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Um partido que percebe a própria decadência e outro que se sente em franco crescimento tem algo em comum. Tentam deslocar-se no espectro político atraindo e deslocando seus principais caciques. Curiosos movimentos partidários deste 2011.
O decadente é o Democratas. Quatro anos depois de abandonar o falido nome de Partido da Frente Liberal (PFL), a legenda passa por nova reformulação. O senador Agripino Maia (RN) deve ser o candidato a presidente em chapa única. A missão do futuro comandante do partido é dar novo rumo ao partido de oposição assumidamente mais à direita. O motivo? Novo resultado eleitoral ruim nacionalmente diante do popular governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Foto: Renata Santana de Oliveira/Agência Senado
Rodrigo, o presidente demissionário do DEM, e seu pai Cesar Maia são os "radicais do DEM". A alcunha é curiosa de ser empregada, especialmente por ocorrer oito anos depois do surgimento dos "radicais do PT", fomentados pela mídia convencional, que seriam um dos embriões do PSOL.
Além de pôr os Maias de lado, Agripino tem outro desafio, o de controlar lideranças regionais. Os deputados Ronaldo Caiado (GO), Ônix Lorenzoni (RS), Rodrigo Maia e Abelardo Lupion (PR) estão na lista de lideranças regionais que controlam – ou pelo menos tentam fazê-lo – diretórios estaduais. O principal adversário dessa turma seria Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, que articula sua evasão do DEM rumo ao PMDB, ao PSB ou a um novo partido. Desafios de sobra.
Kassab se move
Se o chefe do Executivo municipal paulistano é um problema para o DEM, seu deslocamento promove ainda outras mudanças. E o principal envolvido é o partido que se sente em ascensão – diagnóstico embasado no desempenho eleitoral do ano passado.
Em evidência está a transferência do PCdoB para a base de apoio do governo em São Paulo. A informação explicada pelo diretório municipal dos comunistas no início do mês é esmiuçada por Renato Rebelo, presidente nacional da legenda.
Foto: swperman/Flickr
Em entrevista a Ricardo Galhardo, do Último Segundo, o irmão do deputado Aldo Rebelo afirma que "Kassab é que está vindo para o lado de cá". Por "cá", entenda-se base de sustentação de Dilma. Mesmo reconhecendo que "não há uma identidade ideológica" na aproximação, a adesão é definida como política.
O interesse do PCdoB é conquistar mais espaço em disputas majoritárias – leia-se, concorrer a mais prefeituras – e não ficar à sombra do PT. Desde a legalização da legenda em 1987, o PCdoB mantém-se como aliado do partido de Lula. Agora, para não se sentir sufocado, tenta se afastar do partido.
Em meio às pretensões por dias de maior destaque, a gestão de Dilma vai para a berlinda, como fonte de motivos para uma eventual ruptura.
No fim das contas, o DEM manda avisar que busca estar menos à direita. E o PCdoB, embora sustente o contrário, acaba sendo percebido menos à esquerda. Só não me arrisco a apontar em que ponto do tal espectro político está o governo Dilma.