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quarta-feira, junho 18, 2008

Quatro contra um

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Como hoje sir James Paul McCartney completa 66 anos, recupero uma historinha que envolve os Beatles - e cachaça, lógico. No início de 1974, Elis Regina e seu marido na ocasião, o pianista César Camargo Mariano, embarcaram para Los Angeles para gravar com o maestro Antonio Carlos Jobim o célebre álbum "Elis & Tom", relançado há alguns anos. Tom Jobim foi recebê-los no aeroporto e depois foram tomar uns uísques para "quebrar o gelo" entre os três, que não tinham qualquer intimidade até então. Mas César não gostou do papo inicial de Jobim, que gabava-se de ter duas músicas entre as 30 mais executadas no mundo, enquanto os Beatles tinham quatro (a maioria da dupla John Lennon/ Paul McCartney). Um dos trunfos de Tom Jobim era "Garota de Ipanema", composta em parceria com Vinicius de Moraes. César, irritado com a pavonice, tentou provocar: "-De qualquer forma, eles têm o dobro". Ao que, impávido, Jobim respondeu: "Mas aí é covardia! Eles são quatro, pô!", deixando claro que seu papo de bar era apenas bravata para descontrair. O que, de fato, aconteceu - basta ouvir seu primoroso disco com Elis para comprovar o resultado.

6 comentários:

Anônimo disse...

sobre o disco entre Elis Regina e Tom Jobim, me lembro de uma nota do Julinho Bittencourt, em que ele registrava que a faixa "Águas de março", sempre lembrada pela espontaneidade entre os dois teria sido repetida e ensaiada milhões de vezes até se chegar à fórmula final. Já pensou?

Glauco disse...

Pois é, e tem outro dado da faixa "Águas de Março". Dizem que Tom e Elis viviam às turras na gravação e que a letra original da música dizia "são as águas de março fechando o verão/SEM promessa de vida no teu coração". Elis teria alterado a letra para "são as águas de março fechando o verão/É A promessa de vida no teu coração". E mudou todo o sentido da canção...

Nicolau disse...

Com a certeza de enchurrada de críticas, afirmo: Garota de Ipanema é a música de elevador mais bem sucedida do mundo.

Marcão disse...

Sacanagem esse negócio de meter o bedelho na composição dos outros. Só pra ficar no Tom Jobim, o João Gilberto foi gravar "Corcovado" e não gostou do início, "Um cigarro, um violão/ Este amor, uma canção", pois havia parado de fumar. Trocou para "Um cantinho, um violão", o que também mudou completamente o clima de bar enfumaçado da letra original.

Ricardo disse...

Ah mas é isso que dá gosto, né? Essa forma louca de criar canções e letras e mudanças à última da hora. Depois a gente ouve e só existe aquilo. Sem mais. Sem ideia do que terá sido a letra no início. E essa mudança de uma palavra só ser capaz de mudar o tom (e muda mesmo) é genial. Acho que uma das essências da bossanova é essa mesma: a espontaneidade e capacidade de adaptação - a bossanova é um excelente médio de transição ahahah

Relembrando o Tom: vi há pouco tempo uma entrevista com ele, por volta dos anos 90, creio, no Jardim Botânico do Rio. Que lição!

Anônimo disse...

Tom e Vinícius são a versão brasileira da dupla John e Paul.

Simplesmente, genial.