Enquanto Carlos Miguel Aidar prossegue soltando bravatas (vide episódio "peixada") e aguarda resposta de Alejandro Sabella até sexta-feira pra definir o novo técnico do São Paulo, o auxiliar e treinador interino Milton Cruz simboliza a improvisação e a falta de planejamento da atual diretoria sãopaulina. Caso o argentino recuse a proposta, Cruz será efetivado no cargo mesmo contra sua vontade, na base do "se não tem tu, vai tu mesmo". Sabella, que nos anos 1980 foi jogador do Grêmio-RS, trabalhou como auxiliar de Daniel Passarella em sua malfadada passagem no Corinthians, em 2005, e treinou a Argentina na Copa de 2014. Como técnico, venceu a Libertadores de 2009 com o Estudiantes de La Plata. Mas de concreto sobre a troca de comando no Morumbi, até o momento, apenas o descarte de dois nomes que têm compromisso com outros clubes: Vanderlei Luxemburgo, técnico do Flamengo, e Abel Braga, indicado por Muricy Ramalho, que diz ter acordo com um time árabe.
Ainda bem. Fora o fato de ser totalmente condenável assediar funcionários alheios, nem o "pofexô" nem Abelão me pareciam dignos de uma transação tão desesperada. Se fosse pra investir alto, pagar multa e sofrer a pecha de "roubar" técnico de outro time, na minha opinião, que fosse logo o Marcelo Oliveira! Óbvio que o bicampeão brasileiro nem de longe pensa em abandonar tudo o que construiu no Cruzeiro, mas, já que "sonhar não custa nada", que fosse ele em vez de Luxa ou Abel. Oliveira é, para mim, um dos dois melhores técnicos brasileiros, ao lado de Tite - e ambos poderiam muito bem estar treinando nossa seleção.
Milton Cruz em figurinha de 1978
Enquanto nada se decide, o auxiliar e treinador-tampão Milton Cruz se vê na - nem um pouco invejável - "sinuca de bico" de ter que classificar o São Paulo para a próxima fase da Libertadores e, logo em seguida, enfrentar o "indigesto" Santos na semifinal do Paulistão (no alçapão da Vila Belmiro e em jogo único eliminatório). A primeira "pedreira" será contra o Danubio, amanhã, em Montevidéu, com obrigação de vitória. E um detalhe curioso: pesquisando na inFernet sobre Milton Cruz, descobri que foi lá, no Uruguai, há mais de três décadas, que seu destino cruzou justamente com o do citado Marcelo Oliveira. Lá, os brasileiros jogaram juntos.
Nascido em Cubatão, Milton foi um centroavante que começou jogando em um time chamado Comercial, em Santos (cidade onde enfrentará a segunda "pedreira" desta semana, no próximo domingo). Depois de passar pelo Aliança, de São Bernardo, chegou ao juvenil do São Paulo em 1975, aos 18 anos. Na temporada seguinte, foi o artilheiro do Campeonato Paulista de Aspirantes, com oito gols, o que o credenciou a subir para o time profissional. Logo de cara, integrou o elenco tricolor que conquistou o Brasileirão de 1977, derrotando, na decisão, o Atlético-MG - onde jogava Marcelo.
Marcelo, como atacante do Atlético-MG
Mas a grande chance de Milton surgiu quando Serginho Chulapa, o maior artilheiro da História do São Paulo, pegou um ano de suspensão após ter chutado a canela de um bandeirinha. O garoto de 20 anos entrou em seu lugar e marcou 14 gols no Brasileirão de 1978. Mas Chulapa voltou no ano seguinte e Milton foi emprestado ao Dallas, dos Estados Unidos, e ao Guadalajara, do México, antes de desembarcar no Nacional do Uruguai, onde jogou entre 1980 e 1983. E foi lá que, no penúltimo ano de sua passagem, partilhou a linha de ataque com o Marcelo, dois anos mais velho. Foi jogando pelo Nacional, aliás, que os dois começaram a ser chamados como Cruz e Oliveira, pois os uruguaios costumam tratar os jogadores pelo sobrenome (veja seus nomes na reprodução de um pôster logo abaixo).
Mineiro de Pedro Leopoldo, Marcelo chegou ao Atlético-MG aos 14 anos, em 1969, e foi efetivado como profissional três anos depois pelo técnico Telê Santana, que havia levado o Galo ao título do Brasileirão de 71. O jovem atacante disputou os Jogos Pan-Americanos de 1975 e a Copa América, além das eliminatórias para a Copa da Argentina. Em 1977, era titular do Atlético-MG invicto que, nos pênaltis, perdeu a decisão do Campeonato Brasileiro para o São Paulo no Mineirão. Depois de ser vendido ao Botafogo-RJ em 1979, Marcelo comprou seu passe o alugou para o Nacional do Uruguai, em 1982 - onde jogou com Milton.
Ataque do Nacional em 1982, com Milton (centro) e Marcelo (à direita)
Depois do Nacional, Marcelo Oliveira jogou ainda por Desportiva-ES e América-MG, onde encerrou a carreira, aos 30 anos, em 1985. Como treinador, iniciou nas categorias de base do Atlético-MG, e passou por CRB, Atlético-MG, Ipatinga, Paraná, Coritiba, Vasco e, desde 2013, Cruzeiro. Já Milton Cruz jogou pelo Internacional-RS, pelos pernambucanos Sport, Catuense e Náutico, pelos japoneses Yomiuri e Nissan e pelo Botafogo-RJ, onde encerrou a carreira em 1989, aos 32 anos, como campeão carioca - título que encerrou um jejum de 21 anos do time da estrela solitária. Em 1997, Milton Cruz assumiu o posto de auxiliar técnico no São Paulo. De lá pra cá, assumiu o comando da equipe principal em 27 oportunidades - sempre como "tampão", entre um técnico e outro. Foram 13 vitórias, 6 empates e 8 derrotas. Seus maiores feitos foram um empate em 1 x 1 com o Universidad, no Chile, durante a campanha vitoriosa da Libertadores de 2005, e a vitória por 3 x 0 sobre o Red Bull Brasil, anteontem, que botou o São Paulo na semifinal do Paulistão. O futuro, a Deus pertence...
Marcelo e Milton, em 1982: 'bola dividida' dos atuais técnicos do Cruzeiro e do São Paulo
Depois que Atlético-MG e Cruzeiro eliminaram Flamengo e Santos e garantiram uma inédita decisão mineira na Copa do Brasil, uma colega concluiu muito bem:
Depois de duas derrotas fora de casa (para Coritiba e Corinthians) e mais um empate no Morumbi (contra o Flamengo), o São Paulo fica a nove pontos do Cruzeiro e praticamente dá adeus ao título do Brasileirão. Mas é interessante observar que, tanto nos adversários que brigam no topo da tabela quanto nos que lutam para evitar o rebaixamento, o clube do Morumbi "colabora" com vários de seus ex-atletas e dois ex-treinadores.
Na ponta da tabela:
Cruzeiro - Borges, Dagoberto, Julio Baptista
Internacional - Wellington
Corinthians - Danilo, Fábio Santos, Jadson
Grêmio - Fernandinho, Rhodolfo
Fluminense - Cícero, Jean
Atlético-MG - Diego Tardelli, Josué, Levir Culpi (técnico)
Na parte de baixo:
Bahia - Henrique
Vitória - Richarlyson, Roger Carvalho, Ney Franco (técnico)
Botafogo - Júnior César, Rodrigo Souto, Wallyson
Criciúma - Cléber Santanta, Cortez, Silvinho
Palmeiras - Lúcio
E ainda tem gente no Santos (Arouca, Thiago Ribeiro), Flamengo (Léo Moura) e Figueirense (Marco Antônio). Enfim, resumo de uma diretoria que compra (Cañete, Clemente Rodríguez, Luís Ricardo), troca (Arouca, Jadson, Rhodolfo), vende (Dagoberto, Cícero, Diego Tardelli) e manda embora atletas formados em suas categorias de base (Jean, Henrique, Wellington) sem muito critério. E que, depois, se vê obrigada a emprestar (Wallyson, Cortez) ou se livrar de (Roger Carvalho, Silvinho, Lúcio) apostas furadas.
À luz do que o futebol brasileiro vive em 2013 em comparação com 10 primaveras atrás, em 2003, aí vão quatro profecias para 2023.
Cruzeiro será tetracampeão brasileiro
Nos pontos corridos, com uma campanha irreparável, o time azul de Minas Gerais sagrar-se-á campeão com algumas rodadas de antecedência. Em 2003 foi assim, com a estrela de Alex brilhando com a 10; em 2013 foi assim, com a 10 apagada, às costas de Julio Baptista, desembarcado na metade da competição e na reserva do time. Ainda assim a profecia se sustenta, porque Everton Ribeiro jogou uma bola fina, digna da camisa que já foi de Tostão. Será o melhor ataque, promoverá a maior goleada da competição.
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Palmeiras será tricampeão da Série B
O alviverde imponente terá caído em 2022, mas regressará, recuperará a dignidade em um rotineiro tricampeonato nacional da segundona. À exemplo de 2003 e de 2013, a profecia sugere que o evento repetir-se-á daqui uma década, para desespero dos palmeirenses. Que tristeza!
O G, na camisa do Goiás, voltará ser símbolo de "gol"
O artilheiro do campeonato pode nem ser do Goiás, mas o homem-gol mais notável da competição de 2023 vestirá a camisa verde do time do Centro-Oeste. E a letra G, estampada no escudo do Goiás, voltará a significar "gol" de um jeito peculiar. Em 2003, foi assim com Dimba, que findou como artilheiro da competição. Em 2013, Walter não é o maior fazedor de gols, mas certamente é o que mais chama atenção (em tempo: Éderson, do Atlético-PR é que figura com o maior número de tentos assinalados).
Bahia e Vitória farão BaVis esquecíveis
A última vez em que Bahia e Vitória (e vice-versa) se enfrentaram na primeira divisão do Brasileirão antes de 2013 havia sido em 2003. Depois disso, caiu Bahia, naquele mesmo ano, para a série B. Desceu ladeira abaixo, para a Série C, em 2005. Voltou à segundona em 2007 e à primeira, em 2010. O Vitória caiu em 2004 e em 2010. Subiu em 2007 e em 2012. Embora o tricolor bahiano esteja perigando na 16ª posição, com um a frente do Coritiba, a profecia não é clara sobre o rebaixamento -- embora seja candidata a quarta coincidência.
Muito tem se falado a
respeito do Brasileirão 2013 ser um campeonato de times medianos (eu
mesmo falei isso nesse post).
A impressão geral ocorre porque, exceção feita ao Cruzeiro, todas
as outras equipes oscilam demais no campeonato, o que confere uma
certa estabilidade na tabela, com os mineiros à frente, o restante
do G-4 fixo há algumas rodadas com revezamento de posições entre
três times, e outros três há tempos no Z-4, com dois (São Paulo e
Vasco) trocando de lugar na zona do rebaixamento há algumas rodadas.
Mas, se formos ao
dicionário, vemos que o termo “mediano” se refere àquilo que
está “colocado no meio, entre dois extremos”. Assim, se
considerarmos os extremos como o G-4 e o Z-4, chegaremos à conclusão
que, pelo menos até a 27ª rodada, esta é, sim, uma competição de
equipes medianas.
A classificação atual traz o primeiro time fora do G-4, o Atlético-MG, com 39 pontos,
somente seis à frente do São Paulo, primeiro fora da zona de
rebaixamento. Se tomarmos como referência o Brasileiro de 2012, na
27ª
rodada a diferença era bem maior: o São Paulo, 5º colocado,
tinha 40 pontos, 14 à frente do Coritiba, 16º.
Quase todos podem chegar lá... embaixo.
Campeonatos anteriores
também mostram uma distância grande entre o 5º e o 16º. Em
2011, o Fluminense tinha 44, e o Cruzeiro, 27. Em
2010, o Atlético-PR tinha 42, e o Avaí, 29. No Brasileirão
de 2009, o Internacional tinha 44 e o Santo André, 28. Já em
2008, o São Paulo tinha 46, uma vantagem ampla para o Figueirense,
que tinha 28. Se alguém tiver os dados da 27ª rodada de 2005 a 2007
(quando havia 20 clubes na 1ª divisão), a gente agradece.
Existe outro fator
que dá a impressão ao torcedor de que os times em geral estão em
um nível sofrível. Se descontarmos o Atlético-MG, que já está
classificado para a Libertadores e não tem mais interesse pelo G-4,
o sexto colocado, Vitória, está a cinco pontos do Vasco, primeiro
da zona de rebaixamento. Enquanto isso, sua distância para o quarto
colocado, Atlético-PR, é de oito pontos. Ou seja, na prática,
existe um espectro de 15 equipes cuja realidade, hoje, está mais
próxima da disputa contra o rebaixamento do que da perspectiva de se
chegar à Libertadores. Todos estão em busca da sensação de
alívio, e não do êxtase. Faz muita diferença par ao ânimo dos
boleiros...
E, tomando-se em conta
a pontuação da turma de baixo, todos esses times têm mesmo razão
para se preocupar. Nos campeonatos analisados acima, reparem a
pontuação dos times mais bem colocados na zona do rebaixamento em
cada ano. Em 2012, o Sport tinha 27 pontos; no Brasileiro de 2011, o
Atlético-PR tinha 27; em 2010, o Atlético-GO, 26; no ano de 2009,
o Botafogo tinha 29, e, em 2008, a Portuguesa tinha 27. Todos abaixo
do Vasco em 2013, que tem 32, e apenas o Botafogo de 2009 tem a
pontuação atual do Criciúma, atual 18º colocado, com 29, os
outros estão abaixo. A Ponte Preta, penúltima colocada atual, tem
26, mesmo aproveitamento do Atlético-GO de 2010.
Em suma, a atipicidade
em termos de pontuação desse Brasileiro pode fazer a “nota de
corte” do rebaixamento subir, superando os ditos 45 que os
matemáticos costumam adotar como porto seguro para se manter na
Série A, como o Marcão já alertou aqui.
Aliás, essa projeção, em geral, já é dada anteriormente, alguém
refez as contas com base no certame atual atípico?
Vendo pelo lado
positivo, a competição ainda está aberta para uma arrancada de
algum time que possa, primeiro, se sentir aliviado, e depois almejar
algo, quem sabe, no G-4, que pode virar G-5 caso algum dos clubes de
cima vença a Copa do Brasil, dando chances pra quem hoje tem como
realidade a zona do perigo. Mas pode virar G-3 se um brasileiro
vencer a Sul-Americana. Por enquanto, tirando os cruzeirenses,
ninguém tem muito a comemorar no Brasileiro.
Marcio Porto resumiu tudo em seu texto para o jornal Lance!: "Final: 2 a 0, para fazer qualquer cético rever conceitos." Quem acompanha o que escrevo aqui sobre o São Paulo sabe que estou entre os (mais) céticos e confesso: essa vitória contra o Cruzeiro, em pleno Mineirão, foi um milagre! Aliás, um empate já seria um feito heróico. Porque a discrepância entre as duas equipes nem precisa ser comentada, basta comparar suas campanhas. Os mineiros vinham de 12 jogos sem perder no campeonato, simplesmente 11 vitórias e 1 empate, com goleadas de 4 x 1 no Náutico e 4 x 0 na Portuguesa nas partidas imediatamente anteriores. São 58 gols marcados em 27 rodadas e 11 pontos a frente do segundo colocado. E o São Paulo foi lá e anulou o Cruzeiro com excelente marcação no meio e utilizando três zagueiros, que liberaram os laterais para o ataque - não por acaso, foram eles, Douglas e Reinaldo (apesar de o juiz ter anotado o segundo gol como contra de Everton Ribeiro) que decretaram a espetacular vitória do Tricolor. Palmas para o "santo" Muricy Ramalho, que ele merece.
Reinaldo e Ademilson: 2x0. Milagre!
Palmas porque ele teve a clarividência de botar o atacante Welliton no time aos 20 do segundo tempo, quando o Cruzeiro mais pressionava. A substituição abriu caminho para os dois gols. Palmas porque apostou em Ademilson, que teve participação decisiva no ataque - inclusive no lance do primeiro gol, rolando a bola para o chutaço de Douglas, que, guardadas as incomensuráveis proporções, lembrou o lance genial de Pelé ao tocar para Carlos Alberto fechar a goleada do Brasil sobre a Itália, na Copa de 1970. Palmas porque apostou em Maicon para dar cobertura à Ganso, que fez outra grande partida. Palmas porque voltou a utilizar, com sucesso, o esquema "híbrido" de três zagueiros, com Rodrigo Caio compondo o trio quando o time se defendia e indo ajudar no meio quando o São Paulo atacava. Muricy Ramalho merece crédito por esse resultado fantástico. Ele dever ter dado uma "espinafrada" no time, depois da vergonhosa atuação na goleada sofrida contra o Santos, há apenas uma semana. A disposição de ontem foi diametralmente oposta à daquele dia. Mas Muricy não foi o único "santo" no jogo épico contra o Cruzeiro.
Willian perde um gol feito. Milagre!
Assim como na importante vitória sobre o Atlético-MG no Morumbi, quando o lateral-direito Marcos Rocha perdeu um gol absurdamente "feito" na pequena área do São Paulo, o que poderia ter mudado o resultado daquela partida, o Tricolor contou com "ajuda" semelhante de um cruzeirense, ontem. No primeiro tempo, depois de um chute fulminante de Ricardo Goulart, o goleiro Denis espalmou nos pés de Willian, que, com o gol livre e aberto, pegou de canela e acertou a trave. Inacreditável! O histórico da competição comprova que, quando sai atrás no placar, o São Paulo nunca vence (geralmente perde). O gol do Cruzeiro obrigaria o time de Muricy a se jogar no ataque e abrir espaço atrás para o perigoso e eficiente time de Marcelo Oliveira. Portanto, temos que agradecer, também, ao "santo" Willian. Obrigado! E obrigado, Senhor, por ter tido piedade de nós, sãopaulinos (como pedi ontem, no fim do post que escrevi)! Pena que Ganso e Wellington tenham tomado cartão e não possam enfrentar o Corinthians. Mas espero que o esquema com três zagueiros e o ataque com Welliton e Ademilson sejam mantidos. Vai, São Paulo!
Liédson confere um dos três que marcou no massacre de 2011
No dia 26 de junho de 2011, o São Paulo se preparava para entrar em campo contra o Corinthians, fora de casa, com desfalque de seis titulares: os zagueiros Miranda e Rhodolfo, contundidos, o volante Casemiro, com febre, o atacante Lucas, convocado pela seleção brasileira para a Copa América, o lateral-esquerdo Juan e o volante Rodrigo Souto, suspensos. Sem alternativas, o técnico Paulo César Carpegiani fez várias improvisações com o que tinha no banco de reservas: o zagueiro Luis Eduardo foi preencher buraco na lateral-esquerda, o (então) meia Ilsinho foi deslocado para a lateral-direita, o garoto Bruno Uvini segurou a bomba na zaga junto com Xandão e o também garoto Rodrigo Caio, de 17 anos, fez sua estreia - na fogueira - para compor um trio de volantes junto com Wellington e Carlinhos Paraíba. Depois que este último foi expulso, ainda no primeiro tempo, o Corinthians iniciou a etapa final arrasador e enfiou 5 x 0 no São Paulo, para delírio dos mais de 30 mil torcedores alvinegros que lotaram o Pacaembu. Naquele ano, o time de Tite seria o campeão brasileiro.
Ricardo Goulart já fez 8 gols e vai 'babando' pra cima do S.Paulo
Hoje, 9 de outubro de 2013, o São Paulo se prepara para entrar em campo contra o Cruzeiro, fora de casa, com desfalque de três titulares: o goleiro e capitão Rogério Ceni, suspenso, o atacante Luís Fabiano e o zagueiro Antônio Carlos, ambos contundidos. Outros dois que também são escalados quando estão em condições, o zagueiro Rafael Tolói e o volante Denílson, seguem no estaleiro. Por isso, além de escalar o goleiro reserva Denis (que, na última vez que jogou, tomou um frangaço por baixo das pernas, na derrota por 1 x 0 contra o Milan, na Alemanha), o técnico Muricy Ramalho terá que recuar o volante Rodrigo Caio novamente para a zaga, remendar o meio com o (encostado) volante Fabrício e apostar em dois atacantes que não costumam jogar juntos, Aloísio e Ademilson. É assim que o Tricolor vai à Belo Horizonte enfrentar o líder absoluto do campeonato, 11 pontos a frente do segundo colocado, 58 gols marcados e vindo de uma sequência de 12 partidas invicto (11 vitórias e só 1 empate). O Cruzeiro é praticamente o campeão deste ano. E o Mineirão estará abarrotado...
Já tem muita gente dando como favas contadas
que o caneco desse ano vai pra Toca da Raposa, inclusive este que vos escreve. Com
o melhor ataque com 58 gols (13 à frente do segundo, Atlético Paranaense), e a
segunda melhor defesa (só atrás do Corinthians, que em compensação tem certa
dificuldade de fazer gol), o Cruzeiro tem um saldo de 37 gols, 26 a mais que o
Grêmio. Não à toa os azuis abriram 11 pontos do segundo colocado, a 12 partidas
do final. Muita coisa teria que acontecer pra ameaçar esse título e nem o
Cruzeiro está dando brecha nem há qualquer outro time com ímpeto pra fazer esse
sprint espetacular.
Por conta disso, acabamos fazendo uma sequência
mineira na série Drink Rolando. O primeiro foi o Galibertas, o rabo de galo do
Atlético campeão da Libertadores. Clique aqui para conhecer esse drinque e
aprender a fazer.
Agora, para homenagear o quase certo vencedor do
Brasileirão 2013, o mestre Leandro Nagata criou com o Sangue Azul, um coquetel leve, como é leve o futebol de toques
rápidos dessa equipe. É também refrescante e aromático, características que
casam bem com futebol bonito e eficiente. O gengibre ralado dá toques picantes,
sem agredir o paladar, e por ser jogado ao final lembra estrelas flutuando no céu
de anil.
Tudo isso combina muito bem com uma feijoada
daquelas, mas como a feijoada já tem par (o rival Galibertas!), um bom conselho
é combinar com uma deliciosa rabada com polenta: o entrosamento é perfeito, e a
refrescância da bebida é realçada pela suculência do prato.
Sangue Azul
O coquetel do Cruzeiro, virtual Campeão Brasileiro
2013, com enorme antecipação.
INGREDIENTES
50
ml cachaça
25ml de Curaçau Blue
10 ml de suco de limão
soda limonada pra completar
gengibre ralado a gosto
MODO DE PREPARO
Em copo long drink (300ml) adicione gelo até a
borda coloque a cachaça o curaçau blue , o suco de limão complete com a soda e
solte o gengibre por cima do coquetel com uma colher longa mexa bem.
Anatomia de um possível rebaixamento em notas telegráficas:
1 - São Paulo goleado pleno Morumbi Cruzeiro (pt.) Três gols "craque" Luan (pt.);
2 - Como derrotas Goiás, Santos, Bahia, todas dentro Morumbi, jogo terminou torcida sãopaulina gritando olé adversário pegava bola (pt.); Vaiando quando ela com Tricolor (pt.);
3 - Nove jogos competição, cinco derrotas, dois empates (pt.) São Paulo 8 pontos, dois jogos a mais Ponte Preta, primeira zona de rebaixamento, 7 pontos (pt.); Um jogo a mais Atlético-PR e Portuguesa, também 7 pontos (pt.);
4 - Derrota Cruzeiro sétima seguida, contando amistoso Flamengo partidas Corinthians decisão Recopa Sul-Americana (pt.) Dez jogos sem vitória (pt.);
5 - Próximo adversário Brasileirão forte Internacional, quarto colocado (pt.) Sequência, Corinthians, o derrotou três vezes no ano (mais empate sem gols e eliminação pênaltis semifinal do Paulistão), Pacaembu. Probabilidade derrotas mais que plausível (pt.);
6 - São Paulo não jogou Botafogo, Coritiba, primeiros colocados, melhores times Brasileirão (pt.) Cinco últimas rodadas, 13 novembro a 8 dezembro: Flamengo (casa), Fluminense (fora), Botafogo (casa), Criciúma (fora), Coritiba (casa);
7 - Time esfacelado, sem defesa, sem meio, sem laterais, sem ataque, viaja disputar Copa Suruga, adversários simplesmente Bayern Munique, Milan ou Manchester City (pt.) Depois, Copa Eusébio, Portugal, joga Benfica (pt.) Probabilidade vexames internacionais mais que plausível (pt.);
8 - Adalberto Baptista diretor futebol braço direito presidente Juvenal Juvêncio chefiará viagem amistosos (pt.) Criticou Rogérgio Ceni publicamente clima ruim ainda pior (pt.) Tentou desculpas antes treino (pt.) Piorou mais ainda situação (pt.) Elenco o detesta (pt.) Funcionários clube o detestam (pt.)
9 - Juvenal Juvêncio deu churrasco comemoração (?!?!) Morumbi domingo, após derrota Cruzeiro (pt.) Era exclusivo sócios Juvenal infiltrou membros torcida organizada (pt.) Sócios putos (pt.) Exibição vídeo Marco Aurélio Cunha cantando hino Santos no churrasco (pt.) Discussão pancadaria sócios torcida organizada (pt.) Juvenal mandando bater xingando torcedores (pt.) Seguranças separaram (pt.) Perda total controle direção (?!?!) clube (pt.) Situação política insustentável (pt.) Ambiente pior possível dentro fora campo (pt.) Instabilidade jogadores comissão técnica (pt.) Baixaria, bagunça, caos (pt.)
É isso, torcida sãopaulina. Perspectivas desesperadoras. Não duvido que Nelsinho Baptista deixe o Kashiwa Reysol e assuma o São Paulo até a 30ª rodada...
Sai a Copa das Confederações, entra a Recopa Sul-Americana. Outra disputa que, assim como o torneio internacional de seleções encerrado no último domingo, os brasileiros não sabem muito bem como começou, quantas edições foram disputadas, quem foi finalista ou campeão. Na memória, o máximo que muitos alcançam é que o Santos, campeão da Libertadores em 2011, disputou e venceu a Recopa contra o Universidade de Chile no ano passado. No molde atual, vigente desde 2003, o troféu da Recopa Santander Sudamericana (seu nome oficial, por motivo de patrocínio) é disputado pelo vencedor da Libertadores e o da Copa Sul-Americana do ano anterior - em 2003 e 2004, em jogo único; a partir de 2005, em jogos de ida e volta.
1ª Recopa, do Nacional-URU
Porém, a disputa da Recopa Sul-Americana, competição organizada pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), começou bem antes, em 1989. Na época, a competição, em jogo único, ocorria entre o campeão da Libertadores e o da antiga Supercopa dos Campeões da Libertadores - torneio existente entre 1988 a 1997 e que teve entre seus campeões o Cruzeiro e o São Paulo. Quando a Supercopa foi extinta, surgiu a Copa Mercosul (que existiu entre 1998 e 2001 e teve Palmeiras, Flamengo e Vasco entre seus quatro únicos campeões) e a Recopa deixou de ser disputada. Seu retorno só aconteceria com o fim da Copa Mercosul e surgimento da Copa Sul-Americana, em 2003 (que já teve como vencedores os brasileiros Internacional-RS e São Paulo, atual campeão).
LDU levanta o troféu de 2009
Portanto, tirando o intervalo entre 1999 e 2002, já ocorreram 21 edições da Recopa, sendo 20 decididas em campo e uma com campeão automático - o paraguaio Olimpia, em 1991, por ter vencido a Libertadores e a Supercopa em 1990. O maior vencedor é o argentino Boca Juniors (4 vezes: 1990, 2005, 2006 e 2008), seguido por Internacional-RS (2007 e 2011), São Paulo (1993 e 1994), LDU do Equador (2009 e 2010) e Olimpia do Paraguai (1991 e 2003). Os outros campeões têm só um título: Cruzeiro (1998), Independiente-ARG (1995), Vélez Sársfield-ARG (1997), Cienciano-PER (2004), Colo Colo-CHI (1992), Grêmio-BRA (1996), Nacional-URU (1989) e Santos-BRA (2012). O Brasil é o país com mais títulos (8, contando com o de 2013), seguido por Argentina (6), Equador e Paraguai (2 cada).
Neymar e a Recopa de 2012
Na edição deste ano, que começa a ser disputada amanhã, no Morumbi, a Recopa terá pela primeira vez um clássico regional brasileiro: Corinthians (campeão da Libertadores em 2012) contra São Paulo (campeão da Sul-Americana). O jogo de volta acontecerá no Pacaembu, dia 17 de julho. Se o Corinthians manteve para essa disputa Emerson Sheik, o autor dos dois gols que garantiram a conquista da Libertadores contra o Boca Juniors, no Pacaembu, o São Paulo conseguiu segurar apenas Osvaldo, autor de um dos dois gols da partida decisiva da Copa Sul-Americana contra o também argentino Tigre, no Morumbi - o outro gol foi marcado por Lucas, hoje jogador do Paris Saint Germain. Para o time do Parque São Jorge, recém-campeão paulista, da Libertadores e do Mundial de Clubes, uma eventual derrota não significará muita coisa. Já para o Tricolor, eliminado pelo mesmo Corinthians na semifinal do Paulistão, a perda de mais esse título poderá custar a cabeça do técnico Ney Franco - e mais uma "faxina" no elenco, como ocorreu na eliminação da Libertadores deste ano, após goleada do Atlético-MG.
A RECOPA SUL-AMERICANA A CADA EDIÇÃO
1989 - A primeira edição teve dois jogos: o Nacional do Uruguai, campeão da Libertadores de 1988, ganhou a primeira partida em casa, por 1 a 0, e levantou a primeira Recopa ao empatar sem gols a partida de volta, contra o argentino Racing, campeão da Supercopa do ano anterior.
1990 - Na segunda edição, a Recopa teve como vencedor o Boca Juniors, que era o campeão da Libertadores. A disputa ocorreu em jogo único, em Miami, nos Estados Unidos, contra o colombiano Atlético Nacional, que tinha vencido a Supercopa dos Campeões em 1989. Foi 1 x 0 para os argentinos.
1991 - Por ter vencido tanto a Copa Libertadores quanto a Supercopa de 1990, o Olimpia do Paraguai foi declarado automaticamente o campeão da Recopa do ano seguinte. Dois anos depois, o São Paulo passaria pela mesma situação, ao vencer as duas competições, mas houve disputa da Recopa.
1992 - Novamente em jogo único, o Colo Colo, do Chile, campeão da Libertadores de 1991, derrotou o brasileiro Cruzeiro, campeão da Supercopa, por 4 a 2 na disputa de pênaltis (no tempo normal, o jogo terminou 0 x 0). A disputa ocorreu na cidade de Kobe, no Japão.
1993 - Primeira disputa entre brasileiros: o São Paulo de Telê, campeão da Libertadores, e o Cruzeiro campeão da Supercopa, que agora contava com o garoto Ronaldo Nazário. Sabe-se lá por quê, teve jogo de ida e volta: dois 0 x 0 e São Paulo campeão nos pênaltis por 4 x 2.
1994 - Mais uma Recopa decidida entre brasileiros. O São Paulo podia ser campeão automático, pois tinha vencido a Libertadores e a Supercopa de 1993. Mas o Botafogo-RJ, campeão da Copa Conmebol, foi convidado para a disputa, novamente em Kobe, no Japão. Deu São Paulo: 3 x 1.
1995 - Dessa vez, houve o primeiro confronto entre argentinos - e a primeira vitória do campeão da Supercopa sobre o da Libertadores. Em jogo único em Tóquio, o Independiente derrotou por 1 x 0 o Vélez Sársfield (que no ano anterior tinha vencido o São Paulo na final da Libertadores).
1996 - O Grêmio de Felipão, campeão da Libertadores em 1995, foi o segundo brasileiro a levantar a Recopa Sul-Americana, em jogo único disputado em Kobe, no Japão. E foi com goleada: 4 a 1 sobre o o Independiente, campeão da Supercopa no ano anterior.
1997 - Segunda disputa entre argentinos e, curiosamente, segunda vitória do campeão da Supercopa. Novamente em Kobe, o Vélez Sársfield se vingou de 1995 e venceu na disputa de pênaltis o River Plate (4 x 2), depois de empatar por 1 a 1 no tempo normal.
1998 - Terceiro campeão brasileiro: em jogos de ida e volta, o Cruzeiro, campeão da Libertadores em 1997, venceu o River Plate em casa por 2 x 0 e novamente na Argentina, por 3 x 0. Foi a última disputa da Recopa antes da interrupção por causa da extinção da Supercopa.
2003 - Depois de quatro anos, a Recopa voltou com o paraguaio Olimpia, campeão da Libertadores em 2002 (contra o São Caetano, em pleno Pacaembu), vencendo por 2 x 0, em jogo único em Los Angeles (EUA), o argentino San Lorenzo, campeão da primeira Copa Sul-Americana.
2004 - Última edição em que a Recopa foi disputada em jogo único. Em Fort Lauderdale (EUA), o Cienciano, do Peru, foi o primeiro campeão da Copa Sul-Americana a derrotar o campeão da Libertadores, o Boca Juniors. Foi 1 x 1 no tempo normal e 4 x 2 nos pênaltis.
2005 - Início da hegemonia do Boca Juniors na Recopa. O time, que já havia vencido em 1990 (e venceria em 2006 e 2008), ganhou em 2005 do colombiano Once Caldas, campeão da Libertadores. No jogo de ida, 3 a 1 para o Boca em Buenos Aires. Na volta, derrota por 2 a 1 em Manizales.
2006 - Novo título do Boca Juniors e novamente contra o campeão da Libertadores, o São Paulo. No jogo de ida, 2 x 1, de virada para os argentinos, em La Bombonera. No Morumbi, 2 x 2. Após a premiação, Rogério Ceni causou polêmica ao atirar sua medalha para a torcida.
2007 - Mais um título brasileiro. O Internacional-RS, que derrotou o São Paulo na final da Libertadores de 2006, conquistou a Recopa sobre o mexicano Pachuca. No jogo de ida, os gaúchos foram derrotados por 2 a 1. Mas golearam por 4 a 0 e levantaram o troféu em Porto Alegre.
2008 - Quarto título do Boca Juniors, que tinha vencido a Libertadores de 2007 derrotando o Grêmio na decisão. Dessa vez, os argentinos levantaram a Recopa ao vencer o compatriota Arsenal de Sarandí por 3 x 1, na partida de ida, e empatar por 2 x 2 a volta, em La Bombonera.
2009 - A equipe equatoriana Liga Deportiva Universitaria, campeã da Libertadores de 2008 (contra o Fluminense, em pleno Maracanã), venceu a Recopa contra o Internacional, primeiro brasileiro campeão da Sul-Americana. A LDU venceu duas vezes: 1 x 0 no Brasil e 3 x 0 no Equador.
2010 - Bicampeonato da LDU, dessa vez jogando como campeã da Copa Sul-Americana de 2009. O adversário foi o campeão da Libertadores, o Estudiantes (que havia derrotado o Cruzeiro no Mineirão no ano anterior). A LDU venceu por 2 x 1 em casa e empatou a volta sem gols.
2011 - Outro título brasileiro. O Internacional, campeão da Libertadores de 2010, conquistou a Recopa contra o Independiente, campeão da Copa Sul-Americana. No jogo de ida, no país vizinho, 2 x 1 para os argentinos. Na volta, no Rio Grande do Sul, 3 x 1 e troféu para os brasileiros.
2012 - Sétimo título para o Brasil (e o oitavo já está garantido este ano, na disputa entre Corinthians e São Paulo). O Santos, campeão da Libertadores em 2011, enfrentou o Universidad de Chile, campeão da Copa Sul-Americana. Resultado: 0 x 0 na ida e 2 x 0 para o time de Neymar no Brasil.