Neymar fez quatro contra o União Barbarense. Quem mais fez?
A escalação da dupla
Tata (no banco) e Muricy Ramalho (à distância)surpreendeu.
Primeiro, a escalação do volante Alan Santos na lateral direita, no
lugar do contundido Bruno Peres, mostra o tamanho da falta de
prestígio de Galhardo, destaque no Sul-americano sub-20 de 2012, mas
que não rendeu o que se esperava dele no Flamengo e tampouco no
Santos. Neto substituiu o suspenso Durval, Guilherme Santos entrou no
lugar do “poupado” Léo e ainda houve outra mudança na frente,
com a entrada de Patito Rodríguez, formando-se um 4-2-3-1 mais
móvel, com três atacantes trocando de posição, contando ainda com
a chegada do meia Montillo.
No entanto, no primeiro
tempo, os lances pelo lado esquerdo do ataque foram prejudicados
pelas várias poças de água por aquelas bandas. Patito, que ficou
quase o tempo todo por ali, foi prejudicado, e Neymar, atuando mais
pelo meio, conseguiu achar espaços na frágil defesa do União
Barbarense. Por ali, após um passe pelo alto de Cícero, aconteceu o
gol do craque, logo aos sete minutos. Os donos da casa não
conseguiram pressionar, embora Cesinha tenha feito grande jogada,
exigindo uma defesa difícil de Rafael. Fora isso, o Peixe, mesmo com
toda água nas quatro linhas, dominou com tranquilidade. O segundo
tento, também de Neymar, veio após lance de Patito, e o Onze
alvinegro, oportunista, só precisou completar.
Àquela altura, o União
Barbarense já caminhava para o rebaixamento. Mais ainda quando se
iniciou a segunda etapa e, antes do primeiro minuto, Neymar marcou
novamente com assistência de Pato, uma bela finalização de calcanhar. Cinco minutos depois, o quarto
tento, em um contra-ataque rápido. O Onze ainda finalizou uma bola
na trave e fez um gol anulado de forma correta, já que Guilherme
Santos, que deu a assistência, estava impedido.
Mesmo contando com a
fragilidade do adversário, o time teve que driblar o gramado muito
prejudicado pela chuva, e conseguiu tocar bem a bola. Renê Junior e
Alan Santos foram muito bem, e Montillo também teve atuação
destacada. Mas Neymar roubou a cena...
Artilharia e
protesto da torcida
“Ah,
mas o Neymar só faz quatro contra times pequenos”, dirão os
céticos. A verdade é que não é trivial um jogador marcar quatro
gols em uma partida, embora o atacante santista já tenha feito isso contra o Atlético-PR e contra o Paraguai, no Sul-americano sub-20.
E, em geral, quando outros fazem quatro tentos numa partida, costumam
ser festejados. Portanto, festejo Neymar, que agora é artilheiro do
campeonato paulista com 13 gols, dois a mais que Willian Batoré,
ex-atacante do Santos e agora centroavante pontepretano.
Outra
reflexão pós-jogo. Muitos santistas que não concordavam com o
protesto feito contra o treinador Muricy Ramalho, o “Esse
time não me representa”, foram à forra. Disseram que a
atuação foi uma “resposta” a quem protestava. Ué, mas tudo que
um protesto legítimo quer é resposta. E o time correspondeu, quem
vai dizer que isso não ocorreu também em função do protesto,
democrático, e que não ensejou qualquer tipo de violência?
Não
se pode confundir torcida e apoio com aceitação de tudo, um
exercício contínuo de engolir sapos. Nunca deixei de torcer pelo
Santos, mesmo quando a gestão anterior a esta cometia erros dos mais
bárbaros, muitos deles maiores do que os da atual. Torcia, mas
protestava e contestava, posts passados aqui mostram isso.
Agora, por que essa administração ou a comissão técnica estariam
livres de protesto e de pressão? Um pouco mais de senso (e de
exercício) de democracia vai bem...
O título do post tem duplo sentido: tanto serve para designar o (frágil) União Barbarense, que perdeu para um improvisado São Paulo ontem, por 2 a 1, e segue ameaçado de rebaixamento no Paulistão, quanto para resumir a condição do mesmo São Paulo contra o (forte) Atlético-MG na próxima quarta-feira, pela Libertadores, no Morumbi. Se jogar como ontem na semana que vem, o time de Ney Franco corre o risco de levar um vareio ainda maior que o aplicado (duas vezes) pelos atleticanos contra o argentino Arsenal. Imaginem Carleto contra Marcos Rocha, Aloísio contra Rever, Edson Silva contra Diego Tardelli, Fabrício (ou Denílson, tanto faz) contra Ronaldinho Gaúcho... Medo!
Isso sem contar que, pelo que parece, o substituto do (bom) Jadson será mesmo o (péssimo) Douglas. Paulo Henrique Ganso voltou a tomar seu sonífero habitual e Paulo Miranda, se for titular, poderá consagrar Júnior César. Mesmo com Juvenal Juvêncio prometendo manter o técnico frente a uma (bem provável) desclassificação na primeira fase da Libertadores, a iminência de uma goleada vexatória em pleno Morumbi, com possível show de bola e olé do Galo, permite conjecturas plausíveis sobre a manutenção dessa "garantia". Porque, se o São Paulo já era mediano com Jadson e Luís Fabiano, sem eles - e com Douglas (!) e Aloísio substituindo -, a maionese desandou de vez.
Resta saber se Ney Franco, ao sobreviver a um temível sacode do Atlético-MG, terá condições de juntar os cacos para tentar alguma coisa na reta final do Paulistão. A boa campanha na (interminável) primeira fase, que garantiu mandos de campo caso o time vá avançando na fase posterior, não significa absolutamente nada. Tirando Corinthians, Palmeiras e Santos, mais Ponte Preta, Botafogo e Mogi Mirim, os outros clubes são uma piada. E o São Paulo não conseguiu vencer um clássico sequer, perdendo para santistas e corintianos e empatando com palmeirenses. Daqui pra frente, ou Juvenal Juvêncio turbina o elenco, como prometeu, ou teremos mais uma temporada sem títulos
Aliás, se esse (tedioso) Paulistão não serve pra muita coisa, pelo menos a diretoria devia ficar de olho em alguns atletas promissores dos times interioranos, que, se não são nenhuma Brastemp, pelo menos serviriam para dar alternativas viáveis ao elenco do Tricolor - afinal, se Douglas é titular, qualquer um pode ser! Ontem, o União Barbarense mostrou que tem um lateral-direito muito ofensivo: Alex. Essa é uma das lacunas mais gritantes do São Paulo. Desde as saídas de Cicinho e Ilsinho, o clube nunca mais acertou o setor, o que obrigou os técnicos a improvisarem, por exemplo, o meia Souza (hoje na Portuguesa) e, atualmente, os volantes Paulo Miranda e Rodrigo Caio. Abre o olho, Juvenal!
Fazia tempo que Sheik não jogava bem (Foto: Eduardo Viana/Lance!Press)
O Corinthians bateu, bateu, e bateu até que furou a violenta retranca da União Barbarense, vencendo por 3 a 0 a partida deste sábado, no Pacaembu. Os reservas Douglas e Jorge Henrique marcaram o primeiro e o segundo e Renato Augusto fechou a trinca com um belo toque por cima do arqueiro, anotando seu primeiro e merecido tento pelo Timão.
Tá certo que a Barbarense é forte candidata ao rebaixamento no já tecnicamente rebaixado Paulistão. Mas o time que foi a campo, com apenas 3 titulares, mostra um elenco pra lá de forte: Douglas, Romarinho, Sheik, Edenilson, Guilherme, Chicão e meu desafeto JH disputariam vagas em muito time titular do Brasil. Mais que isso: o pessoal entrou jogando forte, apertando e buscando a vitória, sem a preguiça que caracterizou o time “alternativo” em boa parte do segundo semestre do ano passado. Se mantiverem a pegada, seremos mais competitivos mesmo disputando campeonatos paralelos.
O destaque do jogo foi Emerson, por dois motivos. Primeiro, jogou muito bem e participou dos dois primeiros gols. Se mexeu o tempo todo, criou boas jogadas com suas arrancadas e dribles e foi mais solidário. Segundo, pela declaração depois da partida. Feliz pelo bom desempenho, ele disse não estar em má fase e que s gols virão em breve. Mas o importante foi isso aqui: “Temos um treinador que prega igualdade, que dá oportunidade para quem trabalha. Quem está no Corinthians e conhece o Tite sabe muito bem que ninguém joga com nome. Para conquistar uma vaga, ele fala uma frase que às vezes não pega bem: 'Tem de ralar o bumbum no chão'. Se este é o caminho, é ele que vou seguir”
Pelo temperamento explosivo e perda de espaço recente, Sheik parecia ser um dos principais candidatos a criar uma crise de comando no vestiário. Se ele topar na boa a reserva e correr quando for exigido, fica mais difícil para outros caras criarem problema. Grande mérito de Tite essa condução do elenco.
A partida inaugurou uma sequência de cinco jogos com foco no Paulistão, culminando com o clássico contra o São Paulo. Curiosidade: logo depois do clássico volta a Libertadores. Ou seja, boa chance dos times usarem reservas ou tirarem o pé no jogo mais relevante do período. O pessoal do calendário da FPF mais uma vez está de parabéns.
Muito se discute sobre o verdadeiro papel dos técnicos na formação de um time. A mim, parece que a importância deles é superestimada, muito por conta da falta de ídolos que tratem bem a pelota nos gramados, o que desvia o foco para o banco. Vídeos circulam por aí com preleções que parecem verdadeiras palestras de neurolingüística de segundo nível, que fariam muita gente segurar o riso pra não deixar o “comandante” chateado. No entanto, às vezes não dá pra deixar de rir com nossos treinadores.
Uma situação dessas é contada por José Macia, o lendário ponta-esquerda santista Pepe. Em 1998, o atacante Luís Muller, revelado pelo São Paulo em 1977 e campeão paulista pelo Tricolor em 1980 e pelo Bragantino em 1990, estava na Ponte Preta, que disputava o acesso para a primeira divisão de São Paulo. No banco, o artilheiro via sua equipe tomar um vareio da União Barbarense no quadrangular final. A Macaca perdia por 3 a 0 e, aos 30 minutos do segundo tempo, o técnico Celso Teixeira, hoje no Sampaio Côrrea, chamou o veterano.
- Muller, vai lá bem na frente, explora a descida dos laterais dele, entra pelo meio com velocidade e em diagonal, ajuda na marcação e arremata sempre de qualquer distância.
Após ouvir as orientações do chefe, Muller, que jogaria 15 minutos, sorriu ironicamente e perguntou:
- Professor, o senhor quer que eu só empate ou tenho autorização para virar esse jogo?
A Ponte ainda tomaria mais um gol, perdendo por 4 a 0. Jogadores com personalidade e senso de humor fazem falta...