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Em um dos grandes
momentos da história do cinema (só que não), Sylvester Stallone,
investido no papel de Rocky Balboa pela sexta vez nas telas do
cinema, vira para seu filho, que não quer que o 'Garanhão Italiano”
suba ao ringue com 60 anos de idade, e despeja sua sabedoria em uma
frase. “Não importa o quanto você bate, mas sim o quanto consegue
apanhar e continuar seguindo em frente.”
Como o cara não ganha um Oscar com essa interpretação primorosa? Uns quatro músculos da face em ação na cena
E o time do Santos que
entrou em campo ontem apanhou na semana passada. Até mais do que as
incríveis surras que o personagem de Stallone tomou de diferentes
lutadores durante a série cinematográfica. O que estava em questão
hoje não era apenas o clássico contra o Corinthians, mas se os
moleques e os veteranos, espezinhados com razão por Deus e pelo
mundo, iriam suportar a pressão e jogar de forma digna contra um dos
times mais consistentes do Brasil.
O início da peleja,
com um gol de Paulo André aos 3 minutos, dizia que não. Hoje, não. Ou... hoje,
sim? Lembrei daquele time de meninos de 2002, cuja fórmula cantada
por comentaristas para que ele caísse na segunda partida das quartas
de final do Brasileiro contra o São Paulo era tomar um gol no começo
do jogo. E o Santos tomou. Mas não caiu. Também não tombou na
noite de ontem.
William José: brigou, brigou e marcou (Santosfc) |
Chegou a ter 68% de
posse de bola no primeiro tempo. Mas pouco ameaçou o gol de Cássio.
Essa vem sendo a tática do Corinthians de Tite, pressionar e marcar
logo no começo, e depois esperar pelo contra-ataque. Nas duas
partidas contra o Corinthians na Libertadores de 2012, na maior parte
do tempo o Timão, com a vantagem, marcou atrás da linha da bola
contra o Peixe. E se deu melhor.
Mas aquele Corinthians
tinha mais qualidade técnica com Paulinho no meio. O Santos também
era melhor tecnicamente que o time de hoje, mas menos coeso
taticamente. E menos aguerrido. Porque os donos da casa hoje entraram
querendo curar a ressaca, provando que podiam aguentar qualquer trago
e qualquer tranco, mesmo com o revés do início.
Na segunda etapa, a
superioridade se traduziu em gol. Em um, de William José, mas
poderia ter sido dois, poderia ter sido uma vitória de virada. O
Santos tomou conta do meio de campo corintiano, Tite tentou corrigir
a desvantagem colocando Ibson no lugar de Romarinho. Não bastou.
Arouca, Leandrinho, Cícero e, principalmente, um onipresente
Montillo, em sua melhor atuação pelo Santos, fizeram do meio de
campo seu castelo. Sem contar Léo atrás, que roubou a bola do
contra-ataque que resultou no tento peixeiro e Edu Dracena, que calou
a boca do crítico futepoquense que o cobrou em relação às
declarações infelizes de alguns dias atrás. E Neílton, menos
vistoso que eficiente, também mostrou que o passeio de Barcelona foi
isso. Um passeio que ficou pra trás, como aqueles que fazemos nas
férias.
Assim como no
jogo contra o Coritiba, o time não conseguiu traduzir a
superioridade nos três pontos. Numa competição de pontos corridos,
isso é grave. A equipe precisa do algo a mais, de um ou dois
jogadores com poder de decisão, que possam mudar uma partida ou
fazer o inesperado quando o contexto exigir. O novo gerente de
futebol, Zinho, chegou com a ingrata missão de buscar esse (ou
esses) “a mais”. Os santistas aguardam com ansiedade.