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terça-feira, agosto 18, 2015

'Nossa vida no teu seio mais AMORES...'

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"A lhaneza no trato, a hospitalidade, e generosidade, virtudes tão gabadas por estrangeiros que nos visitam, representam, com efeito, um traço definido do caráter brasileiro." - Sérgio Buarque de Holanda


terça-feira, maio 10, 2011

Noam Chomsky e o 'supremo crime internacional'

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O filósofo e ativista político estadunidense Noam Chomsky resolveu se pronunciar sobre o assassinato de Osama Bin Laden. Seu artigo (a íntegra aqui) é digno de leitura e, para mim, possui dois trechos que merecem registro:

Poderíamos perguntar como reagiriamos se uns comandos iraquianos aterrisassem na mansão de George W. Bush, o assassinassem e lançassem seu corpo no Atlântico. Sem deixar dúvidas, seus crimes excederam em muito os que Bin Laden cometeu, e não é um "suspeito", mas sim, indiscutivelmente, o sujeito que "tomou as decisões", quem deu as ordens de cometer o "supremo crime internacional, que difere só de outros crimes de guerra porque contém em si o mal acumulado do conjunto" (citando o Tribunal de Nuremberg), pelo qual foram enforcados os criminosos nazistas: os centenas de milhares de mortos, milhões de refugiados, destruição de grande parte do país, o encarniçado conflito sectário que agora se propagou pelo resto da região.

Há também mais coisas a dizer sobre Bosch (Orlando Bosch, o terrorista que explodiu um avião cubano), que acaba de morrer pacificamente na Flórida, e sobre a "doutrina Bush", de que as sociedades que recebem e protegem terroristas são tão culpadas como os próprios terroristas, e que é preciso tratá-las da mesma maneira. Parece que ninguém se deu conta de que Bush estava, ao pronunciar aquilo, conclamando a invadirem, destruirem os Estados Unidos e assassinarem seu presidente criminoso.


Triste é perceber que poucos, no Brasil, chegam à essa conclusão.

sexta-feira, março 12, 2010

O humor vai resistir

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"Glauco foi um grande cronista da sociedade brasileira, entendia os usos e costumes da nossa gente e expressava isso com inteligência e humor". A frase, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, resume o choque de milhões de brasileiros que conheciam a arte e a criatividade do desenhista e cartunista Glauco (foto), criador dos personagens Geraldão, Dona Marta e tantos outros, que foi assassinado na madrugada de hoje, com o filho Raoni, em sua residência em Osasco (SP). Parece que o criminoso era frequentador da igreja que a vítima fundou, Céu de Maria. Nesse ano de eleição, o Futepoca empresta uma das artes de Glauco para homenageá-lo (abaixo). Porque imaginamos que, de alguma forma, o humor, sua paixão, vai resistir. Ou melhor: tem que resistir. E que o crime nos faça refletir, mais uma vez, que ninguém está seguro.

quinta-feira, março 04, 2010

É de matar...

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O mais perigoso de ler jornais é acreditar neles. Até bem pouco tempo, a imprensona brasileira fazia ilações estapafúrdias entre Lula e o venezuelano Chávez para garantir aos incautos, com todas as letras, que nosso presidente também daria o golpe do terceiro mandato. Sim, nosso presidente já ultrapassou os 80% de popularidade, mas essa ideia nunca o atraiu, como ele fez questão de declarar. Aliás, muito antes de se falar em terceiro mandato, quem deu o golpe da reeleição foi outro presidente, aquele que fala francês (e diz muita besteira em português, mesmo). Bom, pra encurtar, creio que houve alguém que leu sobre o terceiro mandato de Lula, acreditou e imaginou uma ficção sobre o assunto, para ser lançada, convenientemente, no ano das eleições - e que fica agora meio patética, com a confirmação da candidatura da ministra Dilma Rousseff. Não bastasse o furo n'água, pois Lula não é candidato a nada, o livro, que será lançado dia 17, em Florianópolis, não prima pelo bom gosto do título nem pela pérfida sugestão do enredo:

"Quem Matou Lula da Silva?", de Ubaldo C. Balthazar (Cia dos Livros). Sinopse: Mistério. Suspense. Intrigas. Um candidato à Presidente da República é assassinado às vésperas das eleições. Mesmo assim, ele ganha as eleições... Ou não será ele? Ubaldo César Balthazar envolve o leitor a cada página desse romance policial moderno e brasileiríssimo, tecido com inteligência e refinado humor! "Até hoje, muita gente (de esquerda, principalmente) não perdoa o atual Presidente brasileiro pela transformação sofrida. Daí que uma explicação possível tenha sido uma troca por um sósia fisicamente perfeito, mas de ideologia nem tão igual. Por isso, meus agradecimentos ao Presidente Lula, pela ideia..." (o autor)

"Quem matou Lula?". Como diria DeMassad, "não dá ideia, não dá ideia..."

Ps.: E difamam a manguaça, na capa, sugerindo que Lula seria morto no bar.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Um dia sem fim

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Foi num 16 de fevereiro, mas não como agora. Era terça-feira de Carnaval. Eu estava fazendo embaixadas com uma bola de tênis, logo depois do almoço. Ouvindo algum LP no aparelho de som, mas já não sei qual. Só me lembro que o telefone tocou, eu atendi. Uma voz aflita, de mulher, pediu para eu chamar minha mãe com urgência. Minha mãe, naquele horário, descansava rezando seu rosário. Voltei para a outra sala e desliguei o som. Fiquei aguardando alguma coisa terrível, pois a aflição de minha mãe, no telefone, me pareceu pior do que a da pessoa que estava do outro lado da linha.

E o terrível aconteceu: "-Marcos, seu tio Estevam não voltou pra casa essa noite e acabaram de encontrar o carro dele dentro de uma lagoa, em outra cidade. Eu estou indo ficar com a sua tia. Avise seu pai". E saiu, desesperada, para socorrer a irmã mais nova. Fiquei ali, parado, sabendo que tinha ouvido uma versão amenizada. Minha mãe não sabe mentir. Havia um contexto perigoso. Meu tio, ex-presidente do Sindicato Rural de Taquaritinga, terminava seu mandato como vereador. E vinha fazendo algumas denúncias muito graves pelo microfone de uma rádio local.

Mas, para mim, ele era acima de tudo o meu padrinho, que sempre se portou como um tipo de "segundo pai", conversando comigo e me aconselhando. Principalmente ali, quando estava com meus 13 ou 14 anos. Por isso, temi pelo pior. E ele veio, quando meu pai apareceu, chorando: "-Mataram teu tio!". A partir dali, vivi uma espécie de paralisia sentimental. Não conseguia chorar, não conseguia pensar na vítima de tal brutalidade como sendo o meu tio, o meu padrinho. Fiquei nesse torpor durante horas, o resto do dia.

Um dia cinzento, chuvoso, feio. Tive que ir para a casa de uma das minhas irmãs enquanto meus pais tentavam colaborar de alguma forma naquele caos familiar. Fiquei lá naquela casa, numa varanda, olhando o vazio. Sem pensar em nada, sem sentir nada. Meu pai retornou à noite e me perguntou se eu queria ir ao velório. Sonâmbulo, desatento e sem vontade própria, assenti com a cabeça. Nada me importava, aquilo só podia mesmo ser um sonho. Um pesadelo do qual, com certeza, eu acordaria. Quem dera...

No local, a cidade inteira se espremia para se despedir do vereador. Aos empurrões, cheguei à beira do caixão. Ainda hoje não suporto a mistura enjoativa do cheiro de vela com flores. Olhei para o meu tio. Um corte suturado com pontos assinalava o local onde a bala entrou, no rosto. Minha tia me puxou e disse: "-Olha o que fizeram com ele!". Só então notei a presença dos meus primos, em choque. Na hora, senti tudo o que estava acontecendo. A ficha caiu, o choro explodiu. Não me lembro como saí dali. Na verdade, penso, às vezes, que nunca saí daquela situação.

Porque ela volta todos os dias 16 de fevereiro. Como hoje. E sempre voltará, com certeza, até o final dos meus dias.