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segunda-feira, outubro 13, 2008

F-Mais Umas - Massa, o aluno acidental

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CHICO SILVA*

Não sei se alguém notou, mas fiquei ausente na semana que passou. Culpa de uma agenda inconciliável. Volto a ocupar o espaço para tentar analisar o que se passou no GP do Japão, o antepenúltimo de uma temporada que vem se revelando a mais equilibrada dos últimos tempos da Fórmula-1. Felipa Massa pode negar, desconversar, jurar que não fez. Mas a imagem está lá, incontestável e inquestionável. Ao notar que perderia a posição e, muito provavelmente, o campeonato para o inglês Lewis Hamilton, o ferrarista não pensou meia vez. Para usar uma expressão comum dos pilotos, ele deu no meio da McLaren prateada do inglês. Certamente imaginou que este seria o único e último recurso que lhe restava para se manter vivo na briga pelo título. Massa poderia ser honesto e admitir sua real intenção naquela curva aos pés do sagrado Monte Fuji (foto acima). Mas sinceridade não é um bem de consumo desta Fórmula-1 moderna.

Massa não precisa se envergonhar do que fez. Ao tentar tirar do caminho um adversário direto na luta pelo título, ele entrou para um restrito clube do qual fazem parte lendas como Ayrton Senna e Michael Schumacher. Neste mesmo Japão, só que no autódromo de Suzuka, Ayrton Senna conquistou seu segundo mundial em 1990 ao jogar para fora da pista seu inimigo, Alan Prost (na foto acima, à esquerda, o brasileiro e o francês juntos). Na curva que precede o final da reta dos boxes, Senna forçou propositadamente a barra para provocar o acidente que lhe garantiu a conquista. Se alguém duvida, é só ir no Youtube e ver para crer. Como aqui no Brasil Senna é imaculado, quase ninguém se atreve a falar das pouco limpas manobras do tricampeão mundial.

Anos depois foi a vez de Schumacher mandar a ética para a caixa de brita. No GP da Austrália de 1994, o alemão deliberadamente atirou sua Benetton contra a Willians de Damon Hill, então seu único rival naquela temporada. Schumacher havia arrebentado a suspensão do seu carro ao chocar-se contra um dos muros do circuito. Hill vinha logo atrás e ao tentar ultrapassá-lo foi surpreendido com a manobra desonesta que garantiu a Schumacher o primeiro dos seus sete títulos mundiais. Três anos depois, o alemão tentou repetir a sacanagem. Só que dessa vez se deu mal. No GP da Europa, disputado no circuito espanhol de Jerez de la Fronteira, um desesperado Schumacher tentou tirar da competição seu oponente na batalha pela temporada 1997, o canadense Jaques Villeneuve (acima, à direita).

Porém, Schumacher é que foi parar fora da pista. Assim, o filho do lendário Gilles conquistou seu primeiro - e único - título mundial. Feito que o pai, morto em um brutal acidente em Zolder, na Bélgica, em 1982, nunca atingiu. Não queria falar nada, mas palmas para Nelson Piquet (à esquerda), que conquistou seus três títulos mundiais de forma limpa e honesta. Ou seja, sem precisar tirar ninguém do seu caminho. Pelo menos, não desse jeito...




*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.

2 comentários:

Glauco disse...

O que o Massa fez foi escroto, pior é negar depois da corrida e colocar a culpa no Hamilton. Mas pior mesmo é ficar acordado pra ver o Galvão Bueno justificar seu queridinho e destilar todo seu incompreensível ódio contra o britânico, senhor de todas as mazelas do automobilismo mundial. A Record não quer comprar os direitos da F-1, não?

Não achei que Hamilton deveria ser punido (de novo) por causa da largada e Massa recebeu a mesma punição sendo que, em tese, sua manobra teria sido mais grave, já que ele acabou com a corrida de Hamilton o mandando pra última posição. Aliás, o ferrarista ainda seria beneficiado de novo quando, depois de abalroar Bordais, se se livrou da punição que foi dada ao francês, quando a lógica deveria ser o contrário.

Pela patriotada do Galvão e pelas decisões absurdas contra Hamilton, torço pelo piloto da McLaren.

Anselmo disse...

Chico, claro que todo mundo notou a ausência. Achei que você tava engajado na luta pela agenda civilizatória de botecos, com a defesa do ovo de gema mole e o azeite de combate.

Como estamos em época de eleição, já tava imaginando que algum prefeiturável tivesse te convocado pra ser secretário de desenvolvimento social de bares, botecos e estabelecimentos etílicos – o cargo que o Brasil precisa, aliás, para uma das frentes do Manguaça Cidadão. Ou pelo menos pra redigir seu plano para a área.