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Foto via Twitter da Cynara Menezes |
Foto via Twitter da Cynara Menezes |
Desde 2009 o Digital
Policy Council's divulga um relatório
anual que analisa como líderes mundiais e instituições
governamentais utilizam o Twitter e de que forma seus governos se
comunicam por esse meio com seus cidadãos. E o relatório referente
ao ano de 2012 mostra que 123 mandatários de 164 países possuem
contas no microblogue, um avanço considerável de 78% em relação a
2011, quando somente 69 deles tinham um perfil.
Obama e Chávez: os líderes mais seguidos no Twitter |
Depois do despropósito de enfiar uma foto de José Serra no encarte de um CD de Chico Buarque, a Editora Abril volta a fustigar o artista carioca. Chico está na capa da edição de fevereiro da revista "Alfa Homem" (à direita), o que me convenceu a comprá-la. O mote da reportagem, que visitou o entrevistado em seu apartamento no Leblon, no Rio de Janeiro, é a sua volta à música: ele deve entrar em estúdio até abril, para gravar um novo álbum, depois do jejum imposto pela produção do (muito premiado) livro "Leite derramado". Até aí, tudo bem. A materinha conta trivialidades curiosas, como o fato de hoje Chico só beber moderadamente, com uma tacinha de vinho ou de grappa (cachaça italiana) após o jantar, depois de livrar-se do consumo forte de álcool nos anos 1980, ao ingerir ervas amazônicas do "bruxo" Lourival; e também sua paixão pelo futebol, que o levou, certa vez, a identificar-se como "um famoso jogador" no aeroporto de Paris. "E aquela caixa de violão na esteira?", perguntou, cético, o funcionário. "É o disfarce para as minhas chuteiras", respondeu o artista.
Porém, o texto de Regina Zappa guarda um certo tom de "desagravo", uma linha condutora que leva a crer que a reportagem louva Chico Buarque "apesar de alguma coisa". E essa "alguma coisa", lógico, é sua posição política. Chico se engajou publicamente na campanha de Dilma Rousseff, em 2010 (contra José Serra, o candidato da família Civita, proprietária da Editora Abril). E nunca deixou de defender Fidel Castro e as transformações em Cuba ou mesmo Hugo Chávez e os avanços sociais na Venezuela. Isso, para a revista Alfa Homem, é pecado. "(Chico) É amado, respeitado, invejado, celebrado - e odiado, muitas vezes por causa de suas posições políticas de esquerda", opina o texto de Regina Zappa. "Deixou claro, várias vezes, seu apreço a Lula e apoiou Dilma Rousseff durante a campanha. 'Dilma é uma mulher corajosa', declarou no programa eleitoral. Para o bem ou para o mal, nunca causou surpresa nessa área. Chico sempre foi de esquerda", prossegue a matéria.
Mas o acusatório "para o bem ou para o mal" não foi suficiente. Os editores resolveram agregar um "desagravo" ainda mais contundente para o "hediondo defeito" de Chico Buarque. Escalaram um tal de Caco de Paula para escrever um breve - e inacreditável - textinho para ser agregado à reportagem, sob o singelo título de "Não chute o poeta". Diz um trecho (o grifo é nosso): "Sua obra tem grande importância, independentemente de suas opiniões favoráveis aos dinossauros de Cuba e da Venezuela. Por crença pessoal, estilo, molecagem, necessidade de seguir contra a corrente, ou tudo isso junto, Chico se mantém fiel ao ideário romântico e utópico que em alguma esquina da história acabou fulanizado nas imagens patéticas de Fidel e Chávez". E mais: "Chico tem o direito de expressar sua opinião sobre os 'comandantes' e pode perfeitamente ser criticado por quem os considera, estes sim, os verdadeiramente imperdoáveis" - como se Chico precisasse ser "perdoado"...
Tá, eu também tô careca de saber a posição política da Editora Abril e de suas publicações, de seu conservadorismo, fascismo ou o que seja. Basta dar uma olhada nas capas da Veja, não precisa nem abrir para ler. Mas dessa vez eles estão usando (repito: usando) alguém que não compartilha de suas opiniões, mas que é simplesmente Chico Buarque, para dizer que "sim, ele é legal, mas não devemos odiá-lo por apoiar essa corja esquerdista; você deve considerá-lo apenas um genial artista, mas, em política, é uma besta". E, para fazer essa patifaria, eles vão até a casa do cidadão, partilham de sua privacidade e boa vontade, colocam sua cara na capa para vender mais revistas e, depois disso tudo, enxertam um textinho classificando de "molecagem" sua militância e postura política. Quando a gente acha que já viu de tudo, eles conseguem se superar. Ô, racinha, essa tucanada "iluminada"...
O presidente da venezuela Hugo Chávez foi agraciado, em visita ao Brasil na quarta-feira, 28, com uma camisa da seleção brasileira. Com a camisa 6, o mandatário venezuelano foi escalado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na lateral-esquerda.
O criador do PSUV, no poder há 11 anos, foi apenas o mais recente dos presenteados com o brinde. É só vir um presidente visitar o Brasil ou uma comitiva do Executivo nacional chegar a uma nação amiga que o protocolo do Itamaraty não hesita. Saca uma camisa da seleção brasileira e inclue o mimo, qual espelhinho para índio, ao interlocutor.
Deu no Yahoo Esportes: a cidade de Benghazi, na Líbia, o país da bandeira mais criativa do mundo (confira aqui), dará o nome de Hugo Chávez ao seu novo estádio.
O ditador Muammar Kadafi homenageará seu quase-colega por causa das "valentes posturas humanas, especialmente em apoio e solidariedade com a população de Gaza na recente agressão israelense" do venezuelano, segundo a explicação oficial.
É inusitado ver um presidente vivo da Venezuela, um país sul-americano, ser homenageado na distante África. Será que faltam heróis líbios que mereceriam a honraria?
Os detalhes do estádio ainda não estão definidos, mas tudo indica que Chávez dará seu nome a um bom recinto. Benghazi é uma das principais cidades da Líbia, sendo sede de seu maior porto. E é uma cidade moderna e bonita, como se pode ver na foto.
Teremos Líbia x Venezuela na inauguração do Hugochavão? Tem tudo pra ser um jogaço.
“E um dia afinal/tinham direito a uma alegria fugaz/uma ofegante epidemia/que se chamava carnaval”. Era assim que Chico Buarque, em um quase samba-enredo, fazia o epitáfio da ditadura militar brasileira na épica “Vai Passar”. Não foi o primeiro e nem será o último a misturar a temática do carnaval com política. Aliás, a música foi utiilizada também para a derrotada campanha de FHC à prefeitura de São Paulo em 1985. O contexto da democratização facilitou a vida do então peemedebista, mas parece que Chico Buarque não se orgulha muito do fato não...
Curiosamente, no Brasil, em geral quem é muito afeito ao debate político costuma rejeitar as folias momescas, preferindo o descanso ou o refúgio daquilo que alguns chamam de apologia da alienação, festa comercial, exaltação de narcotraficantes, coisificação da mulher e várias outras críticas das bem pertinentes, aliás. Mas há muitos exemplos de associação de um dos temas-chaves desse blogue com os festejos celebrizados no Brasil.
Se o evento midiático mais forte do carnaval é o desfile das esolas de samba do Rio de Janeiro, lá também surgiram alguns sambas-enredo bem-feitos e "engajados". A Caprichosos de Pilares se notabilizou na arte de trabalhar temas algo espinhosos com muito bom humor e seu apogue aconteceu no ano de 1985 (vídeo abaixo). Pedindo eleições diretas, o samba lembrava o passado sem inflação e pedia "Quero votar!". "Diretamente, o povo escolhia o presidente/Se comia mais feijão/Vovó botava a poupança no colchão/Hoje está tudo mudado/Tem muita gente no lugar errado".
A lembrança de outros tempos promovida pela letra também tinha uma auto-crítica, sobre a mudança de estilo dos desfiles de então e evocando a saudação aos sambistas antigos, culminando em um dos refrões mais célebres da história do carnaval. "Onde andam vocês, ô ô ô/Antigos carnavais?/Os sambistas imortais/Bordados de poesia/Velhos tempos que não voltam mais/E no progresso da folia.../Tem bumbum de fora pra chuchu/Qualquer dia é todo mundo nu...".
Sambas reflexivos e excelentes também foram a tônica de 1988, centenário da abolição da escravatura. Se a Vila Isabel venceu o carnaval homenageando Zumbi, figura à época ainda negligenciada por boa parte dos historiadores e ignorada nos livros de escola, certamente o samba mais cantado foi entoado por Jamelão, na Mangueira (vídeo abaixo). A letra questionava as condições do negro depois da abolição:"Será/Que já raiou a liberdade/Ou se foi tudo ilusão/Será/ que a Lei Áurea tão sonhada/Há tanto tempo assinada/Não foi o fim da escravidão". O refrão é, sem dúvida, um dos mais significativos da história da Sapucaí. "Pergunte ao Criador/Pergunte ao Criador/ quem pintou essa aquarela/Livre do açoite da senzala/Preso na miséria da favela". Virou até aula no exterior...
Ainda no Rio de Janeiro, também não dá pra esquecer o samba campeão da Vila Isabel em 2006, Soy loco por ti América - A Vila canta a latinidade. A polêmica surgiu por conta do patrocínio da PDVSA, estatal petrolífera venezuelana. Claro que a celeuma se deu por envolver Hugo Chávez, outros apoios financeiros comuns, como de prefeituras, governos de estado e até de ongs ambientalistas foram - e continuam sendo - solenemente ignorados e pouco discutidos pela mídia dita imparcial...
Mas o importante é que hoje carnaval e política se misturam à vontade sim. Sindicatos, como os bancários do Rio de Janeiro, que aproveitam a data para dar seu recado e defender o uso de preservativos, por exemplo. E serve até, quem diria, para explicar Karl Marx (vídeo abaixo). Portanto, não se envergonhe em curtir o samba nesse carnaval, ó, amante da política! Engajamento é que não vai faltar...
Claro que perder para a Venezuela no futebol, em se tratando de uma seleção pentacampeã como o Brasil, não deixa de ser vexatório. Mas o fato é que a equipe do país de Hugo Chávez vem mostrando uma evolução grande desde o final das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002. Antes um mero saco de pancadas, agora os atletas locais começam a mostrar que a lanterna sul-americana é coisa do passado.
O esporte mais popular do planeta perde para o beisebol e o basquete no país, competindo com o ciclismo e o boxe na preferência dos venezuelanos, o que talvez explique o desempenho pífio da seleção ao longo da história. Até as eliminatórias para a Copa do Japão/Coréia do Sul, a equipe tinha vencido somente duas partidas na competição: contra a Bolívia em 1981 (1 a 0) e contra o Equador em 1993 (2 a 1). Em 1998, primeira edição disputada em pontos corridos, o time ficou em último, com três pontos, resultado repetido em todas as edições anteriores.
No entanto, nas cinco últimas rodadas da fase eliminatória para 2002, os venezuelanos ganharam quatro partidas, perdendo para o Brasil de Felipão na última rodada (não se esqueçam que muitos torcedores temeram a Venezuela antes do embate). Naquele torneio, a Venezuela protagonizou uma das maiores zebras das eliminatórias sul-americanas, vencendo o Uruguai por 2 a 0 em San Cristóbal. Depois, derrotou o Chile pelo mesmo placar, em Santiago; venceu o Peru em casa, por 3 a 0 e superou o Paraguai por 3 a 1. Em cada um desses jogos, a Venezuela conseguiu um resultado histórico.
Terminou pela primeira vez uma eliminatória fora da lanterna (que ficou com o Chile), obtendo 16 pontos e cinco vitórias (venceu também a Bolívia por 4 a 2). Já nas eliminatórias de 2006, conquistou cinco vitórias e três empates, com destaque para a partida contra a Colômbia, vencendo na casa do adversário, e um fantástico 3 a 0 contra o Uruguai em Montevidéu.
Depois de conseguir pela primeira vez passar para a segunda fase da Copa América, em 2007, nas atuais eliminatórias os venezuelanos já venceram o Equador, fora de casa, por 1 a 0, e superaram a Bolívia em um empolgante 5 a 3. Estão em quinto lugar, o que lhes daria o direito de disputar uma vaga para a Copa do Mundo contra uma equipe da Concacaf. Será que é dessa vez que a Venezuela irá para o Mundial?
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Não é só no futebol que a Venezuela tem surpreendido. No vôlei, pela primeira vez irão às Olimpíadas. Em dose dupla! O masculino, após a histórica vitória contra o Brasil de Bernardinho no Pan de 2003, venceu a Argentina na casa do rival para assegurar sua vaga. Já as meninas selaram sua classificação contra o Peru, uma das seleções mais tradicionais do continente.
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Não é possível mensurar ao certo se a evolução no futebol tem relação com os investimentos do governo de Hugo Chávez. Mas o fato é que tem sido feito um esforço para massificar a prática esportiva nas escolas e treinadores estrangeiros chegam para preparar atletas, como é o caso do brasileiro Ricardo Navajas, do vôlei. Para se ter uma idéia, em 2006, os investimentos na área foram de US$ 510 milhões, além de terem sido gastos US$ 700 milhões para financiar as obras da Copa América de 2007.
Independentemente de se concordar ou não, com o todo ou as partes, o texto do Bob Fernandes Porque Chávez perdeu e Baduel ganhou, no Terra Magazine, merece ser lido.
Seleção mista para a Copa América na Venezuela. Entre os 22 convocados por Bob Bradley, técnico dos Estados Unidos, há apenas nove atletas na disputa da Copa Ouro, o análogo promovido pela Concacaf na América do Norte e Central. Apenas sete atuam na Europa, o restante ganha a vida na Liga Americana de Futebol (MLS). A satisfação de desconhecer 100% dos nomes é sem igual (desafio?). Sorte da Argentina no Grupo C.
Enquanto isso, Hugo Sanchéz, o dono da caneta na seleção do México, não terá Pável Pardo, Ricardo Osorio e Carlos Salcido. Todos três pediram dispensa. Sorte do Brasil?
Dunga, como se sabe, não conta com Kaka, nem Ronaldinho Gaúcho. Não dá para dizer que é um mistão, mas os meias vinham sendo, com ou sem razão, os grandes nomes das convocações do capitão do tetra (que orgulho).
Tantos desfalques levantam a suspeita: tudo não passa de um boicote ao presidente venezuelando Hugo Chávez, por aquilo que ele representa para ele representa para o pimpolismo de esquerda no continente?
Nem tanto. Registre-se que o canal de TV educativo que ocupa a banda concessionada antes à RCTV, TVes, será o dono dos direitos de transmissão da Copa, como forma de garantir audiência ao evento esportivo mais importante sediado no país desde o Panamericano de 1983. Mas Chávez, que investiu US$ 1 bilhão no evento, promete se esconder. Embarca para a Rússia e o Irã na terça-feira, 26.
Até ele boicota?
Foto: AloPresidente.gob.ve
"¡Uh, ah, Chávez no se va!" Nem o presidente venezuelano
estará no país para assistir à competição de futebol. Se for por
radicalismo de preferência ao beisebol, pode haver uma
debandada definitiva do Futepoca para a oposição.
"O [presidente venezuelano, Hugo] Chávez tem que cuidar da Venezuela, eu tenho que cuidar do Brasil, o [presidente dos EUA, George] Bush tem que cuidar dos Estados Unidos e assim por diante."
A cada semana que passa, mais clara fica a diferença entre Lula e Chávez. O presidente brasileiro, um líder que tem noção do que é liderança, das responsabilidades que isso implica, da grandeza que exige. O venezuelano, um chefe de estado que até merece respeito, mas, como líder, um fanfarrão que pode estar cavando a própria sepultura sem saber, de tanta fanfarronice.
Isso me lembra A Imortalidade, de Milan Kundera: uns nascem para a imortalidade, outros para a imortalidade risível.
(a matéria da Agência Brasil que contém as aspas acima estão aqui).