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Foi no Rei das Batidas, na zona oeste de São Paulo, onde assisti a três jogos da rodada. Com os também futepoquenses Maurício e Nicolau. No mesmo Rei das Batidas onde figuras como Mouzar Benedito e tantos outros alunos da USP se graduaram etílico-estudantes, três aparelhos de televisão sintonizaram três partidas diferentes de futebol pelo Campeonato Brasileiro. Alucinante efeito da TV por assinatura. Viva!
Da esquerda para a direita, o primeiro televisor mostrava o São Paulo enfrentando o Coritiba no Morumbi. No segundo aparelho, o Figueirense recebia o Palmeiras, no Orlando Scarpelli. A terceira estação era dedicada ao que se tornaria o melhor jogo da competição até aqui (e provavelmente até o final da edição 2011) entre Santos e Flamengo, na Vila Belmiro.
Palmas, palmas
Antes de qualquer comentário sobre as partidas em si, cabe uma nota sobre a reação de torcedores e secadores. Dada a profusão de gols (nove na peleja entre rubronegros cariocas e alvinegros da Baixada Santista; e sete entre o tricolor paulista e o alviverde da capital paranaense), a reação de cada agremiação ficou marcadamente destacada.
A cada um dos três primeiros gols do Peixe, santistas gritavam, urravam de orgulho pela volta de Neymar, Ganso e Elano – ainda que os dois primeiros gols tenham sido anotados por Borges. Depois, quando o Flamengo empatou o certame, os secadores celebraram, com exclamações igualmente primevas.
Quando, quase na reta final das partidas, o Palmeiras deixou seu gol da vitória sobre os catarinenses, veio o grito mais sufocado da noite. Como se ninguém ali, entre palmeirenses ocultados por tantos ecrãs brilhantes, acreditasse de verdade que, depois de uma derrota para o Fluminense, pudesse vir uma vitória fora de casa.
Muito, muito antes de o time de Luiz Felipe Scolari conseguir a sorte grande, vieram três gols do São Paulo.
Diferentemente dos tentos conferidos pelas demais equipes, o que se viu no democrático Rei das Batidas foi uma reação digna de lordes. Quiçá de gente indiferenciada. Nem bem se esboçaram gritos e logo veio uma sequência de aplausos.
Aplausos, simples e singelas aclamações com palmas. Sem palavras, sem gritos, sem interjeições nem palavras de baixo calão. Nem mesmo um convencional "chupa, coxa"; nada de "vai, tricolor". Só palminhas.
Inconformado, reprovei: "É tênis isso aqui?"
Foi coincidência, mas os são-paulinos presentes construíram sua posição de um jeito bem diferente dos demais torcedores. Nos três gols do Coritiba, os secadores – com menção honrosa para os corintianos – celebraram especialmente a participação de Bill em dois do escores conferidos pelos paranaenses. Ninguém cogitou só aplaudir, reação atípica e despropositada. Ninguém menos os tricolores. Vai entender...
Resultados
O jogo entre Santos e Flamengo merece caixa alta. O Jogo foi bom. Primeiro tempo que termina 3 a 3 merece nota de rodapé nos autos do futebol mundial. Se foram abertos três de vantagens e o empate foi cedido, já pode haver menção no texto sobre a história do ludopédio no período. Quando termina 5 a 4 para o time visitante que saiu perdendo, exige-se intertítulo e discriminação dos detalhes.
Que partida! Ainda mais porque Neymar jogou muito e fez dois. A zagua rubro-negra é pior do que a do Paraguai, mas como jogou o atacante santista!
São Paulo e Coritiba foi menos emocionante e teve desfecho menos feliz para este secador que escreve. Os 4 a 3 pró-time da casa foram suficientemente enervados para os torcedores que se deslocaram ao Morumbi. Com um pouco mais de esforço, os curitibanos poderiam ter atrapalhado mais um pouco a equipe de Adílson Batista. Dagoberto parece estar jogando mais do que em qualquer outra temporada anterior, mas o time oscila horrores durante os 90 minutos.
A terceira televisão ligada mostrou o jogo menos interessante da rodada. Pior para os catarineses, porque para o Palmeiras foi tudo bem. A vitória mínima veio arrancada, com gol marcado por Maurício Ramos, em um bate-rebate daqueles. Visto isoladamente, o gol seria só mais um. Mas numa quarta-feira em que assistiram-se a 16 balançadas de reda, a trombada do zagueiro verde fica até feia.
Se a gente for comparar com o que foi o terceiro gol do Santos, por Neymar, é melhor nem comentar. Então, melhor não ladear o que é diferente e só celebrar a habilidade onde ela existe: nos pés do santista, nos dos flamenguistas e na frigideira do cozinheiro que mandou uma calabresa na cachaça pra mesa.
Que rodada.
6 comentários:
Que rodada! Eu vou divergir em dois pequeninos itens:
- torresmo, não calabresa;
- o jogo Santos e Flamengo não foi apenas "bom". Foi ótimo. Sou rubro-negra, mas em determinado momento do jogo o resultado me importava muito pouco, eu queria mesmo era ver aqueles dois times leves me fazerem recordar porque futebol é um amor tão obsedante. E fizeram.
Habilidade também para produzir o texto e falar da rodada, Anselmo. Parabéns.
Luciana, a calabresa do Rei das Batidas é um clássico, e feita na cachaça, atrai mais os integrantes do coletivo, rs.
Santos e Flamengo foi um jogaço mesmo, como descrito em outro post. Neymar é gênio mas ontem seus companheiros, principalmente os do meio-campo, não acompanharam, enquanto nesse setor o Flamengo é muito forte. Sobrou o bom futebol pra se ver, o que, pros dias de hoje, não é pouco.
Glauco, vou agendar uma visita a essa calabresa, ficou meio irresistível. Gostei muito do outro post, também. Aliás, hoje amanheci sorrindo pro tempo, bem dizia o Nelson Rodrigues, a alegria rubro-negra é diferente.
Valeu, Luciana, espero também ter mais "alegrias alvinegras", embora este anos já tenha sido muito bom, rs.
as palminhas foram realmente dignas de nota. de uma delicadeza...
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