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quinta-feira, novembro 30, 2006

Agora é que são elas

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O Grupo Abril sentou no próprio rabo para criticar o do vizinho, ao pedir na Justiça paulista (e conseguir) que torne-se público o conteúdo do contrato particular entre a Rede 21, ligada à TV Bandeirantes, e a Gamecorp, empresa que tem como um dos sócios Fábio Luís da Silva, filho do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. O intuito da Abril é investigar suposto beneficiamento da Gamecorp na concessão de verbas públicas via publicidade governamental.
Mas a Bandeirantes contra-atacou, pedindo na Justiça investigação sobre a participação acionária, na Abril, do grupo de mídia sul-africano Naspers Limited, que pode estar desrespeitando os limites impostos pelo artigo 222 da Constituição Federal, sobre vedação da participação estrangeira nas empresas jornalísticas e de radiodifusão. Em maio deste ano, a Naspers adquiriu, por 422 milhões de dólares, 30% do quadro acionário da Editora Abril (que detém 54% do mercado brasileiro de revistas e 58% das rendas de anúncios em revistas no país).
O percentual adquirido inclui os 13,8% pertencentes anteriormente aos fundos administrados pela Capital International, terceiro maior grupo gestor de fundos de investimentos dos Estados Unidos, que tinha comprado essa fatia em julho de 2004, por cerca de 150 milhões de reais - numa operação que só pôde ser viabilizada após uma providencial emenda constitucional sancionada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em 2002.
Além da camaradagem entre a Abril e os tucanos, uma reportagem da revista Caros Amigos ressaltou que a Naspers foi um dos esteios do regime do apartheid na África do Sul e prosperou com a segregação racial naquele país. A complexa teia de interesses ajuda a explicar a linha editorial da revista Veja, publicada pelo Grupo Abril, e sua postura de opositora radical do governo Lula.
Em resumo, nessa briga entre Abril e Bandeirantes, que tem como pano de fundo mais uma tentativa de linchamento moral do presidente da República, espera-se da Justiça, no mínimo, tratamento igualitário. Ou seja: que também escancare e investigue os negócios e ligações perigosas da Abril. Só isso. Porque afinal, após a decisão judicial sobre o contrato da Rede 21 com a Gamecorp, já não é possível pedir bom senso.

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