens".


Tipos de cerveja 86 - As Rye Beer

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Rye é centeio, "uma gramínea cultivada em grande escala para colheita de grãos e forragem" que "tem parentesco com o trigo e a cevada" (leia aqui). Ou seja, não é trigo nem cevada. Talvez por isso, segundo o site português Cervejas do Mundo, "a procura [pela Rye Beer] não é, em geral, grande, pelo que a oferta deste tipo de cerveja é um pouco limitada". Outra observação é de que esse tipo de cerveja não deve ser confundido com as Roggenbier germânicas. Para quem quiser experimentar - e conseguir encontrar - uma Rye Beer, as mais indicadas pelo Cervejas do Mundo são a Founders Red's Rye (foto), a Johnny "Blood" McNally Red Ale e a Carlsberg Semper Ardens Winter Rye. Ps.: Uma sugestão de leitura para acompanhar esse tipo de cerveja, remetendo ao seu ingrediente principal, é o livro "O apanhador no campo de centeio" ("The catcher in the ryer"), de J.D.Salinger, que Mark Chapman lia calmamente, ao ser preso, logo após assassinar John Lennon.

quarta-feira, outubro 14, 2015

'Nenhum trabalhador pode baixar a guarda'

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Armínio queria mínimo ainda mais mínimo
Há exatamente um ano e meio, no início da campanha para eleição presidencial, fiz um post aqui no Futepoca intitulado "Projeto principal da oposição: contra os trabalhadores". Na época, o (nefasto) Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central nos tempos bicudos de FHC e escolhido pelo candidato tucano à presidente Aécio Neves como seu provável ministro da Fazenda, escancarava: "O salário mínimo está muito alto" (relembre clicando aqui). Emir Sader denunciaria, mais tarde (leia aqui), que esse era apenas um dos pontos de um "plano terrorista" que teria como objetivo, também, "implementar uma forte política de corte de salários, tanto do setor público, como pressionando as negociações no setor privado" e "promover o desemprego para favorecer as condições de negociações dos empresários com os trabalhadores e os sindicatos".

Campos não via como aumentar empregos
"O único projeto nítido, coeso e concreto da oposição brasileira: desmerecer, desacreditar e destruir toda e qualquer política voltada para os trabalhadores", eu escrevia, em abril de 2014, ao citar, junto com a declaração de Armínio Fraga sobre o salário mínimo, a afirmação de Eduardo Campos, durante um evento em São Paulo (leia aqui), de que "não tem mais como crescer pela quantidade [de empregos] no mercado de trabalho". E relembrava, ainda, um post do camarada Glauco (leia aqui) sobre um comentário do Merval Pereira durante as manifestações de 2013 (o grifo é meu): "As reivindicações eram coisas muito específicas da classe trabalhadora". "Ou seja", concluiu o Glauco, "como o trabalhador, pelo silogismo mervaliano, não é 'povo', suas bandeiras não interessam ao resto da sociedade".

Joaquim Levy, 'arauto' do temível ajuste fiscal
Por tudo isso, eu encerrava meu post alertando: "Se você é trabalhador, já entendeu o que está em jogo". Pois bem: Dilma Rousseff se reelegeu e enfrenta uma das piores tempestades políticas da História de nossa República, com forte ameaça de ser apeada do cargo. É óbvio que, além dos opositores, muitos de seus próprios eleitores não estão contentes com o governo e nem com disposição alguma para defendê-lo. Afinal, diante das intempéries econômicas e da pressão dos adversários, Dilma deu passos para trás nomeando Joaquim Levy ministro da Fazenda e dando "carta branca" ao temível "ajuste fiscal". Por isso mesmo, não é à toa que o 12º Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores (Concut), realizado este mês em São Paulo, tem como lema "Educação, Trabalho e Democracia. Direito não se reduz, se amplia". 

Dilma, no Concut, falando pra quem interessa
Mas foi justamente na abertura desse evento que a presidenta Dilma fez um de seus discursos mais agressivos. E observou que, para além das falhas e omissões de seu governo, sua queda seria um desastre para os verdadeiros "inimigos" da oposição (os grifos são meus): "O desejo de retrocesso, eu tenho consciência, não é contra mim. É contra este novo país que construímos juntos, nas lutas das forças progressistas, dos trabalhadores, na força da CUT, dos sem-terra, dos sem-teto, dos estudantes, dos movimentos sociais, de toda sociedade, organizada ou não. (...) Eu represento as conquistas históricas do governo Lula. (...) Que fizeram com que o Brasil se tornasse um país que hoje olha para os seus trabalhadores e trabalhadoras. (...) Faço um apelo a todos vocês: ninguém deve se iludir. Nenhum trabalhador pode baixar a guarda".

Trabalhador é o inimigo da oposição e seria principal vítima do golpe
Dilma arrematou: "Sei que também a CUT continuará lutando as lutas que nós todos defendemos ao longo da nossa história. (...) Acerta a CUT quando diz, no lema deste 12º Concut: direito não se reduz, se amplia. Permito-me, vou me permitir, vocês me desculpem, também acrescentar: democracia não se reduz, se amplia" (leia a íntegra aqui). Agora ouvi conversa! Sim, sim: concordo que ela demorou muito para chamar para a luta quem realmente interessa (ou antes, quem seria a principal vítima do golpe). E concordo, também, que seu governo tem muito de indefensável. Mas, como o discurso de ontem insinua, o mais importante, agora, não é criticar Dilma como pessoa ou "linchá-la" como governante. Esse acerto de contas faremos depois. Mas faremos nós, não o adversário! É preciso, primeiro, "manter a posse de bola", não entregá-la (pois dificilmente a retomaremos!). Não é defesa de Dilma, do governo Dilma, do PT ou do que seja. É muito mais do que isso: é defesa dos trabalhadores, de nossas conquistas, dos programas sociais, da liberdade, do futuro. Por tudo isso, à luta!


Som na caixa, manguaça! - Volume 88

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É CARA DE PAU
(Ednardo/Brandão)

Ednardo


É cara de pau
E você acha que eu posso fazer
Fazer mais do que eu fiz
Ajudei essa louca a viver
E ela mesma é que diz
Que quer me ver frito
Que quer me ver morto
Estendido no chão
Pus o bagulho de lado, quebrei o estrado
E toquei fogo no colchão

A gente se amarra
Aconselha os pivetes, faz até oração
Porém, chega um dia
Que se toma uma beer
E também se faz a nossa confusão
Ele não tem consciência, quer me ver andar duro
E com toda a decência
Mas em sã consciência
Qualquer malandro manja
Essa falsa inocência

É cara de pau!


(Do LP "Cauim", WEA, 1978)



quarta-feira, outubro 07, 2015

Quem sabe diz no pé!

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terça-feira, outubro 06, 2015

Uma verdadeira casa de noca

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Chico Lang: falou pouco, mas falou bonito
Domingo, parei por um instante no "Mesa Redonda", da TV Gazeta, ao ver que ali estava o treinador Emerson Leão, sumido há algum tempo em seu "ano sabático" (ou melhor, três anos sabáticos...). Falavam, naquele momento, sobre o São Paulo. E, pela primeira vez na vida, ouvi o Chico Lang dizer alguma coisa absolutamente inegável e verdadeira (os grifos são meus):

- Quem é Juan Carlos Osorio pra mandar o São Paulo esperar até quarta-feira pra dizer se vai ou fica? Quem é maior: o São Paulo Futebol Clube ou ele? Se o cara não garante que vai ficar, então a diretoria tem que mandar embora no ato, não tem que esperar nada. Como dizia a minha avó, quem muito se abaixa fica com o bumbum de fora! O São Paulo, hoje, é uma casa de noca!

Justo, exato, preciso, irretocável. Segundo o "dicionário inFormal", "Casa de noca" é "uma casa que todos mandam, não tem dono, nem governança; é uma casa bagunçada". Desde a nefasta gestão de Juvenal Juvêncio que o São Paulo perdeu qualquer senso de direção, de controle, de tudo. A - absurda - notícia de hoje confirma (os grifos são meus):


Ataíde e Aidar: 'Ao vencedor, as bananas'

Ataíde Gil Guerreiro não é mais o vice de futebol do São Paulo. Ele está fora do clube desde a manhã desta terça-feira. Por mensagem de celular, o presidente Carlos Miguel Aidar confirmou ao ESPN.com.br que o agora ex-dirigente foi exonerado do cargo. Ainda não se sabe qual é a versão oficial, se foi o vice quem pediu demissão ou se foi Aidar que mandou Ataíde embora. A informação que circula neste momento é que Aidar chegou cedo ao Morumbi nesta terça, e que neste exato momento Ataíde está reunido com a comissão técnica para informar sua saída.

Na manhã de segunda, o vice de futebol e o presidente do São Paulo se estranharam em reunião no Hotel Radisson, no Itaim, e foram às vias de fato. Ataíde acertou Aidar com um soco em determinado momento da discussão. O presidente foi ao chão e viu o vice ser contido por funcionários do hotel. Hóspedes acompanharam tudo. O São Paulo deve divulgar uma nota oficial no decorrer do dia.
 


Inacreditável. Nem vou classificar isso como "várzea", pois seria gratuitamente ofensivo - e injusto - com os times que jogam na várzea. É outra coisa. É pau. É pedra. É o fim do caminho. É o fim da picada. Percebo, neste momento, que o corintiano Chico Lang foi até (muito) comedido, sutil e respeitador em sua manifestação indignada no "Mesa Redonda". O buraco é muito, muito, muito mais embaixo. Muito!

Osorio tem toda razão em fugir pro México
Não espanta que o São Paulo esteja há sete anos sem ganhar título que preste. Que tenha brigado com Corinthians e Palmeiras e perdido a renda dos jogos que ambos não mandam mais no Morumbi. Que tenha se isolado brigando com a Federação Paulista e implodido o Clube dos 13, perdendo fatia considerável da grana da TV Globo. Que tenha perdido promessas da base, como Oscar, que entraram na Justiça para fugir do clube. Que o Morumbi tenha ficado fora da Copa de 2014. Que a reforma do estádio não tenha saído do papel (e nem há perspectiva). Que, por isso mesmo, a arrecadação no Morumbi tenha caído para um terço do que era há três anos. Que o clube esteja há mais de um ano sem patrocínio master (e nem há perspectiva). Que atrase salários e direitos de imagens, priorizando uns em detrimento de outros quando tenta acertar as dívidas. Que venda jogadores na baciada pra tentar saldar um rombo estratosférico. Que o clube do Kaká entre na Justiça pra cobrar o que o São Paulo combinou mas não pagou. Que o Tricolor não tenha pago o acertado na compra do lateral Bruno - e que deva dinheiro a ex-jogadores. Que o São Paulo esteja envolvido na denúncia de uma suspeita transação investigada pela CBF. Que o diretor de futebol justifique seus atos espinafrando publicamente o treinador e um dos atletas que saíram. Que o treinador declare, também publicamente, que não confia na diretoria e abandone o time para ir ao México. Que, por fim, o já citado diretor de futebol derrube o presidente com um soco e seja demitido.

Torcedores do Botafogo e do Vasco devem observar e pensar: "Conheço esse filme". E eu, sinceramente, tenho muito medo de ver as "cenas dos próximos capítulos"...


Me MARTA de vergonha...

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segunda-feira, outubro 05, 2015

Não bebo cerveja light

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A antiga 'Padrogas', no bairro Pinheiros
Sete anos atrás, registrei aqui no Futepoca o bizarro episódio do aparecimento de um rato na antiga Padrogas (apelido "carinhoso" de uma padaria/buteco de Pinheiros, em São Paulo), num dia em que eu manguaçava com o camarada Don Luciano (leia aqui). O animal surgiu por baixo da mesa aquecida de comida self service (!), roçou a perna do Luciano (!!), fez um pit stop embaixo da mesa de duas moças (!!!) e, depois de escalar a tela da janela (!!!!) e tentar fugir para a rua, sem sucesso, fez o caminho de volta e sumiu na direção da cozinha (!!!!!), provocando, lógico, grande confusão - e nojo. "O pior da história é que a Padrogas é uma daquelas padarias metidas a besta, que passam por uma reforma visual só pra cobrar mais caro por tudo o que vendem", observei, na ocasião. Por esse motivo, ao dirigir-se ao caixa para acertar a conta, Don Luciano exigiu: "Desconto-rato, minha senhora! Ou não vou pagar nada!" Diante da - justificada - insistência, descontaram R$ 9 do que devíamos, o que representava cerca de 34% do total (deu R$ 26 e pagamos R$ 17).

Pois agora esse longínquo incidente, que provocou tanta revolta, me parece completamente insignificante comparado ao que ocorreu na cidade de Monclova, no Norte do México, semana retrasada. O advogado Gilberto Haro Martínez parou em um posto de gasolina e comprou uma cerveja Tecate Light. Depois de beber metade da lata, notou que havia alguma coisa estranha dentro dela... E era simplesmente uma ratazana! (leia aqui) A cervejaria Heineken de Cuauhtémoc-Moctezuma, que envasou o produto, tratou de recolhê-lo rapidamente e, dias depois, emitiu comunicado (leia aqui) dizendo que não era uma ratazana, mas um fungo (!) "que existe no meio ambiente de forma natural e que pode crescer em qualquer alimento ou bebida" (!!). Porém, fica difícil crer nessa avaliação diante das fotos tiradas pelo (infeliz) consumidor, que mostram um "cadáver" de pelo escuro dentro da lata e, saindo de sua "boca", algo que parece a pata de um roedor (imagens abaixo). Segundo consta, além de entregar voluntariamente para a cervejaria a lata contendo a nojeira, o - infeliz - consumidor, que, como dito, é advogado, revelou que não vai mover processo judicial (!!!). "Não tenho esta intenção [de processar a cervejaria], mas só queria compartilhar [as fotos da cerveja com a ratazana nas redes sociais] porque essa cerveja vende muito", disse Gilberto Haro. E sabem qual foi o "deconto-ratazana" que ele recebeu como "indenização"? Um pacote com seis cervejas Tecate Light (!!!!). Credo.

'Cadáver' peludo dentro da lata e a 'patinha' saindo pela boca: cervejaria diz que é 'fungo'

P.S.: Com ou sem ratazana "de brinde", a Tecate Light já não é, digamos, muito bem avaliada entre os consumidores/"militantes da causa". No site "Brejas", valendo o máximo de 5 pontos, Francisco Lima deu nota 1,8 a ela - leia aqui - e deixou um comentário arrasador (os grifos são meus): "Aroma horrível com notas predominantes de enxofre, limão e xarope de milho. (...) Corpo aguado." Como diria o De Faria, "eu passo".


Qualquer semelhança é mera reincidência

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"A escravatura humana atingiu o seu ponto culminante na nossa época sob a forma do trabalho livremente assalariado." - George Bernard Shaw


sexta-feira, outubro 02, 2015

Intrigante: será que o PMDB tem algo a ver com isso?

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P.s.: O camarada Nivaldo, que encontrou essa pérola (clique aqui para ver a notícia), comentou: "É genial os caras usarem esse título, explica melhor que qualquer coisa a ZONA que é esse partido". Eu atalhei: "E a ZONA que é o jornalismo".


Numa cervejaria, Machado de Assis barrou o boêmio Emílio de Meneses para a Academia Brasileira de Letras

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Livro sobre 'o último boêmio'
Nascido em Curitiba, em 1866, o jornalista Emílio de Meneses era considerado, já no início do século passado, o principal poeta satírico brasileiro depois de Gregório de Matos, o "Boca do Inferno". Mas também era visto como "um boêmio desregrado, que vivia na calaçaria [vagabundagem] dos cafés e botequins e se tornou célebre por sua maledicência". Tal (má) fama fez com que sua entrada na Academia Brasileira de Letras (ABL) fosse adiada por nove anos - e, apesar de aprovada, nunca concretizada de fato, também pelos "maus bofes" do bebum paranaense. Não por acaso, em sua primeira candidatura para ser um "imortal", em 1905, Emílio de Meneses teve como um de seus maiores opositores Machado de Assis, principal idealizador da Academia e seu primeiro presidente.

O 4º volume da biografia "Machado de Assis - Vida e obra", intitulado "Apogeu", de autoria de R. Magalhães Júnior (Editora Record, 2008), narra o episódio. "Vamos ter eleição nova para a vaga do [José do] Patrocínio", escrevia Machado, em junho de 1905, numa carta para o colega Joaquim Nabuco, recém-chegado aos Estados Unidos, onde era o embaixador do Brasil. "Até agora só há dois candidatos, o padre Severiano de Resende e Domingos Olímpio", adiantava o Bruxo do Cosme Velho. Acontece que, segundo Magalhães Jr, ambas as candidaturas "tinham pouca repercussão nos círculos acadêmicos". "Como último recurso", prossegue a biografia, "Machado suscitou, então, a candidatura de Mário de Alencar, autor apenas de dois magros livros de versos (...) Seu maior merecimento era o de ser filho de José de Alencar e de ter, como funcionário, que então era, do Ministério da Justiça e Negócios Interiores, ajudado a obter com o ministro José Joaquim Seabra uma ala do Silogeu Brasileiro, para a instalação da Academia [que até então não tinha sede própria]".

Machado em pintura feita em 1905
Só que havia um bêbado no meio do caminho, no meio do caminho havia um bêbado... "O empenho de Machado em eleger para a Academia o filho de José de Alencar ia quase tropeçando num obstáculo imprevisto: alguns acadêmicos se inclinavam pela eleição de Emílio de Meneses - muito ligado a Olavo Bilac e a Guimarães Passos (...). Mas Machado usou de ardiloso expediente para exprimir sua desaprovação tácita a essa manobra eleitoral". Outro membro da ABL, Rodrigo Otávio, recordaria o imbroglio em suas "Memórias dos outros" (o grifo é meu): "Por esse tempo, alguns dos nossos colegas andavam procurando criar no ânimo de Machado uma ambiência favorável à aceitação da candidatura de certo poeta, de notório talento, mas de temperamento desabusado e assinalado sucesso em rodas de boêmios".

"Nesse dia", continua Otávio, "o nome do poeta veio à tona; a controvérsia fora acalorada. Machado não interveio nela; mas, quando o levamos para o bonde, na Avenida, ao chegar ao canto da Rua da Assembleia, ele nos convidou a que o seguíssemos por essa rua e, a dois passos, nos fez entrar em uma cervejaria, deserta nesse momento. Não sabendo de todo o que aquilo significava, nós o acompanhamos sem dizer palavras, e vimo-lo deter-se no meio da sala, entre mesinhas e cadeiras de ferro e, também sem dizer palavra, estender o braço, mostrando ao alto de uma parede um quadro, a cores vivas, em que, meio retrato, meio caricatura, era representado em busto, quase do tamanho natural, grandes bigodes retorcidos, cabelo revolto na testa, carão vermelho e bochechudo, o poeta, cuja entrada no grêmio da imortalidade se pleiteava, sugestivamente empunhando, qual novo Gambrinus, um formidável vaso de cerveja... A cena causou em todos profunda impressão, e tal era o respeito por Machado que, em vida dele, não se falou mais na candidatura de Emílio".

Meneses: 'raios sobre a iniquidade'
De fato, a figura do manguaça paranaense não inspirava a seriedade a qual a ABL se arvorava. Mendes Fradique, no Prefácio de "Mortalha - Os deuses em ceroulas", descreve: "Os que conheceram Emílio de Menezes ainda estão a vê-lo, com aquela bigodeira à Vercingectórix e aquele amplo chapéu, ora brandindo o bengalão retorcido, a expedir raios sobre a iniquidade dos pigmeus que o irritavam; ora sufocado num riso apopléctico de intenso gozo mental, rematando uma sátira com que, destro, arrasava a empáfia dos potentados e a impertinência dos presunçosos; ora bonacheirão, carinhoso, entalando uma fatia de pão de ló na boca de um de seus fiéis cães de raça; ora ainda transfigurado, olímpico, dizendo, com inspiração extraterrena, 'Os Três Olhares de Maria' ou o 'Ibiseus Mutabilis'."

Preterido por Mário de Alencar, somente em 1914, seis anos após a morte de Machado de Assis, é que Emílio de Meneses entraria para a ABL. Porém, pra variar, sob muito polêmica. "Na versão oficial", diz a página sobre o poeta na Wikipedia, "Emílio deixara de tomar posse por conta da sua teimosia em manter críticas [ao escritor recém-falecido que iria substituir] no discurso para a ocasião: 'Emílio compôs um discurso de posse, em que revelava nada compreender de Salvador de Mendonça, nem na expressão da atuação política e diplomática, nem na superioridade de sua realização intelectual de poeta, ficcionista e crítico. Além disso, continha trechos arguidos, pela Mesa da Academia, de 'aberrantes das praxes acadêmicas'. A Mesa não permitiu a leitura do discurso e o sujeitou a algumas emendas. Emílio protelou o quanto pôde aceitar essas emendas, e quando faleceu, quatro anos depois de ter sido eleito, ainda não havia tomado posse de sua cadeira' (do sítio da Academia)". Provavelmente sem saber do episódio da cervejaria, o bebum se vingava...

Albuquerque ameaçou apagar a luz
Afrânio Peixoto, que por muitos anos presidiu a ABL, relembrou que a postura de Meneses fez até com que ameaçassem apagar a luz se ele insistisse em atacar os colegas (!): "Emílio de Meneses quisera descompor a Oliveira Lima, ao que se opôs Medeiros e Albuquerque, que então presidia [a Academia], ordenando a supressão dos tópicos alusivos e ofensivos: à insistência do neófito, em dizê-los, ameaçou-o com o comutador da luz elétrica, desde aí ao alcance da mão do presidente. Não foi preciso usar deste obscuro meio coercitivo, porque o acadêmico recalcitrante não chegou a ser recebido, e seu discurso apenas tardiamente publicado nos jornais, razão por que não figura na coleção da Academia". Hoje presente no sítio da ABL, o discurso registra, também, a mágoa de Meneses com Machado de Assis.

"Quando começou a haver uma quase certeza da minha eleição, os inimigos rancorosos, muitos dos quais só o são por coisas cuja paternidade me foi emprestada, redobraram de esforços demolidores", dizia o poeta. E desabafava, defendendo-se das acusações: "Boêmio e desregrado... Boêmio e desregrado porque, nos momentos decisivos, faz o que qualquer homem medianamente digno tem obrigação de fazer. Boêmio e desregrado, que nunca foi visto em espeluncas. Boêmio e desregrado que, com mais de trinta anos de residência no Rio, não sabe o que seja um desses celebrizados bailes carnavalescos onde o mulherio se excita de jogo e condimenta de álcool. Boêmio e desregrado, por fazer sua hora à mesa de um café ou de uma confeitaria, trocando ideias, dizendo ou ouvindo versos e frases de espírito, como faziam e fazem ainda alguns dos que muito brilho emprestaram e emprestam às cadeiras que entre vós ocupam. Posso garantir-vos serem alegres confabulações literárias, apesar da dose de whisky ou da água de um coco ou de ambos juntos".

Emílio seguia desancando os desafetos, que, logicamente, não permitiram a leitura do discurso - e o novo eleito para a ABL nunca tomou posse. Mas, falando em "alegres confabulações" e em "dose de whisky", não poderiam faltar, na obra de Meneses, odes poéticas ao goró. Uma delas tem como personagens um bêbado e um médico: 


ALCOOLISMO

A leitura do tópico tremendo
À lembrança me trouxe uma anedota
Velha, tão velha quanto aquela bota
Que era toda o Larousse do remendo.

Certo alcoolista, um sábio artigo lendo
De um médico alemão de grande nota
Contra o álcool, diz em compulsão devota:
"Como ele prova quanto o vício é horrendo!"

E acrescenta: "A verdade em mim desperta!
Eu não quero pelo álcool cair morto,
Vou dizê-lo bem alto e de alma aberta!"

Tal leitura me traz tanto conforto,
Que vou beber saudando a descoberta
Três garrafas de bom vinho do Porto!...


Curioso é que conheço uma piada (ou anedota) que vai na mesma linha do soneto de Meneses: "Um bêbado ia passando em frente a um prédio e leu, ali, um cartaz anunciando a palestra de um médico sobre 'Os malefícios do álcool'. Resolveu entrar, pra ver se aquilo o convenceria a parar de beber. Sob aplausos, o médico entrou no palco e disse: 'Antes da palestra, quero fazer uma demonstranção'. Colocou dois copos em cima de uma mesa, ambos contendo líquidos transparentes e, depois, mostrou à plateia um bichinho de goiaba, vivo, que andava na palma de sua mão. Primeiro, jogou o verme em um dos copos. Ele continuou se mexendo. 'Viram? Isso é água'. Então, pegou o bicho e jogou no outro copo. Ele morreu na hora e afundou. Sorridente, o médico informou: 'É cachaça'. E perguntou: 'O que vocês concluem?' O bêbado levantou a mão e gritou: 'Quem bebe não tem verme!'...".

Sim, reconheço, é infame. Por isso, voltemos ao Emílio de Meneses, que, dando continuidade ao primeiro soneto sobre o alcoolismo, ironiza o fato de um jornal (a 'severíssima' Gazeta) publicar artigo contra esse vício e, na mesma edição, ostentar propaganda (reclame) de cerveja (clara, escura, mista e preta):


ALCOOLISMO (II)

Viram? O caso até parece peta!
Quem leu acaso, ao lado, o outro soneto,
Vê que, comigo, está fazendo um dueto
A séria e severíssima GAZETA.

Se, de um lado, lhe veio hoje à veneta
Mostrar do vício o fúnebre esboceto,
De outro lado vai dando, em tom faceto,
"Reclame" à clara, à escura, à mista, à preta!

É que não tem razão a velha rixa
De quem, às claras, bebe por capricho,
Com quem, ocultamente, escorropicha:

Do barril de bom chope, ao claro esguicho,
Depois de salgadíssima salsicha,
Deixem lá que é bem bom matar o bicho!...


É, Emílio, se pensarmos no verme que o médico jogou no copo de cachaça, é mesmo bom "matar o bicho". E é melhor ser caricato na cervejaria do que imortal na Academia!


quinta-feira, outubro 01, 2015

Criança aplicada merece... motel (?!?)

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Depois de ler materinha sobre os clubes de futebol que estão oferecendo vantagens em motéis para fidelizar torcedores (clique aqui para ler), encontrei numa rede (anti)social o seguinte recorte de jornal, de 1969, com foto do time do São Paulo F.C. e, abaixo dela, a surpreendente - e perturbadora - propaganda:


Em tempos de pedofilia crescente, o De Massad alertaria: "Não dá ideia! Não dá ideia!"...


terça-feira, setembro 29, 2015

Som na caixa, manguaça! - Volume 87

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O GÁS ACABOU
(Luiz Américo - Braguinha)


LUIZ AMÉRICO


O gás acabou, tem pouca comida,
Acabou meu dinheiro
Pagamento está longe,
Ainda não pintou o décimo terceiro
As pratinhas do Zé
Que ele juntou pra comprar a chuteira
Se o vale gorar
Já dá pra inteirar a despesa da feira

E aqui estou eu
Pedindo carona pra ir trabalhar
Pensando na nega mãe dos meus moleques
Que nunca se queixa
E está sempre a cantar
Seja lá o que Deus quiser

Pobre é esse sofrimento
Recebe só vale no seu pagamento
Pobre é esse sofrimento
Recebe só vale no seu pagamento

O dia de ontem, somado ao de hoje é a mesma rotina
E pra disfarçar minha distração é o boteco da esquina
Conversa fiada, que não leva a nada só pra distrair
E a gente se cansa, depois vai pra casa jantar e dormir

E aqui estou...

(Do LP "Cartão vermelho", RCA, 1977) 




sexta-feira, setembro 25, 2015

Tipos de cerveja 85 - As Pumpkin Ale

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Sim, pumpkin é abóbora. Mas, como cerveja, pode se transformar numa bela carruagem desfilando pela sua goela. Muitas vezes lançadas como bebida outonal, as Pumpkin Ale (Cerveja Ale de abóbora) podem ser muito variadas. Segundo o site português Cerveja do Mundo, há produtores que optam por adicionar pedaços de abóbora à mistura, enquanto outros usam um puré ou simplesmente aroma da popular moranga. "É também usual utilizar outros sabores para condimentar estas cervejas: gengibre, cravo-da-Índia, canela, entre outras especiarias. São cervejas de difícil produção e que podem levar um mestre-cervejeiro à loucura", adverte Bruno Aquino, do Cervejas do Mundo. Mas prossegue: "É claro que existe aqui um pouco de exagero mas é comum contarem-se histórias de produtores que andaram à procura de uma receita de qualidade durantes largos anos, ao fim dos quais não tinham obtido qualquer sucesso. Os resultados são, em geral, algo doces e com um elevado teor alcoólico". Para experimentar, ele indica a 'T Smisje Halloween (foto), com teor alcoólico alto (9%) e "extremamente agradável", ou então a Great Pumpkin Ale, a Smuttynose Pumpkin Ale e a Post Road Pumpkin Ale. Mas cuidado! Se exagerar, à meia-noite seu fígado pode virar abóbora...


quinta-feira, setembro 24, 2015

O cúmulo do escárnio

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Tempos atrás fiz uma postagem intitulada "Escárnio", a partir da notícia de que uma rádio FM paulista iria dar 1.000 litros de água para o ouvinte que enviasse o melhor vídeo fazendo "dança da chuva", para resolver a falta de água no Estado. "Como observou um colega, o racionamento de água poderia ter uma solução bem simples: cortar o fornecimento para os 57% que votaram em Geraldo Alckmin e garantir o abastecimento normal para os restantes. Seria apenas justo", eu relatava, naquele post. Ou então, como bem observou alguém numa dessas redes (anti)sociais (leia aqui), "São Paulo elege o PSDB cinco vezes seguidas para o governo e agora fica sem água. Sabe o nome disso? Meritocracia". Exatamente.

Pois bem, hoje chego para trabalhar e fico sabendo, de orelhada, que o (des)governador Geraldo Alckmin, DO PSDB (é sempre bom frisar isso), ganhou um prêmio. Até aí, por mais grotesco que seja, não é nenhuma novidade. Todo político, de qualquer partido, vive recebendo homenagens, prêmios e honrarias - que, na maioria das vezes, não significam absolutamente nada. São apenas confetes, bajulações, troca ou retribuição de favores, isca para holofotes, propaganda eleitoral disfarçada etc etc etc. Nada de novo no front. Quando soube que a indicação para o prêmio foi feita pelo deputado federal paulista João Paulo Papa, DO PSDB, aí me pareceu ainda mais irrelevante, apenas rapapé de um subordinado.

Mas não. A coisa é séria. O tal prêmio será entregue pela Câmara dos Deputados, em Brasília, pela "gestão da crise hídrica" no Estado de São Paulo. Pausa para o espanto. Pausa para a perplexidade. Outra pausa, para a incredulidade. Alckmin será premiado pelo que faz (ou melhor, não faz; ou melhor ainda: nunca fez!) em relação à falta de água em São Paulo?!? É isso?!??? Se for, é o cúmulo do escárnio, elevado à enésima potência... Como se o governo tucano não tivesse sido advertido por um estudo há 6 (SEIS!) anos sobre a crise de desabastecimento e CAGADO pra isso, sem fazer absolutamente nada! Como se não tivesse sido exatamente Alckmin o governador a cortar R$ 900 milhões do orçamento da Sabesp!

E o prêmio dá a entender que a falta de água foi resolvida (!). Hoje mesmo recebi minha conta de água e lá está multa de R$ 73 por ter ultrapassado a meta de consumo imposta pela Sabesp. Detalhe: o gasto maior ocorreu porque tivemos que pagar alguém para consertar a caixa d'água, que teve que ser esvaziada completamente. E sabem por que fomos obrigados a fazer isso? Por causa dos mosquitos da dengue, que me levaram ao hospital em março deste ano, e que já infectaram quase 600 mil pessoas no Estado de São Paulo. Será que o Alckmin vai ganhar algum prêmio da área de saúde por esse recorde? Ou então prêmio de segurança pública, pelas chacinas de sua PM ou pelos maus tratos e fugas na Fundação Casa?

Claro que não. Mas, em resumo, fui multado pelo governo tucano porque ele me obriga a gastar dinheiro para combater um problema de saúde que deveria ser evitado por ele. E a falta de água continua: todo dia, às 14 horas, a água da rua seca lá em casa, e só retorna às 6 da manhã do dia seguinte. E ainda sou multado pela Sabesp! E o Alckmin ainda ganha um prêmio por isso! Pior, pior: ao comentar a premiação, o (des)governador DO PSDB afirmou, na maior cara larga do universo: "Modéstia à parte, é merecido". Vou repetir o que ele disse: "Modéstia à parte, é merecido". E é capaz de ter sido aplaudido (e, se bobear, pelos próprios repórteres). Ninguém bateu panela, ninguém mandou ele tomar no c*. Mundo, acabe.



terça-feira, setembro 22, 2015

Merece reprodução na íntegra

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Como já pisamos e repisamos neste blogue, nosso propósito é evitar ao máximo reproduções integrais de conteúdos de qualquer natureza. Mas esse aqui merece (ah, se merece!):


Aquele DESESPERO que bate quando se está caminhando SOZINHA, as DEZ HORAS DA NOITE, por uma RUA DESERTA e vê um homem atrás do poste.

Minhas reações:
1) primeiro, eu reduzo a velocidade do passo, para dar tempo do cara acabar de mijar;

2) depois, deduzo que ele não está mijando, já que está olhando imóvel na minha direção;

3) penso na hipótese de ser um assaltante "já era! vou ter que desenrolar pra não perder". Afinal, carioca não reage a assalto, carioca vê se tem desenrolo;

(enquanto cada vez chego mais perto)

4) chego a uns 5 metros, descarto todos os pensamentos anteriores e admito a certeza que é uma assombração (!) já que está todo de branco e sorrindo na minha direção
(Fu***, porque com assombração não tem desenrolo)

5) mais ou menos uns 2 metros do tal "mijão-assaltante-assombração", percebo que é SÓ (e somente só) um poster do Felipe Massa, tamanho real
(clique na foto para ver melhor).


- Postagem em rede social feita pela carioca Aline Rocha - que não conheço, mas que receba meus parabéns. Situações como essa engrandecem quem as confessam.

segunda-feira, setembro 21, 2015

Papéis para decidir o jogo: 'Foi gol!' ou 'Não foi!'

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Outro dia registrei aqui as bizarrices do futebol paulista nos anos 1930, na transição do amadorismo para o profissionalismo, com jogos em que os juízes ou se recusavam a seguir apitando ou eram substituídos na marra, jogadores abraçavam o adversário ao sofrer um gol bonito, o árbitro interrompia a partida para que dezenas de chapéus atirados ao gramado fossem retirados, atletas substituídos no 1º tempo voltavam depois, um outro que atuava como bandeirinha entrava para reforçar um dos times e jogadores expulsos podiam ser substituídos. Tais situações são descritas no "Almanaque do São Paulo", publicação independente de José Renato Sátiro Santiago Júnior e Raul Snell Júnior. Pois agora fui presenteado com outro livro sobre a mesma época, "História do futebol em Pernambuco", de Givanildo Alves (Editora Bagaço, 1998, 2ª edição revista e ampliada). Não por acaso, a obra também traz uma série de causos bizarros dos primeiros tempos do futebol disputado nos campos de Recife.

Um dos melhores ocorreu no campeonato pernambucano de 1931, quando o Náutico não podia perder nem empatar um jogo contra o forte Torre, extinto clube apelidado de "Madeira rubra" (tinha uniforme completamente vermelho) e que naquela época já havia ganho os estaduais de 1926, 1929 e 1930. Porque, caso empatasse ou perdesse, o Timbu (apelido do Náutico motivado pela cachaça) recolocaria na disputa pelo título o arquirrival Sport, que já estava praticamente eliminado. Acontece que, para aquela partida decisiva contra o Torre no estádio dos Aflitos, marcada para 29 de novembro de 1931, vários jogadores desfalcariam o Náutico e, como o adversário era tecnicamente superior, a possibilidade de vencê-lo era remota. Foi então que, três dias antes do compromisso, Eládio de Barros Cavalho (foto), um dos diretores do clube, do qual seria presidente por diversas vezes entre 1948 e 1964, surpreende: "Deixem comigo".

Na véspera do jogo, um sábado, Eládio Carvalho chega aos Aflitos por volta das cinco horas da tarde. Chama "seu" Adolfo, responsável pelo campo, e ordena: "Arranje um serrote". Sem qualquer cerimônia, o diretor do Náutico faz com que o velho empregado do clube abra um buraco no pé de uma das traves, que eram de madeira, e serre a parte que fica enterrada no chão. "Com uns vinte vaivém, o travessão superior fiou penso e o poste lateral ruiu", narra o livro. No dia seguinte, o jornal Diário da Manhã estampa ofício dirigido pelo Náutico ao presidente da Federação Pernambucana, Virgílio Maia:
"No intuito de salvaguardar a sua responsabilidade, o Clube Náutico Capibaribe apressa-se a comunicar a V.S., o acidente que acaba de se verificar em seu campo de desportos. No momento em que o encarregado do campo procedia a reparos em um dos postes laterais do gol, sucedeu o mesmo ruir, em virtude do mau estado de conservação da parte enterrada, inteiramente carcomida pela umidade. Dada a hora adiantada em que isso se verificou, impossibilitando a substituição do madeiramento em mau estado, quer nos parecer não ser possível terminar o serviço necessário a tempo de se realizar o jogo marcado, para nosso campo, o que comunicamos para os necessários fins."
A partida não acontece, como o Náutico queria, mas os jornais não engolem o tal "acidente". Na segunda-feira, 30 de novembro, o Diário de Pernambuco comenta: "Causou estranheza nos círculos esportivos o caso do adiamento do jogo Náutico x Torre, em face das circunstâncias em que se revestiu: adiamento processado à última hora, com espaço limitado de tempo para ser impossível uma providência urgente". Apesar de o jogo ter sido adiado, e de o Náutico ter conseguido vencer o Torre, por 1 x 0, o Santa Cruz foi o campeão daquele ano. Mas, para os alvirrubros, o mais importante foi que o rival Sport não terminou a competição nem entre os quatro primeiros...

Mas antes disso, no Campeonato de 1930, ocorreu o fato mais surreal descrito pelo livro. No dia 13 de julho, no estádio da Avenida Malaquias, o árbitro Antonio Gaeta apita o clássico Santa Cruz x Sport, que vence por 1 a 0. Faltando menos de cinco minutos para o fim do jogo, o "Cobra Coral" pressiona pelo empate. "Júlio Fernandes estira um passe a Lauro, que entra na área do Sport e passa a bola a Carlos", conta o livro. "O atacante desfere um chute violentíssimo (...). A bola entrou no ângulo, tocando no varão de ferro, que estava fora do lugar, saindo por um rasgão da rede". Forma-se a confusão. "Sinceramente, não vi se foi gol", confessa o árbitro, enquanto é cercado pelos jogadores dos dois times. Pressionado a tomar uma decisão e já xingado e ameaçado, Gaeta passa a fazer opções esdrúxulas. Primeiro, pergunta se havia sido gol a uma criança. "Vou invocar o testemunho de um inocente", diz, como se a "justificativa" convencesse ou tivesse algum respaldo.

"A bola não entrou, seu juiz", garante o garoto (que torce para o Sport, óbvio!). Os jogadores do Santa Cruz se revoltam. O juiz, então, tenta outra saída (estapafúrdia): "Bem, aqui está um policial, um homem da lei. Ele vai decidir". O guarda, que não perde um jogo do "Cobra Coral", logicamente crava que a bola entrou. Dessa vez são os jogadores do Sport que se exaltam e ameaçam o juiz. O pau quebra entre os torcedores nas arquibancadas. "Não tendo mais para quem apelar", prossegue o livro, "o confuso árbitro chama os jogadores para o centro do campo. ' - Bem, vou tomar a última decisão. Vou fazer um sorteio. Num pedaço de papel, boto: 'Foi gol!'; noutro, 'Não foi!'". Incrédulos, os jogadores dos dois times nem comentam a sugestão, abandonando o gramado. A partida foi anulada e remarcada para a semana seguinte, quando o Santa Cruz venceu o Sport por 3 a 2.


quinta-feira, setembro 17, 2015

O segredo da longevidade

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Conservada no álcool, ou melhor, no puro malte!
Ao comemorar seu aniversário de 109 anos na quarta-feira, 16 de setembro, a britânica Grace Jones revelou o segredo de sua longevidade (o grifo é meu):

- Tomo um pouquinho de uísque toda noite. 
(leia notícia clicando aqui).

E a velhinha manguaça arrematou:

- Me sinto como uma idosa de 60 anos. Não tenho dores, tenho bom apetite e durmo bem.

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quarta-feira, setembro 16, 2015

Arrigo Barnabé traçava um 'X-Banana' no Bar do Vavá

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Num post (clique aqui) sobre o maravilhoso show "Caixa de Ódio – o universo de Lupicínio Rodrigues", do Arrigo Barnabé (confira uma palhinha clicando aqui), em agosto de 2011, o camarada Maurício "De Marcelo" Ayer registrou: "Numa dessas noitadas, o Marcão contou que viu um documentário em que aparecia o senhor Barnabé, lhe perguntavam sobre um lugar de São Paulo que achasse significativo, e ele de bate-pronto indicava o Bar do Vavá". Depois do tal show, "De Marcelo" teve o prazer de manguaçar com o Arrigo e tocou no assunto: "[Ele] logo reavivou recordações do saudoso Gardenburger, sob o olhar curioso de nossos colegas de mesa. [...] Não sabia da morte do Vavá, ficou bastante triste, e me perguntou sobre seu irmão João (o chapeiro)".

Trecho do documentário mostra a localização do extinto 'Gardenburger Rest. Lanch.'

Pois então, durante todos esses anos eu pelejei para encontrar o tal documentário, mas não sabia sequer seu título. Lembro vagamente de ter ligado a TV na madrugada, acho que na Cultura (mas não tenho certeza), e tomado o susto de ver o Arrigo Barnabé sentado no balcão do nosso inesquecível Bar do Vavá, já extinto - e de ter me espantado mais ainda ao ver o próprio Vavá falando no documentário. Já deve fazer uns seis ou sete anos isso. E, por mais que eu fuçasse o Gúgou ou o IuTubi, não tinha qualquer referência para achar essa preciosidade. Pois no início desta semana, zapeando a esmo, trombei por acaso, novamente, com o tal vídeo no canal fechado "Curta!". Estava no fim, nem vi a sequência do Vavá. Mas li o nome nos créditos finais e o localizei! Ei-lo:



Trata-se do primeiro episódio de uma série chamada "Mapas Urbanos", do diretor Daniel Augusto, produzido em 1998. Vários artistas, poetas, músicos e compositores falam sobre a cidade de São Paulo, o maior centro urbano do país e da América Latina. Nesta primeira parte, além do Arrigo Barnabé, aparecem Arnaldo Antunes, Itamar Assumpção, José Miguel Wisnik, Luiz Tatit, Nelson Ascher, Paulo Vanzolini, Régis Bonvicino e Tom Zé. E o Vavá, é claro! Quem quiser ir direto ao ponto pode levar o cursor até o minuto 12:11, mais ou menos, e, logo depois de o Arnaldo Antunes falar sobre uma estátua antiga que até então estava preservada numa lanchonete da Avenida Paulista, aparece o Arrigo aboletado no saudoso balcão do não menos saudoso Bar do Vavá.

Cena do documentário 'Mapas Urbanos', com Arrigo Barnabé no saudoso Bar do Vavá

Logo de cara, ele fala: "Esse bar aqui... Eu morava aqui na [rua] Virgílio de Carvalho Pinto. Isso em 1973. Em 1973, 1974, a gente morou aqui, numa república. Um monte de gente. E volta e meia a gente vinha aqui no Bar do Vavá, que naquela época era uma espécie de um 'inferninho', tinha uns neons vermelhos aqui, assim. E a gente vinha à noite, aqui. E eu conversava com o Vavá". E na sequência aparece o Vavá relembrando: "O Arrigo vinha depois do... Acho que aquela época ele era amador, e ele vinha fazer os lanches dele, um sanduíche de queijo, um X-Banana, um queijo quente com alface, tomava um suco, a gente conversava muito" (Nota do Autor do Post: quem conheceu o X-Elvis e outras "iguarias" daquele bar não duvida que misturassem queijo com banana).

Vavá, o mito, no documentário de 1998: inspirador do Futepoca faleceria 11 anos depois

E prossegue Vavá, o mito, inspirador do Futepoca e protagonista do nosso Post 1000: "Aquele tempo eu era universitário, tava fazendo medicina em Ribeirão Preto. Nos finais de semana, quando eu vinha pra São Paulo, a gente conversava, [o bar] ficava aberto até altas horas da madrugada e ele [Arrigo Barnabé] vinha". Em seguida, o artista dá um testemunho histórico: "Certamente que esse tipo de bar está no universo das minhas canções". Mas Arrigo observa que o Bar do Vavá não tinha "balcão de fórmica vermelha", como na canção "Diversões eletrônicas", parceria sua com Regina Porto que venceu o 1º Festival Universitário da MPB, realizado pela TV Cultura em maio de 1979, um marco do movimento musical Vanguarda Paulista (assista clicando aqui).

Fradique Coutinho, 390: hoje, no lugar do saudoso boteco de Pinheiros, há uma ótica

"Eu não sei que bar tem o balcão de fórmica vermelha, acho que eu inventei na hora", diz Arrigo Barnabé, no documentário "Mapas Urbanos". Interessante é a que letra da tal canção começa falando em um "antro sujo" e em um "luminoso". Seriam referências ao "inferninho" e aos "neons vermelhos" de suas recordações do Bar do Vavá de 1973-74? Provavelmente. Durante 52 anos, entre 1956 e 2008, o glorioso, simpático e hospitaleiro boteco do bairro Pinheiros arregimentou uma fauna peculiar de frequentadores, serviu de palco para milhares de situações inusitadas (como essa aqui, exemplarmente narrada pelo camarada Glauco "De" Faria) e até de cenário para uma história em quadrinhos (do camarada Don Luciano, veja aqui). Mas, infelizmente, acabou.

Maio de 2007: Thalita, Glauco, Mauro Beting, Olavo, Anselmo, Marcão, Frédi e Edu

Apesar da saudade, fica aqui a confirmação de que o tal documentário com Arrigo Barnabé no Bar do Vavá (e com o próprio) realmente existe. E que não é mais uma lenda urbana ou "estória" (de bêbado) - "Ih, lá vem o Marcão com suas 'estórias'...". Engraçado é que conheci o boteco e seu dono em 1999, provavelmente pouco depois da gravação dessas entrevistas do "Mapas Urbanos". E passei a frequentar mais assiduamente o Gardenburger a partir de 2003, levando pra lá, dois anos depois, todos os futepoquenses, amigos, familiares, simpatizantes e convidados (como o Mauro Beting e o Antônio Martins). Enfim, vida que segue... Avoé, Arrigo! Avoé, Daniel Augusto, pelo documentário! E avoé, Vavá! Até um dia.

P.S.: Tem duas frases nesse episódio do "Mapas Urbanos" que me chamam a atenção. Primeiro, como se falasse do próprio Bar do Vavá, o compositor Luiz Tatit diz (o grifo é meu): "Nem há tanto tempo para a pessoa se envolver tanto com as coisas [na cidade de São Paulo]. Tudo o que você viveu desapareceu". E o poeta Régis Bonvicino resume muito bem o que sinto - e sempre senti - (sobre)vivendo nessa metrópole (os grifos são meus): "Aqui eu vivo a experiência do confinamento. Essa sintaxe do confinamento, da impossibilidade, da interdição". Deve ser por isso que o Bar do Vavá me faz tanta falta.

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