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segunda-feira, abril 29, 2013

Com calma, Corinthians atropela a Ponte Preta

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É nóis na semi!
A mais marcante característica do Corinthians hoje talvez seja a calma. Foi ela a principal arma do time para suportar a intensa pressão inicial da Ponte Preta e encontrar os caminhos para uma goleada surpreendente pelo que os dois times mostraram durante a competição e também pelos primeiros 30 minutos da peleja.

Empurrada pela torcida, a Ponte apertou pesadamente o visitante. Com marcação intensa, deixava a bola com os zagueiros paulistanos, mas quando algum infeliz atacante ameaçava passar do meio de campo, caíam logo uns quatro pontepretanos em cima dele. Domínio territorial, mas apenas uma boa chance criada, num chutão que o centroavante William Batoré transformou em lançamento ao emendar um petardo para defesa de Danilo Fernandes – das poucas que fez na partida. Fora isso, boa atuação de Chiquinho, driblador que criou as melhores alternativas para furar a defesa corintiana.

Por sua vez, o Corinthians não conseguia sair a pressão, com muito erros de passes. Claro que é mérito da marcação – e também demérito do campo do Moisés Lucarelli – mas os discípulos de Parque São jorge colaboraram bastante. Encurralado, o Timão pouco fez além de segurar a pressão da Ponte – e manter a calma.

Assim, quando a equipe campineira afrouxou um pouquinho, pelo natural cansaço que deriva de tal entrega, apareceram as primeiras chances. Quem abriu o caminho não foi um meia, mas Guerrero, centroavante que vem mostrando outas armas além do já registrado faro de gol. Aos 31 minutos, recebeu de Romarinho e levou uns três zagueiros no peito para o primeiro chute a gol do Corinthians no jogo. E aos 32, lá estava ele roubando bola no meio-campo, passando para Sheik, que deixou com Danilo, que matou a defesa da Ponte com um calcanhar para o peruano. Guerrero sapecou de fora da área e Edson Bastos rebateu para os pés de Little Romário, que guardou. Mais 5 minutos e Fábio Santos rouba uma bola no ataque e passa pra Emerson tirar o zagueiro e acertar um chute manhoso no canto direito. A Ponte começava a cair.

"Jogo pegado é comigo", diz Sheik
O segundo tempo tinha a Ponte apertando de novo, e de novo sem criar grandes chances. Mas durou bem menos a pressão: Sheik caiu/foi derrubado na área e o juiz apontou a marca de cal. Meio madrake, mas o fato é que Guerrero bateu o terceiro prego no caixão campineiro. O quarto foi auto-inflingido quando Baraka encarnou Felipe Mello e deu um pisão num caído Romarinho. Expulsão justa e o fim da esperança da Ponte.

Tite decidiu pensar no Boca e trocou Alessandro, Romarinho e Guerrero por Edenílson, Pato e Douglas. Deste, cabe falar que está claramente fora de forma, mas seus passes e técnica serão bem vindos. Estivesse em campo, seria mais possível sair da pressão insana da Ponte no comecinho.

Mas dos três o destaque foi obviamente Pato. Nos menos de 15 minutos que esteve em campo, perdeu um gol na cara de Edson Bastos, cabeceou uma bola que o goleiro salvou por milagre e, cansado de ter o cabra na frente, driblou-o e a um outro defensor para fazer um golaço, fechando de vez a conta da Ponte. Como deixar esse cara fora do time?

Agora, vem o São Paulo. De nada adianta comparar os jogos classificatórios dos dois rivais e imaginar que o sofrimento tricolor significa vida fácil para o Timão: vai ser pedreira. Convém adotar o poético discurso de Tite e deixar de fora o tapete da soberba. E manter a calma, claro.

quinta-feira, abril 18, 2013

Cinco motivos e quatro “escritos depois”; um pouco mais de Tricolor e Galo

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POR MORITI NETO 
1 - O São Paulo jogou bem contra o Atlético Mineiro e se classificou à segunda fase da Libertadores porque os dois volantes, Denílson e Wellington, esse principalmente, voltaram a marcar como no segundo semestre de 2012, quando a defesa do time foi a melhor do returno do Brasileiro e tomou só dois gols na Sul-Americana.
2- O São Paulo jogou bem, principalmente no segundo tempo, porque Ganso botou a bola no chão e ditou o ritmo. Além disso, Osvaldo se movimentou bem demais e foi vital no ataque.
3- O São Paulo jogou bem porque teve dedicação e concentração incríveis, ganhou quase todas as divididas contra o ótimo Galo e anulou as principais peças atleticanas.
4 - O São Paulo jogou bem porque Ney Franco é bom técnico. Armou o time corretamente mesmo sem peças de alto nível, como Jadson e Luis Fabiano, e apesar de ter que usar jogadores abaixo da crítica, casos de Aloisio e Douglas.
5 - O São Paulo jogou bem porque a torcida deu espetáculo e incentivou o time, de maneira impecável, do começo ao fim.
PS 1: a confiança, essencial em qualquer área da vida, pode contagiar positivamente o elenco, que é bom tecnicamente.
PS 2: hoje, o Atlético é melhor, mas a soberba de Ronaldinho pode contaminar negativamente o elenco do Galo e, por outro lado, estimular o do São Paulo.
PS 3: deve dar Atlético nas oitavas, mas agora a coisa zera. Provavelmente, vai ser disputa dura, com possibilidades de dois grandes jogos.
PS 4: Luis Fabiano não joga a primeira partida. Isso é até bom. A chance de expulsão dele num jogo que terá altos índices de tensão seria grande. Dessa forma, salvo uma contusão, o São Paulo contará com o centroavante na contenda decisiva, pelo menos nos primeiros instantes da partida, tomara nela toda. 
Bora, São Paulo.

sexta-feira, março 08, 2013

Galo 100%, Ronaldinho 1000%

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O Galo terminou o primeiro turno da Libertadores com 9 pontos em 9 jogados. Não é uma campanha perfeita por uns gols bobos tomados e porque o time ainda tem muito a evoluir para pensar em ganhar alguma coisa este ano. O jogo de ontem contra o Strongest foi sofrido, com o primeiro tempo terminando com apenas uma chance claríssima de gol para o Galo, num passe perfeito de costas de Ronaldinho para Jô, que o goleiro defendeu .

Os bolivianos também poderiam ter marcado em contra-ataque, mas a qualidade de conclusão de seus atacantes é bem inferior. Embora o time seja bem armado e marque muito. Galo e São Paulo vão sofrer na altitude de 3.660 metros de La Paz. Empate não seria mau resultado lá.

Já no segundo tempo o Galo teve mais espaço e jogou melhor, Bernard, mesmo mal na partida por ter perdido 3 kg na semana por conta de uma amigdalite, concluiu bem, tirou do goleiro e a bola bateu na trave. Tardelli fez gol anulado pela marcação de um impedimento discutível, e, para variar, Ronaldinho decidiu. Cruzou para Jô marcar e deu passe perfeito (olhando para o outro lado) para Marcos Rocha sofrer pênalti. Na hora de bater, mesmo tendo perdido as três últimas cobranças, pegou a bola e fez o gol. Comprovando o que dissera durante a semana, que sua confiança estava em 1000%.

E essa é a diferença do Galo para times como o São Paulo, tem bons jogadores como Marcos Rocha, Bernard, Tardelli e Jô, mas na hora que a coisa aperta Ronaldinho resolve, principalmente com passes e assistências. Foi assim nas três partidas da Libertadores até agora. No segundo turno será mais difícil, pois os times já viram como o Atlético joga, mas a classificação deve acontecer sem grandes sobressaltos. Se possível com a melhor campanha para pegar um adversário teoricamente mais fraco nas oitavas de final.

Brasileiros favoritos, argentinos naufragam – Um dos dados mais impressionantes desta primeira fase da Libertadores é a baixa performance dos times argentinos. Dos cinco que disputam, hoje apenas o Vélez Sarsfield se classificaria, com o primeiro lugar no grupo 5, com 6 pontos, mesmo número que Peñarol e Emelec. Se terminasse agora, seriam 5 dos 6 brasileiros classificados e apenas 1 dos 5 argentinos nas oitavas-de-final. O brasileiro fora seria o Palmeiras, que está em terceiro no grupo 2, com apenas 3 pontos em 3 jogos. Ainda é possível que argentinos e o time alviverde reajam, mas essa não é a lógica...

sexta-feira, fevereiro 15, 2013

O espírito de Libertadores e o "pato" Luxemburgo

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Atlético-MG e São Paulo fizeram a melhor partida de futebol que vi neste início de 2013. Surpreendente porque o Galo, até então, havia feito partidas no mínimo medíocres contra Cruzeiro e Tombense, pelo Campeonato Mineiro. Sobre o São Paulo não posso falar muito por acompanhar pouco o paulistinha. O que pode explicar essa diferença é o tal "espirito de Libertadores", reflexo da valorização que a taça continental passou a ter entre os clubes brasileiros.  

Sobre o jogo, o impressionante foi o São Paulo não conseguir fazer nenhuma finalização no primeiro tempo e a jogada do gol do Galo. Ronaldinho deu um "migué" e ficou na área até a cobrança de lateral, que recebeu sozinho e fez o cruzamento para o gol contra de Lúcio (não foi do Jô). Estranho não ter nenhuma reclamação do tão esperto e autoconfiante Rogério Ceni.

No segundo tempo o Galo voltou sem a marcação eficaz da primeira etapa e levou sufoco, só amenizado com nova jogada de Ronaldinho, com a bola na cabeça e o gol de Réver. O que até agora não entendi é o que o Réver estava fazendo na área adversária num lance comum de jogo. Não era escanteio nem cobrança de falta, quando os zagueiros costumam ir dar uma de atacante. Mas ainda bem que estava lá.

O São Paulo poderia ter empatado no lance final do Ganso, mas este parece ainda ter sua nuvem negra particular, que não deixa o futebol esperado aparecer. Embora tenha feito mais em poucos minutos que o "craque" Jadson, que nem foi visto no Independência. E, para não dizerem que não chorei, achei que foi falta no Júnior César no lance do gol paulista. De bom, fica a pegada do Galo, que fez a melhor partida em termos de marcação de que me lembro nos últimos anos.

O pato foi outro - Desses jogos ganhos de véspera, a partida entre Grêmio e Huachipato mostrou mais que uma nova "zebra". Durante toda a partida faltou ao time gaúcho calma, entrosamento e futebol. Sobrava vontade, mas com uma correria desarticulada. E, pior, com uma defesa totalmente perdida, que tomou gols bobos. E não ajudou nada a escolha de Luxemburgo de estrear três jogadores, Cris, Adriano e Barcos, que mal treinaram e não tinham nenhum entrosamento com o time. A única justificativa, pelo menos para o Cris, é que há muito tempo Luxemburgo é mais empresário que técnico. Já havia passado raspando na pré-Libertadores e parece que vai fazer a torcida sofrer muito no torneio. E, pior, sem assumir sua culpa. 

Para o técnico, o vilão de ontem foi o gramado, mesmo com seu time abusando de "chuveirinhos" na área e tomando gols infantis. Para ter ideia, o ataque do Huachipato não fizera nenhum gol em três partidas pelo campeonato chileno e fez dois contra a defesa de Luxa.

A frase atribuída a Luxemburgo pelo UOL mostra bem o estado mental do "verdadeiro pato" da noite. “O bom senso manda que as pessoas entendam uma coisa: o gramado não está bom. Então vamos jogar no Olímpico por um mês. Aí a OAS tem tempo para recuperar o gramado. Se depois, o time não jogar merda nenhuma, manda o técnico embora e deu”, disparou (Luxemburgo). Que parece já estar arrumando desculpa para ir embora depois de uma possível desclassificação.

domingo, fevereiro 03, 2013

Neymar e Miralles decidem e duas interpretações sobre lances polêmicos (visão santista)

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"A lição que eu tirei daquele jogo é que não podemos dar bola para o extracampo. Temos que pensar sempre dentro do campo, sem agredir adversário, sem jogar contra a torcida deles."

Desta forma, o meia são-paulino Paulo Henrique Ganso “aconselhava” o elenco de São Paulo sobre como deveriam lidar com o Bolívar, adversário do Tricolor na Libertadores, antes do confronto na competição. Curiosamente, o meia parece ter esquecido do próprio conselho e “entrou na pilha” no seu retorno à Vila Belmiro.

Ganso: pra que tanto ódio?
No intervalo, já pedia punição ao seu ex-clube por moedas jogadas no campo. Não pediu punição ao Bolívar em 2012, mesmo com seu “irmão” Neymar tendo sido atingido de fato por um objeto quando se preparava para cobrar um escanteio. Mas não titubeou em fazer isso contra o Santos. Freud explica.

Compreensível Ganso se sentir maltratado pelo Alvinegro. Como também é a torcida achar que o meia fez mal ao clube. Mesmo depois da complexa negociação que o levou ao São Paulo, um dos dois clubes que se interessou por ele à época, junto com o Grêmio (nenhuma agremiação do exterior se arriscou a cogitar pagar a multa), ele não poupou a língua, ou o bico. Insinuou que o São Paulo era diferente do Santos por um “pensamento de grandeza”. Na semana passada, depois de marcar seu primeiro tento pelo São Paulo em pouco mais de quatro meses de contrato, disse: “Vou chegar lá (Vila Belmiro) para fazer gol pelo São Paulo”.

Em um ambiente já conturbado como o futebol, no qual qualquer faísca se transforma em fogo, Ganso mostra atitudes duvidosas fora de campo, que certamente o tem prejudicado na carreira. Um veículo de imprensa, para melhorar, fez com um colunista fake fizesse uma convocação para que a torcida santista jogasse moedas no ex-ídolo. Todos, jogador e imprensa, muito responsáveis na hora de atiçar, e deveras moralistas (falsos, via de regra) na hora de pedir punição.

Em campo, Ganso foi apagado como tem sido há tempos. Toques de calcanhar de lado, passes também laterais, e um desempenho na segunda etapa que contribuiu para os visitantes perderem o meio de campo, setor no qual foram melhores nos primeiros 45 minutos. Conforme o lado, era marcado pelo excelente Renê Júnior ou por Arouca. Ney Franco errou ao demorar tanto para sacar o meia, o que pôs a nu o fracasso da sua estratégia de “motivar” o jogador ao colocá-lo como titular no clássico. Aliás, atleta que precisa de motivação com o salário e toda a estrutura que ele mesmo louva, é complicado. Ganso é realmente diferente. Para o bem e para o mal.

Mas vários atletas começaram mal e demoraram para engrenar no São Paulo. Foi o caso de Daryo Pereira, Careca, Raí. Essa é a esperança do torcedor são-paulino com o meia, que vai ficando cada vez mais distante de atuar na Copa de 2014.

Neymar, o jogo e duas interpretações

Muricy cansou de dar chances a André. Entrou Miralles, que se movimenta mais, volta para marcar e vez ou outra consegue roubar uma bola atrás. E, claro, o mais importante, tem feito gols. Não é aquela coisa em termos técnicos mas participa muito mais que o ex-titular. Dois gols em um clássico e seu concorrente está na berlinda.

Os laterais santistas mostraram hoje o seu valor na defesa. Bruno Peres foi soberano diante do mais que perigoso Osvaldo, e Guilherme Santos chegou a sofrer um pouco quando Cañete passou a cair por ali, mas a correção na marcação matou o lance forte do Tricolor. O defensor Neto, na esquerda ou na direta, foi muito bem e não tremeu no seu primeiro clássico. Já Montillo rendeu muito menos do que deveria, mas esse sim chegou outro dia e hoje completou seu sexto jogo pela equipe.

Miralles: intimidade com gol, e nenhuma com a dança
Neymar foi decisivo. Deu uma assistência maravilhosa no primeiro gol, um passe-matada. No segundo, tomou a penalidade e marcou. No terceiro, fez a assistência para Miralles. Nada de novo em  relação ao moleque maravilhoso.

Dois lances polêmicos da arbitragem e vou dar meus pitacos abrindo espaço para ser xingado por torcedores adversários. No lance em que Luis Fabiano fez um gol e o mesmo foi anulado, o comentarista de arbitragem Leonardo Gaciba disse que o gol foi legal, criticando a decisão da assistente Tatiane Camargo. É um ponto de vista, mas a regra é clara, embora existam algumas interpretações divergentes.

Para citar uma delas, recorro a um ex-árbitro e comentarista da área... O próprio Gaciba. Neste post, intitulado “Interpretação Moderna”, ele elogia justamente a forma com que a assistente Nadine Bastos interpretou um lance na partida entre Avaí e Atlético Ibirama, na qual validou um gol, mesmo com dois atletas avaianos em condição de impedimento. Contudo, ressalto esse trecho:

“A GRANDE ALTERAÇÃO [na regra do impedimento, n.r.] deu-se quando a FIFA modificou a palavra 'influência' por 'participação efetiva' na jogada, ou seja, aquele atleta na parte inferior do vídeo que chega a dar dois passos em direção a bola anteriormente deveria ser punido pela sua ação, hoje, não mais.

O raciocínio é o seguinte: O assistente deve perguntar se aquela corrida (dois passos) interferiu na ação de algum defensor que poderia chegar na bola e não o fez pelo movimento daquele atacante.  Observem que este não é o caso já que o goleiro sai na bola com naturalidade e os defensores que erguem o braço o fazem mais como torcida do que como reclamação efetiva.”

Reparou no trecho em negrito? O zagueiro Neto marca e acompanha a movimentação do zagueiro tricolor que está em posição de impedimento e poderia sim chegar em Luís Fabiano, já que estava perto do rival, caso não estivesse marcando um atleta impedido. A anulação do lance, portanto, é plausível, de acordo com essa interpretação. Claro que amanhã a bandeira pode ser punida (futebol é um meio sexista no qual não é exatamente a justiça que é feita, né?), mas deveriam ponderar um pouco mais a respeito.

Quanto à penalidade sofrida por Neymar, engraçado que o comentarista Neto, na Rede Bandeirantes, diz que o atacante santista não foi atingido por Paulo Miranda e que ele, Neymar, “tocou” no joelho do marcador e caiu. Claro, o santista, que tem olhos nas costas, conseguiu tocar com a panturrilha de forma proposital em seu adversário. A propósito, como tem comentarista com história corintiana que pende de forma apaixonada para o São Paulo em diversas ocasiões, vide o xodó da Fiel, fã de Rogério Ceni. 

Mas você pode não ter visto nenhum toque no lance (eu e muita gente vimos). Neymar pulou, escapou da falta e caiu. Portanto, não pode ser marcado pênalti, certo? Errado. Diz a regra 12 do dileto esporte:

“As faltas e incorreções serão sancionadas da seguinte maneira:

Tiro livre direto
Será concedido um tiro livre direto para a equipe adversária se um jogador cometer uma das seguintes sete infrações, de maneira que o árbitro considere imprudente, temerária ou com uso de uma força excessiva:
• dar ou tentar dar um pontapé (chute) em um adversário
• passar ou tentar passar uma rasteira em um adversário (...)
• dar uma entrada contra um adversário

Viu aí os negritos novamente? Nenhum atleta precisa esperar ser atingido pelo adversário para sofrer a falta. O são-paulino tenta ou atinge, conforme a visão, Neymar, mas certamente nem passou perto da bola. Lance semelhante aconteceu, aliás, em um jogo entre Santos e São Paulo no campeonato paulista do ano passado (ver aqui, a partir do 0:46), no qual foi marcado pênalti de Rafael em Luís Fabiano.

Xingamentos à vontade, mas agradecemos os argumentos.

quinta-feira, dezembro 13, 2012

Nós é que agradecemos, Lucas

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POR MORITI NETO

12 do 12 de 2012. Data inspiradora dos místicos. No entanto, nesta quarta, no Morumbi, na realidade concreta dos são-paulinos, não foi o 12 o número mágico a trazer boas energias. A senha para alegria e emoção vestia a camisa sete. E só precisou de um tempo para cumprir roteiro digno de decisão. Lucas fez de tudo em 45 minutos: gol, assistência. Agredido com chutes, pisão e cotovelada, o garoto de 20 anos teve frieza de veterano e desmontou os adversários do Tigre da Argentina, que apostavam num duelo mental baseado na violência e intimidação.

De cara, era possível perceber que o menino faria da partida o momento mais importante de sua vida profissional até então. Desde o primeiro minuto, chamava o jogo, pedia a bola e se movimentava pelo campo todo. No meio, pelas pontas. Armava, mas também marcava, dividia. Aliás, comportamento padrão. Ele não se limita a atacar. Auxilia constantemente no combate.
Quando o Tricolor, apesar das entradas duríssimas do maldoso time argentino, já ganhava a maioria das disputas de bola e executava boas trocas de passes, o personagem da noite, após pivô de William José e tentativa de finalização de Jadson, tirou, de esquerda, do goleiro Albil e inaugurou o placar. Eram 22 minutos da primeira etapa.
O gol desarticulou as linhas de pancadaria, digo, de marcação, do Tigre. De novo, aos 27, o camisa sete brilhou. Serviu Osvaldo, impedido por centímetros (lance dificílimo para a arbitragem), dar um toque preciso por cobertura. Título definido.
Só que o papel fundamental de Lucas não pararia por aí. Ele provocaria os adversários a ponto de tirá-los de vez do prumo. Sem violência. Na bola e na sutileza. Aos 37, o lateral Orban deu-lhe uma cotovelada que fez jorrar sangue do nariz. Ainda assim, o meia, apesar da agressividade adversária e da mansidão do árbitro chileno Enrique Osses, seguiu insinuante.
Na saída ao intervalo, sutilmente, o são-paulino mostrou o algodão ensanguentado àquele que o havia agredido. Mais que o suficiente para o Tigre colocar de vez no jogo a violência que o caracterizou desde o primeiro confronto, disputado semana passada, na Bombonera.
Acima de qualquer coisa, Lucas sempre quer jogar. E intensamente. A marca do menino neste ano é de 76 jogos, 59 pelo São Paulo e 17 na seleção brasileira. Não teve uma expulsão sequer. Não ficou fora por contusão. Que reúne agilidade, velocidade, resistência, conclui movimentos com precisão, além de não cair em qualquer trombada, era sabido. Porém, as capacidades de concentração e compromisso se mostraram bem acima da média. Negociado desde julho por R$ 108 milhões com o Paris Saint Germain da França, jamais se poupou. Disputou cada partida como se estivesse recém-saído da base. E é, sem dúvida, o principal responsável, dentro de campo, tanto pela conquista continental como pela bela campanha no segundo turno do Campeonato Brasileiro.

Durante a comemoração do título, Lucas pegou o microfone. Na rápida declaração à torcida, foi espontâneo nas palavras como é nos dribles. “Eu amo esse clube. Esse título é de vocês. Vou voltar pra defender essa camisa maravilhosa e comemorar muitos títulos. Obrigado por tudo”. Imagina, moleque do gol. Nós é que agradecemos.

A confusão
Este texto tem a intenção de enaltecer a atuação de um jovem ídolo que, além de jogar muito, fez a última atuação pelo time do São Paulo neste ciclo. Tomara, seja só a primeira passagem de Lucas pelo Tricolor. Além disso, o companheiro Glauco analisou bem os problemas na ação amadora da direção são-paulina em certos aspectos.
Contudo, impossível não dizer que os argentinos usaram, em demasia, o recurso das faltas e foram de uma violência injustificável nos gramados de La Bombonera e Morumbi. Não estou entre os que consideram faltas duras como “algo do jogo”. Se fossem, não seriam passíveis de punição com bolas paradas, advertências e expulsões. Equipes como o Tigre fazem o que fazem para compensar a fraqueza técnica e por que contam com arbitragens coniventes. As duas opções não são bonitas de ver.

Duas certezas sobre a final da Copa Sul-Americana

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Não se sabe e talvez nunca se saberá o que de fato aconteceu nos vestiários do São Paulo. A única certeza é de que houve uma briga entre seguranças privados do clube e jogadores e comissão técnica do Tigre. Se foi emboscada, quem começou, se a PM agiu de forma correta e se os argentinos exageraram sobre o que ocorreu, provavelmente vai ser daqueles mistérios incorporados ao futebol que vão gerar lendas e versões em profusão.

Mas há duas certezas sobre a final de ontem. A primeira é que, após um início tenso, o São Paulo colocou a bola no chão e dominou o jogo. Fez dois gols (um deles, irregular, a bem da verdade) e os rivais praticamente não ameaçaram o gol de Ceni. O Tricolor foi, realmente, soberano, justificando não só a diferença de tradição dos dois times como a distinção técnica dos dois elencos. Nada que justificasse, claro, a declaração tosca de João Paulo de Jesus Lopes que disse que até “há quinze dias nunca tinha ouvido falar” do Tigre. Só confirmou dois esteriótipos: o de que cartolas não costumam dar declarações muito sagazes e que torcedor só afirma a grandeza de seu time diminuindo os rivais (o que é um contrassenso, aliás).

Mas a segunda certeza é que, embora tenha sido gigante em campo, o São Paulo agiu como um clube mediano no tratamento dispensado aos argentinos, como mostra essa matéria na página eletrônica da ESPN. Aos fatos: o ônibus que trouxe os jogadores do Tigre foi atacado por torcedores que estavam aglomerados no estádio, quatro janelas foram quebradas por pedras e latas arremessadas.

Além disso, os atletas não puderam fazer o reconhecimento de gramado no dia anterior à peleja, como está previsto no regulamento da Conmebol. Cerca de 40 minutos antes do início da final, o os jogadores foram impedidos de aquecer no gramado, e forçaram a entrada depois de discutirem com seguranças do clube. A justificativa foi a de que o gramado precisava de “descanso” depois dos shows da Madonna. Ora, se não havia condições de se cumprir o que o regulamento exigia, porque não mandar o jogo em outro estádio, como no Pacaembu? Durante o jogo, já com a vantagem, ainda no primeiro tempo os gandulas são-paulinos sumiram das laterais, mais uma mostra daquilo que muito se condena quando acontece lá fora contra equipes brasileiras. Mas quando é aqui...

Pode-se reclamara da Conmebol, da arbitragem ou do comportamento de equipes rivais de países vizinhos. Mas uma coisa é certa: em certos aspectos, os clubes brasileiros não são nem um pouquinho melhores, ainda que parte da imprensa e da torcida acredite em suas ilusões xenófobas.

quinta-feira, dezembro 06, 2012

Carta ao “fabuloso justiceiro” e LF já conquistou, sim, algo pelo Tricolor

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POR MORITI NETO
Já tantas horas depois, não há sentido em tecer longos comentários sobre o jogo entre São Paulo e Tigre, na noite desta quarta, na Argentina. Ao menos, no que diz respeito à bola rolando. O que vale analisar é o comportamento de Luís Fabiano. Embora muitos já o tenham feito, alguns com competência em poucas linhas, caso do Menon, o sujeito é uma situação à parte quando se trata de estupidez.
Sim, é isso, LF, o senhor foi de uma estupidez cavalar na expulsão cavada aos 13 minutos do primeiro tempo. Dessa maneira, ficará praticamente fora de toda a decisão da Copa Sul-Americana. Não disputa a final num Morumbi lotado pela torcida do Tricolor Paulista, que não tem uma sensação semelhante – de grande possibilidade de título – faz quatro anos.
O senhor é artilheiro, isso é incontestável, mas disse, depois do jogo, que tentou dar um pontapé no zagueiro Donatti, também excluído, para defender Lucas que, naquela altura, nem no lance estava mais (aliás, Donatti estava na dele e teve menos motivos para ser expulso). Pois bem, campeão dos fracos, o seu “espírito coletivo”, de “defesa dos companheiros”, é fruto de uma visão distorcida da realidade. Lembre-se, para “defender” o garoto, você abandonou a equipe, deixou-a sem referência na área. Mais do que isso: permitiu que os outros atletas são-paulinos permanecessem o restante da partida apanhando, encarando um adversário violento, inclusive o “seu protegido”.
Dessa forma, meu caro, após passar a semana inteira dizendo saber que seria provocado, o “justiceiro”, o cara que “não leva desaforo pra casa”, deu à equipe do Tigre, fraca tecnicamente, munição a uma das poucas armas que tem; a tão falada catimba argentina. Forte para ganhar o duelo psicológico, algo que pode ser imprescindível numa final contra o São Paulo de baixa média de idade.
Claro, eles venceram as brigas mental e emocional. Muito, pois um dos jogadores mais experientes do time brasileiro e ótimo finalizador, o senhor mesmo, o “grande salvador dos mais frágeis”, caiu na provocação do adversário. Parabéns.
O problema é que, além desse ser o maior erro que cometeu na carreira, é igual, no formato, a tantos outros que já fez. E não se trata de condená-lo pelo passado, mas por condições que nunca mudaram, por sua irresponsabilidade, por seu egocentrismo. Sinto-me livre para dizer: LF, o senhor, em momentos decisivos, ou falha tecnicamente ou é expulso. Em ambos os casos, o preparo emocional para decidir se mostra zero.
É um matador, goleador? Sem dúvida. E para por aí. Sempre que seus serviços são chamados em decisões, e não precisa ser necessariamente numa final, o senhor dá um jeito de se furtar da responsabilidade. Não reclame, goleador recordista, quando a torcida lhe chamar de pipoqueiro. Ainda que seja inconsciente, até quando é expulso parece querer fugir. Onde está o compromisso com o coletivo? Inexiste.
Assim, “senhor fabuloso”, iremos, jogadores e torcedores, para cima do Tigre na próxima quarta. E se não teremos a esperança de que, a qualquer momento, o senhor nos fará explodir com o prazer do gol, também não nutriremos o sentimento negativo de que pode ser expulso.
Ganhar ou não o título, difícil saber, até porque os argentinos seguirão apostando no confronto psicológico e mostraram que são bons nisso. Porém, independentemente do resultado, meu caro, tenha certeza, você largou a bucha para a moçada. Férias adiantadas? De novo, parabéns. Já conquistou algo no Tricolor.

terça-feira, dezembro 04, 2012

Como Ganso já é importante para o São Paulo

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POR MORITI NETO


O melhor para o são-paulino na vitória diante do Corinthians, além do óbvio de vencer o maior rival com time reserva, foi ver Ganso jogar bem.  Entre outras questões levantadas pelo companheiro Nicolau após o último post sobre oTricolor, estava uma pergunta a respeito do que este escriba espera do armador. Disse a ele das óbvias dúvidas sobre condição física e tal, mas posso estender o comentário aqui.       

Em campo, como se viu no clássico de domingo, um jogador como Paulo Henrique Ganso passa muita segurança ao time e preocupa o adversário. A qualidade fica impressa não só nas assistências que o meia deu a Douglas e Maicon, mas na calma e clareza com que toca a bola. Quando o time tinha a posse e bom passe, ele era o diferencial, o homem capaz de sair do elementar. Nos momentos em que a equipe saía jogando torto, com a redonda regurgitando aqui e ali, o maestro ajeitava as coisas.     

Aliás, Ganso contribuiu com a mudança de postura do São Paulo mesmo antes de atuar.  Creio não ser coincidência o aumento de rendimento logo depois da chegada dele. A autoestima, a confiança dos jogadores, da comissão técnica, inclusive da torcida, deram sinais de subir.

Foi no dia 21 de setembro que a longa negociação entre Ganso, São Paulo e Santos teve o término oficial. Nessa data, o atleta assinou contrato com o Tricolor. Dali para frente, o time jogou 18 vezes, com oito vitórias, dois empates e duas derrotas no Brasileiro, mais dois triunfos e quatro partidas empatadas na Sul-Americana. Além disso, o período marcou as melhores apresentações do ano, melhor campanha do segundo turno no nacional e passagem à decisão da competição continental. Não é pouco.      

Claro que Paulo Henrique foi só um dos ingredientes na boa mistura que dá resultados na equipe de Ney Franco, como escrevi no texto passado, mas jogador fora de série é assim mesmo. A contratação sacode as estruturas, mexe com o imaginário coletivo, coloca o clube em evidência, deixa rivais precavidos. Também faz com que o elenco se agite, para o bem e o mal. Esperando que Ganso não seja um Ricardinho, fico com a primeira opção.  

sexta-feira, novembro 30, 2012

Boas novas, Tricolor?

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POR MORITI NETO

Já mais do que sabida a passagem do São Paulo às semifinais da Copa Sul-Americana, este escriba precisava, para voltar a publicar, de uma desculpa melhor – aos leitores e companheiros do Futepoca – do que uma análise do jogo com a Universidad Católica do Chile. A superação de tal bloqueio, além da fama nem tão justa de que são-paulino só dá as caras em momentos decisivos, dependia de um fato sintetizador do momento Tricolor. E não é que a partida serviu?        

O que se viu no 0 x 0 do Morumbi na noite desta quarta-feira, foi um retrato claro da mudança de postura são-paulina em relação a tempos bem recentes. É clara a evolução do time se tomados como comparação os tempos de Leão, Adílson Batista e até Carpegiani.

Sofrendo com a falta de padrão e, consequentemente, sem condições técnicas para um bom jogo coletivo, o São Paulo, desde 2010, se arrastava e dependia de lampejos individuais. Na mão contrária, o Tricolor de Nei Franco é bem resolvido como equipe. Não transfere a posse de bola ao adversário. É compacto. Avança quando perde a redonda. Reduz os espaços dos rivais. Mesmo atuando contra uma retranca fortíssima, por vezes bem violenta, como a da Católica, abafa a saída e rouba o esférico rapidamente.

Outro ponto que chama atenção é o intenso uso das pontas. Lucas, pela direita, e Osvaldo, na esquerda, contando, respectivamente, com os apoios do surpreendente Paulo Miranda e de um redivivo Cortez, atacam forte e marcam os laterais adversários, sem a baboseira do cansaço para seguir na produção ofensiva.

Os cabeças de área combatem, saem jogando e atacam. Aliás, Wellington é daquele jogador que contribui demais no acerto de uma equipe. Depois da volta dele, fora o óbvio ganho no poder de marcação, Denílson passou a render melhor, já que saiu da função de primeiro homem no meio e foi para a posição onde fica mais à vontade, a de segundo volante.

Por tudo isso é que a contenda da noite de quarta serve a este impontual fazedor de textos. Na atuação contra os chilenos, que garantiu a ida do São Paulo a uma decisão internacional depois de seis anos, a equipe escondeu a bola do adversário. Circulou-a. Trabalhou em campo grande com a posse dela e encurtou os espaços.

Boas novas?

Faltou o gol. Porém, o problema não foi de criação, mas de finalização. Muitas oportunidades foram perdidas no Morumbi, algo que ocorreu até em maior escala no Chile. O que alivia é que isso parece questão de treino de fundamento ou de falta de inspiração dos finalizadores. Não é um problema coletivo, como era praxe há poucos meses.

Por outro lado, preocupa o excesso de chances desperdiçadas e as dificuldades que isso traz quando o assunto é futebol. No caso do adversário de quarta, a falta de qualidade técnica impunha que os chilenos ficassem postados atrás e esperassem a bola salvadora.  Contra um time razoável ofensivamente, o castigo a quem perde tantos gols é mais provável.

De qualquer forma, mesmo esse jogo sem gols, somado a belas apresentações recentes, como contra Botafogo, Palmeiras e Vasco, pelo Brasileiro, e os dois jogos contra o Universidad de Chile, pelas quartas da Sul-Americana, mostraram qualidade e padrão que os são-paulinos clamávamos há tempos. Alvíssaras?     

segunda-feira, setembro 24, 2012

Santista, faça as contas, fique feliz e deixe o Ganso jogar

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Claro que a longa negociação que envolveu a transferência de Paulo Henrique Ganso para o São Paulo desgastou não apenas as partes envolvidas, mas também o torcedor santista. Até porque não é de hoje que o meia é alvo de especulações. A imprensa já tinha “vendido” o atleta para outro time no ano passado. Ainda que a diretoria do Santos tenha sempre negado ter recebido propostas oficiais por Ganso nesse período de dois anos, com exceção de uma feita pelo Porto, de cerca de US$ 8 milhões, o torcedor tinha conviver com a possibilidade de saída do jogador a cada janela, para diversos times.

Quando questionado, na coletiva de domingo, 23, sobre o que teria sido determinante para que desejasse sair da Vila Belmiro, Ganso desconversou. Disse que há dois anos a relação só se desgastava. De fato, o jogador queria sair desde então do clube. O que não havia, até agora, era uma proposta formal que contemplasse, principalmente, o que o Santos queria para liberar o atleta. Ele queria sair, mas ninguém queria bancar o risco de contratá-lo.

Faz tempo que Ganso está em outra... (Ricardo Saibun/Santos FC)
É quando tem início a novela que durou 32 dias, que revelou bem o modus operandi das partes. Em um domingo, salvo engano no dia 26 de agosto, ouvi pelo rádio uma coletiva quebra-queixo do vice-diretor de futebol do São Paulo, João Paulo de Jesus Lopes, na qual dizia que o clube do Morumbi não iria fazer outra proposta por Ganso. A primeira dava ao clube da Vila aproximadamente R$ 12 milhões. O Santos já havia recusado a proposta oficialmente. Ao mesmo tempo em que negava disposição de fazer outra investida, o cartola não dizia que o Tricolor havia desistido do negócio. Ou seja, obviamente o São Paulo contava com a vontade do atleta de sair e com o constrangimento do Santos por parte da DIS e, diga-se, de boa parte da mídia esportiva que joga junto com o grupo e com o clube paulistano. A ideia era forçar a saída por menos do que aquilo que o clube praiano achava justo.

Mas os santistas fizeram jogo duro. O grupo, dono de 55% dos direitos econômicos de Ganso, mais o próprio atleta poderiam até tentar a liberação na Justiça, mas os problemas decorrentes disso seriam inúmeros. Ainda mais porque o Santos nunca negou ao boleiro o direito de trabalhar. Ao fim, o clube conseguiu quase o dobro do que o São Paulo propôs inicialmente, além de 5% do valor de eventual transação futura (sem prejuízo dos 5% que já tem direito por ser o clube formador). E ainda trocou a penhora de 20% de parte de suas receitas – que iriam ser depositadas judicialmente, não podendo ser utilizadas pelo clube – pela penhora de um dos seus centros de treinamento, o CT Meninos da Vila.

Para se ter uma ideia do quanto o Santos lucra com o negócio, cabe um exercício: imaginem que Ganso estoure, jogue como nunca, não sofra mais com contusões e instabilidade emocional e seja vendido daqui a um tempo pelo valor da sua atual multa rescisória, 60 milhões de euros ou, pela cotação de hoje da moeda, R$ 156,6 milhões de reais. Viriam para os cofres da Vila Belmiro R$ 15,6 milhões. O São Paulo embolsaria R$ 45,12 milhões, o equivalente a 32% do restante, porcentagem que adquiriu ao pagar R$ 16,4 milhões (a outra parte do pagamento feito ao Santos para se chegar aos R$ 23,9 milhões veio da DIS, que subiu sua participação nos direitos econômicos do atleta de 55% para 68%).

Resumindo, fazendo as contas da transação de um Ganso mais que recuperado e valendo mais do que vale Neymar hoje, o Tricolor teria como “lucro”, descontando o investimento feito para levá-lo do Santos, R$ 28,72 milhões. O Alvinegro, somando o que ganhou agora com o que receberá caso a transação para o exterior ocorra nesses termos, R$ 40,3 milhões. Pode-se incluir mais ganhos de marketing e venda de produtos para o São Paulo, mas também é preciso levar em conta o salário pago ao atleta. Em um ano, o Tricolor deve gastar praticamente o que o Santos pagou a Ganso durante todo seu período como profissional.

Ainda assim, a venda de Ganso não envolve só dinheiro. Existe o ganho intangível, que envolve possíveis títulos e futebol bem jogado. Isso o ex-Dez já deu aos santistas, sendo fundamental, em menor ou maior grau, em cinco títulos nos últimos três anos. Mas o fato é que ele já não estava na Vila há muito tempo. Seus belos lances eram lampejos em meio a uma aparente apatia e constantes visitas ao departamento médico.

Fui a um jogo no Pacaembu neste ano no qual ele sequer saudou a torcida quando teve seu nome entoado pela massa. Se o Santos já não poderia tê-lo, que fizesse uma boa negociação. E foi, de fato, das melhores que se podia fazer.

Memória

Sebastían Pinto, presente da DIS
A diretoria do Santos pode ter sido inábil nesse período em que Ganso esteve no clube insatisfeito, mas é bom lembrar que o atleta já se envolveu em confusão com seu “descobridor”, o eterno Giovanni, que diz ter direito a parte dos direitos econômicos do meia, mas nem se anima a ir à Justiça por eles. A DIS, que detém 55% dos direitos, é outro “parceiro” difícil, que já se envolveu em imbróglios em vários outros clubes. E essa é uma “herança maldita” de nosso dileto ex-presidente Marcelo Teixeira, que trouxe o grupo como parceiro preferencial.

Pra quem não lembra, o grupo traria reforços de peso para o time em 2008, mas chegaram Molina, Michael Jackson Quiñones, Sebastían Pinto e Trípodi. Levaram embora o lateral Kléber para o time de coração do dono do grupo, o Internacional, e ainda compraram, a preço de banana, parte dos direitos econômicos de jogadores da base do clube, como Neymar, Ganso, André e Wesley.

No caso do meia, a DIS também gerencia sua carreira, o que não acontece (ainda bem) com Neymar, por exemplo. Daí toda a dificuldade enfrentada pelo clube para lidar com Ganso.

Antes de falar mal da atual gestão, é bom lembrar quem trouxe esse “parceirão” para o Santos...

sábado, setembro 15, 2012

Lula toma água em comício e manda militância tomar cerveja no boteco

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No primeiro comício da campanha de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva declarou não poder mais tomar cachaça para refrescar a garganta e sugeriu que a militância vá às ruas e tome cerveja nos botecos para angariar votos para o candidato do PT.

Faltando 22 dias para a eleição, Lula debutou em comícios, uma prática comum no século XX como forma de políticos populares demonstrarem apoio popular. Foi na Zona Sul da capital paulista, no Capão Redondo. Outro comício nos mesmos moldes seguiu-se nas horas subsequentes. Hoje em dia, quando essa prática é tema de enciclopédia e livros de história, Lula segue como o único político em ação no Brasil capaz de mobilizar pessoas para sair de casa para vê-lo falar.

Depois de Lula, Haddad fez seu discurso carregado de sotaque paulistano, ô, meu. Insistiu nas críticas a Serra e deixou o PRBista livre de ataques. Até que mandou bem para um novato que fala depois de um orador do nível de Lula. Mas a estrela foi o ex-presidente.

Com a voz ainda mais rouca de pós-tratamento, Lula repetiu os autoelogios ao Universidade para Todos (ProUni), às melhorias no Programa de Financiamento Estudantil (Fies) e a outras frentes de educação do governo federal de 2003 a 2010.

Ainda voltado a malhar mais José Serra, candidato do PSDB à prefeitura, do que ao líder nas pesquisas, Celso Russomano, Lula sugeriu calma ao tucano. "Depois dos 60, a gente corre o risco de enfarte", tripudiou.

A certa altura, depois de 10 minutos de falatório, o ex-presidente sentiu sede, necessidade que acomete humanos de modo geral. Alegando se tratar dos efeitos do tratamento que o fez superar um câncer na laringe, Lula sacou uma garrafa de água e, sem perder o bom humor, avisou que sabe de sua condição. Insinuou que, no passado, pediria uma cachaça para irrigar a garganta, mas que, agora, ia de água mesmo.

sexta-feira, setembro 14, 2012

Financiamento de campanha dá poder exagerado a construtoras

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No meu último texto, discuti alguns aspectos do adensamento e da verticalização das metrópoles. Nele, afirmei que os prédios levantados hoje em São Paulo não são saudáveis para os destinos da metrópole. Essa opinião é compartilhada por muita gente, mas mesmo assim não há debate nem oposição às vontades das construtoras no meio político. Por que isso acontece?

Em primeiro lugar, porque existem políticos na nossa cidade que vieram do meio das construtoras. O próprio prefeito Gilberto Kassab é um deles. Ele fez parte do Sindicato da Habitação (Secovi) e do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci). Parece evidente que um político oriundo do mundo da construção seja, digamos assim, mais sensível às demandas desse setor.

Outra questão é a dependência do orçamento municipal das receitas do IPTU. Essa é a maior fonte de dinheiro para o município, ou seja, quanto mais imóveis, de preferência com IPTU alto, forem construídos, mais dinheiro entra nos cofres públicos. Essa não é uma questão de corrupção ou má-fé nem depende da vontade dos partidos. Qualquer projeto na cidade precisa de dinheiro. Fundos estaduais e federais demandam trabalho e tempo para serem acessados, enquanto o IPTU pinga diretamente na conta da Prefeitura todos os anos. E as necessidades urgem. 

Mas a razão mais nefasta para o aparente salvo-conduto que as construtoras têm em São Paulo é o financiamento de campanha. Poucos vereadores e nenhum prefeito conseguem se eleger na cidade – provavelmente em nenhuma grande cidade – sem o apoio financeiro dessas empresas. Os valores doados são brutais. Kassab recebeu de empreiteiras mais de R$7 milhões para sua campanha à prefeitura de 2008. Vereadores de todos os matizes ideológicos também foram agraciados com polpudas contribuições às suas campanhas (o apoio é mais generoso aos partidos ditos de direita, mas nenhum fica imune). Tudo isso acaba sendo noticiado vez ou outra, mas é difícil dar um sentido geral a esse fenômeno. Fica a sensação de que todos os políticos são iguais, já que todos se venderiam aos interesses imobiliários. 

O texto completo aqui

domingo, setembro 09, 2012

San-São: um castigo para quem assistiu

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As duas formações dos times que disputavam o clássico paulista da rodada não inspiravam muita coisa. O São Paulo não contava com Lucas, na seleção, assim como os donos da casa não tinham Neymar e Arouca, também com Mano Menezes. O Alvinegro não contava ainda com Ganso, Bruno Rodrigo (substituto de Dracena, que só volta em 2013), Juan e outros inúmeros reservas. Não, não seria um grande jogo, ainda mais com a postura dos dois treinadores.


Em relação à partida com o Fluminense, Muricy colocou Pato Rodríguez no lugar de Bill, e manteve dois volantes quase zagueiros, Adriano e Everton Páscoa. Ney Franco optou pela formação com três defensores de fato, com a entrada de Paulo Miranda.

O resultado: uma série de passes errados, principalmente no primeiro tempo, por conta das opções dos técnicos (sendo que as do santista eram mais limitadas) e também pelo modo dos times atuarem. No Santos, no primeiro tempo, os lances ofensivos estavam sob responsabilidade de três “corredores”: Pato Rodríguez, que jogou mais próximo de André; Felipe Anderson, perdido na marcação são-paulina, e Bruno Peres, o ala-lateral que ia à frente, falhando atrás muitas vezes. Atletas que carregam a bola sugerem que os de trás tenham que dar passes longos e, além disso, jogador que aposta uma, duas, três vezes uma corrida, sem se importar em passar a bola, na quarta tentativa não vai contar com a aproximação de um companheiro. Qualquer peladeiro sabe disso, mas tem muito atleta profissional não tem essa consciência.

 

Assim, os passes à distância faziam ambas as equipes errarem demais. O Santos, tentando lançar um velocista/driblador; o São Paulo, buscando a inspiração de uma bola enfiada para Luis Fabiano. Assim, algumas oportunidades surgiram de parte a parte, mas nada que empolgasse. As duas equipes jogavam com seu meio de campo distante do ataque ou da defesa, sem qualquer compactação. Muricy ainda pode justificar tal postura pelo fato de não poder escalar o mesmo time duas vezes seguidas, e Ney Franco pode dizer que chegou há pouco tempo, está testando alternativas etc e tal. Difícil é o torcedor aturar uma partida com tão poucas oportunidades de gol de lado a lado, um clássico quase vazio de sentido. De emoções também, com a anuência da CBF, que esvaziou o San-São em função de um amistoso portentoso com a perigosa China.

Jogo besta, com um zero a zero sendo final justo. Fica até difícil escrever.

domingo, agosto 26, 2012

Corinthians 1 X 2 São Paulo - Para “elevar o moral”, ainda que só por enquanto

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POR MORITI NETO



Que o time do São Paulo é instável e faz uma temporada apenas mediana, é dispensável comentar, por tão óbvio. Ao torcedor tricolor que, neste ano, viu os principais rivais campeões e já é chamado de “quarta força” no atual contexto do futebol paulista, um post menos sisudo cai bem após a grande vitória contra o Corinthians, ontem, no Pacaembu.
Fabuloso conhece... (Por Rubens Chiri/saopaulofc.net)
Primeiro: ganhar do maior rival é sempre delicioso. Segundo, porque foi de virada. Terceiro: a quebra do “tabu” de seis derrotas seguidas no estádio Paulo Machado de Carvalho. Quarto, a vitória veio num belíssimo jogo em que, aliás, o cenário começou bastante desfavorável aos visitantes, causado pela forte pressão desde os primeiros toques na bola por parte dos donos da casa.

De cara, o Corinthians procurou impor o estilo característico de marcar no campo adversário e tomar a redonda perto do gol. Deu certo. Nos primeiros 15 minutos, o Tricolor não conseguia jogar, nem mesmo articular um contra-ataque. O abafa enervava os são-paulinos, que não sabiam como e com quem sair da defesa. Nesse ritmo, aos cinco minutos, Paulinho, num cochilo de Paulo Assunção, desarmou saída de jogo. Rápido, o volante corintiano invadiu a área. De frente para Rogério Ceni, passou para Emerson Sheik bater de perna direita e fazer 1 x 0.
A ducha gelada provocada pelo gol no início, o palco do Pacaembu, a falha individual e o estado aparentemente grogue do time, remetiam o são-paulino ao histórico recente de contundentes derrotas para o adversário. O momento frágil de um clube e o de conquistas de outro davam a impressão de leveza nas camisas alvinegras e de peso nas tricolores.
              

Contudo, o futebol também existe para ceder espaços a reviravoltas. Principalmente, quando o ídolo joga o que sabe e consegue se equilibrar em momentos decisivos. E, na peleja de ontem, era um jogador que retornava aos gramados – após outra entre tantas contusões – quem inverteria a lógica reinante nas mesas de bar.

Luis Fabiano jogou demais. Aos 24, recebeu de Lucas, que vinha em bela arrancada. No canto direito do ótimo goleiro Cássio, cruzou o disparo rasteiro para empatar. O gol, na verdade, fez muito mais do que igualar o placar, reanimou os são-paulinos e retirou o ímpeto dos corintianos. Graças a ele, o desenho do segundo tempo seria outro.
Na etapa final, a posse de bola inverteu-se. Denílson batia com Paulinho e anulava as subidas do ótimo volante adversário, tantas vezes escoadouro nas ações ofensivas do Corinthians. Ney Franco, que havia invertido os laterais no primeiro tempo, puxando Douglas para a direita e Paulo Miranda à esquerda, perdendo a saída de bola nesse lado, mas fortalecendo a marcação, tinha participação importante no confronto.

O ritmo alvinegro caía. E os méritos eram tricolores. Assim, foram necessários 16 minutos para que a virada ocorresse. Jadson deu ótimo passe. O Fabuloso arrancou, deu meia-lua em Cássio e rolou até as redes. Golaço. Comemoração intensa do atacante, que batia no peito e parecia querer dizer da importância que tem no clube.
São 22 gols em 27 jogos na temporada. Artilheiro, inclusive entre os que lideram a lista de goleadores do Brasileiro. Precisa é manter o equilíbrio, indispensável não só no aspecto disciplinar, mas também para ser decisivo.

Final de jogo, fim de primeiro turno no Campeonato Brasileiro. O São Paulo consegue passar da casa dos 30 pontos (está com 31) e virar ao returno entre os cinco primeiros da tabela. Não é ruim para um time que perdeu três seguidas não faz muito tempo, com direito a vexames, como os 3 x 0 contra o Náutico.
Não dá para fazer planos. O Tricolor é imprevisível ainda. Necessita, antes de tudo, priorizar jogar bem, encontrar um jeito convincente e regular de atuar. Com elenco completo, pode funcionar. Por enquanto, saboreemos o prazer de vencer de virada, com quebra de tabu e meia-lua, o rival. Carência? Pode até ser, mas que é bom para “elevar o moral”, isso é.

sábado, agosto 25, 2012

Santos bate Palmeiras de virada com dois de Neymar

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Antes da partida, quase toda a mídia esportiva lembrava que o Santos, recentemente, tem levado a pior contra o Palmeiras, mesmo em ocasiões nas quais tinha time superior (o que é verdade). E também destacando que Neymar tinha, até a partida, 29% de aproveitamento contra o Alviverde. Esta, a propósito, era uma das três matérias negativas em relação a Neymar no portal Uol, nenhuma delas original. As outras duas diziam respeito a uma reportagem curiosa da Forbes sobre possíveis gastos excessivos do atacante (ah, como ele tem pais em todo o mundo) e outra comentando a respeito de um colunista do Ole que disse que o atacante praticava “futebol foca”, tal qual Cristiano Ronaldo. Realmente, está faltando pauta.

Sempre ele. (Santosfc)
Talvez por conta desse seu histórico contra o Palmeiras, o atacante foi individualista em excesso na primeira etapa, buscando resolver por conta própria quando nem sempre era a melhor opção. Com os donos da casa procurando mais o gol (ainda que sem criar muita coisa, exceção de um lance de Barcos, que tentou uma assistência para Mazinho), o Alvinegro não conseguia levar perigo nos contra-ataques, a exceção foi uma jogada do Onze santista, aos 29 minutos. Uma partida truncada, pegada e, nesse cenário, foi o Palmeiras quem marcou aos 41, uma grande finalização fora da área de Côrrea, que ainda tocou no gramado e ganhou velocidade antes de entrar.

No entanto, ainda no primeiro tempo, Ganso, que pouco fazia àquela altura, sofreu uma falta desnecessária de Valdívia que voltou pra mostrar “vontade”, ao marcar na intermediária. Neymar cobrou a falta que vale o adjetivo dos locutores de rádio de outrora: magistral, sem chances para Bruno.

Na segunda etapa, o Santos voltou tocando mais a bola, marcando melhor no meio de campo e não deixando o Palmeiras fazer a pressão que tentou no tempo inicial. Mais uma vez coube ao Onze peixeiro “achar” uma finalização no canto direito do arqueiro rival. A partir dali, deu pra perceber o quanto a situação palmeirense na tabela pesa. Jogadores errando passes fáceis, nervosismo e poucas chances efetivas de gol. As duas principais foram com Barcos. O avante desperdiçou diante de Rafael e, mais tarde, cabeceou certo mas esbarrou em uma defesa incrível do arqueiro santista.

Essa última finalização de Barcos, aliás, veio depois de uma oportunidade espetacularmente perdida por Ganso que, à frente do goleiro, preferiu dar o passe – errado – para o lado. Mas o meia, ainda santista, merece um capítulo à parte aqui.

O Santos consegue assim sua terceira vitória seguida, sendo duas em clássicos, e termina o primeiro turno em uma posição menos vexatória do que se ensaiava. Dos últimos quinze pontos, foram treze ganhos, e o sonho da Libertadores ainda está vivo, ainda que o caminho seja árduo e Neymar vá desfalcar o time em algumas ocasiões por conta da seleção.



Caso Ganso

Neymar tem muitos “pais”. É gente querendo dar lição de ética, moral, educação cívica, educação financeira, cortesia, relação com a mídia, gerenciamento de carreira, de como influenciar pessoas etc e tal. Mas Paulo Henrique Ganso, um jogador que pintou como grande estrela e, além de estagnar, retrocedeu, não conta com tanta gente na mídia e na imprensa esportiva, especificamente, lhe dando conselhos ou ensinando como proceder. Talvez porque alguns – ou muitos – joguem com a confusão e queiram mesmo que o jogador saia da Vila, ainda mais se for para times bem quistos pelos media, como um que “comprou” o meia no ano passado ou o outro que tenta levá-lo hoje.

Que pena, Ganso... (Ricardo Saibun / Santosfc.com.br)
Claro que veículos de comunicação são atores desse enredo, não os principais responsáveis pela situação do meia hoje. Estes são o próprio jogador e seu estafe, além da diretoria do Santos. Se a Forbes se preocupasse com a situação financeira de Ganso, e não de Neymar, veria que o meia perdeu alguns milhões ao não aceitar uma das propostas de contrato do clube, lá atrás. Talvez porque, autossuficiente, o jogador confiasse que iria receber uma proposta milionária pelo seu futebol. Todas as três propostas recebidas até agora (Porto, Inter e São Paulo) não são o que se pode esperar para um atleta que fez outrora atuações dignas de gala. Mas que muitos enxergam serem coisa do passado.

Uma rotina de contusões, operações e uma extrema instabilidade fora de campo fazem de Ganso uma incógnita no futuro. E o cenário de leva-e-traz que o envolve irritou Muricy Ramalho, que o protege em entrevistas mas que na coletiva pós-jogo de hoje espetou o colega de profissão e técnico do São Paulo, Ney Franco, ao afirmar que não sabia se poderia escalar o meia hoje, já que o “cara lá até escalou ele”. O fato é que a diretoria do Santos se vê acuada não só pela movimentação da DIS, que detém 55% dos direitos econômicos do atleta, mas também por clubes rivais e pela própria imprensa, que martelou durante toda a semana que a transação envolvendo Ganso estava concretizada e que era possível até mesmo ele atuar no clássico de domingo. Só esqueceram de “combinar com os russos”, no caso, o contratante Santos. 
 
Se Ganso sair pelo valor da multa, será ótimo para o clube, mas é pouco provável que isso aconteça sem seus investidores colocarem a mão no bolso, coisa que aparentemente eles não farão, a despeito de todo apreço que tentam passar ter pelo atleta. E, caso não seja negociado agora, a vida seguirá e o meia vai ter que lutar para recuperar o espaço nobre perdido na seleção, no coração dos santistas e na mente de quem gosta de futebol bem jogado.

quinta-feira, agosto 16, 2012

Ney Franco, crise no São Paulo e mensalão

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Da série "Oi? Acuma?":

"[O sentimento] Não é de vergonha, com certeza. A gente não está fazendo nada errado. Não fazemos parte do mensalão, não estamos roubando ninguém. Estamos todos os dias no CT, tentando fazer ajustes no time, e podemos sair na rua de cabeça erguida"
(Ney Franco, técnico do São Paulo, a respeito da má fase e da derrota do Tricolor para o Náutico por 3 a 0. Será que a crise no Morumbi e o gol contra do Rogério Ceni também são culpa do Lula?)

terça-feira, junho 26, 2012

A queda de Leão e a reflexão de Juvenal Juvêncio

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"O Brasil não é muito brilhante em técnicos. É muito penoso contratar técnico"
(Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo, ao justificar a demissão de Emerson Leão. Pode-se trocar a palavra "técnico" por "cartola" também?)

segunda-feira, maio 21, 2012

O jogo que resume a temporada são-paulina

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POR MORITI NETO

Tempos injustificáveis sem escrever. Sem saber como voltar, o domingo e a derrota doída me deram a deixa. “Não podemos continuar jogando desse jeito. É melhor fazer só um gol e não tomar nenhum”, a frase é de Luis Fabiano após o jogo de ontem entre São Paulo e Botafogo e ilustra bem o momento, ou melhor, o ano do Tricolor Paulista. Não que o atacante tenha descoberto a América, mas o Tricolor precisa arrumar a casa rápido se quiser algo de bom em 2012.

Ataque desordenado, defesa confusa (Rubens Chiri /saopaulofc.net)
No Engenhão, a partida foi dessas que sintetizam o desempenho de uma equipe ao longo da temporada. A derrota por 4 x 2, de virada, não poderia ser considerada tão normal – ainda que o futebol seja o esporte que permita a Bayern e Chelsea chegarem até uma decisão de Liga dos Campões da Europa com os atuais Barcelona e Real Madrid na parada.

Contudo, não é surpreendente a derrota são-paulina e nem mesmo a forma como ela se deu. O Tricolor é uma equipe (?) desestruturada em todos os setores, o que se reflete nas vitórias somente contra times fracos e muitas dificuldades à frente de agremiações de mais peso, ainda que seja um Botafogo cabisbaixo, eliminado da Copa do Brasil pelo Vitória da Bahia e derrotado inapelavelmente pelo Fluminense nas finais do Campeonato Carioca.

Tudo muito mal

A defesa são-paulina é inconsistente. Com um solitário Rodolpho e os fraquíssimos Paulo Miranda e Edson Silva como opções de dupla. Denis é um goleiro inseguro, rebate muito e espalma a qualquer lado.

O meio não tem pegada e o motivo nem é não dispor de um volante daqueles que dá o bote. A questão é que o time joga distante, não há aproximação. Com isso, os laterais Douglas e Cortez, bons para atacar, quando passam rumo à linha de fundo, não encontram com quem fazer o jogo.

Na frente, existe qualidade técnica, mas a ausência de clareza do que fazer em campo é evidente. Lucas, Luis Fabiano e Jadson são peças que não se encaixam, embora as características apontem para um bom casamento. Um carrega demais a bola, o outro sai da área mais do que devia e o terceiro, de quem se espera mais controle do ritmo, recebe pouco a redonda, já que ela passa por cima do meio campo diversas vezes, no chutão.

O esquema – e não dá para isentar Leão – é o de “todos ao ataque”, mas sem organização. O time é um bando quando tem a bola, correndo em direção ao campo do adversário como se apenas lampejos individuais resolvessem as disputas. Quando o esférico está com o adversário, o São Paulo não sabe jogar. Aí, é a festa dos rivais pelos lados, pelo meio, e tome bola na área em cima da zaga fragilizada e do goleiro assustado.

Além disso, a estrutura descompensada também está fora de campo. Juvenal Juvêncio e asseclas seguem aprontando. O culminante da temporada foi afastar o fraco Paulo Miranda depois da semifinal do Paulista. Agora, o moço, sob a batuta de Leão, volta como titular, fraquejando. Nessa situação bizarra, se o zagueiro é bom ou ruim não é o problema. A pergunta, basicamente, é: quem avalizou a contratação?

Luis Fabiano já disse. O São Paulo precisa mudar. Porém, a questão está longe de se resumir ao projeto de jogo. É bem mais do que isso. É urgente trabalhar por uma nova proposta de clube.

domingo, abril 29, 2012

Peixe na final do Paulista. E Neymar na História

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Ontem, na partida entre Mogi Mirim e Oeste, válida pelo Torneio do Interior, Hernane marcou dois gols e se isolou na artilharia do Paulista. Pensei: será que isso vai mexer com os brios de Neymar? Depois de receber pedras, laranja e banana em La Paz, o garoto ainda tinha a partida contra o Tricolor na primeira fase como fator de motivação. E não se fez de rogado.

A um minuto, pênalti para o Santos, sofrido por Alan Kardec, que entrou como titular no lugar de Borges. Neymar bateu sem dar sopa para o azar e para o arqueiro Dênis, fazendo seu centésimo com o manto santista. Tendo que correr atrás do placar, o Tricolor, que jogava em casa e com a torcida, foi pra cima e deu espaço para que Neymar, em um contra-ataque, passasse com facilidade por Paulo Miranda e marcasse seu 101º gol com a camisa alvinegra, empatando com Juary na lista dos maiores artilheiros peixeiros da Era Pós-Pelé. Como homenagem, imitou o menino da Vila de 1978 correndo em volta da bandeira de escanteio. Mostrou que conhece a história santista, já que muitos torcedores hoje nem sabem quem foi Juary.

Neymar: precisa de legenda?
Mas não seriam só os dois gols de Neymar que marcariam a memória do torcedor. Piris, o paraguaio que veio do Cerro Porteño para o São Paulo, autointitulado o “maior marcador das Américas” justamente por conta de uma atuação contra o Joia santista na Libertadores (curiosamente, o Santos venceu três das quatro partidas contra o adversário na competição), sofreu. Foi chamado para dançar cinco vezes por Neymar em uma sequência de lances, que terminou com o santista sendo suspendido pelo rival. Piris recebeu o amarelo, mas não seria absurdo ter sido expulso.

Na segunda etapa, o São Paulo continuou em cima, mas, mesmo tendo mais posse de bola, um certo dado mostra que não foi uma pressão daquelas... Foram nove finalizações certas (ou seja, ao gol), contra sete do Santos. E o gol tricolor só saiu em um lance irregular, com Willian José em impedimento. Lance não tão difícil de marcar, mas que a arbitragem não anotou.

O Santos sentiu um pouco o gol, e bastante o cansaço, mas soube se defender. Arouca ficou mais em cima de Lucas no segundo tempo, marcação que funcionou quase todo o tempo. Fernandinho forçou em cima de Maranhão, um dos três reservas que atuaram na defesa peixeira durante os 35 minutos finais, mas não foi efetivo. E, bom, havia Neymar. E Dênis.

O garoto recebeu de Léo, chutou forte, e o goleiro tricolor falhou. O moleque ainda sofreria falta que resultaria na expulsão de Cícero. Protagonista, como na maioria das pelejas que disputa, ele está a dois gols de João Paulo e Serginho Chulapa para chegar ao primeiro posto de maior artilheiro pós-Era Pelé.


Tabu

A vitória do Santos contra o São Paulo foi a terceira semifinal de Paulista que o clube derrotou o adversário. E o quinto confronto eliminatório em que o Alvinegro passou pelo Tricolor no século XXI. Em todos os cruzamentos decisivos de 2001 até hoje, os santistas levaram a melhor. A lista dos encontros está aqui.

Agora, existe outra escrita recente para manter. Desde 2008, todo clube que supera o São Paulo na semifinal do Paulista se torna campeão. Palmeiras, em 2008; Corinthians, em 2009, e Santos em 2010 e 2011. Agora, o adversário é o Guarani, que bateu a Ponte Preta por 3 a 1. Os campineiros, que já enfrentaram o Palmeiras em uma final de Brasileiro em 1978, sagrando-se campeões; pegaram o São Paulo em 1986 e foram derrotados pelo Corinthians na final do campeonato paulista de 1988, enfrentam pela primeira vez em uma final o Peixe.

E é bom que Muricy lembre a seus atletas como foi difícil a final de 2010 contra um time não considerado “grande”, o Santo André. Que esse alerta ajude o Alvinegro a trazer o tricampeonato paulista, que nenhum time consegue desde 1969, quando o próprio time da Vila conseguiu três títulos seguidos.