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terça-feira, outubro 30, 2007

Queda de braço

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No caderno especial que o Lance! publicou hoje, comemorando seus dez anos de existência, há um texto de Muricy Ramalho sobre Rogério Ceni que revela um dado até então desconhecido na ascenção do goleiro-artilheiro no São Paulo. Diz o treinador: "A transição do Zetti para o Rogério foi a coisa mais difícil da minha carreira. O Zetti era o Rogério de ontem, um baita ídolo. Mas o Rogério tinha dado um ultimato: queria jogar. Era hora dele. Precisou do seu Júlio Brisola, diretor de futebol, com toda sua bondade, fazer a troca. O São Paulo decidiu da forma correta, deu um prêmio ao Zetti e o transferiu".
Curiosa essa história. Não cabe, aqui, comparar um e outro goleiro ou mesmo discutir méritos e defeitos de Rogério Ceni. O que chama a atenção é o fato de um goleiro reserva, com 23 anos, ter peitado o treinador e a diretoria de um clube grande, pedindo o lugar do Zetti, goleiro que, na época, era simplesmente bicampeão mundial, bi da Libertadores, campeão brasileiro, bi-paulista, campeão da Supercopa, duas vezes da Recopa e, na reserva, tinha participado da conquista da Copa do Mundo pela seleção brasileira, em 1994.
Mais impressionante ainda: o treinador concordou, a diretoria também e, ao que parece, o Zetti não pôs obstáculos. Tanto que ele tem amizade com Rogério ainda hoje, como comprova a foto que ilustra o post. Por isso, o fato é o seguinte: digam o que disserem, mas um goleiro de vinte e poucos anos, sem conquistas relevantes, impor um "dá ou desce" a um clube grande, e o clube aceitar (em detrimento de um ídolo), é coisa muito rara. Rogério Ceni pode ser o que for - de ruim a pior. Mas que é um cara que se impõe, não resta dúvida.

8 comentários:

Thalita disse...

queria ler esse caderno do lance. Será q tem em alguma banca ainda?

Pô, Marcão. O Rogério pode ser mala, mas pra quê tantas maledicências? De ruim a pior? Não é assim!

O Rogério já tinha sido campeão da Conmebol com o Expressinho. Ninguém duvidava de que era um goleiro de futuro. Numa situação em que o Zetti em declínio, talvez fosse mais jogo segurar a promessa do que o veterano. Fácil não deve ter sido. Mas faz sentido.

E o responsável pela escolha, seja quem for (ou forem), deve se achar O oráculo, rsrsrs

Marcão disse...

Thalita, o "de ruim a pior" é preventivo, pois tem muita gente que simplesmente o odeia, por toda espécie de motivo.
Mesmo com o tal argumento de promessa versus veterano em declínio, ainda me surpreende o ultimato e a concordância do treinador e da diretoria.
Juro que nunca ouvi falar sobre isso quando se recorda o início da carreira de algum goleiro famoso - pelo menos no Brasil.

Glauco disse...

Depois da defesa do Ceni contra o Sport, uma das mais fantásticas da história da República, devo dizer que Rogério Ceni é o cara.

Marcão disse...

Em tempo: o que vale a Conmebol, Thalita?

Glauco disse...

"Revelações" feitas depois de muito tempo,quando fulano é ídolo, são no mínimo pra se checar e não pra se tomar como verdade absoluta.
"Zetti em declínio" é um achismo de quem não o viu jogar. O cara queria ganhar dinheiro com transferência (os tempos eram outros) e foi campeão do Rio-São Paulo em 97 e da inexistente Conmebol em 98. Não é nada, não é nada, mais do que o São Paulo nesses dois anos.
"De ruim a pior" talvez seja, em parte, porque o cara encarna as cores do clube. Por isso também os sãopaulinos odeiam o Marcelinho Carioca (ou vão dizer que o amam?). Fora isso, declarações extra-campo dizendo que tem dúvidas se a redemocratização foi boa para o Brasil ou falando que acha fundamental o presidente da República saber falar inglês (qual o grau de instrução dele mesmo?) acho que justifica uma ojeriza de quem tem algum tipo de pensamento contrário.

Thalita disse...

pro time reserva a conmebol vale bastante. É, inclusive, pelo fato do expressinho tê-la ganho que eu lembro que o campeonato existiu.

Glauco, tomei bastante cuidado pra escrever que o Zetti estava em declínio. Minha primeira opção tinha sido "em fim de carreira", o que, obviamente, é um erro.
Mas em declínio ele estava, ué. Tudo bem q o declínio do São Paulo foi maior, mas o auge da carreira do Zetti já tinha passado...

Nicolau disse...

Se fosse o Marcelinho que tivesse protagonizado fato semelhante, os sãopaulinos estariam chamando o cara de mau-caráter pra baixo, que puxou o tapete do colega de clube, antiético... Mas "são" Rogério "se impõe".

pedro disse...

Ao Glauco:
"De ruim a pior talvez seja, em parte, porque o cara encarna as cores do clube. Por isso também os sãopaulinos odeiam o Marcelinho Carioca (ou vão dizer que o amam?)."
Muito oportuna a comparação com o Marcelinho carioca. Mas R. Ceni e M. Carioca não são considerados mau caráter por suas respectivas identificações clubísticas. Mas porque as pessoas o consideram assim.

Outros ídolos identificados a um clube só: Ademir da Guia, Luiz Pereira, C. Sampaio, Evair, Zinho, Marcos ou Raí, Dario Pereira, Oscar ou Pelé, Robinho, Pagão, Pepe ou Sócrates, Zé Maria, Biro-Biro...

Quantos desses eram considerados mau-caráter apenas por se identificarem com times de seus adversários? Quantos desses eram odiados como M. Carioca e R. Ceni ?

Mais uma vez, oportuna a comparação de Rogério Ceni com o Marcelinho Carioca.

Abraços Palestrinos,

Pedro.