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segunda-feira, dezembro 15, 2008

Máfia do apito de 2005 poderia ter pego jogadores, diz Protógenes

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Em entrevista à revista Caros Amigos de dezembro, o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz revela que a investigação da máfia do apito, deflagrada em 2005, poderia ter descoberto fraudes relacionadas a jogadores e dirigentes.

Foto: José Cruz/ABr
O trabalho foi "destruído", segundo ele, pela reportagem de capa da revista Veja, que revelou a investigação. "Quando é sexta já está na internet. Os bandidos fugiram. Não se pode fazer isso", lamentou.

A informação foi dada, curiosamente, em uma pergunta que questionava "por que, em geral, o furo é da Globo".

Ele revela ainda que o que "mais doeu" foi o fato de a repórter Thais Oyama não ter se sensibilizado por seu apelo e alerta sobre o estrago que a publicação acarretaria. "Sua investigação vai ser matéria de capa e vender 150 mil revistas", teria dito a jornalista. A queixa foi apresentada como modelo do que o delegado considera como furo que não é bom para a sociedade.

O fato é alguém da equipe de Protógenes – pelo que ele diz, não foi ele próprio a passar a informação – é que vazou a informação. E não há menção a quem poderiam ser os jogadores e dirigentes envolvidos no esquema de fraudes para beneficiar apostadores descoberta na Máfia do Apito que resultou na anulação de 11 partidas do campeonato brasileiro de 2005, beneficiando o Corinthians.

Daniel Dantas
O delegado relata ainda que, na segunda prisão do banqueiro Daniel Dantas, na Operação Satiagraha, ele confessou que financiava jornalistas para produzir reportagens favoráveis a seus interesses ou contra seus rivais. Mas nada de nomes, além da referência indireta aos que estão no inquérito.

Além disso, revela um episódio de suposto enriquecimento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, já reproduzido em diversos blogues. Para quem for ler, substitua a citação à revista Época por IstoÉDinheiro, e a reportagem mencionada é esta. Mas os nomes citados pelo delegado não constam na reportagem. Apesar de o delegado ter comandado as investigações sobre a MSI, o assunto não coube nas seis horas de entrevista.

10 comentários:

Marcão disse...

Tá demorando pra alguém dizer que a culpa é do Lula...

Jogo Aberto disse...

afim de fazer parceria? trocar link? eu boto o seu e vc coloca o link do meu blog

Francisco disse...

A mafia da arbitragem tb já chegou ao Brasil ???

Isso em Portugal tem sido um escândalo!

Thalita disse...

Então... a história que eu conheço é outra. Primeiro que ninguém vazou nada para a Veja. Foi o próprio Andre Rizek (repórter que fez a matéria, a Thais Oyama era editora) que descobriu o esquema e fez a denúncia para o MP e estava acompanhando as negociações, que foram parar na PF. Por meses. Só que houve vazamento para outro veículo - globo, presumo - que fez com que o Rizek resolvesse publicar antes do fim da apuração. Achei justo.
Não que vazamento de informação seja bom. Mas é melhor reclamar de quem vaza, me parece.

Anônimo disse...

Exatamente. É trabalho da imprensa descobrir e revelar assuntos de interesse público. A Constituição garante esse direito. A PF é que deveria evitar vazamentos. O problema é que, muitas vezes, o delegado (juiz/advogado/político) que reclama do vazamento para o veículo A, é o mesmo que vaza para o veículo B.
Em todo caso, eu tenho medo de delegados como o Dr. Protógenes, que mandam prender jornalista (como ele quis fazer com a repórter da Folha) porque ela estava fazendo o trabalho dela. O pior é que tem promotor que concorda com isso, como aconteceu no episódio. Por sorte o juiz teve lucidez e respeitou a Constituição.

Anselmo disse...

"O fato é alguém da equipe de Protógenes (...) é que vazou a informação".

Pode ser que a informação esteja imprecisa, mas se a matéria trouxe coisas da investigação da PF, mesmo que tenha se originado de uma denúncia do Risek, algum dado pode ter "voltado" à apuração. Isso não é demérito do jornalista, tá mais pra fruto do trabalho. Mas acho que a parte de "reclamar de quem vaza" está colocada no post. Mas a notícia continua sendo a queixa, e não a ponderação (que tá no post).

Concordo que o "Protótipo" (na corruptela do nome pra facilitar a pronúncia no bar) fala demais e sem precisão sobre as coisas. O que é relevante sobre a história é que ele achava que poderia pegar jogadores e dirigentes. A crítica à Veja é o contexto, o motivo atribuído por ele para não ter conseguido isso tudo.

E acho complicado atribuir ao pedido de prisão de jornalista ou à presunção de que Naji Nahas tinha informações privilegiadas do Federal Reserve motivos suficientes para desacreditar tudo o que o cidadão fala, a priori.

Em outras palavras: nem 100% de crédito nem 100% de descrédito.

Glauco disse...

Mas houve vazamento pra Globo ou o Rizek concluiu que houve? Porque, em geral, uma emissora de tevê com um furo consegue ser mais ágil do que uma revista semanal.

Enfim, difícil saber quem diz a verdade. O Protógenes é aparecido, fala demais, lança denúncias genéricas e não dá nomes aos bois. Jornalistas também fazem isso a granel, às vezes dando nomes aos bois mas não revelando fontes, o que torna a coisa tão crível quanto a existência do coelhinho da Páscoa.

Mas, o que não se pode negar é que um profissional de imprensa, ao divulgar determinado dado, pode sim praticar um crime conforme o contexto, como o do artigo 153 do Código Penal: "Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem".

Ou seja, a "liberdade de imprensa" não pode ser uma escaramuça que permita que jornalistas aviltem a lei e prejudiquem os outros ou a sociedade. Não sei se foi o caso do relatado por Protógenes (se foi, que ele denunciasse às autoridades competentes) e nem o da repórter da Folha, já que não conheço os autos. Mas que a imprensa abusa e o Judiciário é leniente, não tenho dúvidas.

Thalita disse...

longe de mim querer defender a Veja, mas, nesse caso, talvez ele tenha responsabilidade pelo vazamento e conseqüente publicação, e tenha tentado tirar o seu da reta. Só isso.

Anselmo disse...

mas é essa a função da frase que eu destaquei. talvez fosse o caso de deixar mais explícito, mas não soube bem como ao escrever.

enfim, acho q estamos concordando...

Thalita disse...

estamos, estamos...