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Quando cheguei ao trabalho, ouvi de corintianos comentários fáceis – e obrigatórios – do tipo "você acha que o Muricy dura mais dois jogos?" e "Dois jogos não é muito?" Claro que troça é troça, e depois de um clássico vencido, é inevitável. Até porque os alvinegros passaram três anos sem esse sabor. E não serão torcedores rivais que vão pautar o torcedor.
No domingo, enquanto o Palmeiras perdia para o Corinthians jogando a maior parte do tempo com um jogador a mais, o treinador Muricy Ramalho desfilava com um novo uniforme. O que está em questão não é a superstição praticada por alguns treinadores e jogadores no passado, que repetiam camisetas, bonés, meias e tudo quanto é peça de roupa.
Segundo a empresa patrocinadora, "nunca, na história deste planeta", uma empresa estampa sua marca no uniforme do técnico de um time profissional. E só dele.
De lambuja, leva carrinho da maca, placas nos Centros de Treinamentos, outdoor no Centro de Treinamento de Guarulhos e também o backdrop – aquela lona que compõe o cenário onde jogadores, comissão técnica e cartolas concedem entrevistas. A seguradora da Unimed levou R$ 1,3 milhão aos cofres do clube, por um ano.
Segundo o presidente Luiz Gonzaga Belluzzo, Muricy "topou ajudar na hora" e não levou nada a mais pela fórmula. Exceto os direitos de imagem já definidos por contrato, mostrando ser "um excelente profissional", de acordo com o diretor de marketing do clube, Rogério Dezembro.
Tanta moral exibida na coletiva com a diretoria seria pra inglês ver?
A insatisfação com o futebol apresentada é geral, inclusive de Muricy e da diretoria, que promete mais atacantes. E as críticas que aparecem são mais à diretoria do que ao treinador.
Um sinal que deixa claro para mim que o clima é tranquilo por lá – pelo menos por enquanto – foi a forma como o Terceira Via Verdão abriu a entrevista com Muricy. Além de não editar nem cortar palavrões e maneirismos, o que deixa o texto mais divertido, está lá que "ouvimos coisas que há menos de um ano não achávamos que fossemos ouvir da boca do treinador". A saber: "Sim, Muricy era palmeirense quando criança".
A entrevista é divertida. O técnico elogia o time atual por ter boa escolaridade e boa cabeça, atributos de um elenco que não me lembro de ver elogiada. Diz que o Palmeiras não tem um 10 como Ademir Da Guia, "só tem cara que é força, corredor".
Apesar disso, diz que o time da Copa São Paulo, eliminado pelo Santos na semifinal, é muito bom, o que justifica tanta molecada compondo o elenco – além da falta de contratações, é claro. "Pô, tem um puta trabalho, essa safra é muito boa!", afirma. E o trabalho foi bom principalmente levando em conta que as categorias de base só produzem jogadores fortes, sem qualidade de passe – como já havia criticado antes.
Como faltam zagueiros e laterais bons, precisa optar por três zagueiros. "O São Paulo? Mudou [o esquema de jogo quando Muricy saiu] e se fudeu", sentenciou.
Tem que ler.
3 comentários:
Questão pra debate (ou não): a sinceridade e relativo desprendimento das declarações do Muricy equivalem na política ao estilo Ciro Gomes?
interessante. a diferença é q o Ciro nao muda de time, mas cada hora fala uma coisa, e sempre é sincero. O Muciry muda de vez em quando de time, quase sempre fala a mesma coisa, e tbem é sempre sincero.
mas pode haver um filão aí.
depois da série interminável na internet "separados no nascimento", é hora de criarmos a sequência "almas gêmeas".
teria menos apelo, pq é difícil expressar isso só com imagens, mas seria divertido. O Belluzzo veria essas semelhanças entre Luxemburgo e Lula.
Quem seria a alma gêmea do suplicy no mundo da bola?
A diferença que vejo é que dar entrevistas é função fundamental na carreira profissional escolhida por Ciro Gomes, e ele cumpre a obrigação com enorme desenvoltura, mesmo que seja pra chutar o rabo de Deus e o mundo.
Já as entrevistas com técnicos de futebol são totalmente inúteis e dispensáveis - só servem para encher linguiça em jornais, rádio e TV e manter um exército de "jornalistas" e "comentaristas" empregado. Muricy Ramalho sabe disso, mas não pode escapar da obrigação. Daí, esculhamba Deus e o mundo.
Sinceramente? Prefiro não ouvir nem um nem outro...
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