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Ontem, João Valentão parou de brigar, Dora, Marina se calaram. Os pescadores não pegaram sua jangada e não voltaram para o mar. O Ita não saiu do norte. Nele, embarcou a tristeza no Rio e em Salvador foi parar, espalhando-se por todo o Brasil.
Morreu Caymmi, aos 97 anos. Um quase centenário fazendo músicas que ficaram por toda a vida. É bom lembrar que ele compunha para Carmem Miranda, passou pela bossa nova fazendo shows com Vinicius, composições com Tom.
Minha tristeza é pela morte de um dos gênios da MPB, sim. Mas mais da esperança de algo eterno. Sempre quando o mar estava revolto, havia Caymmi.
A sensação de que ele não duraria para sempre me abateu há cerca de dois anos. Num dos quadros idiotas do Faustão apareeu um daqueles meninos que ficam famosos por trinta segundos. Com 5, 6 anos, sei lá, gostava de cantar e tinha um sonho, conhecer o compositor baiano. A produção do programa o levou ao apartamento. Ele aparece na cama, com aparelhos, mas mesmo assim com sua lendária simpatia. Ali, talvez, tenha descoberto que nem Caymmi era eterno.
Hoje a morte vem confirmar.
Avoé Caymmi. Um dos gênios da MPB que tive o prazer de escutar.
"Cadê você, homem de Deus?
Com um tempo desse não se sai pro mar
Quem vai por mar, não vem"