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(Preparem o estômago, que o prato é indigesto)
Cidades grandes e ricas atraem mão-de-obra de todos os níveis. Isso acontece em Londres, Tóquio, Nova Iorque, Dubai, Mumbai, Joanesburgo e, claro, São Paulo. A mão-de-obra precisa da cidade e a cidade precisa desses trabalhadores. Esse é um movimento tão óbvio e tão auto-explicativo que às vezes parece que não precisa mais explicar. Quem passou pela escola e aprendeu alguma coisa sabe que é assim. Quem vive uma vida de trabalho duro também sabe.
Mas parece que isso não é tão fácil de entender, pelo menos de acordo com um grupo de jovens paulistas - são cerca de 600 no Estado, 100 na capital. Para eles, migrante, aqui, não deveria ter vez. O manifesto "São Paulo para os paulistas" (eu já falei sobre preparar o estômago? É sério) aborda a migração de pessoas de outras partes do país para cá, defendendo a ideia de que a 'cultura' paulista estaria se perdendo num mar de, digamos assim, nordestinidade. Aqui, entrevista que o Terra Magazine fez com um dos integrantes do movimento.
O manifesto se esquece que, para que uma economia cresça, é preciso de gente para trabalhar e para consumir, e desce a lenha nos migrantes. Apesar da tentativa que o movimento faz em convencer (aos leitores? a eles próprios?) que eles se dirigem a todos os migrantes, o foco nos nordestinos é claro. Para esses jovens, os migrantes, se quiserem vir, devem entrar mudos e sair (sair, principalmente sair!) calados, como demonstra este trecho: "Fique esclarecido que os migrantes são os visitantes. E os paulistas são os “donos-da-casa”. E não o inverso, como pensam e agem. Assim ambos devem portar-se como tal".
Os autores deixam de fora tanto conceito básico que dá até preguiça. Um deles é o fato de que São Paulo não existe enquanto povo único. Somos uma mistura de várias regiões do país e de várias nacionalidades. Eu, que se quisesse passaria com louvor em algum tipo de "matrícula" no movimento, branca que sou, tenho família que está aqui há 3 gerações, pelo lado da minha mãe, e apenas uma geração, pelo lado do meu pai. Essas famílias trouxeram sua cultura, seu modo de ser, sua comida e tudo o mais para cá no século XX mesmo, nem faz tanto tempo. Durante todo esse século, o estado de São Paulo foi sendo moldado por pessoas que vieram de fora. Em 1872, a cidade de São Paulo contava com apenas 30 mil habitantes. Tudo isso para dizer: não existe uma "cultura paulista" eugênica como querem os "manifestantes".
Mas suponhamos que São Paulo fosse mesmo uma entidade una, que tivéssemos todos uma cultura muito específica e homogênea. E daí? Fazemos parte de um país que tem entre seus princípios fundamentais a liberdade de ir e vir. E esse princípio não está aí de graça, ele tem fundamentos que o justificam. Não é essa, porém, a visão do movimento. Eles reivindicam que "torne-se crime no Estado de São Paulo, a invasão e loteamento de terrenos ou prédios - públicos ou privados". A justificativa? "São Paulo não foi buscá-los em sua origem. Portanto, não tem obrigação de sofrer suas práticas".
E, apesar de os autores afirmarem que estão apenas (!) preocupados com a dita "cultura paulista", não falta reclamação sobre o fato de que São Paulo contribui com mais impostos para o Brasil, sem que haja retorno desse dinheiro, como neste trecho: "Com os valores tomados de S Paulo pelo Brasil, daria para construir 9 rodoaneis por ano. S Paulo paga menos a seus policiais e professores do que os estados que tomam os recursos de SP". Mais uma vez, do começo. Imposto é (deveria ser) uma forma de distribuição de renda. Quem ganha mais paga mais, para que quem ganha menos tenha acesso a serviços básicos. Simples assim. Que existam distorções, não duvido. No Brasil, pobres pagam proporcionalmente mais que ricos, como explica o mestre em Finanças Públicas Amir Khair, em matéria da Revista Fórum: "Quem ganha menos de 2 salários mínimos paga 49% de seus rendimentos em tributos, enquanto o percentual não passa de 26% para quem ganha mais de 20 salários mínimos". Isso sim é distorção. O estado com mais atividade econômica do Brasil contribuir mais é apenas o óbvio.
O documento contém mais e mais barbaridades, mas que seria inútil considerar aqui. Discutir contra o preconceito é algo sério...
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sexta-feira, agosto 06, 2010
Uma tal defesa da "cultura paulista"...
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19 comentários:
Tenho um amigo de ideias semelhantes. Certa vez, ele veio com esse papinho manso: "não é questão de ter preconceito, é só de achar que há diferenças culturais, só isso, é difícil conviver com gente de outros estados".
Perguntei se ele manteria a opinião se, pro apartamento do lado do dele, se mudassem cinco modelos catarinenses iniciando a vida em São Paulo.
Até hoje tá procurando a resposta...
Coisa horrorosa, lamentável. Nem sei por onde começar a discutir essa babaquice da nova "juventude hitlerista", aí...
boa, Olavo, vou começar a usar essa!
Coisas como essa só corroboram meu verdadeiro horror, nojo e (por que não dizer?) ódio da cidade de São Paulo e, principalmente, de sua horrenda "gente de bem". Aí vem um desses e pergunta: "Então por que não vai embora logo?". Calma, é só questão de tempo. Estou tentando fugir há seis anos, só que o túnel pelo subterrâneo da prisão custa um bocado para ficar pronto (leia-se: preso pela necessidade de ficar perto da minha filha mais nova, que infelizmente reside aqui com a mãe - e ambas são nordestinas, com muito orgulho). Mas sosseguem, pessoas "paulistas": o dia que eu for, será para nunca mais voltar. E ainda mando limpar a sola do sapato com querosene, pois não quero nem a poeira dessa terra abominável. "Cultura" de "paulista" é rôla!
A maior parte da arrecadação tributária federal se dá em São Paulo, mas isso não significa que os paulistas estão pagando a conta. O cidadão do Oiapoque ou do Chuí que compra uma pasta de dente fabricada em São Paulo arca com um catatau de tributos indiretos (IPI, Cofins, etc.). Mas, em função do fabricante ter domicílio fiscal em SP, essa carga tributária é, do ponto de vista contábil, arrecadada naquele estado.
Senhores candidatos, gente estúpida existe em qualquer lugar do planeta. Inclusive em São Paulo. Talvez aqui tenha alguns a mais (mas isso pode ser que as proporções expliquem). Só não acho que a melhor resposta para o ódio e o preconceito seja o mesmo ódio e preconceito...
Os toscos esquecem que devem ser descedentes de imigrantes. Até porque 99% das pessoas que nasceram nessa cidade são de famílias vindas de outros lugares.
Por que não escancaram logo que é "problema" é com o pessoal do NE?
Não vi palavra, direta ou indiretamente, reclamando da vinda massiva de gente do sul de MG, do RJ, do ES, dos três Estados da região Sul do país...
Que bando de cretinos! De cínicos! E que falta faz um Robespierre nestes tempos bicudos. Estes aí tinham que ser levados direito ao cadafalso.
Assim nasce o totalitarismo, assim nasce o fascismo. Só faltou uma defesa pela tradição, a família e a propriedade.
O que seria da "cultura paulista" se não fossem os movimentos migratórios? Fora que duas das maiores instituições nascidas em São Paulo (a saber: o Corinthians e seu arquirrival, que se veste de verde) tiveram participação intensa de imigrantes, e hoje possuem adeptos em todo o país (incluindo o mineiro aqui).
Depois tem gente que reclama de falta de liberdade de expressão no Brasil. Só com muita liberdade de expressão para ideias assim ganharem espaço na mídia...
Precavido pelo aviso no texto e com o estômago devidamente preparado, cliquei no link e com toda a paciência e boa vontade do mundo li o tal do manifesto.
Realmente é um lixo da pior qualidade, com ideias e ideais completamente distorcidos da realidade em que vivemos. Porém, igualmente assustado eu fiquei por não ter sido préviamente avisado, que no espaço dos comentários teria uma opinião como a do Marcão sobre o que ele pensa da cidade em que ele vive. Somente mudou o lado do "manifestante". A opinião dele é igualmente estúpida e degradante, principalmente para quem a dá e acha que é o tal. Lamentável este comportamento que fomenta e acirra pretensas rivalidades, ou pior ainda, superioridade de uma região, povo ou raça sobre outros. Portanto chega-se a conclusão que os ignorantes infestam os dois lados da questão (se é que deva existir um lado). Ainda bem que este tipo de comportamente desprezível, tanto de paulistas e paulistanos bem como dos migrantes e imigrantes que moram aqui em SP, não é característico nem compartilhado por todos e sim por uma minoria recalcada que não sabe bem o que veio fazer no mundo. Então Marcão, ajude a todos que querem viver em civilidade e quando (e se) você for embora, desinfete não só a sola do seu sapato com querosene, mas também todos os lugares aqui nesta cidade por onde você andou. E faça isso o mais rápido possível por gentileza. O cidadão comum, independente de sua origem e etnia, agradece.
Opa, Luiz Antonio, por favor, conto com a sua colaboração imediata para me ajudar a fugir daqui. Me passe teu email para eu mandar o número da minha conta bancária. Qualquer quantia serve - serei eternamente grato. E, debaixo de minha imensa ignorância, pedirei então, a ti, que utilize sua indiscutível sapiência para desintegrar meus vestígios espalhados pela cidade "maravilhosa", para o bem de todos e felicidade geral da nação. Um grande abraço e, sinceramente, muito obrigado. Volte sempre.
Entendo os comentaristas uqe dizem que não é todo mundo em SP que pensa assim. Claro que não, aqueles que têm suas origens recentes em outros lugares evidentemente não pensam essas barbaridades. Mas entre aqueles que se sentem mais paulistas que os outros (bom lembrar que o manifesto se refere ao estado, não à cidade especificamente) tenho certeza, por experiência própria e por leitura diária na internet, que o número de pessoas que partilha de pelo menos algumas partes desse manifesto é bem maior do que gostaríamnos que fosse.
Eu acho que a coisa é assim: é um porre ter que ficar ouvindo Calypso, Aché, Ivete Sangalo, Tiririca, Funk de traficante Carioca, Tati Quebrabarraco e outros lixos no último volume como se todo mundo tivesse que "engolir" essa mherda como cultura. Isso aí não é nem nunca será de SP. Por outro lado não suporto essa cambada de "country do paraguai" que circulam aí pelo interior do estado como "cultura paulista". No entanto, se os nordestinos, mineiros, baianos, gaúchos et caverna se sentem "desprezados" pelos paulistas e se sentem no direito de impor suas "culturas", suas "manias", seus "jeitinhos brasileiros" guela abaixo dos paulistas eu tenho uma sugestão: peguem a estrada, avião, trem, navio ou a pé mesmo e voltem de onde vieram...brasileiro em geral (imbecil de 3º mundo com sindrome de cachorro vira-lata)tem este PÉSSIMO HÁBITO de achar que pode tudo na casa dos outros. É como o imbecil que vai pro EUA, Portugal, etc e quer comer "toicinho de porcu", "feijuada", "dançar sambinha" e especialmente "fazer maracutaida" como se estivesse na Corruptolândia Banânica. São Paulo não precisa do Brasil, o Brasil é que precisa de São Paulo. (ah, só pros "hipócritas paulistas" de plantão: se você não pensa assim, acha que tem que adorar todos os seus "irmãos brasileiros", fique sabendo que fora de SP você é lixo tão odiado como os "us americanu capitalista qui distruiru i robaru u brasil". Seu Lulla (que é o maior exemplo do "bom nordestino que cospe no prato que come")tá fazendo a parte dele chamando qualquer paulista de "zélite" e cuidando para que o resto do país continue a odiar SP, razão pela qual, José Serra (o hipócrita)NUNCA VAI GANHAR ELEIÇÃO FORA DE SP! É, tô revoltado e cansado de apanhar de safado que vive as custas do trabalho de SP e cospe na cara da gente! Não concorda? Tem mais de 20 estados diferentes pra você se mudar. Boa sorte.
pergunte para estes merdinhas de onde vieram os pais deles??? só isso
Queria que o Anônimo (super-corajoso) aí começasse, então, a explicar o que é a cultura paulista.
E depois, que explicasse por que diabos escuta os artistas citados. Ninguém o obriga a ouvir isso não. Afinal, em tempos de internet ninguém mais é refém do rádio.
Por último, queria saber qual o problema que ele vê em misturar as pessoas, os costumes, as comidas e tudo o mais.
Acredito que a migração possui características positivas e negativas.Entre as negativas vemos a grande dificuldade dos governos em administrar os recursos. Sim, SP poderia ser melhor, mas os outros estados também poderiam, caso as pessoas em vez de migrarem lutassem por seus interesses no estado de origem. Infelizmente no Nordeste o povo é dominado pelos lideres políticos que dominam como coronéis. Dizem ser machos e valentes, mas correm da opressão dos políticos e poderosos. Estudem a história atual destes estados e vejam a situação deplorável que o povo se encontram...por isso migram, para onde podem ter mais direitos ou melhores condições, ou ate mesmo condiçoes, pois até trabalho escravo continua existindo neste imenso Brasil. Infelizmente temos o Brasil da Internet e TV a cabo, e o Brasil da ignorância, da fome, da falta de água e de condições básicas......
Quanto preconceito junto... Já disseram que não dá pra discutir política, futebol e mulher... acrescentem São Paulo.
Mas só um comentário mais: como paulistano e filho de imigrante, às vezes cansa mesmo ficar ouvindo tanta gente falar mal da cidade. Coisa chata mesmo. Esse tipo de coisa alimenta o ódio: um fala mal da cidade, o outro defende e manda embora... Isso vai ser eternamente assim.
Por que todos não começam a dizer que a cidade é bacana e iniciem a campanha de isolamento aos idiotas, não importando a que lado eles pertençam?
Se um bandido invadir a tua casa, ele tem direito de ir e vir?...
Aprendam a respeitar a opinião diferenmte.
Se eles tem a opinião deles, tem direito de se manifestar.
Parem com essa mania nazista de achar que só vcs podem falar, que só o lado de vcs está certo.
Parabéns a estes jovens destemidos, que têm encarado o preconeito e os padrõezinhos de pensamento pré-moldados de hoje.
Esse anônimo, que não tem coragem de dizer o próprio nome, deve ser um desses filhinhos de papai alienados e simpatizantes do nazismo. Se não é assim o parece.
Nunca vi tanta asneira junta em tão poucas linhas de texto!Vai trabalhar e estudar um pouco pra iluminar essa mente caolha! Se bobear é descendente de nordestinos e nem sabe.
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