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quarta-feira, junho 18, 2008

Dimenstein diz que "sindicato quer motel em escola"

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Sim, caro leitor do Futepoca. Ao ler este texto, você pode dizer que apelamos para o sensacionalismo. Mas não fomos nós, o título da coluna de Gilberto Dimenstein na Folha OnLine é "Sindicato quer motel em escola."

Ele se refere à greve dos professores da rede pública de ensino, que teve como estopim o Decreto 53037/08, publicado no dia 28 de maio no Diário Oficial do Estado que limita a transferência dos profissionais entre as escolas e prevê aplicação de provas de avaliação de desempenho aos professores temporários. Diz Dimenstein que "o sindicato dos professores de São Paulo decidiu decretar uma greve para evitar que se implementem medidas destinadas a reduzir a rotatividade dos docentes nas escolas públicas --uma das pragas, entre tantas, que explicam a péssima qualidade de ensino. É um caso explícito de greve contra o pobre."

Curioso. Ele fala de "greve contra pobre" como se uma categoria que tem piso de R$ 668 fosse composta por "ricos". E segue: "é impossível oferecer aos mais pobres boa educação com tanta rotatividade de professores e diretores. Tal rotatividade destruiria rapidamente até mesmo as empresas mais eficientes. Há casos, neste ano, de escolas que tiveram até cinco diretores."

A rotatividade é um fato. Quais as causas? São
múltiplas, e o decreto do governador não mexe com nenhuma. Ao contrário, mexe para pior, afinal, é sempre mais fácil lidar com os efeitos.
Faltam condições de trabalho, segurança, material, as salas são superlotadas... E o problema é ainda pior nas periferias, como mostra matéria que fiz com Brunna Rosa na revista Fórum. O dia-a-dia do educador paulista é refletido em uma pesquisa realizada em 2006 e publicada em 2007 pelo Sindicato dos Professores da Rede Pública do Estado de São Paulo (Apeoesp), em que, dos 684 professores entrevistados, 96% citaram agressão verbal como a forma de violência mais comum nas escolas. Já 88,5% presenciaram atos de vandalismo; 82% viram atos de agressão física e 76,4% casos de furto.

Na prática, o que Dimenstein e o governo do estado querem é apelar para a "vocação" do professor, o chamado "sacerdócio", que obrigaria os profissionais a suportar toda sorte de péssimas condições para permanecer em sala de aula e arriscar mesmo a sua integridade em troca de uma remuneração pífia.

Além disso, como lembra o presidente da Apeoesp, Carlos Ramiro de Castro, a aplicação de provas de avaliação a professores temporários, alguns nessa condição há mais de década por conta da escassez de concursos promovidos durante os últimos 15 anos, é simplesmente avalizar uma condição absolutamente irregular. São profissionais que estão em situação precária por conta da falta de vontade dos últimos governadores paulistas em efetivar professores.

Mas a comparação com motel, dada pela dita alta rotatividade dos profissionais de educação, além de ser expressão do mais puro mau gosto, é ofensiva. Mas tudo bem, pela ótica dele. Professor deve aturar ofensas, afinal, faz parte do "sacerdócio". Enquanto categorias como médicos reclamam, com razão, de falta de condições para trabalhar em hospitais da periferia de São Paulo, locais em que o governo só aparece em situações lamentáveis, os professores devem aguentar calados, sem pestanejar, e ainda serem acusados de querer transformar escolas em motéis. Depois a imprensa grande não quer ser chamada de preconceituosa...

11 comentários:

Nicolau disse...

"a aplicação de provas de avaliação a professores temporários, alguns nessa condição há mais de década por conta da escassez de concursos promovidos durante os últimos 15 anos, é simplesmente avalizar uma condição absolutamente irregular." Falou tudo. Se quer regularizar a situação, faça concursos e contrate os professores. E aproveite para contratar o suficiente para termos menos de 50 alunos por sala. Do jeito que o Dimenstein coloca, parece que os professores gostam de pegar condução para ir de uma escola par aa outra. Minha mãe foi professora da rede estadual por dez anos e passou por várias escolas, principalmente por ser professora de Sociologia, matéria ignorada pelo tucanato no curriculo, asism como a filosofia. Porque será?

fredi disse...

Seria bom alguém perguntar quanto o Dimenstein ganha como ONGueiro e "especialista" em educação, com patrocínio do Bradesco.

Será que ele topa dar aula na periferia por R$ 600 e amor ao "sacerdócio".

Agora, a imagem do motel é demais.

Se fosse usada, por exemplo, para falar sobre as mudanças dos jornalistas das redações, o que acharia dela o Dimenstein?

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...
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Anselmo disse...

Os comentários anônimos que pareciam fazer spam de um site supostamente do governador de São Paulo José Serra foram excluídos.

Senão for, e o site tiver alguma relação com o conteúdo, o anônimo que se identifique.

Marcão disse...

Essa pessoa nefasta criou um tal de Instituo Aprendiz, ONG que desconfio ter APENAS fins lucrativos. A sede fica na rua da minha casa e ele se apropriou de uma viela PÚBLICA, que corta o quarteirão no pelo fundo das casas, onde promove todo tipo de evento sem respeitar qualquer regra, lei ou noção de bom-senso (como som alto após as 22h, aos sábados, domingos e feriados, além de falta de segurança - nem é preciso dizer que, nesses eventos, Dimenstein não põe os pés lá). As prefeituras tucanas e pefelê, lambidas por ele, não fazem nada. Repito: pessoa nefasta.

Anônimo disse...

Mas.... SÓ AGORA... é que o pessoal tá vendo quem é o oportunista Dimenstein???... Ele, quanto tinha coluna na pág. 2 da FSP, pegava um tema e o explorava $$$, ficava na vitrine, deturpava o tema ao máximo ( por falta de imaginação, limitação intelectual, ou fazendo 'média' com o público desinformado ? ), posando de 'articulista crítico'. Tempos depois, virou (ou o transformaram) em 'preocupado' com a educação e cidadania. P.S. Uma sociedade liberada, liberal, de verdade, nãol precisa de motel... Mas o apelo a este termo tb. reflete o puritanismo desses 'intelectuais' jornalistas.
Humberto P`. Cavalcanti - Recife

Anônimo disse...

Acompanho o trabalho do Dimenstein desde 1998 e conheço o seu trabalho.

Não sou defensor dele muito menos de outros politicos. No entanto, quando se fala dos alunos envolvidos nos processos educacionais, são sempre eles que perdem, uma vez que estão na base da pirâmide social.

Ronaldo
senhorlopes@bol.com.br

São esses alunos aqueles que serão os futuros profissionais das grandes empresas e indústrias. São esses mesmos alunos, os vitimados por todo esse processo no qual, o professor tem papel vital.

Quem é professor sabe das necessidades da profissão, mas diga-se de passagem, esses mesmos profissionais, que vão para a escola, são muitas vezes, fruto de políticas públicas que o incapacitaram de ter um emprego melhor. Uma pesquisa da Folha mostra que somente 5% dos melhores estudantes do Brasil se dedicam ao magistério.

Um professor que vai para o campo de batalha tem que saber dos desafios que irá passar. Ninguém os obriga a seguir a profissão de professor. Essa é uma escolha.

Portanto, em breve haverá uma revolução quanto a esse papel social do Professor. Guardem bem isso. Revolução.

Quando o professor souber da importancia do seu trabalho para as políticas públicas e sociais o papel do professor se inverterá na sociedade.

Passarão a ser os formadores de opinião na mídia. E descobrirão que o Decreto 53037/08 veio para proteger os alunos, os alunos, os vitimados desse processo. E não os professores.

Caberá o professor participar mais ativamente na sociedade, por meio de políticas públicas, pois, é na política que se está a engrenagem que se falta para que os professores sejam reconhecidos socialmente. Com salários melhores, melhor qualificação e com um melhor ambiente de trabalho.

Anônimo disse...

Desculpem-me pelo email no meio do comentário. Erro de digitação.

Carlos Lacerda disse...

nossa... que lixo de site.

leio muitos blogs, e sites de informações... e de longe este é o que tem uma das piores abordagens e mais me deu preguiça...

Glauco disse...

Cabe respeitar sua opinião, caro, mas que ela combina bem com o seu nome combina...