Compartilhe no Facebook
Foram três bolas que
tocaram ou resvalaram a trave, só na primeira etapa. Em outras
ocasiões ela também rondou perigosamente a área do Santos, e
parecia questão de tempo para o Botafogo marcar no Engenhão, tal a
superioridade na maior parte do primeiro tempo.
A partir daí, pense em
bordões do futebol do tipo “Quem não faz, toma” (ou “leva”,
de acordo com o gosto do freguês). E, você, torcedor, que mesmo
ateu, sabe que no futebol existem uns deuses gozadores que adoram
brincadeira, lembre de outro chavão, aquele que diz que tem coisas
que só acontecem com o Botafogo. Está aí a receita algo metafísica
que fez o Santos bater os donos da casa, com um segundo tempo no qual
fez dois, mas poderia ter feito pelo menos outros dois. Tudo o que os
alvinegros cariocas não fizeram na etapa inicial.
Mas seria injusto
colocar só na conta do imponderável a vitória peixeira. Desta vez,
Muricy Ramalho tem sua cota de méritos. Trocou Bernardo, perdido
taticamente, ainda no fim do primeiro tempo e colocou Henrique em seu
lugar. Ganhou o meio de campo e contou com a fragilidade defensiva
botafoguense, que marcava em linha e deu muitas oportunidades para os
visitantes depois do intervalo.
Miralles fez o segundo (Ricardo Saibun/Santos FC) |
André marcou o
primeiro, em cobrança de escanteio de Felipe Anderson escorada por
Ewerton Páscoa. Mesmo com pouca mobilidade, o centroavante continua
fazendo o seu vez ou outra, o que o livra das críticas mais severas
da torcida. Seu companheiro de ataque, o argentino Miralles, fez o
segundo com uma bela assistência de Felipe Anderson, cuja evolução
é notável nas últimas partidas, não se sabe se por conta do
“tratamento de choque” do pouco afável técnico ou da saída de
Ganso que não lhe faz mais sombra do departamento médico.
Parte da torcida da
casa já havia desistido antes da partida, dado o comparecimento de
pouco mais de quatro mil pessoas. E quem estava lá já protestava
antes da metade da segunda etapa, pedindo a volta de Loco Abreu à
equipe. O Botafogo até batalhava em campo, mas as almas já estavam
longe dali. Antes a torcida pedisse Garrincha...
O Santos perdia
chances, com André, com Miralles, com Felipe Anderson. Até o
improvável Patito Rodrigues levou perigo quando entrou. Foi uma das
raras vezes que os jogadores santistas pareciam saber o que faziam
nesse campeonato. Ainda que tenha sido por pouco mais de 45 minutos.
Destaque para Arouca que, mais solto, parecia – ou era – dono do
time, conduzindo e organizando o meio de campo, o que não é sua
característica. Às vezes a personalidade e a confiança valem mais
do que a técnica.
Assim o Santos bateu o
Botafogo, a primeira vitória fora de casa sem Neymar. Sim, foi sem
Neymar. Porque tem coisas...