Destaques

sexta-feira, julho 27, 2007

Times brasileiros têm o dobro de receitas dos argentinos

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Estudo da Casual Auditores Independentes, divulgado neste mês de julho, mostra que os dez principais clubes da primeira divisão do futebol brasileiro geraram em 2006 R$ 749,4 milhões, o equivalente a US$ 350,4 milhões. Comparando com o mercado argentino, é mais que o dobro dos 20 principais clubes que, em 2005, arrecadaram US$ 163 milhões.

"O único país que tem um maior desenvolvimento é o México, mas pela força e quantidade de clubes grandes no Brasil, em termos de potencial, fica atrás do mercado brasileiro.O México tem um modelo similar às franquias dos EUA e por isso alguns clubes conseguiram se desenvolver mais no cenário econômico global do futebol", explica Amir Somoggi, consultor e especialista em Marketing Esportivo, em entrevista por e-mail. Leia abaixo sua análise a respeito do potencial desperdiçado pelo futebol brasileiro e sobre as dificuldades dos clubes em gerir suas receitas.

Futepoca - De acordo com os balanços de 2005 e 2006 dos clubes brasileiros, qual o que está em situação mais perigosa? E qual apresenta melhores resultados?

Amir Somoggi - O estudo lançado anualmente pela Casual Auditores Independentes sobre finanças dos clubes com maiores receitas no futebol brasileiro, divulgado em 05 de julho de 2007, referente ao exercício de 2006, demonstrou que a receita consolidada dos 21 clubes analisados foi de R$ 987,04 milhões, uma redução de -7,3% em relação a 2005.

Cada clube tem uma análise específica é não existe um que esteja melhor ou pior. Para cada item a ser analisado deve-se compreender a realidade econômico-financeira do clube. Por exemplo, enquanto o SPFC foi o clube que obteve a maior receita em 2006, o Atlético-PR foi o que o obteve o maior superávit do exercício e o São Caetano o que obteve o maior índice de liquidez em 2006.

Futepoca - Por que o potencial econômico dos clubes brasileiros é tão desperdiçado no Brasil?

Somoggi - O valor do mercado de clubes de futebol profissional no Brasil poderia ser muito maior do que o atual, mas segundo projeção da Casual Auditores, esse mercado, que representa somente as receitas geradas pelos clubes de futebol no Brasil é de cerca de R$ 1,2 bilhão, um valor relativamente alto, pelas estrutura de negócio do mercado brasileiro.

Para os próximos anos, segundo análise realizada na Casual Auditores, os clubes podem dobrar de tamanho esse mercado, mas para isso deverão maximizar as suas fontes de receitas, principalmente com o consumo do torcedor, através de seu estádio, exploração comercial de sua marca e novos conteúdos atrelados as novas tecnologias, para que o crescimento das receitas dos clubes seja procedente do incremento de uma Indústria de consumo de futebol no Brasil.

Futepoca - Hoje, a maior fonte de receitas da maioria dos clubes é a venda dos jogadores para o exterior? O que você acha disso? É possível reverter essa situação?

Somoggi - Segundo a Lista Casual de Clubes desse ano, em 2006 a principal fonte de receitas em média dos 21 clubes analisados foram as Cotas de TV, seguindo de negociação de atestados liberatórios. Em 2005, os jogadores eram em média a principal fonte de receita dos clubes. Falo em média, pois para cada clube há uma realidade. Por exemplo, entre todos os clubes analisados o Atlético-PR foi o que mais recursos gerou com atletas em relação ao total de suas receitas, 47% do total.

O ideal é cada clube brasileiro desenvolver suas estratégias visando ampliar seus recursos com a exibição do futebol e negócios atrelados a sua marca e poder ganhar musculatura financeira para segurar seus talentos por mais tempo. A permanência por mais tempo dos ídolos dos clubes no mercado brasileiro é essencial para obtermos um crescimento acelerado das receitas, criando um ciclo virtuoso para o negócio de cada clube.

Futepoca - Pelo que você vê dos clubes da América Latina, os outros países têm uma gestão mais profissional do que a dos clubes brasileiros?

Somoggi - O mercado brasileiro é líder na América do Sul, em termos de receitas geradas pelos clubes. Segundo nosso estudo no Brasil em 2006 10 clubes de futebol geraram receitas superiores a R$ 50 milhões totalizando R$ 749,4 milhões, o equivalente a US$ 350,4 milhões em 2006. Fazendo uma comparação com o mercado argentino de clubes de 1ª divisão, em 2005 esses 20 clubes geraram US$ 163 milhões. O único país que tem um maior desenvolvimento é o México, mas pela força e quantidade de clubes grandes no Brasil, em termos de potencial, fica atrás do mercado brasileiro.O México tem um modelo similar às franquias dos EUA e por isso alguns clubes conseguiram se desenvolver mais no cenário econômico global do futebol.

Futepoca - Que medidas consideradas simples poderiam ser tomadas pelas gestões dos clubes para melhorar sua gestão financeira?

Somoggi - O ideal é fundamentar a gestão do clube com uma perspectiva de longo prazo, principalmente no que tange aos aspectos mercadológicos de seu negócio. Além disso, compreender onde está localizado o potencial de seu negócio e procurar instituir um modelo de gestão que vise ampliar a geração de suas receitas potenciais, através do desenvolvimento comercial do clube e do controle efetivo dos custos.

Futepoca - De que modo seria possível aumentar o público médio dos estádios brasileiros?

Somoggi - O ideal é buscar de forma efetiva o fim do clima de violência nos estádios brasileiros e a busca de um projeto sério e contínuo por parte dos clubes para melhorar o oferecimento de seus serviços (jogos em seus estádios) aos torcedores. Além disso, alinhar todas as ações com seu plano de marketing anual, a fim de que além de aumentar o público nos estádios, os clubes possam ampliar o consumo em seus jogos, fazendo com que cresça o ticket médio do torcedor que compra ingressos para assistir jogos de futebol in loco no Brasil.

2 comentários:

Unknown disse...

Interessado em Parcerias? Nos contacte!

www.mufcbr.rg.com.br

Anônimo disse...

eu gostei que a medida simples seria uma gestão voltada a perspectiva de longo prazo com uma abordagem mercadológica ampla. mais do qeu simples diante da realidade da cartolagem brasileira, é fácil, fácil.

ironias a parte, é reconfortante saber que os argentinos tão numa draga maior do que a brasileira. mas é terrível imaginar que o futebol-arte praticado pelos mexicanos renda mais.

esse cenário todo dá idéia de que qualidade das partidas não tem relação tão direta com receita dos clubes.