Compartilhe no Facebook
Domingo Palmeiras x São Paulo farão um jogão que vai parar o estado. Para os santistas, como eu, e os corintianos, nada resta a não ser acompanhar a boa decisão que está se travando - e com todos os climas que um jogo desse porte merece.
Há domingos de Choque-Rei
Há domingos.
Aqueles que acordo e leio umas três críticas em jornal
impresso, as últimas na internet, o rádio ligado desde a
macarronada.
Estatísticas, tabus, ídolos, heróis, vilões.
Lembram da obra prima de Alex, da confusão generalizada no Pacaembu, da arracanda do Sampaio, do foguete de Cicinho, de casos que pularam o muro, de uma decisão de casa cheia ou de um jogo de garoa em dia útil no interior.
De São Bernardo à Barra Funda tomo um ônibus e um metrô. Na ida, histórias anônimas de quem esteve numa quarta-feira de Ademir ou num sábado de Rogério Ceni. Os irmãos que viram o gol de letra do Raí ou Vagner Love e as pipocas rosas.
A minhoca de metal respira verde. Desde novembro de 2003 a esperança de dias melhores, na elite. O time de Estevan, de Thiago Gentil, eliminado pelo Paulista de Jundiaí e classificado à Libertadores de forma heróica. O de Leão, e Washington, que caiu para o São Paulo na Liberadores, mas buscou, com Gioino, a nova vaga. O de Tite, tão regular, mas que caiu pelas tabelas com seus Marcinhos, Pedrinhos e Juninhos. Ou o de Caio Junior, tão passivo, que viu os
mineiros de Ipatinga e Atlético afundarem o clube em pleno Jardim Suspenso do Palestra Itália.
Mas, metros ao lado, a história era outra. O gol do atacante comprovadamente dopado, do Once Caldas, colocaria um ponto final nas seguidas frustrações. Cuca, Rojas e Paulo Autuori levaram a América (que jogo no Monumental!) e o mundo, de Mineiro e Danilo, mas de Amoroso. Muricy parou no Colorado, mas levou o Brasil aos pés de Rogério Ceni. Depois, parou no Grêmio, mas o Brasil seguiu tricolor. O pós-Telê foi lapidado em uma década, mas que diamante valioso que se deu.
Desço e já vejo as chaminés dos Matarazzo. São quinze minutos de caminhada, o bastante para lembrar da época em que meu pai me levava, de mãos dadas, pelas ruas movimentadas. O eco bate no
peito, a torcida chega, grita. O avô, o pai e o filho vestem o mesmo manto, a camisa dez. Senhores de calça social debatem a baliza: Oberdan ou Marcos? A Turiassu é o encontro daqueles religiosos, onde a missa começa pontualmente às 16h.
O gramado está metros acima. Passam os adversários, os inimigos
dessa guerra. São onze em cada trincheira, eles em três cores, nós de esperança. O coração pulsa sob os pés, os trinta mil alviverdes soam feito um batalhão orquestrado.
Há domingos.
E há domingos de Choque-Rei.
4 comentários:
Grande Paulo Silva Junior, valente repórter de esportes do ABCD Maior!
Palavras do próprio:
"Conheci o Olavo numa comunidade sobre futebol no orkut, mas nem sabia que ele morava aqui em São Bernardo. Um dia eu tava saindo de um buteco lá na rua Augusta, em São Paulo, e olhei pra outro bar ali perto. Lá estava o Olavo, reconheci pela foto do orkut. Depois fomos colaboradores do Gazzetta Palestrina, do Palestra de São Bernardo".
Como é no buteco tudo se resolve, temos mais uma colaboração para o Futepoca. Belo texto.
A vida é um grande boteco...
Belo texto mesmo, parabéns ao Paulo Júnior!
Num sábado de manhã, véspera do jogo, ler um texto desse, até arrepia. Com certeza, será mais um desses jogos que contaremos aos filhos e netos...
Postar um comentário