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quarta-feira, junho 07, 2006

Memória da Copa (2ª edição)

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Final antecipada

Há 36 anos, em 7 de junho de 1970, foi disputado o jogo mais duro e renhido de toda a Copa do México – uma verdadeira final antecipada entre duas das maiores forças do futebol na época. A Inglaterra, que defendia o título ganho em casa quatro antes, enfrentava o Brasil, bicampeão em 58 e 62. Uma constelação de lendas do futebol desfilava pelos dois lados: Gordon Banks, Bobby Moore, Bobby Charlton, Carlos Alberto, Rivelino, Tostão e, lógico, Pelé. Mas o nome do jogo seria Jairzinho, que ao final daquele mundial seria apelidado de Furacão da Copa.

Os ingleses tinham a defesa mais bem armada da Copa e o Brasil tinha o melhor ataque. Por isso, a partida ainda é chamada por muitos como “o jogo do século”. Os primeiros 45 minutos mostraram um equilíbrio completo de forças e um placar sem abertura de contagem. O melhor lance aconteceu logo aos 10 minutos: Jairzinho escapou em velocidade para a linha de fundo, pela direita, e centrou forte para Pelé saltar e desferir uma violenta cabeçada, de cima para baixo. O goleiro Banks conseguiu praticar aquela que é considerada a mais difícil e mais bonita defesa de todas as Copas.

Na volta para o segundo tempo, os brasileiros demoraram no vestiário e deixaram os ingleses tostando por alguns minutos no sol abrasador de Guadalajara. A malandragem pode ter feito a diferença. O Brasil voltou melhor e a Inglaterra começou a ceder terreno. Aos 15 minutos, o genial Tostão driblou três adversários pela esquerda e, quase desiquilibrado, cruzou para Pelé na meia-lua. O Rei amorteceu o balão e com um leve toque deixou Jairzinho na cara do gol. O ponta só teve o trabalho de encher o pé e fuzilar Banks, para delírio dos torcedores mexicanos, que torciam em peso para o Brasil.

Após o gol brasileiro, o técnico Alf Ramsey fez duas substituições, retirando de campo o vetereano Bobby Charlton e dando mais agressividade ao ataque inglês, que equilibrou novamente a partida e passou a pressionar o gol de Félix. O Brasil sentia falta de Gérson, que estava contundido, para cadenciar o jogo. O empate quase saiu quando Everaldo cabeceou errado uma bola dentro da área e entregou nos pés de Astle (o substituto de Bobby Charlton). Mas o inglês chutou por cima, resvalando no travessão. Foi uma vitória apertada e o único jogo, naquela Copa, em que o Brasil não sofreu gol.

Curiosidade: em São Paulo, enquanto a partida estava acontecendo, nascia Marcos Evangelista de Moraes, o Cafu, que, assim como Carlos Alberto em 1970, levantaria a taça em 2002 como lateral-direito e capitão da seleção.

Brasil 1 x 0 Inglaterra
7 de junho de 1970

Brasil: Félix; Carlos Alberto, Brito, Piazza, Everaldo; Clodoaldo, Rivelino, Paulo César; Jairzinho, Tostão (Roberto), Pelé.
Inglaterra: Banks; Wright, Moore, Labone, Cooper; Mullery, Bobby Charlton (Bell), Ball, Peters; Lee (Astle), Hurst.

Árbitro: Abraham Klein (Israel)
Gol: Jairzinho (59)
Local: Estádio Jalisco (Guadalajara, México)

2 comentários:

Heitor Augusto disse...

Acho que em 2002, Brasil e Inglaterra pode ser chamado, para os tupiniquins, de "O jogo que Lúcio paga $100 milhões para R Gaúcho". Ah, se não fosse o Gaúcho estar inspirado naquela partida, o Lúcio seria lembrado pro resto da vida como o cara que entregou o ouro pro Owen.
Sei não. Este ano se as duas equipes se cruzarem novamente...a Inglaterra descobriu que gol de pé também vale (não só de cabeça)...Vai ser difícil o confronto, mais que na última Copa.

Marcão disse...

Voltando ao jogo da Copa de 70, será que o juiz tinha algum parentesco com o dono das Casas Bahia?