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– Ô, rapaz, tirou a barba – abordou-me o palmeirense no corredor da firrrma.
– Tirar é bondade sua. Só aparei, viu? – respondi, deixando claro que os pelos na cara seguem como marca registrada, até no calor do Centro Oeste.
– Mas foi promessa?
– Não. Até pensei em oferecer a barba como promessa caso o Palmeiras não caia, mas desisti. Uma reles penugem dessas seria insuficiente para sensibilizar o imponderável...
– É fato. Só se você prometesse cortar... – pausou meu palestrino interlocutor, causando suspense e me deixando sem respirar – os pelos do saco.
Entre o alívio, por ter me poupado do destino de eunuco de um lado, mas ainda chocado pelo fim escatológico da proposta de promessa, preferi não responder. A tréplica veio de graça:
– Do jeito que nosso time está, precisaria de uma promessa mais dramática.
O palmeirense precisa de alento. Mas tem motivos de sobra para o desespero. O Futepoca prefere, então, de forma democrática, oferecer tanto alguns fios de esperança aos alviverdes que compartilham a lanterna dos afogados na tabela quantos motivos para novas troças dos torcedores rivais.
Semifinalistas rebaixados Ceará e Avaí – 2011 Vitória – 2010 Coritiba – 2009 | Semifinalistas que não estavam na Série A Corinthians - 2008 Brasiliense – 2007 Ipatinga – 2006 Paulista e Ceará – 2005 Santo André, XV de Novembro, Vitória (rebaixado) – 2004 Brasiliense – 2002 |
Ano | Pontos | Time | Aproveitamento |
---|---|---|---|
2011 | 43 | Cruzeiro | 37,7% |
2010 | 42 | Atlético-GO | 36,8% |
2009 | 46 | Fluminense | 40,4% |
2008 | 44 | Náutico | 38,6% |
2007 | 45 | Goiás | 39,7% |
2006 | 44 | Palmeiras | 38,6% |
2005 | 51 | Ponte Preta | 40,4% |
2004 | 51 | Botafogo | 37,0% |
2003 | 49 | Paysandu | 35,5% |
Sempre ele. (Santosfc) |
Que pena, Ganso... (Ricardo Saibun / Santosfc.com.br) |
Nesta terça-feira, dia 7, parti para o Shopping Eldorado
para encontrar meu irmão, Daniel, que ora aniversariava. Na subida até o
restaurante, passo por uma moça meio desesperada falando no celular ao lado do
namorado. Os dois usando camisas do Palmeiras. Ela reclamava que foi “um
absurdo” que “a menina desmaiou” e um cara “passou por cima”, sem dar atenção. “Vixe”,
pensei eu.
O empate de 1 a 1 no Couto Pereira diante do Coritiba na noite de quarta-feira, 11, garantiu o título da Copa do Brasil 2012 para o Palmeiras. O campeão invicto da competição fica com a vaga para a Taça Libertadores da América garantida.
É a primeira conquista desde o Paulistinha de 2008. A primeira relevante desde a Libertadores de 1999 e da Copa do Brasil de 1998. Uma fila modesta comparada e até difícil de contar, perto da vivida nos longos anos 1980. Mas igualmente trágica diante de rivais do estado viverem tempos bem mais fartos na primeira década dos 2000.
Depois de um 2 a 0 no improviso na Arena Barueri, o time de Luiz Felipe Scolari cozinhou em banho-maria o empate na casa do adversário. Com muito mais consciência e coesão na marcação do que na partida anterior, a equipe visitante jogou bem, e contou com a falta de ação do time da capital paranaense.
O gol de falta de Airton, aos 16 do primeiro tempo, foram logo neutralizados com o empate, da incógnita Betinho, em cobrança de falta de Marcos Assunção, o necessário.
Manco, raçudo e correria
No palco da sova de um ano atrás, o resumo do time de Felipão foi o desempenho de Luan. O camisa 11 estava no banco, ainda sem recuperar a condição de titular e homem de confiança do treinador. Foi ao gramado mas, logo, sentiu dores musculares na coxa esquerda.
Três substituições haviam já sido feitas -- duas delas, aliás, por outras contusões. Resultado: Luan permaneceu em campo mesmo sem condições de atuar. Mancando, correu muito, puxou contra-ataques, fez lançamento... Jogou melhor do que em muita ocasião anterior, melhor do que em partidas em que estava inteiro fisicamente.
A raça, sem brilho técnico: é o resumo. O time é melhor do que o de 2011, mas nem o talento individual de Marcos Assunção, Henrique e Valdívia chegam a polir o futebol apresentado. Essa turma é decisiva quase o tempo todo. Mas Mazinho, Betinho e Juninho, promissores, também decidiram. O time venceu mais na aplicação tática e defensiva, mais na raça e na correria.
Foi o suficiente para ser a melhor campanha em 17 anos de competição. O segundo invicto a levar o caneco. Pelas contas da CBF, é o 11º título nacional do Palmeiras.
Tudo muito diferente dos anos 1990. Mas bom do mesmo jeito.
É bom ser campeão.
O primeiro jogo da final da Copa do Brasil 2012 acabou em surpreendentes 2 a 0 para o Palmeiras diante do Coritiba, na Arena Barueri. Surpreendente porque os visitantes eram melhores em campo no primeiro tempo na noite de quinta-feira, 5. Porque o azar de ficar sem Barcos virou sorte e segurança de Bruno na guarda da meta, dentro de campo. Porque Valdívia marcou, mudou a história do jogo, e foi expulso em lance besta. Porque o time paranaense reclamou muito de um pênalti explícito. E porque o Palmeiras esboçou disposição excessiva em se defender ainda no primeiro confronto.
Folga talvez só no placar. E o chavão do futebol é explícito: 2 a 0 é um placar perigoso. Embora a resposta igualmente óbvia seja um sarcástico "perigoso para quem, mesmo?", o retrospecto entre os dois times em Copas do Brasil dá um pouco mais de razão para o lugar-comum. É que no ano passado, quando os mesmos Luiz Felipe Scolari e Marcelo Oliveira ocupavam postos de treinadores dos times, o Coxa deu uma sova no alviverde paulistano, com atordoantes 6 a 0.
Só Thiago Heleno e João Vitor estiveram do lado palmeirense em 2011; seis do Coritiba continuam por lá. Mas que nada disso se repita.
Sem Barcos, operado por apendicite e homenageado por Valvívia, sem Henrique, substituído por Marcio Araújo, o time de Felipão jogou pouco para conseguir o placar que fez. Só não foi tudo perfeito porque Maikon Leite perdeu uma chance clara no final de fazer um improvável terceiro.
Desde 1999 sem títulos importantes, desde 2008 sem trazer caneco nenhum, os atletas do Palmeiras comemoraram muito ao final do jogo. Um pouco mais do que deveriam, porque tem a partida de volta. E porque a equipe precisa de mais bola até para jogar pelo regulamneto no Couto Pereira, no dia 11.
Se, há três meses, alguém me dissesse que eu lamentaria a ausência de Luan em um jogo, receberia como resposta alguma manifestação de ceticismo sarcástico. No entanto, a contusão sofrida no empate deste domingo, 17, diante do Vasco, faz com o que o falso ponta, falso meia, falso volante desfalque o Palmeiras na segunda partida da semifinal Copa do Brasil, contra o Grêmio. É notícia ruim para o Alviverde.
Só não é pior do que os ignóbeis dois pontos acumulados em cinco partidas do Brasileirão, incluindo três com mando de jogo. Mesmo sendo diante do time que lidera a competição de modo invicto, a retranca segue como único recurso. E ficam poucas esperanças de uma campanha com prumo mais animador.
Henrique voltou a atuar como volante, Mazinho fez gol novamente depois de ser levado a campo. E, de novo, nada de somar três pontos no Brasileiro. Vai ver andam faltando uns gols de Marcos Assunção...
Depois de o Palmeiras sair na frente na Arena Barueri aos 10 do segundo tempo, cedeu o empate aos 37, em cobrança de falta de Juninho. O toque de mão de Henrique que originou a falta foi questionável, já que não há sinal de intenção no gestual do zagueiro-volante. Mas como faltou futebol para vencer, isso é só um detalhe do jogo.
A zona do rebaixamento incomoda e preocupa. Espero que não dure a ponto de tirar o sono. Até porque estar na semifinal da Copa do Brasil garante nada.
Foi divertido assistir a dois jogos simultaneamente, como pedem datas em que coincidem semifinais de duas competições de relevância distinta. Sorte que manteve-se a regra de a Globo exibir um jogo, da Libertadores da América, enquanto a Band exibia o da Copa do Brasil.
Enquanto o Corinthians tratava de surpreender o Santos na Vila Belmiro com um golaço, achado por Emerson Sheik, o Palmeiras conseguiu, em cinco minutos finais, fazer mais do que nos 270 de atuação anteriores.
Quem fez menos do que esperavam santistas e claque de admiradores foi Neymar. É o primeiro apagão da minha contagem. A queda da iluminação na Vila Belmiro, o segundo, bem menos determinante para o andamento da partida -- embora tenha esfriado ainda mais o ímpeto da equipe da casa.
O terceiro apagão mencionado no título foi do Grêmio. Por conta dessas questões paralelas que a turma costuma chamar de "trabalho", foi a primeira partida do tricolor gaúcho que pude assistir no ano, de modo que fica difícil ter referência para saber se o futebol que a trupe de Vanderlei Luxemburgo já fez mais do que o exibido na noite de quarta-feira, 13, no Olímpico.
O esquema com três zagueiros implantado por Luis Felipe Scolari pode ter desempenhado papel relevante nessa, digamos, "neutralização". Mas é muito cedo para considerar que essa solução retranqueira é a melhor -- atualmente, em se tratando de Palmeiras, se houver "solução", ela estará mais para "única" do que para "melhor".
O fato é que foi bem impressionante o time gremista desaparecer nos minutos finais de partida. Foi quando Mazinho conseguiu fazer o primeiro gol do Palmeiras, em um chute em que o meia mal olhou para o goleiro adversário: só chutou e conseguiu pôr a bola por entre as pernas do arqueiro. Fez as vezes de talismã, depois de introduzido no jogo na vaga de Daniel Carvalho aos 39 do segundo tempo,
numa típica manobra de consumir uns minutinhos na reta final da partida e
acalmar a cadência dos movimentos.
No finzinho, Barcos marcou o segundo, em cruzamento de Junhinho, a quinta jogada de linha de fundo do lateral; a primeira a terminar com um cruzamento feliz e certeiro. Durante o jogo, as duas bolas atiradas em direção à meta do goleiro Víctor foram as que entraram. As outras chances de algum perigo foram para fora. Por isso o apagão do Grêmio é relevante.
Se haverá repetição ou inversão dessa escuridão toda nas partidas de volta, só será possível saber na quarta-feira, 20. Até lá, o melhor é comemorar enquanto há motivos verdes para isso.
Enfim, uma notícia boa. Passadas duas derrotas seguidas, que quebraram a série invicta de 22 partidas mantida até então, o Palmeiras facilitou a própria vida na Copa do Brasil contra o Horizonte do Ceará. Tudo bem, não é nenhuma notícia ótima, mas o trauma alviverde na competição nacional mais divertida e surpreendente do país torna qualquer vitória por pelo menos dois gols de diferença um acontecimento.
E considere-se que foi 3 a 1 de virada. Quer dizer, o time saiu perdendo, em falha de Leandro Amaro no gol de Mateus. O empate e o segundo gol foram marcados pelo próprio zagueiro. Depois, Maikon Leite resolveu a vida, depois de substituir Wesley, desentrosado e ainda muito aquém das expectativas.
A dependência das bolas levadas à área por Marcos Assunção prossegue (foram dois gols assim). O terceiro foi oportunismo de um bom contra-ataque armado. Oportunismo porque o time é pouco objetivo, erra muito perto da área. A próxima fase terá o Paraná ou o Ceará na frente do Verdão.
Um garoto de 21 anos morreu. Levou um tiro na cabeça.
A promessa do bar incluía ligar um televisor no jogo entre Palmeiras e Guaratinguetá, mas, na hora de se cumprir o compromisso, não aconteceu. O jogo até acabou em segundo plano, escanteado pelo papo da mesa.
Mas as novas tecnologias estão aí para exacebar as ansiedades de quem quer quase qualquer informação quase na hora. Ao mesmo tempo, parar uma polêmica de botequim, daquelas que prometem vislumbrar saída para metade das agruras da existência (com soluções de botequim, é claro), não conviria interromper o colóquio para me debruçar sobre o celular em uma googlada, por mais curta e certeira que fosse.
Até porque poderia abrir precedente grave para o desenrolar da conversa. Uma consulta ao Wikipedia pode arruinar muita teoria revolucionária, esforços mnemônicos ou só trazer fama de chato ao preciosista que pleiteia precisão nos dados até no fórum adequado (ao devaneio, à dispersão, à distensão e a outras virtudes menos exatas).
Calhou de chegar a hora de completar o ciclo nefrológico do fermentado de cevada. Posicionado diante do mictório mais à direita, a pesquisa pelo resultado do jogo começou pelo celular. Porque a página do Alviverde na internet permite boa navegação a partir de dispositivo móvel, além de informação com a "imparcialidade" de que este palmeirense precisava, foi ali que averiguei a boa notícia.
Entre detalhes da virada, do gol do Arthur, sua contusão para entrada de João Vítor – responsável, aliás, pelo terceiro tento – e de Barcos, o foco muda de súbito.
À segura distância de dois mictórios, um manguaça não se contém diante da cena, de ver um co-irmão cedendo ao ímpeto natural que acomete a quem ingere líquidos em profusão – especialmente os diuréticos. Com muito mais palavrões do que seria adequado registrar no Futepoca, o meliante reclama:
– Pqp! Tamos lascados mesmo. Agora tem que ser multitarefas até na hora de tirar água do joelho. O cara tem que segurar o instrumento com uma mão e digitar no celular com a outra!
O tom era menos de indignação do que de troça, era possível interagir. Depois, ficaria mais claro que o intuito do ébrio mijão parecia ser mais o de falar sozinho:
– Pois é. O processo é dinâmico.
–O que não pode é confundir – devolveu antes que se ensejassem maiores reações –, senão vai acabar chacoalhando o celular e... E...
Para sorte deste então etilizado torcedor e da nação leitora, o cidadão não encontrou complemento para a tirada.
E eu, que só queria saber o resultado do jogo, não registrei a informação de que o time do Vale do Paraíba diminuiu, tornando 3 a 2 os números finais do placar e muito menos que o tal de Pio foi o destaque pelo time da casa. Nem percebi, na hora, que era a quarta vitória consecutiva, a terceira partida com três gols assinalados pela representação do Palmeiras a cada jogo.
Na próxima situação análoga, deixo a etiqueta de lado e interrompo a conversa da mesa. Não há de ser tão grave.
- Jogo de meio-campo na maior parte dos 90 minutos. O Palmeiras, melhor postado atrás, conseguia ligar mais rapidamente o ataque. O Santos esbarrou a maio parte do tempo no sistema defensivo alviverde
- Os laterais geográficos santistas não fizeram jus às alcunhas, que poderiam remeter à beleza dos estados que representam. Pará é esforçado, mas improvisado na esquerda costuma ser lastimável. Maranhão fez uma peleja medonha, coroada com o gol contra da virada palestrina. O torcedor ora por Fucile...
- Sim, a preparação física faz diferença. O calor também. Os paulistanos estavam mais em forma e a questão física e o sol arrasador de Presidente Prudente podem até ser justificativa para a desatenção no lance do escanteio que resultou no empate da partida.
A vitória do Palmeiras sobre o Mogi Mirim, a segunda em quatro jogos, foi garantida por dois gols de Marcos Assunção. Os comentários foram inevitáveis. Só se fala que o volante salva o Palmeiras, que é metade, que é 80% do time, até o 100%...
Dos tentos, é 33%. Foram seis marcados no Paulista pela equipe alviesmeraldina, dois do camisa 20 neste último jogo. Marcos Assunção deu passe para outros dois (aLeandro Amaro contra o Bragantino e a Fernandão contra a Catanduvense). Assim, contando a participação nos lances de gol, a fatia sobe para dois terços.
Apenas dois gols não tiveram o que se pinta como toque de Midas do volante (um de Maikon Leite, em jogada de Valdívia na estreia, e outro de Ricardo Bueno, ante a Lusa, em passe de Maikon Leite).
É fato que a proporção é alta e sustenta a tese da dependência absoluta do Palmeiras em relação a Marcos Assunção. Especialmente com poucos reforços e com baixas em relação a 2011.
Também confere que o time jogou pior do que a Portuguesa e mandou mal a valer ante os bruxos de Catanduva. Mas Fernandão e, principalmente, Ricardo Bueno cansaram-se de desperdiçar oportunidades.
Se tivessem trabalhado melhor, a conversa estaria diferente? Pouco importa porque futurologia do pretérito nem conta ponto na tabela nem muda a trajetória da redonda no gramado.
Em um debate acalorado na noite de quarta-feira, 1º, o alviverdíssimo e amigo Paulo Donizetti defendia uma tese peculiar. A de que, taticamente, ter Marcos Assunção em campo significa jogar com dez em campo, exceto na hora de cobrar faltas perto da área ou tiros de canto. É defender com um homem a menos e, com a bola rolando, muito pouca coisa na articulação e armação de jogadas.
Ora, um volante que marca mal e permite buracos na retaguarda – em vez de cobrir esses vazios – significa problemas. Para alguém que joga recuado no meio, não haveria função primordial de criação, mas errar passes é complicado.
A avaliação é de que, em sua ausência, outro jogador bateria escanteios conquistados pelo Luan e as faltas sofridas pelo Valdívia. Assim, os gols com assistências poderiam sair. Restam as faltas.
O discurso poderia até ser interpretado como soberba e falta de reconhecimento em relação ao carequinha que acumula 102 atuações pelo Palmeiras, com 19 gols de falta – um a cada cinco jogos. Batedor oficial de tudo menos lateral e tiro de meta, ele tem sido regular ao participar da formação de lances de perigo para os adversários, o que também conta.
Como quatro jogos e seis balançadas de rede é muito pouco para ser estatisticamente relevante, tese merece alguma reflexão. A falta de efetividade do resto do time continua a preocupar.
Curioso que o site do próprio Palmeiras estampa "Marcos Perfeição" na página inicial.
No último sábado, o Corinthians venceu de virada o Mirassol pela primeira partida do Campeonato Paulista 2012. Sobre o bom resultado tenho pouco a falar, pois não vi o jogo. O que li e ouvi por aí é que o Mirassol começou melhor e dominou o jogo no primeiro tempo, abrindo 1 a 0.
Na segunda etapa, Tite trocou William por Jorge Henrique – o que só é relevante por demonstrar alguma recuperação de espaço pelo baixinho com o treinador – e a coisa melhorou um pouco. Mas só se resolveu quando lá pelos 20 e poucos minutos o jogador Alex Silva foi expulso. Aí, Adenor ousou, trocou Paulo André por Elton e Alessandro por Danilo. No abafa, o centroavante empatou e Alex fez a jogada para a zaga interiorana marcar contra.
Resgato os fatos para discuti-los por meio dos dois amistosos disputados nas duas últimas semanas. Segundo consta, a grande dúvida de Tite era entre usar Danilo e Alex no meio campo – formação que ganhou o primeiro tempo com dois presentes da zaga do Flamengo – ou trocar o primeiro por William, que joga mais aberto – opção utilizada no OxO do primeiro tempo contra a Lusa.
Além dos resultados, a dinâmica apresentada pelo time indicava que a melhor opção era a primeira. Danilo prende mais a bola e completa bem o futebol de Alex, que é melhor no passe e no chute de longa distância. Além disso, circula mais e divide as atenções dos marcadores adversários no meio campo. Já William, seja por característica ou ordens superiores, fica muito aberto na ponta, isolando Liedson e Alex.
Tite, no entanto, optou pelo atacante. Não se pode atribuir apenas a isso o domínio mirassolense. O time do interior começou sua preparação já há dois meses, visando exatamente o estadual, enquanto o Timão só voltou das férias há uns 20 dias. Mas é importante que Tite fique atento para o fato.
Copinha
Enquanto isso, os garotos sub-18 do Corinthians cumprem excelente campanha na Copa São Paulo de Futebol Júnior. No mesmo sábado, sacolaram o Atlético Paranaense por 6 a 0 e garantiram um lugar na final do evento, contra o Fluminense – segundo maior vencedor do torneio na história, com 5 títulos contra 7 do Timão.
Mas mais que o resultado, impressiona a consistência do time e o número de bons jogadores - apesar de nenhum craque saltar aos olhos. Até aqui, são 28 gols marcados e apenas 1 sofrido, sempre tomando a iniciativa, marcando no campo do adversário e controlando o jogo. A zaga de Marquinhos e Antônio Carlos é boa, encara os marcadores e sabe sair jogando com tranquilidade. No meio campo, os dois volantes sabem tratar a bola, sendo Gomes mais marcador e Anderson quase um meia, com belos passes verticais – característicos da equipe.
Matheus (que deixou de lado um diminutivo no meio da competição) é um meia canhoto habilidoso e Giovanni um destro aguerrido e de muita personalidade. No ataque, que talvez seja o setor mais fraco, está o técnico Leonardo na movimentação e o grandalhão Douglas na centroavância.
Esse último, é uma incógnita. Com 18 anos, tem 1,87 m e mais de 90 quilos, o que lhe dá uma vantagem física impressionante. Em alguns jogos, demonstrou inequívoca falta de intimidade com a bola, matando várias de canela e errando passes absurdos. Em outros, como na semifinal, fez bem o papel de pivô e marcou gols de todo jeito – no caso, 3, um em chute colocado, outro forte e de direta (o pé ruim) e o terceiro em oportunismo típico da posição. Na reserva dele, está Leandro centroavante mais técnico e inteligente, mas obviamente menor. Acho que cabe a aposta no grandão – que se conseguir se entender com a pelota, tem vantagens naturais importantes. Isso tudo vale ganhe ou perca do Fluminense, que não vi jogar.
Em outras equipes, interessante o meia palmeirense Bruno Dybal, bem como o também meio campista Pedro Castro e o atacante Neilton, ambos do Santos.
Na equipe peixeira, o mais curioso no entanto é o modo de jogar, com muita movimentação e jogadores habilidosos. Segundo esse texto do Olheiros, foi uma opção consciente da diretoria santista tomada antes mas muito acelerada após a lavada tomada frente ao Barcelona. Decidiram priorizar jogadores leves e habilidosos e montar um time ofensivo – características que vêem como parte do DNA santista. Bonita ideia. Quero ver convencer o Muricy.
É lugar comum o papo de que o ano só começa depois do carnaval. Do ponto de vista do futebol, é na Copa São Paulo de Futebol Júnior, para os mais doentes. E nos estaduais para os que mantém controlada a febre futebolística.
O Campeonato Paulista de 2012 começa neste sábado, 21, com uma partida entre os campeões das séries A1 e A2 do ano passado, Santos e XV de Piracicaba, respectivamente. A partida, precedida de um "megaevento" da Federação Paulista de Futebol (FPF), será sediada na terra da pamonha, da multinacional Raizen (que controla operações da Shell e Esso no Brasil), da montadora sul-coreana Hyundai e da Caterpillar.
Foto: Divulgação XV de Piracicaba
Nem parece que já foram 16 os anos durante os
quais o XV ficou fora da primeira
O desenvolvimento a reboque dos automóveis e do etanol da cana-de-açúcar trouxe o time de volta à elite do futebol estadual depois de longos 16 anos. Em todo esse período sem pôr os pés nos gramados da primeira divisão, o time que homenageia o dia da proclamação da República havia ascendido da terceira para a segunda em 2010. No ano em que cedeu Doriva (ex-São Paulo) para três amistosos da seleção Brasileira, em 1995, o time começou o processo de quedas, só revertido recentemente.
Dois outros times tradicionais subiram para este ano, promovendo derbis importantes para o interior. O Guarani poderá repetir o embate campineiro com a Ponte Preta. O Comercial terá o Botafogo, no Comefogo de Ribeirão Preto. Completa a lista dos debutantes a Catanduvense, do oeste paulista.
Os grandes vem com perspectivas diferentes. Enquanto Corinthians e Santos mantém a maior parte de seus elencos, preparados para a Libertadores, torcedores de São Paulo e Palmeiras convivem entre a esperança e o ceticismo. Se o Tricolor tem em Émerson Leão e Luís Fabiano a possibilidade de um ano diferente do anterior, o alviverde vê pouca cara nova em quem apostar.
A Portuguesa merece menção especial porque subiu da segundona do Brasileirão em 2011. E venceu um segundo título, ainda que com uma boa dose de simbolismo, da Taça Sócrates Brasileiro, disputada entre os vencedores das séries A e B do Nacional, disputada contra os reservas do Corinthians. Seja como for, é a maior sequência de conquistas em tão curto intervalo da história do time da colônia lusitana. De repente a onda veio para ficar.