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O que a medalha de ouro
de Arthur Zanetti hoje e as duas já garantidas por Adriana Araújo e
Esquiva Falcão em dois combates excelentes têm em comum? Embora não
sejam modalidades parecidas, o fato é que ambas contam com juízes
na avaliação dos desempenho de cada atleta, na ginástica, para
analisar a perfeição dos movimentos executados; no boxe, para
aferir se o golpe dado contra o adversário valeu ou não ponto*.
Nesse aspecto, por mais
que os juízes tentem ser imparciais e os critérios sejam técnicos,
a subjetividade sem dúvida pode afetar em um momento de dúvida. E,
nessa hora, o juiz olha a nacionalidade de um e de outro, vê a
tradição que cada qual tem no esporte em questão, e pode chegar a
uma conclusão algo injusta, ainda mais em competições onde um
ponto (ou décimo de ponto) fazem toda a diferença.
Assim,
a primeira medalha da ginástica conquistada por Arthur Zanetti se
deve, e muito, àqueles que vieram antes dele e fizeram especialistas
olharem de outra forma para o país. Desde Claudia Magalhães e João
Luiz Ribeiro, primeiros ginastas brasileiros a participar dos Jogos,
em 1980, passando por Luisa Parente, que foi às Olimpíadas de 1988
e 1992, e aqueles que passaram a disputar finais e medalhas em
Mundiais, como Daiane dos Santos e Diego e Daniele Hipolyto, entre
outros.
Esquiva Falcão: vitória que já é legado |
Já no boxe, os feitos
de hoje de Adriana Araújo e Esquiva Falcão são dignos de nota. Em
um dia, garantiram duas medalhas, sendo que o país tem apenas uma na
modalidade, com Servílio de Oliveira, em 1968. E se a ginástica de
alto nível no Brasil já conta com certa estrutura há algum tempo,
no boxe, a conquista é recente, mas já dá resultados. Hoje, há
uma equipe olímpica permanente, que treina em um centro em Santo
Amaro, São Paulo, e conta com patrocínio do Programa Petrobras
Esporte & Cidadania, que garante o suporte que sempre faltou ao
esporte brasileiro (o merchan é de graça, embora o programa
pudesse ser ampliado).
Os brasileiros do boxe
ainda lutam contra um relativo preconceito dos juízes, algo que não
é chororô de perdedor não e pode ser constatado até por quem
entende muito do riscado. A aula de boxe de Esquiva hoje, por
exemplo, poderia ter garantido uma vantagem muito maior do que teve
contra o húngaro Zoltan Harcsa e Robson Conceição acabou sendo
derrotado por Josh Taylor, lutador “da casa”, o que ainda gera
reclamações do vencedor de hoje.
"A torcida a favor pode influenciar a arbitragem, porque muitas
vezes o golpe pega na guarda, a torcida grita e eles marcam",
protestou Esquiva.
E o boxe ainda encontra
outro obstáculo, como lembra Falcão na mesma
matéria. "O boxe estava sumido, e com o crescimento do UFC
sumiu mais ainda. Agora estamos fazendo o boxe aparecer de novo."
Oxalá a modalidade volte a crescer.
* O boxe olímpico
masculino tem três assaltos de três minutos. É marcado ponto
quando o lutador acerta o rival com a parte marcada de branco da luva
no rosto e nos lados da cabeça, na frente e nos lados do tronco, e
cinco juízes avaliam na hora se o ponto valeu.Socos na guarda do
adversário não contam pontos.