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quinta-feira, outubro 09, 2008

As "novas feras" de 1998

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Se tem um tipo de gente que acho sacana é aquele que, depois que algo se consolida, estufa o peito pra dar uma de profeta do acontecido. Ou, de outra forma: aquele que hoje em dia combate algo que era senso comum em determinada época e depois se revelou um fracasso, como que para dar uma de intelectualmente superior.

Justamente por odiar esse tipo de comentário, não o farei. Mas será tarefa difícil.

Toda essa introdução porque me foi apresentada, esses dias, uma capa que a revista Placar fez no ano de 1998. Com a manchete "As novas feras", a publicação elencava quatro jogadores que se destacavam no Brasileirão daquele ano. Os atletas foram chamados de "geração Luxemburgo" - numa referência ao então recém-empossado técnico da seleção brasileira - e, ao longo da revista, dizia-se que eram alguns dos fatores que faziam o Campeonato Brasileiro daquele ano ter um ótimo nível técnico, fundamental para que os torcedores esquecessem a até hoje traumática final da Copa da França.

Mas o fato é que nenhum dos quatro jogadores destacados por Placar acabou por ter uma carreira das mais impecáveis.

O melhor de todos, com sobras, foi Vampeta. Ele jogou demais no Corinthians, tanto em sua primeira passagem, quando foi bi-campeão brasileiro pelo clube, quanto na segunda, quando foi campeão do Rio-São Paulo e da Copa do Brasil em 2002 e carimbou seu passaporte para a Copa do Mundo daquele ano (cujo título foi comemorado com a épica cambalhota na rampa do Planalto). Mas sua carreira teve manchas que o impediram de ser consolidada como a de um "world class": a passagem pelo Flamengo, marcada pela emblemática e auto-explicativa frase "eles fingem que pagam e eu finjo que jogo" e o final triste, que incluiu participação no rebaixamento do Corinthians durante o Brasileirão de 2007.

Felipe talvez venha em segundo lugar nessa lista. Seu início de carreira foi fulminante. Apareceu no Vasco como um lateral-esquerdo rápido e habilidoso, e que ainda ia bem nas bolas paradas. Foi convocado para a seleção algumas vezes mas depois entrou num período de instabilidade que se mantém até hoje. Passou por inúmeros clubes - Flamengo, Palmeiras, Atlético-MG, Fluminense e alguns do exterior - e em todos eles foi marcado pela irregularidade. Alternava ótimas partidas com sequências de más atuações e períodos de inatividade causados por seguidas contusões.

Contusão, aliás, é palavra de ordem ao se falar da carreira de André. Apareceu para o mundo do futebol na metade da década de 1990 como destaque no gol do Internacional. Logo o compararam a outro arqueiro revelado no Beira-Rio, um tal de Taffarel. Foi para a seleção em 1997 e, no ano seguinte, dirigiu-se ao Cruzeiro, que procurava um substituto para Dida. E aí se iniciou o calvário do goleiro. Sucessivas contusões, em partes diferentes do corpo, o impediram de ter uma carreira consistente no clube azul. Voltou para o Inter e encerrou a carreira defendendo o Juventude. Vai para aquela lista de jogadores de quem não se sabe exatamente o que poderiam ser, dada a imensa quantidade de lesões.

Por fim, Fábio Júnior. Este teve um início de carreira meteórico. Seu Brasileirão de 1998 foi supremo - arrisco dizer que foi um dos melhores campeonatos que vi alguém fazer. Tanto que não foi surpresa quando o Cruzeiro o negociou por 15 milhões de dólares com a Roma, no final daquele ano. A partir daí, a carreira do centroavante degringolou. E olha que ele nem pode colocar a culpa nas lesões. Retornou ao Cruzeiro, foi para o Palmeiras, jogou no Atlético-MG e em nenhum desses times foi sombra daquele craque que pintava no segundo semestre de 1998. Hoje, já em fim de carreira, está no Bahia, onde ainda não jogou por pendências burocráticas.

Enfim, erros assim acontecem em todos os lugares do mundo. Aliás, digo mais: não dá para chamar isso de erro. É apenas um chute mal dado, digamos assim. E brincar de futurologia faz parte da maneira com a qual vemos o futebol.

7 comentários:

Marcão disse...

Fábio Júnior é um fenômeno incompreensível. Tudo bem que seria muito difícil repetir a performance do segundo semestre de 1998, mas o cara simplesmente sumiu. Para sempre. Se não houve algum fator extra-campo, Fábio Júnior foi o melhor enganador-relâmpago da história do futebol nacional. Impressionante.

Quanto ao Vampeta, ele realmente gastou a bola nas temporadas de 1998 e 1999. Pelo o que me lembro, já era elogiado quando estava na Holanda. Depois disso, foi curtir os dividendos, como muitos jogadores fazem. E virou um especialista em rebaixamentos, os mais recentes pelo Corinthians, em dezembro, e pelo Juventus, logo em seguida, em abril. Triste ocaso.

O Felipe eu nunca achei lá essas coisas. O Olavo definiu bem: fazia uma ou duas partidas estupendas por campeonato. E só. Não dava seqüência. Tanto que nunca foi "homem de confiança" de nenhum treinador (pelo o que me lembro). Sobre o André, é o que foi dito: jogou tão pouco que nem tenho opinião.

Glauco disse...

O Fábio Júnior foi contratado pelo Bahia mais ainda não conseguiu jogar por conta de imbróglios de transação internacional.

Anselmo disse...

Eram todos promessas mesmo. É possível entender a capa. Mas esse risco existe.

Mas o Vampeta estar nessa lista já era um pouco de forçação, pq ele tinha se destacado antes de ir pro Corinthians, no Vitória.

Nicolau disse...

E quem seriam as feras de 2008?

Carlos H. Muniz disse...

Eu acho que o Felipe jogou muita bola... Teve sim passagens irregulares, mas deve ressaltar o momento no Flamengo, onde ele jogou muito, recuperou seu moral no futebol e chegou a Seleção... Ganhou um Carioca pelo rubro-negro também... Agora domina lá na Arábia (ta bom que o futebol lá nao é do mais alto nível ehe)

Marcão disse...

Agora que eu reparei direito na capa da Placar: o "ganhe um poster do Petkovic" deve ter afastado milhares de consumidores...

zzyytt disse...

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