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Depois de umas três festas acumuladas em casa, percebi que a quantidade de garradas vazias de Original se avolumavam. Os supermercados do grupo Pão de Açúcar vendem a marca sem cobrar pelo engradado – pelo menos não oficialmente.
Decidi repassá-las ao boteco-padrão eleito pela Manguaças' Consultants & Associated Drunks: Garden Burger, de tantas glórias.
Desembarquei no lugar. Enquanto avançava pelas paredes com posteres do Elvis Presley, mas sem se aproximar muito da foto do papa João Paulo II, me deparei com o Vavá, dono do recinto, ex-árbitro de futebol e médico observador nas horas vagas.
Ofereci as garrafas. Sem jeito, ele disse que já tinha muitas, que não era necessário.
- São suas ou vão pro lixo – sentenciei. – Se é assim, eu agradeço. Se você precisar levar algum dia, estão aqui. E afinal, qualquer dia eu posso dar uma festa...
Risos garantidos, a função exigia oferecer-me uma. Recusei, vítima de uma gastrite moderada, mas que dá uma azia do cão. Por causa disso, a médica me proibiu a cachaça, um acinte a um manguaça contumaz.
- Você evacua bem, todos os dias? -- indagou um tom abaixo, sinal de gravidade. Diante da confirmação, manteve-se firme e vaticinou: - É fígado. Quando o fígado não filtra a comida bem, ela passa tempo demais no estômago, e azeda. É a chamada hiperacidez, que causa a gastrite.
Intervi que a médica havia pedido exames sobre minha condição hepática, de histórico tão amargo e doloroso. Na prova dos nove, ele estava firmão, lépido e faceiro. O barman não se deu por convencido.
- Por enquanto, tem que maneirar. Principalmente nas frituras. Nada de fritura. E depois, quando você vier aqui de novo, antes de começar a beber, vou te dar uns comprimidos que tenho aqui. Aí você vai ver que no dia seguinte não sente nada.
Fiquei com vergonha de perguntar se era do elixir kutelak que ele falava. Assim, a história continua daqui um mês.