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segunda-feira, março 17, 2008

Sábado de festa no parque São Jorge

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Fiquem tranqüilos, não estou comemorando o 2 a 2 com o Juventus. Confesso que não assisti ao jogo, e para mais informações recomendo o parceiro Retrospecto Corintiano.

Na realidade, eu e o Nicolau tivemos nosso dia de Amauri Júnior, e sabadão fomos ao castelo dos mosqueteiros acompanhar a primeira Feijoada Solidária do Timão. O evento foi organizado em apoio à Cooperativa Craques de Sempre, formada por ex-jogadores do Corinthians. Um sucesso: comida excelente e samba nota 10, com cavaco, violão, timbatera e pandeiro.

Como se sabe, muitos ídolos do ludopédio deixam suas carreiras para uma triste decadência, sendo esquecidos por aqueles que tanto os adoraram. Sem condições de construir uma nova vida a partir dos trinta e poucos anos de idade, muitas vezes vão viver o inferno na terra que os manteve como deuses. No caso do Corinthians, um exemplo é Adãozinho, que hoje faz hemodiálise duas vezes por semana e está com a visão prejudicada por causa da diabetes. Agora vai ter o apoio da comunidade corintiana.

A feijuca foi portanto um gol de placa do Corinthians, que contou com a presença de craques como Geraldão (que traumatizou toda uma geração de são-paulinos), João Paulo, Dinei, o inconfundível Biro-Biro (na foto, com Dinei em primeiro plano), o espanta-fila Basílio, o próprio Adãozinho, o herói da década de 50 Carbone (ver entrevista abaixo) e tantos outros.
Quem brilhou entre craques, enquanto o porco fervia aos pedaços na panela, foi a vice-presidente social do clube, Marlene Matheus. Sempre muito simpática, com um largo sorriso no rosto, Marlene prometeu conceder uma entrevista ao Futepoca (aguardem). Os organizadores contabilizaram mais de 500 pessoas no evento, e esperam que no próximo, marcado para 5 de abril, esse número ultrapasse a marca dos mil.

Carbone

Carbone foi uma das figuras mais reverenciadas da feijoada solidária do Corinthians. Um dos protagonistas naquele que talvez tenha sido o maior elenco alvinegro de todos os tempos, juntamente com o Luizinho “Pequeno Polegar”, Gilmar, Balthazar e Cláudio (o time marcou 103 gols em 28 jogos no Paulistão de 51), nesta entrevista exclusiva ele fala de suas recordações e também do futuro do Corinthians. Confira.

Maurício (à direita) e Nicolau entrevistam o lendário Carbone.

Futepoca – Qual a importância de um evento como esta feijoada?
Carbone – É muito importante fazer assim uma reunião mensal, rever os amigos. Uma vez por ano é muito pouco. E para as gerações que estão vindo agora, é importante conhecer a história do clube, os jogadores do passado que fizeram história dentro do Corinthians. E também porque ajuda os craques que estão hoje em má situação, que estão passando dificuldades. É o caso do Adãozinho (ver acima), que vai receber um auxílio.

Futepoca – De todas as suas conquistas, quais são as que ficaram mais marcadas na memória?
Carbone – Teve o campeonato paulista de 1954, do IV Centenário, o Paulista de 1951, em que eu fui artilheiro, e o bi de 1952. Teve também a Copa de Caracas [Pequena Copa do Mundo, que reuniu Roma, Barcelona e a Seleção de Caracas em 1954, da qual o Timão foi campeão invicto], o torneio internacional de Montevidéu. Enfim, tem bastante lembrança, bastante recordação.

Futepoca – O senhor que viveu momentos tão gloriosos do Corinthians, como é que vê esse momento de reconstrução do clube?
Carbone – Bom, agora a gente está sempre com um pé atrás, mas acho que está melhorando. O ano passado foi um sofrimento só, agora parece que o time engrena. Eu fico preocupado porque neste campeonato paulista nós perdemos ou empatamos justamente com aqueles que vamos enfrentar na Série B do Brasileiro, que são o Bragantino (1x1), o Barueri (1x1), o São Caetano (1x3). Então a gente tem que ficar com o pé atrás.

Futepoca – O que o senhor acha da proposta de termos eleições diretas no Corinthians?
Carbone – Acho importante que o associado faça parte das eleições. Porque essa história de ficar ala contra ala, conselheiro contra conselheiro, é um negócio que se perpetua há cinqüenta anos. Quando um entra, o outro é renegado, é deixado pra trás, aí começa a meter o pau na gestão que está atuando. Então tem que acabar com isso aí.

Futepoca – De todas as gerações do Corinthians, qual é a aquela que você mais gosta de se lembrar?
Carbone – Os corintianos mais velhos, o pessoal que ainda freqüenta o clube, dizem que o melhor time que eles viram jogar foi o Corinthians entre 1950 e 1960. Foi o melhor time que teve. Com Gilmar; Homero e Olavo; Idário, Goiano e Julião; Cláudio, Luizinho, Baltazar, Carbone e Mário. Ou Carbone e qualquer um, como diziam. Então, pode falar, mas não teve em época nenhuma um time igual ao de 50.

(As fotos foram feitas por Gabriel Maretti. Contatos para saídas ou consulta de banco de imagens, entrar em contato pelo e-mail gabriel_maretti@hotmail.com)
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Participante do dia da Blogagem inédita. Para ler mais, clique aqui.

7 comentários:

Anselmo disse...

"Eu fico preocupado porque neste campeonato paulista nós perdemos ou empatamos justamente com aqueles que vamos enfrentar na Série B do Brasileiro, que são o Bragantino (1x1), o Barueri (1x1), o São Caetano (1x3). Então a gente tem que ficar com o pé atrás."

Escutem o que o homem diz.

Marcão disse...

Grande Carbone! Cracaço. Reproduzo abaixo o que está no Almanaque do Corinthians, de Celso Unzelte:

Rodolpho Carbone, o Carbone, meia-esquerda do Corinthians nos anos 50, atualmente mora em São Paulo, onde está aposentado. Ele é tio de José Luis Carbone, ex-meia do Botafogo que hoje é técnico de futebol.

Carbone começou a carreira no Juventus da Mooca, tradicional bairro de São Paulo. No Moleque Travesso, ele adorava marcar seus gols contra o Timão.

Do Juventus, Carbone foi para o Corinthians. No Parque São Jorge, ficou de 1951 a 1957, atuou em 231 jogos (153 vitórias, 37 empates, 41 derrotas), marcou 135 gols e conquistou os seguintes títulos: Rio-São Paulo (1953/54) e Campeonato Paulista (1951/52/54).

A camisa do Corinthians não pesou no jovem Carbone. Logo em seu primeiro ano no Timão (1951), além de faturar o Paulistão, foi o artilheiro daquela competição. Fez parte da inesquecível linha de ataque do alvinegro (Cláudio, Luizinho, Baltazar, Carbone e Mário) que chegou a marcar 103 gols em 28 jogos, obtendo a incrível média de 3,67 gols por jogo.

Com o passar do tempo, o futebol do meia caiu de produção e em 1957, aos 29 anos, Carbone foi negociado com o Botafogo de Ribeirão Preto, time do interior de São Paulo, e depois voltou ao Juventus.

Nicolau disse...

Olha, 103 gols em 28 jogos não é bolinho não!

Anônimo disse...

Parabéns pelo post, Mauricio. Me fez lembrar meu velho pai, que agora conversa sobre o Timão diretamente com São Jorge. Ele sempre falava com orgulho e emoção do "ataque dos cem gols", que viu jogar no Pacaembu. Até poucos anos atrás, o velho ainda se encontrava com o zagueirão Homero no parque do Ibirapuera. O post também me fez lembrar da histórica virada do Timão sobre o Palmeiras (acho que foi em 1971), com participação decisiva do Adãozinho. Ouvi o jogo pelo rádio. E, depois, do Paulista de 1977, onde eu vi no estádio, sempre ao lado do meu pai, os gols do Geraldão e, o melhor de todos, aquele do pé de anjo Santo Basílio na noite de 13 de outubro de 1977.

Marcão disse...

25 de abril de 71, Benedito, Corinthians 4 x 3 Palmeiras. Segundo o César Maluco (que saiu derrotado), foi o derby mais marcante de sua carreira. O Palmeiras abriu o placar aos 27 segundos de jogo e, antes da metade do primeiro tempó, já estava 2 a 0. No segundo tempo, o Corinthians fez 2 a 1 com Mirandinha aos 5 minutos e empatou com Adãozinho aos 24. Um minuto depois, Leivinha fez 3 a 2 para o Palmeiras. Na sáida de bola, Tião driblou meio time do Palmeiras e empatou novamente. E, aos 43 minutos, Mirandinha decretou a histórica vitória corintiana.

Glauco disse...

Parabéns pelo post, companheiros. Mas, só pra não perder o hábito, devo lembrar da primeira linha de cem gols do futebol brasileiro foi Omar, Camarão, Araken, Feitiço e Evangelista, cem gols em 16 (!) partidas no campeonato paulista de 1927, a estúpida média de 6,25 gols por peleja. Pra variar, garfado na final contra o Palestra, com marcações de impedimentos mandrakes contra o time santista, encerrado a partida quatro minutos antes do final.

Em 1958, o Santos fez outro caminhão de gols, 143 em 30 partidas.

maurício disse...

Valeu as contribuições, em particular do Marcão.