Compartilhe no Facebook
Lá está ele, Durval, o craque da camisa 4. Só que não.
Pouca gente deve ter dado bola, mas o Brasil foi campeão na noite desta quarta-feira, em
cima da Argentina, e en La Bonbonera. Trata-se, claro, do glorioso Superclássico das
Américas. O tradicional caneco ficou com a seleção canarinho pela segunda vez
em duas disputadas, esta nos pênaltis, após o 2 a 1 para a Argentina no tempo
regulamentar, resultado igual ao conquistado em terras tupiniquins.
O resultado, na
verdade, pouco importa. Se esse jogo vale de alguma coisa, é para
observar alguns jogadores novatos com a amarelinha. Começando pelo
óbvio: Durval não dá. O zagueiro deve ser o cara que mais
comemorou o único título que jamais imaginou que ganharia. O mesmo
vale para Fábio Santos e o tal Lucas Marques, lateral-direito do
Botafogo, o que demonstra a escassez de nomes para a posição. Réver
também é mais fraco do que eu imaginava e Ralph é aquele
cão-de-guarda conhecido, com boa marcação e passes de lado. Isto
posto, vamos ao jogo.
Mano entrou com uma
formação estranha com três volantes: Ralph, Paulinho e Arouca,
sendo que os dois últimos deveriam armar o jogo. Começaram muito
mal, com os dois “armadores” batendo cabeça no lado direito do
campo. Pouco depois Arouca caiu pela esquerda e se adiantou um pouco,
distribuindo melhor o time. Foi dele o passe para a melhor chance
brasileira, desperdiçada por Neymar, que parecia se questionar o
tempo todo “o que diabo eu to fazendo aqui?” - dúvida semelhante à manifestada por Durval quando soube de sua convocação.
Primeira observação:
Arouca tem passe melhor que Ramires. Merece ser testado na dupla de
volantes-que-marcam-e-jogam de Mano, ao lado de Paulinho, que fez
outra boa partida - como volante, não como armador.
Ainda no meio-campo,
chamou minha atenção a atuação ruim de Thiago Neves. Errou quase
tudo que tentou, não achou posição e pouco acrescentou. Foi
prejudicado pelo vazio na armação dos dois volantes, é
verdade, mas, com seu desempenho igualmente fraco no jogo anterior, teria gasto suas chances com este professor aqui.
Fred e Neymar foram
prejudicados pelas dificuldades da armação. Mesmo assim, o camisa
11 teve as melhores chances, como a já citada no passe de Arouca, e
deu uma arrancada maravilhosa que merecia terminar em gol. O 9, bem, fez o gol de empate numa das
poucas chances que teve. Mas é fato que Fred não se entendeu tão
bem com Neymar e seu entrosamento com Thiago Neves não ajudou muito.
No segundo tempo,
entraram Carlinhos na lateral-esquerda, criando uma opção ofensiva
pelo setor, e Jean no lugar de Arouca. O volante (são tantos...)
não ficou muito tempo no meio-campo e teve de cobrir a
lateral-direita com a lesão de Lucas. Entrou Bernard, que bem que
podia ter começado o jogo para ser melhor avaliado.
Foi Jean quem cometeu a
falta fora da área que o juizão decidiu transformar em pênalti. E
também foi ele que cobriu como o volante que é o contra-ataque
bizarro cedido pelos zagueiros, deixando o setor direito da defesa
aberto para a finalização de Scocco, que entrou no lugar do pirata
Barcos.
Nos pênaltis, Diego
Cavalieri deu passos para garantir uma vaga com uma bela defesa na
cobrança do corintiano Martinez (nota mental: avisar Tite para não
deixar o argentino cobrar pênaltis no Japão). Montillo chutou na
lua e, como Neymar não perdeu dessa vez, levamos.
Bom, foi o que se pode
arranjar sobre essa partida de validade duvidosa. Mas sem dúvida
Durval lembrará para sempre do dia em que foi campeão pela mais
vitoriosa seleção do mundo. Mais um bonito momento proporcionado
pela CBF.
9 comentários:
Rapaz, de cara, fiquei pensando se tinha visto algo tão bizarro na seleção, como Durval, Fábio Santos e o tal Lucas Marques, juntos na linha de defesa. Depois de matutar um pouco, vi que o nível da coisa já foi semelhante ou pior. A final da Copa das Confederações de 1999, contra o México, que o diga. Vale dar uma olhada no link, a partir de 5min55s. http://www.youtube.com/watch? v=pDqKnPlNzss
Ah, sim, só pra uma prévia do que virá: a escalação brasileira na data era Dida, Flávio Conceição, Odvan, João Carlos e Serginho; Émerson, Vampeta, Beto (Roni) e Zé Roberto (Warley); Ronaldinho Gaúcho e Alex. Técnico: Vanderlei Luxemburgo. Dose.
Se o Romarinho tivesse lá, pelo menos um empate conseguiriamos.
Se bem me lembro, esse João Carlos conseguiu uma vaga no Corinthians por conta de suas convocações. Parecia que estavam trazendo um gênio da zaga... E o Luxa botou o Alex de atacante? Deve ser o cara mais maltratado pela seleção na história recente, rs.
O João Carlos era do Cruzeiro e foi, sim, pro Corinthians, onde, salvo engano, foi titular por algum tempo, inclusive na final da Copa do Brasil de 1999, contra o Grêmio. Na vitória e conquista do título pelos gaúchos no Morumbi, lembro que ele foi um dos piores.
Sim, o Alex jogou de atacante algumas vezes com o Luxa, o que numa seleção que tinha João Carlos, Odvan, Beto, Roni e Warley, além do Flávio Conceição de lateral-direito, não chegava a surpreender.
Tá certo que o Durval não é jogador de seleção, mas segundo o próprio técnico ele só foi convocado como terceira opção de uma convocação sem jogadores de fora. Assustador mesmo é ver as "primeiras opções" do comandante. Aliás, o Durval está entre os sete brasileiros que concorrem ao Rei da América.
E falando de seleções "inesperadas", acho que das melhores no quesito foi a seleção brasileira que disputou a Copa das Confederações de 2001, quando ele não podiam convocar jogadores de times que disputavam as partidas finais da Libertadores e dos estaduais. O time que perdeu da Austrália contava com Dida, Zé Maria, Edmilson, Claudio Caçapa e Léo; Rochemback, Vampeta, Ramon e Carlos Miguel; Washington e Magno Alves. Entre os suplentes estavam Robert (Santos), Leomar (Sport), Sony Anderson, César (Sâo Caetano) e Vágner (ex-Vasco, Santos e São Paulo, que estava no Celta).
Depois dessa lembrança, Glauco, confirma-se a tese de que a coisa sempre pode piorar.
Sobre o Durval, nem acho que ele seja o mais bizarro nos últimos jogos da seleção. Embora, pelo conjunto da obra, mantenha a posição sobre o trio que mencionei acima, o Fábio Santos é muito mais grave. E, quando não é o moço a ocupar a lateral-esquerda, o treinador tira do bolso do colete um Leandro Castán improvisado, como contra a Colômbia.
Também acho o Fábio Santos bem ruim até para o Corinthians, quanto mais para a seleção. Mas a falta de nomes para as laterais é gritante. Sobre o trabalho do Mano, hoje estaríamos falando de um morto. Aguardemos o que fará o próximo treinador com os mesmos nomes, não muitos abundantes em qualidade ou quantidade.
Postar um comentário