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terça-feira, agosto 07, 2007

O show da direita

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A "jornada cívica" da elite branca continua produzindo resultados fabulosos. Seu último lance de impacto foi uma ruidosa manifestação em oito capitais brasileiras no último domingo, dia 5. Em todas as cidades onde houve o dito protesto, três mil (sim, isso mesmo, TRÊS MIL PESSOAS) foram às ruas para pedir a saída do presidente da República do cargo.

Desta vez, os "militantes" fizeram a convocatória por um meio peculiar e tipicamente autista, o Orkut. Membros de uma comunidade (sic) intitulada "Fora, Lula", com quase duzentos mil membros, chamou seus participantes para gritar contra o inculto mandatário brasileiro. Logo, descobriram que se é fácil reunir perfis e avatares no simulacro, sair do mundo virtual para o real é bem mais difícil.

A mais "bombástica" manifestação aconteceu em São Paulo. Segundo perspectivas otimistas, duas mil pessoas, cerca de um sexto da média de público do Barueri em sua Arena, nas partidas da Série B do Brasileirão. Já nas outras sete capitais foram outras mil pessoas, uma média de pouco menos de 150 por cidade. Notícias dão conta de que convenções de RPG convocadas pelo tal site de relacionamento levam muito mais gente do que isso, que se assemelha muito ao público médio do São Vicente na quarta divisão do Paulista.

Mas não importa o número de pessoas, o que realmente vale são os ideais. E quem teria coragem de contestar a pureza dos mesmos, como comprova reportagem de Laura Capriglione na Folha de S.Paulo de domingo? O trecho abaixo mostra como o movimento pôde educar os incultos que elegeram o presidente:

Manifestações foram realizadas também em Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Vitória e Campo Grande (somadas, reuniram cerca de mil pessoas). A palavra de ordem dominante foi o "Fora Lula". Mas também se ouviram: "Ca-cha-cei-ro, ca-cha-cei-ro", "va-ga-bun-do, va-ga-bun-do" e "Lula, ladrão, seu lugar é na prisão". Nas faixas e cartazes, o mesmo tom: "Marta, fora, biscate" e "Lula, maldito, relaxa e vaza".

Militantes pela redução da maioridade penal, pelos "direitos humanos (só) para humanos direitos", pela imediata construção de um partido nacionalista conservador, e até o movimento "República de São Paulo", que pretende a separar o estado do restante do país apareceram na manifestação.

Não se via uma só bandeira vermelha. Negros eram os cartazes e as camisetas.

Camisetas negras, como as das milícias de Mussolini que agrediam os trabalhadores na Itália fascistas. Bele referência. Democrática, decerto. Mas claro que o movimento é "popular", o outro trecho abaixo assegura isso:

Com os cabelos loiros e impecavelmente alisados, a empresária e estilista Patricia Guizzardi, 37, recusava ser chamada de representante da "elite branca" (expressão cunhada pelo ex-governador Claudio Lembo). "Eu acho esse comentário até racista. Sou povão. Passei dez carnavais seguidos no Rio de Janeiro, sambando no meio de negros."

Na passeata de ontem, os jornalistas disputavam a desempregada Jessica Verônica Aquino Nascimento, 25, raríssima negra presente. Segundo ela, seus "irmãos de raça e os pobres em geral, infelizmente, ainda são muito ignorantes".

Graças aos céus que temos iluminados que também partilham sua luz.

7 comentários:

Thalita disse...

"Sou povão. Passei dez carnavais seguidos no Rio de Janeiro, sambando no meio de negros."

Essa frase é uma das mais estaparfúdias da história do cansei...

Anônimo disse...

Mídia, velha mídia! Basta!

De uma vez por todas, não dá para acreditar no que está se passando no Brasil. A mídia tem uma capacidade para construir fatos políticos que extrapolam o nosso imaginário. O governo Lula não tem refresco, principalmente com Globo, Veja e Folha de São Paulo. Quando Lula tomou posse em 2003, começaram a questionar o Presidente dizendo que ele não era mais o mesmo, pois estava fazendo o que sempre condenou, depois começaram as denuncias pesadas contra o governo, em 2005, pensando nas eleições do ano seguinte, despejaram para a população que o PT, é ineficiente e corrupto. Após tomarem a saraivada nas eleições de 2006, ficaram nos bastidores imaginando como poderiam colocar o governo nas cordas novamente. Ao longo do ano de 2007, foram colocando denuncias aqui, crise aérea ali, denuncias novamente, crise aérea. Todos os dias do ano foram marcados por alguma critica ao Governo. Quando acertaram o Renan, as crises não pararam ou eram novas ou matérias requentadas. Só foram substituídas pelo desastre da TAM. Como cansaram a população com o acidente da TAM, nesta semana voltaram com o caso Renan, são as mesmas denuncias que ainda não foram investigadas, mas eles fazem questão de condenarem de antemão. Eles tem uma capacidade tamanha para novas denuncias, que nos deixa a impressão que somos retardados. È preciso por um ponto final com este tipo de comunicação no Brasil. Basta! Quero uma mídia independente, que ajude a construir um país mais justo e fraterno, e não que privilegie interesses individuais!
www.lindomargomes.blig.ig.com.br

Marcão disse...

Uma palavra, maestro Zezinho: CREDO!

Anselmo disse...

a frase sobre ser "povão" é apartidária? e o fora lula?

nem com pauta armada e inflada se consegue dar caldo pro "movimento". Acho que preferia a época em que a direita não saía do armário.

Ada Valentine disse...

Aiin mo gente revoltada nessa "passeata", de tão importante e expressiva q ela foi... se não fosse uma nota q eu lie não sei aonde, nunca q eu ia saber, eles não tiveram nem cunhão p/ botar pelo menos metade dos membros do orkut... falaram, falaram e no final não aconteceu nada, mais respeitei, afinal..."nunca na história desse pais vivemos tão intensamente numa democracia."

Anônimo disse...

o pessoal deve estar se sentindo superpovão mesmo. eles devem achar que o que se grita numa passeata povão é esse tipo de coisa. mas o que produzem é sempre variação dos "brioches" de maria antonieta.
comovente.

Gerson Sicca disse...

Daqui a pouco esse pessoal do "cansei" freta um avião para Paris a fim de tomar a bastilha. Que civismo! Que lideranças extraordinárias.
Esse D'Urso parece o Raimundo Faoro!