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quinta-feira, junho 19, 2008

"Os minutos corriam rapidamente, plagiando os companheiros de Bellini"

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Hoje faz 50 anos que o Brasil enfrentou o País de Gales pelas quartas-de-final da Copa do Mundo da Suécia, em jogo disputado no estádio Nya Ullevi, em Gotemburgo. Depois de passar facilmente pela União Soviética, considerada uma das favoritas ao título, a seleção canarinho não esperava enfrentar tanta dificuldade na primeira partida eliminatória: os galeses atuaram com dez na defesa, num ferrolho que os brasileiros precisaram martelar por 71 minutos até fazer o gol e garantir a vitória - e a classificação para a semifinal, contra a França - pelo magro placar de 1 a 0. O título do post, retirado da transmissão da Rádio Panamericana (que você pode ouvir abaixo), dá idéia do desespero: o time do Brasil correndo, o adversário retrancado e o tempo passando assustadoramente depressa.

"O jogo mais difícil foi contra o País de Gales", sentenciou o ex-volante Dino Sani ao Estadão na última sexta-feira. "Naquele tempo a gente não conhecia os jogadores como hoje", observou. A partida contra o País de Gales marcou a revelação de Pelé para o mundo. "Ninguém sabia direito quem era esse Pelé", frisou Dino Sani ao Estadão (na foto acima, o menino Pelé, de 17 anos, sendo seguro por um galês). "Quer dizer, se ele estava lá, é que era bom. Mas só quando começou a jogar é que vimos que iria longe. Mas ninguém imaginava que iria tão longe assim. Foi o maior de todos", frisou Dino Sani.

Na partida seguinte, contra a França, Pelé voltaria a brilhar, com três gols, e ainda marcaria mais dois na decisão. Confira, abaixo, trechos da narração da Rádio Panamericana, do confronto entre o Brasil e o País de Gales:



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Ficha técnica

Brasil 1 x 0 País de Gales

Data: 19/junho/1958
Local: Estádio Nya Ullevi, Gotemburgo
Árbitro: Hriedrich Speilt (Áustria)

Brasil: Gilmar; De Sordi, Bellini, Orlando e Nílton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Mazola, Pelé e Zagallo; Técnico: Vicente Feola;

País de Gales: Kelsey; Williams, M. Charles; Hopkins, Sullivan, Bowen; Medwin, Hewitt, Webster, Allchurch, Jones. Técnico: Jimmy Murphy;

Gol: Pelé (71).

A "cerradinha" do País de Gales

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Parecia uma barbada. O Brasil tinha fechado a primeira fase com uma grande apresentação contra a União Soviética e o selecionado de País de Gales, dois dias antes, passara por uma partida desempate desgastante contra a Hungria. Além disso, o craque galês John Charles, atacante da Juventus de Turin e tido como um dos possíveis destaques da Copa, estava contundido e não jogaria.

Mas não foi bem assim. Segundo a Gazeta Esportiva Ilustrada, a equipe européia não passou mais do que 10 minutos do jogo com a posse de bola. Um esquema defensivo que lembrava as retrancas de times do interior paulista, que a publicação comparava à “cerrradinha”. Tal sistema foi celebrizado por Caetano de Domenico, ex-treinador do Palestra Itália, que nas décadas de 30 e 40 armava equipes com duas linhas de quatro praticamente nos arredores da área.


Vavá, contundido em função de uma pancada no tornozelo esquerdo, não entrou no jogo e cedeu lugar a Mazzola, que não atuou bem. Mesmo assim, chegou a fazer um gol de bicicleta, justamente anulado por impedimento. O goleiro Kelsey foi a figura da partida, com intervenções milagrosas. Mas a vitória brasileira viria em um lance de craque, o primeiro do Rei na Copa do Mundo.


O belo gol do santista, que controla a bola e finta espetacularmente M. Charles, chutando com precisão, é considerado por Pelé mesmo como o mais importante de sua carreira. "Ali tudo se fixou", conta em entrevista ao Estado. Perguntado como bolou o lance, respondeu: "Imaginei ali mesmo. Foi um meio-chapéu, um... Era a única forma de tirar o zagueiro da jogada.

Naquela quarta-de-final, a seleção alcançava uma marca até então inédita para qualquer time: passara quatro partidas sem ter a defesa vazada.

Os outros três


Das seleções que passaram por partidas desempate dois dias antes, nenhuma seguiu à frente. Com dois gols de Fontaine, a França superava a Irlanda do Norte por 4 a 0 e pela primeira vez ficava entre os quatro primeiros em um Mundial. Já os suecos venceram uma cansada União Soviética por dois a zero, tentos marcados no segundo tempo. A Alemanha conseguiu um gol aos 12 minutos de partida, resguardou-se durante os restantes 78 minutos e superou os iugoslavos por um a zero. A então campeã mundial seguia adiante.


domingo, junho 15, 2008

Brasil, Garrincha e as partidas de desempate

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15 de junho de 1958. A terceira rodada da Copa do Mundo definiria os oito países classificados para as oitavas-de-final do torneio. O Brasil enfrentava a União Soviética e, em caso de vitória, asseguraria o primeiro lugar no grupo. O técnico Vicente Feola fazia, em relação à partida anterior contra a Inglaterra, três alterações: Vavá, que já havia entrado no jogo contra os ingleses no lugar o meia esquerda Dida, foi deslocado para o ataque, sua posição normal. Para a posição de Dida, Feola colocou o garoto Pelé. O ponta Joel também foi sacado para a entrada de Garrincha, enquanto Dino dava lugar a Zito.

A União Soviética, segundo a Gazeta Esportiva Ilustrada, tinha um esquema de jogo que se assemelhava mais ao sul-americano. O centro-médio soviético, ao contrário dos ingleses e da maioria dos europeus, apoiava o ataque, dando um caráter mais ofensivo ao time. Muito em função disso, o sistema vermelho “encaixou” com o jogo brasileiro, fazendo a seleção “levar de roldão” o adversário.

Os vinte primeiros minutos e os vinte finais foram de um domínio absoluto da seleção brasileira. Durante o resto do tempo, a União Soviética recuava a bola para Yashin (era permitido ao goleiro segurá-la com as mãos), tentando esfriar o ritmo da partida. As estocadas e dribles desconcertantes de Garrincha, que recebia passes longos e precisos de Didi, desnortearam a defesa soviética, como já dito aqui. Pelé e Vavá também protagonizaram lances vistosos, com tabelas curtas e rápidas como a que resultou no segundo gol brasileiro.

O final de 2 a 0, gols de Vavá, foi considerado injusto, dada a superioridade verde-e-amarela. Garrincha passou a ser chamado pelos suecos de “rei do dribbling” após a partida contra a União Soviética e o Gotemborg Handels estampou na capa: “Esse diabinho foi a alma danada dos russos”, referindo-se ao ponta. O primeiro lugar do grupo estava assegurado e o Brasil confirmava o favoritismo que muitos europeus atribuíam à seleção antes do início da Copa.

Partidas desempate

Na outra partida do grupo do Brasil, Áustria e Inglaterra empataram em 2 a 2. A regra dizia que, caso dois times empatassem em número de pontos, seria realizada uma partida desempate para ver quem avançaria à próxima fase. Foi o que aconteceu com Inglaterra (3 empates, 3 pontos) e União Soviética (1 vitória, que valia 2 pontos, um empate e uma derrota). Vitória dos soviéticos, 1 a 0 na peleja extra de 17 de junho.

No grupo I, a Alemanha Ocidental esteve duas vezes em desvantagem no placar, mas conseguiu empatar com a Irlanda do Norte, 2 a 2. Na outra partida, uma goleada daquelas da Tchecoslováquia sobre os hermanos argentinos: 6 a 1, a maior derrota portenha em Mundiais. Mesmo assim, os tchecos e os irlandeses terminaram empatados e tiveram que fazer mais um jogo: 1 a 1 no tempo normal e um solitário gol na prorrogação garantiu a surpreendente classificação da Irlanda do Norte como segunda colocada.

A Suécia, já classificada, jogou com cinco reservas para cumprir tabela contra o País de Gales no grupo II. O empate em 0 a 0 levou os galeses a disputarem o segundo lugar do grupo contra a Hungria, que vencera o México por 4 a 0. Na partida desempate, vitória de virada do time galês , 2 a 1. Pelo grupo III, a França derrotou a retrancada Escócia por 2 a 1, enquanto o Paraguai, em arbitragem tolerante com a violência da Iugoslávia, não passou de um empate em 3 a 3 com os europeus. A França terminou em primeiro e os iugoslavos em segundo.

"Os companheiros de Garrincha puseram os russos na roda, ao ritmo de samba"

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Muito já foi escrito sobre o jogo entre Brasil e a então existente União Soviética, na Copa de 1958. Naquele dia, nossa seleção entrou em campo com três novidades: Zito, Pelé e Garrincha. O placar de 2 a 0 pode parecer pouco para as novas gerações, mas, na ocasião, soou como uma tremenda goleada em cima do "futebol científico" que havia faturado a medalha de ouro nas Olimpíadas de Melbourne, na Austrália, dois anos antes. Ruy Castro conta, no livro "Estrela Solitária: Um brasileiro chamado Garrincha" (Companhia das Letras, 1995), que, pouco antes de os times entrarem em campo, o técnico Vicente Feola olhou para o meia Didi e falou: "-Toque todas as bolas para o Garrincha". E, virando-se para o ponta-direita: "-Tente descadeirá-los logo de saída". Assim que o juiz apitou o início da partida, segundo texto da época, aconteceu simplesmente o seguinte:

Vavá toca para Didi, que lança Garrincha. O lateral Kuznetsov corre. Mané ginga o corpo para a esquerda, mas sai pela direita. Kuznetsov desaba de traseiro no chão. A educada torcida sueca não sabe se ri ou se aplaude. Na dúvida, deixa o queixo cair. Sete segundos depois, Garrincha tem de novo Kuznetsov à sua frente. De novo, balança o corpo para direita e passa como uma flecha para a esquerda. Repentinamente, pisa na bola e estanca. O lateral soviético volta à carga. Leva outro drible. E mais outro. A torcida fica de pé, atônita. Mané invade a área perseguido por Kuznetsov, Voinov e Krijevski. Dribla os três. Pelé está livre na pequena área. Mas Garrincha, mesmo sem ângulo, dispara a bomba. A bola explode na trave direita de Yashin e se perde pela linha de fundo. Um minuto de jogo. O estádio inteiro ri e aplaude com entusiasmo. Garrincha volta para o meio de campo com seu trote desengonçado. A defesa brasileira intercepta o tiro de meta soviético e a bola vai aos pés de Mané. Que passa para Didi. Para Pelé. Para Garrincha. Para Pelé. Outra bomba estoura contra as traves de Yashin. Dois minutos de jogo. Garrincha está de novo com a bola. Corre em ziguezague. Finge que vai, e não vai; finge que vai, e vai. Os soviéticos vão ficando estendidos no chão. Um a um. Didi lança Vavá. Gol do Brasil. O relógio marca três minutos.

"Foram os três minutos mais fantásticos da história do futebol e a mais assombrosa aparição na ponta-direita desde Stanley Mathews", escreveu, deslumbrado, o jornalista francês Gabriel Hannot. Só por esses três minutos, esse jogo já merece ser imortalizado como um dos mais espantosos da história do futebol. Ouça trechos da narração da Rádio Panamericana, de São Paulo, na época:

Ouça trechos do jogo


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Ficha técnica

Data: 15/Junho/1958
Local: Estádio Nya Ullevi, Gotemburgo
Público: 50.928
Árbitro: Maurice Frederic Guigue (França)

Brasil: Gilmar; De Sordi, Bellini, Orlando e Nílton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Pelé e Zagallo; Técnico: Vicente Feola;

URSS: Yashin; Kesarev, Kuznetsov, Voinov e Krijevski; Tsarev, A. Ivanov e V. Ivanov; Simonjan, Iljin e Netto; Técnico: Gavril Katchaline;

Gols: Vavá (3) e Vavá (66).

terça-feira, junho 03, 2008

Porque Pepe não jogou em 58

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O companheiro Marcão, nesse post, contou a versão de Feola sobre a escalação de Zagallo na ponta-esquerda na Copa de 58, preterindo José Macia, o Pepe (foto), que ficou na reserva. O ponta santista, em entrevista da qual participei para a revista Fórum, não contradiz totalmente os argumentos de Feola, mas relata de forma mais completa como ocorreu a decisão do técnico entre escolher Zagallo, Pepe ou Canhoteiro. Ele também não descarta uma certa pressão para que Pelé e Garrincha fossem escalados. Eis a versão do "Canhão da Vila":

Convocação

Em época de Copa sou muito entrevistado e realmente me aborreço muito porque não joguei nem em 1958, nem em 1962. Antes da Copa de 1958 fizeram exames médicos mais rigorosos na Seleção e me pegaram com um problema na gengiva e nos dentes. Tive de fazer algumas extrações e perdi tempo, fiquei sem treinar por uns dez dias e o Zagallo começou a ganhar a posição.

A dúvida do Feola [Vicente, técnico da Seleção] era se ia cortar eu ou o Canhoteiro. E, no jogo contra a Bulgária, Feola optou por ele. Quando estava 1 a 1 e faltavam 20 minutos para acabar o jogo, eu entrei e mandei uma bomba no peito do goleiro. No rebote, o Pelé fez 2 a 1 e eu fiz o terceiro. Os jornais diziam que eu tinha assinado o passaporte para a Suécia.

Amistosos e contusão

Depois, teve um jogo de “desagravo” contra o Corinthians, porque Luizinho não havia sido convocado e a torcida não aceitava. Ganhamos de 5 a 0 e já joguei de titular e marquei 2 gols.
Viajamos para a Europa e fomos enfrentar a Fiorentina, ganhamos de 4 a 0 e fiz um gol. O fatídico jogo foi contra a Inter de Milão, o último amistoso antes de embarcarmos para a Suécia.

Estávamos ganhando de 2 a 0, quando parti com a bola dominada e um italiano me deu uma no tornozelo direito que cheguei a virar o pé. Desembarquei na Suécia de chinelo com o pé muito inchado. Com o tratamento, fiquei bom só na quarta rodada e o Zagallo já estava jogando com o time embalado.

A Copa do Chile

Em 1962, pensava “agora é comigo mesmo”. Depois de 1958, fui titular em 1959, 1960 e 1961 e aí veio a Copa. No Chile, tive novamente problema de contusão, estava treinando e de repente cresceu uma bola na minha perna. Fiquei fazendo tratamento e não consegui me recuperar.

Naquela época, o tratamento era toalha quente, água quente, raios-X e infravermelho. Falei para o Mário Américo: “doutor, preciso ficar bom, preciso jogar. Lá no Santos, quando tem um problema muito sério, a gente toma uma infiltração e em três, quatro dias fica bom”. Aí ele me deu a injeção. No dia seguinte, teve uma missa e eu apareci agarrado em dois jogadores, nem podia andar por causa da reação que deu na perna. Não sei se houve imperícia da parte dele porque não estava acostumado a dar injeção, sei que perdi de vez o foco da Copa, não tive mais chance alguma de jogar. Vim para o Brasil e o médico do Santos me examinou e perguntou: “o que fizeram com você?” Estava com queimadura de terceiro grau no joelho.

O papel dos líderes em 1958

Eu fazia o meu papel e jogava, não participava de nenhum tipo de reunião com a comissão técnica. Pode ter acontecido com o Nílton Santos, com o Didi, o Bellini, jogadores mais experientes, que tenham pedido a presença do Garrincha e do Pelé. Não participei de nenhuma reunião, mas acho que houve. Estava saltando aos olhos que estávamos precisando do Pelé e do Garrincha, embora a gente não pudesse prever que um menino de 17 anos fizesse aquele estrago todo.

sábado, maio 31, 2008

O ano de 1968 no futebol

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Artur Poerner escreveu no Jornal do Brasil "Normal só a vitória da Mangueira [no carnaval].

Neste 31 de maio, vale a pena esticar a onda para o mundo do futebol. Pro parceiro PapodeHomem, pesquisei sobre futebol em 1968 pra descobrir se o futebol também teria mudado.

Não necessariamente em maio, mas em junho. É a versão de um artigo de Admildo Chirol, preparador físico da seleção à época. Ele narrava os bastidores da escalação de Gérson, Tostão e Rivellino juntos, com a camisa canarinho – com direito a participação, como coadjuvante, de Carlos Alberto Parreira. Mais do que uma escalação, a inovação era tática, ao usar mais homens capazes de voltar para marcar. Gérson, Rivellino e Tostão ajudando a defesa? Bom, essa foi a mudança, porque infernizar o time adversário eles iriam de qualquer forma.

Mas na busca, encontrei um monte de dados curiosos sobre o ano.

O levantamento começa na Taça Brasil de futebol, uma lambança. O torneio que lembra a Copa do Brasil atual, servia para indicar os brasileiros na Libertadores do ano seguinte. Ficou parada por quatro meses, e foi acabar em outubro de 1969, com o Botafogo, pivô da crise junto do Metropol de Criciúma, em Santa Catarina, sagrando-se campeão. A competição não voltaria a acontecer depois desse enrosco todo. Note-se que o Metropol fechou seu departamento de futebol em 1969, ano em que se sagrou campeão de seu estado.

As mudanças nada positivas vão além. O ano de glórias da Estrela Solitária também rendeu monopólio no Rio de Janeiro. Ficou com o caneco em cima do Vasco no Carioca. Também conquistou a Taça Guanabara que, até 1976, não representava o primeiro turno do estadual como acontece hoje. O bicampeonato em ambas as competições marcou o início da fila do clube, que ficaria 21 anos sem conquistas. Vale dizer que o técnico do clube era Mário Jorge Lobo Zagallo, em sua primeira experiência como treinador que duraria até 1970.

Como todo nascido muito tempo depois dos anos 60, pensar no Botafogo daquela época remete, de algum jeito, a Garrincha. Mas ele havia deixado o clube em 1965, passado pelo Corinthians em 1966 e pulado no Atlético Junior, de Barranquilla, na Colômbia por um ano e meio para jogar uma partida apenas, contra o Santa Fé, sem nenhum gol. Em 3 de novembro de 1968, Mané estrearia pelo Flamengo, sem conseguir grandes feitos.

O Santos de Pelé sagrou-se bicampeão paulista, vencendo o Corinthians na final. O artilheiro foi Téia, da Ferroviária de Araraquara. O alvinegro da Baixada Santista levou o o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o equivalente ao Brasileiro atual, e venceria o terceiro estadual consecutivo no ano seguinte.

O Náutico alcançou o hexa pernambucano em cima do Sport, em três jogos. O feito é único na história do estadual. O paranaense ficou para o Coritiba, no gaúcho o Grêmio foi hepta, o Galo ficou com o mineiro, o Galícia venceu o Fluminense de Feira de Santana na Bahia, e por aí vai.

Ainda falta descobrir sobre o futebol do resto do mundo em 1968.

quarta-feira, maio 28, 2008

Campanha para 2010 inclui o eterno camisa 10

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O eterno presidenciável tucano José Serra assina daqui a pouco, às 16h, em Santos (SP), a escritura de doação do prédio que guardará relíquias do Rei Pelé. O release da assessoria de comunicação estadual adianta objetivamente que "o prédio, que terá três blocos, será histórico por dentro e contemporâneo por fora". Também será criado um monumento na parte externa, desenhado pelo arquiteto Oscar Niemeyer (na foto, com Serra e Pelé). O prédio fica na Rua Visconde de Mauá, s/nº, Centro de Santos.

quarta-feira, maio 14, 2008

Só faltou o Botafogo. Será?

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Em sua carreira, Pelé disputou algumas partidas por times cariocas. A primeira vez ocorreu em junho de 1957, no chamado Torneio Internacional do Morumbi, uma competição amistosa para celebrar a construção do Estádio Cícero Pompeu de Toledo, com jogos no Rio de Janeiro e em São Paulo. Vasco e Santos decidiram atuar como um combinado, jogando com a camisa dos cariocas no Rio e dos alvinegros praianos na capital paulista (na foto acima, em treino com o uniforme vascaíno, Álvaro, Pelé e Jair Rosa Pinto). Pelé fez três jogos com a camisa do Vasco (dois deles, os primeiros confrontos internacionais de sua carreira), nos dias 19, 22 e 26, contra o português Belenenses, o iuguslavo Dínamo Zagreb e o Flamengo. Marcou simplesmente cinco gols. E ainda faria mais um, com a camisa do Santos, contra o São Paulo.

Mais de duas décadas depois, em abril de 1978, o Fluminense fazia uma excursão pela Nigéria. Por coincidência, Pelé também estava naquele país, trabalhando na promoção de uma marca de eletrodomésticos. No dia 26, o tricolor carioca enfrentaria o Racca Rovers, em Kaduna. As autoridades nigerianas convidaram e Pelé aceitou dar o chute inicial da partida. Seria apenas isso, mas as rádios nigerianas, por confusão, ou tentando forçar uma situação, passaram a divulgar que o Rei jogaria. Sem saída, Pelé jogou (à direita, perfilado com o time carioca) . O Fluminense venceu por 2 a 1, com gols de Marinho Chagas e Gilson Gênio.

Um ano mais tarde, em 6 de abril de 1979, Pelé vestiu a camisa do Flamengo no Maracanã (abaixo, nos vestiários, o Rei com Nelson e Cláudio Adão). O Flamengo enfrentou o Atlético Mineiro, em jogo beneficente às vitimas das enchentes de Minas Gerais. Compareceram 139.953 pagantes. Os cariocas golearam por 5 a 1, com três gols de Zico e outros de Luizinho e Cláudio Adão (Marcelo diminuiu). Um dos gols do Galinho de Quintino foi de pênalti. A torcida pediu para que Pelé batesse, mas ele declinou.

Portanto, dos grandes clubes do Rio, Pelé só não jogou pelo Botafogo. Porém, no período entre as Copas de 1958 e 1962, o santista jogou diversas vezes com vários botafoguenses na seleção brasileira. Um exemplo é a linha de ataque da foto abaixo: Garrincha, Pelé, Paulo Valentim, Didi e Zagallo. Só o Rei não jogava pelo time da estrela solitária.

domingo, maio 04, 2008

45 anos da melhor linha de ataque de todos os tempos

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No post que fiz outro dia sobre três senhoras linhas de ataque de 1958, o Glauco observou em um comentário que a linha santista daquele ano, Dorval, Jair Rosa Pinto, Pagão, Pelé e Pepe, teria sido tão boa (ou melhor) que a formada pelo alvinegro praiano alguns anos depois, com a entrada do meia Mengálvio e do atacante Coutinho. O fato é que, além de terem atuado por mais tempo e conquistado o bicampeonato da Libertadores e do Mundial Interclubes (os maiores títulos do Santos), a excepcional linha de ataque Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe chegou a representar como titular a seleção brasileira. Confira as fotos de 1963, o auge do quinteto:




No Brasil, no Santos e atualmente (abaixo): Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe

terça-feira, abril 29, 2008

Do vinho e da caninha

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Logo após se tornar conhecido globalmente como o Rei do Futebol, com a conquista da primeira Copa do Mundo pelo Brasil, em 1958, Pelé passou a ser explorado de todas as formas pela indústria. Na foto à direita, a "Caninha Pelé", destilada e vendida, naqueles tempos pré-históricos, em muitas cidades do interior de São Paulo. Já na década de 1980, outro exemplo de atleta que "virou bebida" foi Romário. Em sua passagem pelo PSV Eindhoven, na Holanda, o Baixinho batizou um vinho local (à esquerda). Sem entrar na polêmica dos gols, poderíamos suscitar outra disputa entre os dois boleiros brasileiros: quem teria vendido 1.000 garrafas primeiro? Sei lá, "Peixe", considerando o gosto nacional pela branquinha, acho que o Pelé também leva a melhor nessa dividida...

sexta-feira, abril 25, 2008

Pelé e Pepe tabelam na aposta na Ponte Preta. Lula também

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Primeiro foi Pelé, segundo a coluna "De Prima", do "Lance!". "É bom tomar cuidado com a Ponte, que tem tudo para surpreender".

Entende?

Por mais que eu torça pra ele estar errado, é bom dizer que é mentira que o Rei do Futebol só dê bola fora nos palpites. Ele tinha um mau-pressentimento no jogo entre Brasil e França nas quartas-de-final de 2002, e disse que a parceria do Corinthians com a MSI não ia dar certo.

Depois o Pepe: "Olha, com todo o respeito ao Palmeiras, eu torço para que a Ponte possa beliscar esse título, como aconteceu com a Internacional há 22 anos", declarou o ex-técnico da Internacional de Limeira. "Vai ser difícil, o Palmeiras tem uma grande equipe, um bom treinador e até pode ser considerado favorito. Mas confio na Ponte Preta".

O atual supervisor de futebol da Itapirense, de Itapira (SP), na Série A-3 do Paulistão, foi o técnico vencedor em 1986, contra o Palmeiras.

Depois da derrota foi que eu descobri, aos seis anos de vida, entre lágrimas e uma tristeza sem fim, que eu era parmerista mesmo... Antes, eu nem sabia direito o que era torcer.

Natural que se seque o time grande numa decisão contra um do interior. Até o presidente Lula recebeu camisa da Ponte.

Reprodução: GloboEsporte


São Marcos salve o Palmeiras de tanta torcida contra.

quarta-feira, abril 02, 2008

Carona

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Armando Nogueira, em coluna no Lance! de hoje, comete uma inconfidência de 50 anos. Segundo ele, na noite de 29 de junho de 1958, quando o Brasil foi campeão mundial pela primeira vez, na Suécia, houve uma grande festa no hotel em que a seleção estava hospedada. Nogueira diz que cada jogador estava devidamente acompanhado por uma "loura do porte de seu merecimento". Quando ele se aproximou de Moacir (foto), meia do Flamengo e reserva no mundial, o jogador agarrou sua loura e sussurrou no ouvido do jornalista: "-Armando, me chama de Pelé! Me chama de Pelé!".

segunda-feira, março 31, 2008

Dois garotos e um certo fim de semana de 1957

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Música lembra Beatles, que lembra John Lennon. Futebol lembra seleção brasileira, que lembra Pelé. O que poucos sabem, porém, é que esses dois ícones do século passado, principalmente nos anos 1960, têm muitos pontos em comum. Para começar, ambos são librianos e quase da mesma idade: John Winston Lennon nasceu em 9 de outubro de 1940, em Liverpool, Inglaterra, e, exatamente duas semanas depois, no dia 23, veio ao mundo Edson Arantes do Nascimento, em Três Corações (MG), Brasil. Mas a maior coincidência aconteceria 16 anos e nove meses mais tarde.

No sábado, 6 de julho de 1957, a igreja de Woolton, em Liverpool, foi palco de um encontro crucial para história da música. Naquela tarde, Lennon se apresentou no local com sua banda The Quarrymen, formada por ele com amigos de escola. Tocavam rock and roll no ritmo do skiflle, um jazz-caipira-acelerado. Na platéia, um outro adolescente observava com interesse: James Paul McCartney, 15 anos recém-completos. Ele achava que tocava melhor que qualquer um no palco, mas estava impressionado por John já ter uma banda - e liderá-la. Após o show, Pete Shotton, um amigo comum, os apresentou. Os Beatles nasceram ali.

No dia seguinte, domingo, 7 de julho, o Brasil enfrentou a Argentina no Rio de Janeiro, então capital federal, pela Copa Roca de Futebol (extinto torneio disputado entre os dois países). No segundo tempo, perdendo por 1 a 0, o técnico brasileiro Sylvio Pirillo decidiu substituir o atacante Del Vecchio por um menino de 16 anos, Pelé. Poucos minutos depois, ele empatou a partida. Apesar de a Argentina ter marcado novamente e vencido por 2 a 1, aquele jogo marcou a estréia do futuro Rei do Futebol pela seleção brasileira. Ali, naquele domingo de julho, Pelé começou a pavimentar seu caminho rumo ao título mundial na Copa da Suécia, menos de um ano depois, quando teve início seu reinado.

No alto, John Lennon com os Quarrymen no sábado, em Liverpool. Acima, Pelé marcando seu primeiro gol pelo Brasil no domingo, no Rio de Janeiro.

terça-feira, março 11, 2008

Homenagens aos ídolos eternos

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Dia desses, vendo um jogo do Flamengo, senti uma "inveja positiva" da torcida rubro-negra ao ver bandeirões sensacionais empunhados pelos flamenguistas nos estádios. Nas estampas, estavam os craques do time de 1981, como Mozer, Zico, Nunes e Raul, naquele esquadrão tido como o maior da história do Flamengo. Sensação igual eu tinha ao ver a torcida do Grêmio e suas bandeiras amedontradoras atrás do gol, que traziam, desenhadas, as equipes dos dois títulos da Libertadores do tricolor gaúcho, em 1983 e 1995, além de outros jogadores que fizeram história por lá.

A "inveja positiva" se transformava em indignação quando eu lembrava que a torcida do meu time, que tem como ídolo o maior jogador da história do futebol e tantos outros que marcaram época mundialmente falando, ostentava em seus bandeirões e camisetas figuras como Bob Marley e Mano Brown que, sem querer discutir seus méritos artísticos, não são nem foram jogadores do Santos...

Mas a torcida peixeira resolveu mudar esse quadro. Há uns dois meses, por aí, vi com muita satisfação na Vila um bandeirão com a cara do Pelé. E hoje recebi por email mais três bandeirões, homenageando os ídolos Gilmar, Dorval e Pepe - este último, de autoria da Sangue Jovem. Ao lado, as fotos das quatro bandeiras. Parabéns à Sangue e à TJ pela iniciativa.

Acho que as torcidas - e as pessoas em geral, aliás - não têm que ter vergonha de copiar as coisas boas. Se a moda começou no Sul, no Rio ou mesmo na Europa, não importa; é algo extremamente legal, que valoriza o atleta, a história do clube e dá uma cara melhor ao espetáculo. Que mais e mais torcidas continuem fazendo isso!

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

FUTEPOCA EXCLUSIVO - "Pelé me driblou antes de marcar o primeiro gol como profissional"

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7 de setembro de 1956. Os times do Corinthians de Santo André e do Santos perfilados antes do jogo. Assinalados: à esquerda, o volante Schank, e à direita, um menino de 15 anos, Pelé. (Foto: Antonio M.Manias/ Reprodução: Luciano Vicioni)


Antonio Schank Filho, 74 anos (foto abaixo), dá aulas de futebol para garotos de 7 a 16 anos no Ipec (Instituto Palestra de Ensino e Cultura), em São Bernardo do Campo (SP). Provavelmente, nenhuma dessas crianças sequer imagina que aquele senhor participou de um evento histórico e crucial para o esporte mundial: a primeira partida de Pelé como profissional, em 7 de setembro de 1956, no extinto estádio Américo Guazelli, em Santo André (SP). Schank era o volante do time adversário, o Corinthians de Santo André, que foi derrotado por 7 a 1. Na época, Ary Fortes descreveu o primeiro gol do Rei da seguinte forma no jornal A Tribuna, de Santos: ‘‘Tite com lançamento já na área a Pelé. Em meio de vários defensores contrários, atirou Pelé com sucesso, passando a pelota sob o corpo do guardião Zaluar’’. Mas vejam, na entrevista exclusiva, que a história não foi tão simples assim:

FUTEPOCA - Quando o senhor começou a jogar futebol?
Antonio Schank Filho - Com 14 anos, em 1948, no juvenil do São Caetano, um time que já não existe e não tem nada a ver com o que está aí. Depois, em 1951, fui para o juvenil do Nacional, na capital. Fomos campeões paulistas da categoria naquele ano, derrotando o São Paulo na decisão. Foi 2 a 1, no Pacaembu.

FUTEPOCA - Foi lá que o senhor se profissionalizou?
Schank - Sim, mas fiz apenas algumas partidas e depois fui para o Juventus. Joguei o Paulistão de 1954 e o do ano seguinte pelo time da Mooca. O Oberdan Catani, em fim de carreira, era o nosso goleiro.

FUTEPOCA - E depois, como o senhor foi parar no Corinthians de Santo André?
Schank - O Palmeiras estava querendo me contratar, mas eu quebrei a perna e fiquei três meses parado. Daí me emprestaram para o Corinthians de Santo André, entre 1955 e 1956.

FUTEPOCA - E aquela partida, a primeira do Pelé como profissional, o senhor se lembra de detalhes?
Schank - Sim, lembro muito bem, joguei a partida inteira. O Pelé era um menininho franzino, entrou no segundo tempo, no lugar do Del Vecchio.

FUTEPOCA - O senhor se lembra do lance do primeiro gol do Pelé?
Schank - Lembro. O Hélvio, zagueiro do Santos, disputou um lance de cabeça e a bola sobrou no meio-de-campo para o Pelé. Eu era volante e fui o primeiro a dar combate. Ele me driblou, depois passou por um de nossos zagueiros e entrou na área. O Zaluar, goleiro, tentou se jogar nos pés dele, mas o Pelé tocou a bola entre suas pernas. Bonito gol.

FUTEPOCA - O talento do moleque chamou a atenção do senhor, naquele momento?
Schank - Não, ele era muito menino. Eu nunca poderia considerar que ele se tornaria o melhor jogador de todos os tempos.

Ficha técnica
Corinthians de Santo André 1 x 7 Santos
Amistoso/ 7 de setembro de 1956
Estádio Américo Guazelli (Santo André-SP)
Juiz: Abílio Ramos
Renda: Cr$ 39.910,00
Corinthians - Antoninho (Zaluar); Bugre e Chicão (Talmar); Mendes, Zico e Schank; Vilmar, Cica, Teleco (Baiano), Rubens e Dore. Técnico: Jaú.
Santos - Manga; Hélvio e Ivan (Cássio); Ramiro (Fioti), Urubatão e Zito (Feijó); Alfredinho (Dorval), Álvaro (Raimundinho) e Del Vecchio (Pelé); Jair e Tite. Técnico: Lula.
Gols: Alfredinho (30), Del Vecchio (32), Álvaro (36), Alfredinho (41), Del Vecchio (61), Pelé (81), Vilmar (86) e Jair (89).

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Um fã

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A molecada de hoje não tem muita noção do que representava (e ainda representa), para o mundo, o cidadão Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. Na foto acima, ele aparece cumprimentando o Papa Paulo VI em 1966, na biblioteca do Vaticano. Pois o jornal inglês The Observer publicou a imagem, na época, com a singela legenda: "In Rome, the best player of the world, Pele, and a fan" (tradução: "Em Roma, o melhor jogador do mundo, Pelé, e um fã").

sexta-feira, novembro 09, 2007

Leão e Pelé unidos na formatura

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Fuçando pela internet, encontrei uma raridade do site oficial do Santos (reproduzida pelo Globo Esporte): Leão e Pelé juntos no dia em que se formaram no curso de Educação Física na Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), em 1974. Mas outros famosos passaram pela instituição. Segundo o site, a pró-reitora Rosinha Viegas lembra que a primeira geração de alunos foi formada por grandes nomes do futebol. "Pelé graduou-se ao lado de Pepe, Chico Formiga, Leivinha, Cabralzinho, Émerson Leão, entre outros. Uma curiosidade é que a cantora Simone também compunha essa turma", arrematou Rosinha.

terça-feira, outubro 23, 2007

Pelo "Dia Mundial do Futebol"

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Hoje, dia 23, Edson Arantes do Nascimento, o eterno Rei Pelé, completa 67 anos. No dia 1º deste mesmo mês, foram completos 30 anos desde sua última partida oficial (amistosa), em Nova York, quando jogou meio tempo pelo Cosmos e meio pelo Santos. Sei que é polêmico mas, para mim, 23 de outubro deveria ser feriado. Algo como o 20 de novembro, data hipotética de nascimento de Zumbi, que tornou-se o "Dia da Consciência Negra". Pois então, o 23 de outubro poderia ser o "Dia Mundial do Futebol" ou algo do gênero.

É claro que o Pelé já recebeu milhões de homenagens e vai receber tantas outras em vida, ainda. Mas o dia de seu nascimento deveria ser melhor festejado. Com a exibição de suas atuações na TV, de filmes, documentários, jogos, depoimentos, registro da repercussão no mundo. Sempre achei que o brasileiro não dá a devida importância ao maior gênio (de todos os tempos) do esporte coletivo mais praticado (e repercutido) do mundo.

Querem um exemplo? Vejam, nas fotos que ilustram o post, o "antes e depois" da estátua de bronze de Pelé que existe próxima ao estádio da Fonte Nova, na Ladeira da Fonte das Pedras, bairro Nazaré, em Salvador (BA). Pois não é que arrancaram os braços e a réplica da Jules Rimet? Provavelmente, para derreter - assim como fizeram com a Jules Rimet original. Muita falta de respeito, isso (mesmo que se considere o mau gosto da obra, típica dos tempos ufanísticos de 1971, quando foi inaugurada).

Na Argentina, Di Stéfano e Maradona são sagrados, ninguém faria uma coisa dessas com suas possíveis estátuas (nem sei se existem). Da mesma forma, Eusébio em Portugal, Beckenbauer na Alemanha, Platini na França, Puskas na Hungria, Yashin na Rússia etc, etc. Gente que nunca chegou aos pés de Pelé. Alias, uma frase de Beckenbauer: "Podemos eleger quem foi o melhor jogador, mas Pelé fica de fora. Ele é o único que superou as leis da física". Pô, não é pra respeitar com um pouco mais de cuidado esse mitológico brasileiro de Três Corações (MG)?
Infelizmente, aqui nessas plagas (e ao contrário do resto do mundo), Pelé muitas vezes é motivo de piada. Muita gente considera Friedenreich, Leônidas, Zizinho, Garrincha, Zico, Romário ou mesmo o Ronaldo Nazário melhor do que ele. Absurdo. Para mim, qualquer crítica leviana, desdém ou menosprezo em relação a Pelé é literalmente blasfêmia. Ele é - e será, sempre - muito maior do que tudo isso.

terça-feira, julho 31, 2007

"Brasil esteve sempre um degrau acima", diz Maradona

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Quem já foi a Buenos Aires (e mesmo quem enfrentou neve) e conversou com argentinos teve a oportunidade de conhecer a paixão que eles têm por Maradona.


Certa vez, depois de um embate com um jovem torcedor do Boca num locutório, em que o cara tentava me convencer de que Maradona era melhor do que Pelé, e diante de minha brava resistência ante esta afirmação leviana, ele mudou de assunto com uma súbita e irônica pergunta: “Y Caniggia, te gusta Caniggia?”, uma alusão à nossa derrota na Copa de 1990, seguida de um sorriso.

Bom, pelo menos o próprio deus Maradona concorda comigo. Numa entrevista ao Estudio Fútbol, o ex-craque argentino Diego citou o Brasil algumas vezes. Disse El Pibe:

Sobre a Copa América: “Llevamos los mejores y Brasil con el plan B nos arrasó. No tuvimos respuesta para ir a torearlo en ningún momento... Por eso creo que hay que recuperar la mística”;

Sobre a história: “Brasil a lo largo de la historia estuvo siempre un escalón arriba, pero nosotros siempre le íbamos a pelear el podio”.

(desculpem a preguiça de traduzir, mas fica até mais bonito o deus reconhecendo nossa superioridade em sua própria língua)

terça-feira, abril 10, 2007

Flávio Minuano, maior do que Romário

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Listas elaboradas por manguaças ou similares sempre geram polêmica. Ainda mais se tais listas tratarem de gols. Os 999 do companheiro Romário já foram debatidos na imprensa. Os do Pelé, idem. Mas ninguém falou de Flávio Minuano, ex-atacante do Corinthians, Internacional e Fluminense, que afirma ter feito nada menos do que 1.070 gols desde as categorias de base.

Tudo bem, calculo que nas minhas peladas de praia tenha marcado mais de 600 gols, apesar da incredulidade dos manguaças desse blogue (difícil reconhecer o outro), mas Minuano assegura ter tudo documentado - como Romário e Pelé. Foi no mês de julho de 1973, em entrevista à revista Placar, que Flávio, à época no Porto, revelou que seu empresário junto com dois jornalistas o ajudaram a elaborar uma listagem com 972 gols até então. O milésimo acontecera, segundo ele, em 1976.

"Foi quando eu jogava pelo Pelotas, no interior do Rio Grande do Sul, em uma partida contra o Caxias no Alfredo Jaconi. Acho que foi empate de 3 a 3. O pessoal lá comemorou, teve um oba-oba, mas foi uma coisa superficial. O Brasil não ficou sabendo. Recentemente, fizeram um levantamento e me falaram que eu fiz 1.070 gols no total", declarou ao Globo Esporte.

Mas a tal marca não surgiu apenas hoje, quando o debate sobre milésimos (isso não é automobilismo) se acirra. Matéria produzida pelo site Gazeta Esportiva, com toda falta de cuidado característica de nossa mídia, vaticina: "Consagrado artilheiro, ele é, segundo o Departamento de Estatísticas da Fifa, o oitavo maior goleador do mundo, com 1.070 gols durante toda sua carreira".

O Futepoca teve o cuidado de consultar a Fifa sobre tal marca, no que ela respondeu que não podia assegurar estatísticas individuais de jogadores, a não ser aquelas realizadas em torneios organizados pela entidade, a saber, Copa do Mundo, Mundiais de Clubes, subs da vida e semelhantes. Ou seja, toda vez que alguém disser que "tal lista é reconhecida pela Fifa", saiba que não é verdade. Nem os de Pelé, nem os de Friedenreich. Ponto. Se quiser, mande um e-mail pra eles elucidando a dúvida.

Pelé tem seus gols documentados. Romário também, mas conta até os marcados no infantil. Minuano diz ter, mas não mostra. Talvez realmente ultrapasse Romário, mas a diferença de relevância entre eles no ludopédio brasileiro é brutal. Quem quiser marcas, que valorize a que achar conveniente.