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Ps.2: Clique no nome do mitológico estabelecimento para saber mais: PONTO CHIC.
O título do post faz referência ao capítulo 17 de Antologia da Alimentação no Brasil, livro de Câmara Cascudo que trata dos hábitos, rituais, receitas, pratos e quetais que ajudaram a constituir a identidade brasileira. Como já comentou o Anselmo aqui, o trabalho do historiador e antropólogo, resgatava aspectos da cultura brasileira que nem sempre eram destacados por estudiosos das Ciências Humanas à época, e mesmo hoje. Aliás, Cascudo morreu há exatos 25 anos...
Voltando ao capítulo da obra, trata-se de uma excerto publicado originalmente em O Rio de Janeiro do meu tempo, de autoria do também historiador Luís Edmundo, um apaixonado pela terra de Estácio de Sá, nascido em 1878 e falecido em 1961. Ele descreve de forma saudosista o início do século XX na cidade, em especial da vida noturna daquele já longínquo 1900:
Só os ricos podiam criar, para viver, ambientes agradáveis em matéria de conforto, a grande massa da população vivia mal, sobretudo durante o estio, quando a casa de residência se transformava numa verdadeira estufa, sem os naturais recursos de defesa que em outras partes do mundo já então se empregavam para suavizar os rigores da estação.
Assim, segundo Edmundo, as mulheres e crianças ficavam em casa, enquanto os homens saíam para “espairecer” e diminuir os efeitos deletérios do calor carioca.
Somente, por essas noites de espairecimento e alívio, em qualquer desses lugares, diga-se de passagem, bebia-se muito, bebia-se demais, bebia-se como talvez não haja ideia de se haver bebido no Brasil. Bebia-se pelas compoteiras!
Em entrevista para a TV Bandeirantes, o meia Alex (foto), recém contrado pelo Corinthians, comentou as dificuldades de sua chegada ao clube anterior, o Spartak Moscou. Por diversas vezes, foi obrigado a treinar sob uma temperatura de 15 graus negativos. "As mãos e os pés congelavam. Tentei usar pomadas e sacos plásticos nos pés, mas não adiantava nada. Era terrível". Porém, Alex notava que os colegas russos possuíam um artifício eficiente para essas ocasiões: a cachaça, ou melhor, a vodka. "Nos treinos, tava todo mundo manguaçado. Ninguém falava nada, porque era a maioria que fazia isso. Como eu não sou do álcool, sofria com o clima", revelou. Segundo o meia, houve um jogo contra o atual time do ex-corintiano Roberto Carlos, o Anzhi Makhachkala, em que o mais bêbado era o árbitro. "Não era só o bafo, pois o álcool exala pelo corpo todo. E ele tava falando mole", contou, aos risos. Taí um ótimo campeonato para o também corintiano e ex-imperador Adriano disputar...
Ontem eu já voltei pra casa dos meus pais "mal" intencionado, com uma dúzia de garrafas de cerveja à tiracolo e um gigante pedaço de queijo reino "dubão". O calor dessa região de Ribeirão Preto, no interiorzão de São Paulo, convidava ao ócio e à manguacice. Já encontrei meu pai, "Seo" Chico, com a mesma disposição. Enchemos os copos, cortamos o queijo, pusemos uma mesinha e cadeiras no quintal e botamos um CD do Altemar Dutra com marchinhas carnavalescas. Meu pais contou suas histórias de infância e adolescência, quando era crooner de orquestras, de seus tempos de Exército em Pirassununga, da boemia paulistana nos anos 1970, enfim, coisas que só eu, na família, tenho paciência e supremo prazer em ouvir.
Vai daí que ele se lembrou de um outro 31 de dezembro, há mais de duas décadas, quando ele, eu (então com uns 12 anos) e mais alguns primos e tios decidimos passar o Ano Novo isolados numa casinha no alto de uma serra, local sem energia elétrica, para observar os fogos em toda a cidade (buenas, tudo desculpa pra beber à vontade longe da mulherada, lógico!). Já havia dois carros cheios de cerveja Malt 90 quando alguém lembrou que precisávamos comprar gelo. Lembro que, por horas, vagamos por todos os mercados, postos de gasolina e casas de parentes atrás da preciosa mercadoria. Nada; o produto estava em falta por causa das festas de Ano Novo. Decidimos, então, subir a serra e beber cerveja quente, mais ou menos resfriada na água de um riachinho.
Quando já estávamos no meio do mato, lá pelas nove da noite, o carro do meu pai fez a última curva antes da subida principal, na beira de uma lagoa, quando se deparou com duas enormes e reluzentes pedras, tendo que frear bruscamente. Descemos para retirar os obstáculos e, para nosso espanto e felicidade geral da nação, tratava-se de dois blocos enormes de... GELO! Ainda hoje essa história rende conjecturas entre nós, os manguaças da família. Quem teria jogado aquele gelo ali, no meio do mato, longe da cidade, justo no nosso caminho? Para o gelo estar inteiro, tinha sido pouco antes de passarmos. Mistério total. Mas passamos o reveillón com cerveja gelada...
E depois de relembrarmos esse episódio sobrenatural ontem à noite, eis que hoje, lá pelas seis da manhã, minha mãe passa pelo quintal e, do nada, encontra um isopor em cima do muro, cheio de gelo e com três latinhas de cerveja dentro! Temendo mexer no que não é nosso, deixou a caixa lá, até umas dez da manhã. Nada. Sem alternativa, eu e meu pai nos servimos de mais esse "presente" de Ano Novo do Sobrenatural de Almeida. Que já deve estar de porre uma hora dessas... Brindando um Feliz 2011 e desejando muita cerveja para todos os futepoquenses, colaboradores e leitores! Saúde!