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segunda-feira, setembro 15, 2008

F-Mais Umas - Aceleração precoce

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CHICO SILVA*

Grande Prêmio da Itália, lendário circuito de Monza. Desde que o mundo é mundo, uma multidão invade a pista para saudar o vencedor da mais tradicional das provas do calendário da Fórmula 1. No degrau mais alto do pódio, um emocionado alemão "rege" a orquestra que executa os hinos nacionais do seu país e da Itália, pátria sede de sua escuderia. Cena familiar, não? Porém, o protagonista não é o heptacampeão mundial Michael Schumacher, que, ao volante da italiana Ferrari, conquistou o recorde de cinco vitórias em um dos templos do automobilismo mundial. Ou será que é? Aos 21 anos, dois meses e 11 dias, Sebastien Vettel (foto acima), que sofre de aceleração precoce, tornou-se o piloto mais jovem da história a vencer uma prova da F-1. No sábado, já havia sido o mais novo da categoria a marcar o melhor tempo em um treino classificatório. Para completar a lista de recordes imberbes, Vettel é também o mais jovem a pontuar, feito obtido logo na sua estréia na categoria, no GP dos Estados Unidos do ano passado.

E o mais impressionante é que o alemão doma uma Toro Rosso, equipe que carrega a herança genética da Minardi, uma das maiores cadeiras elétricas da história da F-1. Para quem não se lembra, a Minardi foi uma equipe italiana que competiu por 20 anos e teve como maior feito liderar uma volta do GP de Portugal de 1989, pelos braços do barbeiro Pierluigi Martini (à direita). Ao encerrar suas atividades, em 2005, o time vendeu sua estrutura para a Toro Rosso de Vettel.

É claro que é cedo para saber qual será o futuro do pós-adolescente germânico. Mas em sua terra natal ele sempre foi tratado como o herdeiro natural de Schumacher. Tanto que por lá o chamam de Baby Schumi, referência ao apelido do ex-piloto. E, se comparados, os primeiros resultados de ambos mostram pequena vantagem para Vettel. Ele marcou pontos logo em sua estréia. Schumacher precisou de duas corridas para conseguir isso. O heptacampeão mundial esperou 41 provas para largar na pole position - se bem que, depois disso, fez tantas que quebrou o recorde de 65 poles que pertencia a Ayrton Senna (à esquerda). O Baby Schumi saiu em primeiro já em sua 24ª largada.

O jovem Schumacher (à direita), no entanto, levou vantagem no número de GPs disputados até para a primeira vitória. Ele conquistou triunfo inicial com 17 corridas, na Bélgica, em 1992. Vettel precisou de 24 GPs para subir ao lugar mais alto do pódio. Provando que está na trilha de Schumi, na semana que antecedeu ao GP da Bélgica, Vettel foi treinar de kart na pista onde o maior campeão da história da F-1 deu suas primeiras aceleradas, em Kerpen, cidade natal do clã Schumacher. Durante a prática caiu um temporal na pista. Para surpresa dos mecânicos, Vettel pediu para continuar andando com pneus para pista seca.

Já imaginava as condições climáticas das duas corridas seguintes, os GPs da Bélgica e da Itália. Deu no que deu. O campeonato deste ano está nas mãos de Felipe Massa (à esquerda), que fez outra corridinha meia-boca, e de Lewis Hamilton. Mas os próximos terão um outro candidato. E ele é loiro, fala alemão e tem pé pesado. Ao que parece, qualquer semelhança não será mera coincidência. Abaixo segue uma lista com os cinco pilotos mais jovens a vencer na F-1. E o que eles fizeram depois disso. Até a próxima!

Os cinco mais precoces
1- Sebastian Vettel (ALE), GP da Itália de 2008, com 21 anos, 2 meses e 11 dias - Segunda temporada na F-1. Personagem deste artigo;
2- Fernando Alonso (ESP), GP da Hungria de 2003, com 22 anos e 26 dias - Bicampeão mundial, atual piloto da Renault;
3– Troy Huttman (EUA), GP de Indianápolis de 1952, com 22 anos, 2 meses e 19 dias - Piloto da Fórmula Indy. Só entra nessa estatística porque, entre 1950 e 1960, o tradicional circuito fazia parte do calendário oficial da Fórmula-1;
4 – Bruce McLaren (Nova Zelândia, foto à direita), GP dos EUA de 1959, com 22 anos, 3 meses e 12 dias – Seu principal legado foi a fundação da equipe que leva seu sobrenome. Teve como melhor resultado um vice-campeonato na temporada de 1960, quando pilotava para a extinta Cooper;
5 – Lewis Hamilton (ING), GP do Canadá de 2007, com 22 anos, 5 meses e 3 dias – Piloto da McLaren e líder da temporada 2008 até aqui.


*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.

4 comentários:

Glauco disse...

Mesmo que o carro tenha melhorado, só de conseguir vencer com um bólido "herdado" da Minardi, uma das equipes mais pavorosas da história recente da F-1, já é um feito extraordinário.

Anselmo disse...

tem (ou tinha?) cara de engomadinho o sr. McLaren.

Marcão disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcão disse...

Tinha. Em 2 de junho de 1970, Bruce McLaren foi testar pela primeira vez o seu mais novo projeto, o então revolucionário McLaren M8D-Chevy, que daria seqüência ao Can-Am por mais uma temporada. Na longa reta do circuito de Goodwood, no condado de Surrey (Inglaterra), a mais de 250 km/h, o capô traseiro se soltou de um lado. A violência do fluxo de ar desviado por baixo arrancou o protótipo do chão. O M8D começou a rodar e, em pleno vôo, deixou a reta e acertou uma casinha de fiscais ao lado da pista. McLaren morreu no impacto, aos 33 anos.