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PS.: Vendo as jogadas de Cantona, pensei no que seria aquela França de 1998 com ele no ataque...
"Allez, Cantona", cantaram os torcedores do Manchester United em ritmo de Marsellesa por cinco anos na década de 1990. O hino de apoio a Éric Cantona, o maior e mais polêmico ídolo de então – em uma época em que David Beckham já despontava na equipe – foi parte do divertido A procura de Éric.
Mas Éric Cantona é mais do que um ídolo que inspirava torcedores por seu sarcasmo e ironia nem sempre fina. Ele é cheio de ideias revolucionárias. Foi com esse tipo de intuito que ele ajudou a armar, desde outubro, uma revolução.
Fulo da vida com os bancos franceses que consumiram recursos públicos depois de anos de lucros, Cantonas sugeriu que se tirassem uns € 10 milhões dos bancos por meio de saques, as instituições financeiras teriam problema. A convocação ocorreu em 6 de novembro, à Presse-Océan.
O roteirista belga Géraldine Feuillien e o comediante francês Yann Sarfati criaram um site. Ativistas se mostraram a favor. E uma legião de adeptos prometia mesmo ir ao banco sacar dinheiro e depositar tudo no Crédit Cooperatif, um banco cooperativo sem fins lucrativos.
A data cabalísica era dia 7 de dezembro – ontem, terça-feira. A ideia era fazer um protesto sem ir às ruas nem pegar em armas, mas atingir o sistema financeiro e mostrar insatisfação.
Se fosse em um país hispanófono, seria o dia do "Retirazzo" (menos na Argentina, onde seria um novo "Corralito"). No Brasil, seria o "Dia do Sacão", o que comprometeria de saída o sucesso da operação.
Mas o Bank Run, ou Revolução Cantonas, falhou. Quase ninguém apareceu para sacar. Nem mesmo o garoto-propaganda das ações abalou-se a comparecer à agência do BNP Paribas de Marselha, onde é correntista, para fazer sua parte. Gol contra, cravou a Reuters. É bem verdade que ele defendeu a ideia em uma entrevista, não mobilizou as pessoas. Mas por que perder a piada?
Apesar de a história ter bombado no Facebook e na mídia, com direito a grita de acadêmicos, do governo e da oposição.
Ficou para a próxima.