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segunda-feira, março 16, 2015

Tomaram conta

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Bolinha voa sobre Serra: ódio
O triste "espetáculo" que tomou as ruas ontem, em todo o país, confirma que, ao contrário do que comemorava a campanha eleitoral do Partido dos Trabalhadores, a esperança NÃO venceu o ódio quando a presidente Dilma Rousseff foi reeleita. Muito pelo contrário. "Nunca antes", desde que Lula tomou posse, em 2003, este sentimento de ódio irracional e violento esteve tão forte, palpável e amedrontador. Em post escrito em novembro de 2010, comentei: "A campanha de esgoto que o tucano José Serra fez (...) nas eleições presidenciais conseguiu trazer para os holofotes os setores mais atrasados, conservadores e extremistas da sociedade brasileira e acentuou à tensão máxima o ódio, o preconceito e a divisão raivosa entre nós". Me enganei. Não havíamos, na época, chegado à tensão máxima. Aquele clima de "vamos fazer justiça com as próprias mãos, vamos matar e esquartejar esses petistas desgraçados" detonado por Serra - e a "grande" imprensa - com a lamentável e constrangedora farsa da bolinha de papel era apenas o início da escalada do ódio. E, depois de ontem, tenho medo só de imaginar quando a tensão máxima de fato for atingida...

"Deus" e "militares": como em 1964
Esse ódio, que sempre foi insuflado pela elite e a mídia golpistas contra o citado Partido dos Trabalhadores, seus integrantes e militantes, agora passou a um outro nível. Ao receber todos os palanques, holofotes e espaços possíveis, estes "setores mais atrasados, conservadores e extremistas da sociedade brasileira" ultrapassaram a fase de negação (dos "petistas", dos "sem-terra", dos "comunistas", "cubanos", "bolivarianos", "chaviztas" etc etc etc etc) e partiram para a afirmação pública, explícita e orgulhosa de todas as suas bandeiras (as piores possíveis). Depois de ontem, o impeachment ao governo Dilma Rousseff, o ódio ao PT, a Petrobras, a "corrupção generalizada", a "crise" econômica e outros quetais passaram a ser apenas o granulado do bolo. A verdadeira massa deste quitute é o fim da democracia partidária e das eleições diretas, a defesa do retorno à ditadura militar, a criminalização dos trabalhadores organizados, o combate a todo e qualquer movimento dos excluídos, dos negros, dos nordestinos, das mulheres, dos homossexuais.

Janine: ataque aos direitos humanos
Mesmo em minoria (pois perderam as últimas quatro eleições presidenciais), os conservadores e extremistas tomaram conta não apenas das ruas, mas do cenário político e midiático, da internet e de todos os locais onde alguém se atreve a falar sobre algo que eles odeiam. Dá discussão. Dá briga. A sem-cerimônia com que os "líderes" do tal movimento "Revoltados Online" faz propaganda do execrável Jair Bolsonaro (PP) como seu preferido na disputa presidencial de 2018 dá ideia de onde o ódio disseminado pela oposição e pela imprensa irresponsável nos levou. Como bem observou o filósofo Renato Janine Ribeiro, professor da cadeira de Ética e Filosofia Política da USP, em palestra recente, "A extrema-direita está se distinguindo do restante por um ódio cabal aos direitos humanos. (...) Atacam o homossexual, a igualdade de gênero, os direitos das mulheres. (...) O perigoso no Brasil, de certa forma, é a extrema-direita ir se aproximando da direita e contaminando, a ponto de seu apoio se tornar essencial. (...) Estamos tendo no Brasil uma tolerância, que é grande, com condutas antidemocráticas que deveriam ser tipificadas como criminosas… Pregar a volta dos militares deveria ser crime, deveria levar a pessoa para a cadeia". EXATAMENTE.

Cômico, se não fosse trágico: brincadeira na Internet reflete bem do que se trata o post



segunda-feira, dezembro 15, 2014

E depois das derrotas de Marina e Aécio....

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Manchete de hoje do caderno 'Economia & Negócios' do jornal O Estado de S.Paulo



RECORDAR É PRECISO:

Grandes 'disputam' apoio contra seca e ampliam problemas da agricultura familiar

Em entrevista à RBA durante o lançamento das caravanas Horizonte Paulista, promovidas pelo PT para preparar-se para a disputa eleitoral, Biagi deixou clara sua inclinação à mudança em todos os níveis da política. "Sou a favor da alternância no poder. Em 20 anos, é claro que há desgaste para o PSDB no governo do estado, como há para o PT frente ao governo federal", afirmou, indicando há possibilidade de que empresários do setor tenham preferência por uma "chapa mista" durante a disputa eleitoral deste ano: contra o PT no governo federal e crítica ao PSDB em São Paulo. (27/02/2014)

Biu e Eduardo Campos lançam dois usineiros na campanha em Alagoas

A três dias do final do prazo das convenções partidárias, os usineiros de Alagoas consolidaram dois empresários do ramo na chapa do senador Benedito de Lira (PP): o deputado federal Alexandre Toledo (PSB) e o suplente de Biu, Givago Tenório, que assume, por quatro anos, a vaga de senador se Biu ganhar as eleições ao Governo de Alagoas. A costura eleitoral ficou consolidada na semana passada, com a vinda do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). (01/07/2014)

Sabatina do agronegócio: Aécio é o mais aplaudido e Dilma desagrada

Tucano prometeu mais verbas, menos poder para a Funai e um "superministério" da Agricultura (...) Nos bastidores da sabatina, ruralistas do setor de etanol reclamavam que Dilma não havia tratado dos problemas dos usineiros, como Campos e Aécio. Com a política de reajuste moderado de preços da gasolina na gestão Dilma, os usineiros estão entre os maiores críticos da presidenta no meio empresarial atualmente. (06/08/2014)

Documentos revelam que avião usado por Campos e Marina pertencia a usineiros paulistas

ÉPOCA perguntou (...) quantas vezes a candidata Marina Silva voou no avião e se ela tinha conhecimento sobre quem arrendara a aeronave. Até o fechamento desta reportagem, o PSB não respondera aos questionamentos. De acordo com a legislação eleitoral, uma empresa não pode fazer doações de bens ou serviços sem relação com sua atividade fim. Por isso, uma empresa do ramo sucroalcooleiro, como da AF Andrade, não poderia emprestar um avião. (22/08/2014)


Marina adota discurso de usineiros e crítica política federal para o etanol

Usineiros têm criticado medidas da União como a manutenção do preço atificial da gasolina para conter a inflação, o que impede melhor remuneração ao etanol. "Vocês fizeram o dever de casa, se ajustaram, acreditaram na propaganda do governo, assumiram compromissos para fornecer uma fonte de energia que deveria ser estimulada, apoiada. Mas os erros que foram praticados devem ser corrigidos", disse Marina em discurso para 300 pessoas, entre lideranças e empresários do setor. (29/08/2014)

Dilma defende exploração do pré-sal e diz que recursos ajudarão saúde e educação

A presidente Dilma Rousseff, que tenta a reeleição pelo PT, defendeu neste sábado a exploração do petróleo do pré-sal, um dia depois de a candidata do PSB, Marina Silva, ter apresentado seu programa de governo propondo a redução do uso dos combustíveis fósseis. (30/08/2014)


Entendeu?


quarta-feira, outubro 29, 2014

Bebês mimados

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Mainardi: injustificável e inaceitável
No rescaldo das eleições presidenciais, continuamos presenciando o fluxo e refluxo de ódio, racismo, preconceito, agressões gratuitas e comportamentos injustificáveis e inaceitáveis. Leio hoje sobre as (abomináveis) declarações do (abominável) comentarista da Globonews, Diogo Mainardi:

"O Nordeste sempre foi retrógrado, sempre foi governista, sempre foi bovino (...). É uma região atrasada, pouco educada, pouco construída, que tem uma grande dificuldade para se modernizar na linguagem. A imprensa livre só existe da metade do Brasil para baixo. Tudo que representa a modernidade tá do outro lado."

Hulk defende sua região de origem
O ponto positivo dessa estultice foi que, comprovando que "um filho teu não foge à luta", o nordestino Givanildo Vieira de Sousa, jogador de futebol apelidado de Hulk, titular da seleção brasileira na última Copa e que atua no Zenit, da Rússia, respondeu à altura tal desaforo:

"Infelizmente o Mainard [sic] demostra ignorância e arrogância quando crítica o Nordeste. Nossa população tem dificuldades e luta com humildade para melhorar sua condição de vida. As maiores dificuldades foram impostas pelos diversos Governos ao longo dos anos. Mainard, respeite o Nordeste!"

Eu detalharia: ignorância que motiva Mainardi a espumar de raiva contra uma região que não foi a responsável pelo resultado das eleições (veja quadro abaixo) e exemplo de uma arrogância sem limites que está sendo demonstrada por brasileiros de Norte a Sul, verdadeiros "bebês mimados".


Minas e Rio derrotaram Aécio, mas o paulistano Mainardi vocifera contra o Nordeste

A atitude e a postura de Mainardi disseminam o mesmo ódio de seu "mentor intelectual", (o mais abominável ainda) Paulo Francis. Ídolo-mor de gente como Arnaldo Jabor, Augusto Nunes e Reinaldo Azevedo, que, assim como Mainardi, colaboram para disseminar o ódio, o preconceito e a agressividade mimada. O tão superestimado e festejado "intelectual" Paulo Francis escrevia coisas como essas:

"É pouco provável que um filho do Nordeste, região mais pobre do país, vergonha nacional, saiba alguma coisa, pois vive no século XVI."

Em junho de 1994, Francis descreveu o senador pernambucano Ronaldo Aragão como:

"Um ...mulato, feijão mulatinho... que parece descender do macaco certo (isto é, não de Lula)."


Paulo Francis criou escola na 'grande' imprensa 'carente de qualquer referencial ético'

Tais frases são destacadas em texto do jornalista Bernardo Kucinski que observa precisamente:

"Esses exemplos, em sua maioria já da década de 90, revelam não apenas um Paulo Francis doentio, mas um país doentio e uma grande imprensa carente de qualquer referencial ético. Os insultos de Paulo Francis eram passíveis de processos na Justiça, inclusive pela implacável lei Afonso Arinos. O fato de que poucas vezes tenha sido processado denota a descrença do brasileiro na Justiça, em especial quando se trata de crimes de imprensa, injúria, calúnia e difamação."

Kucinski vê descrença na Justiça
Exatamente. O que presenciamos hoje, boquiabertos, não só na imprensa mas nas manifestações grosseiras, aviltantes e nauseantes de todos os que gritam contra o resultado democrático das eleições, é justamente o reflexo de "um país doentio e uma grande imprensa carente de qualquer referencial ético", e "se trata de crimes de imprensa, injúria, calúnia e difamação". Mas, para além disso (ou melhor, antes de tudo isso), é resultado do comportamento de "bebês" que foram mimados excessivamente pelos pais, como bem resume o cientista social Antônio Ozaí da Silva:

"Vejo crianças e jovens aborrecentes mimados, arrogantes e autoritários. Pais endividados e perdulários tudo fazem para atender os desejos dos pequenos reizinhos e princesinhas despóticos. Sentem-se culpados se não conseguem saciá-los. Acostumam os filhos a um padrão de consumo muitas vezes acima das possibilidades. Não conseguem voltar atrás, cortar gastos e os pequenos prazeres."

Antônio Ozaí: 'reizinhos despóticos'
O texto de Ozaí, intitulado "Meninos e Meninas Mimados", ajuda a entender por que pessoas como Mainardi se acham no direito de ficar "bravinhos" com uma adversidade (a derrota de seu candidato/grupo político nas eleições) e preferem jogar a culpa nos outros em vez de fazer a autocrítica da situação (no caso, reconhecer que o tal candidato/grupo político perdeu em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, na região Sudeste, e não no odiado Nordeste). São os pais que os "amestram" assim:

"Quando os filhos mimados não correspondem ao esperado, por exemplo, quando o desempenho escolar, apesar de tudo, não vai bem, eles têm dificuldades em superar a situação pelos próprios meios. Creditam a culpa à escola, aos professores."

Neste ponto fica nítido que a característica de comportamento tem origem social. Pobres não podem fugir de ser responsabilizados por tudo (até pelo o que não são responsáveis, como os nordestinos nessa querela eleitoral), enquanto os mais favorecidos socialmente sempre jogam a culpa nos outros. Antônio Ozaí da Silva chega ao cerne dessa questão em seu artigo (os grifos são meus):

"Os filhos tornam-se apêndices dos seus desejos e frustrações. Mas sob o preço de mantê-los sob tutela e gerar adultos sem condições emocionais para enfrentar as adversidades da vida. Filhos que se acostumam a tudo possuir sem ter noção sobre o valor exato das coisas, e me refiro não apenas ao valor monetário, tendem a ver a vida como uma coleção de bens adquiridos sem grandes esforços. São fortes candidatos a pequenos ditadores que vêem os demais como objetos a serem manipulados."

É o que estamos vendo, repito, nas manifestações infantis e grotescas, em todo o país, e notadamente nas redes sociais, sobre a eleição presidencial e o preconceito contra o Nordeste. Ódio de classe. Voltemos ao Diogo Mainardi: filho do (bem sucedido) publicitário Enio Mainardi, estudou na Inglaterra e viveu na Itália, para onde retornou (leia aqui). Agora comparem com Givanildo Sousa, o jogador Hulk, que rebateu Mainardi: dificuldades o levaram a trabalhar na infância, em Campina Grande (PB), ajudando os pais a venderem pedaços de carne. "Como eu chegava cedo à feira, por volta de quatro, cinco horas da manhã, aproveitava para ajudar as pessoas das outras bancas. No fim do dia isso me rendia uns 15 reais. Eu dava tudo para a minha mãe", diz o atleta (leia aqui).

Postagem anônima em rede social demonstra como 'bebês mimados' lidam com adversidades


Ou seja, a história de vida do menino Givanildo, e da maioria dos nordestinos, é uma realidade que Mainardi (e quem mais vomita besteiras nesse pós-eleição) nem sequer imagina que exista. Nem sem importa. Uma responsabilidade que Mainardi nunca teve. Uma dificuldade que jamais o ameaçou. Por isso ele e muitos se sentem no direito de odiar tanto quem odeiam. Por isso ele e muitos se acham na razão e na superioridade de dizerem o que dizem. Mas acabam ouvindo o que não querem.

Por isso mesmo, a vitória de Dilma Rousseff representa, mais do que tudo, a vitória contra os arrogantes, os prepotentes. Os bebês mimados. E também a vitória daqueles que mais precisam do governo federal e do amparo público - e que, não por acaso, são o objeto de um dos maiores despejos de ódio no Brasil. Ódio de classe.


segunda-feira, outubro 27, 2014

Inesquecível

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sexta-feira, outubro 17, 2014

O galanteador Aécio

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segunda-feira, outubro 13, 2014

Surto coletivo

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Ontem ouvi a melhor e mais precisa explicação sobre o sucesso de José Serra, Aécio Neves, Geraldo Alckmin e outros tucanos nas urnas paulistas:

"Os eleitores de São Paulo sofrem de Síndrome de Estocolmo."


quarta-feira, outubro 08, 2014

É rosca!

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Leia também:

segunda-feira, outubro 06, 2014

Show de horrores - Parte II

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Mayara: 'mate um nordestino!'
Alguém aí se lembra da Mayara Petruso, aquela internauta que destilou publicamente todo o seu preconceito contra nordestinos, após a vitória de Dilma Rousseff, em 2010? "Nordestino não é gente, faça uma favor a SP, mate um nordestino afogado!", postou a moça numa rede social, naquela época. "Deem direito de voto para os nordestinos e afundem o país de quem trabalhava pra sustentar os vagabundos que fazem filho pra ganhar o bolsa 171", acrescentou. Pois é, show de horrores. Em 2013, ela recebeu uma punição de 1 ano, 5 meses e 15 dias de prisão, pena convertida em prestação de serviço comunitário e pagamento de multa, e declarou estar "arrependida".

E depois de tudo isso, o que acontece? A mesma coisa. "Se Dilma ganhar, vou inclusive concordar com os sulistas quando eles xingarem os nordestinos como fizeram em 2010", posta a internauta Luiza Neves. "Não queria ter preconceito regional não, mas nordestinos e nortistas não abrem mão de bolsa (tudo)... tão fodendo essa eleição", emenda Lorenzzo Warrak. "Esses nordestinos desgraçados parecem que não sabem que a culpa da falta de água é da lazarenta da Dilma", acusa Bruno Santiago. "Só aqueles nordestinos malditos que votam na dilma nossa espero chova la seca pra sempre", completa Lovato. A prova:



Não bastasse a inconsequência desses jovens, tem gente que deveria ter muito mais responsabilidade espalhando o preconceito explícito. Em Minas Gerais, um colunista social do jornal O Tempo, Paulinho Navarro, postou um comentário (também em rede social) propondo a divisão do País. E diz que a presidente Dilma Rousseff ficaria no Norte/Nordeste com "seus preguiçosos eleitores bolsistas", enquanto que "na banda de baixo" ficaria Aécio Neves e "demais trabalhadores esclarecidos", "continuando a botar lenha na produção deste país..." Pra quem duvida, segue a reprodução da postagem:


Mas o pior eu guardei para o fim: nosso ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de triste memória, resolveu endossar o preconceito e declarou aos blogueiros Josias de Souza e Mário Magalhães, do UOL:

"O PT está fincado nos menos informados, que coincide de ser os mais pobres. Não é porque são pobres que apoiam o PT, é porque são menos informados." 

"Essa caminhada do PT dos centros urbanos para os grotões é um sinal preocupante do ponto de vista do PT porque é um sinal de perda de seiva ele estar apoiado em setores da sociedade que são, sobretudo, menos informados."

"Geralmente é uma coincidência entre os mais pobres e os menos qualificados."

Bom, eu ia tecer algum comentário final. Mas confesso que, depois de ler todas essas declarações, não tenho nem vontade de escrever mais nada. Elas falam por si.

Antipetismo crava dois terços do eleitorado em SP

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No início de junho, às vésperas da Copa do Mundo no Brasil, o Datafolha soltou uma pesquisa que, talvez, tenha sido a mais "lúcida" (ou próxima da realidade) entre todas as que foram feitas na campanha eleitoral deste ano: dos três principais pré-candidatos à Presidência da República naquela ocasião (incluindo Eduardo Campos, que faleceria tragicamente em agosto), Dilma Rousseff era a que apresentava, disparada, a maior rejeição no estado de São Paulo: 61% dos eleitores paulistas entrevistados naquele período não votariam na petista “de jeito nenhum”.

Passados quatros meses, mesmo com a reviravolta que representou a saída de Campos e a entrada de Marina Silva na disputa, o resultado do 1º turno das eleições em terras paulistas registrou apenas 25,75% dos votos válidos para Dilma, o que significa, em outras palavras, que 74,25% não votaram nela. Ou, mais precisamente, que 69,38% dos eleitores locais preferiram votar nos dois principais concorrentes, se somarmos os votos válidos de Aécio Neves, do PSDB (44,47%), e de Marina, do PSB (24,91%). Assim, a rejeição à Dilma na casa dos 60% confirmou-se.

E esse percentual também foi espelhado, sintomaticamente, nas votações vitoriosas de dois caciques tucanos em São Paulo: José Serra, eleito senador com 58,49% dos votos válidos, e Geraldo Alckmin, reeleito governador com 57,31%. De forma simplória, portanto, podemos afirmar que o antipetismo, em território paulista, está cravado em quase dois terços do eleitorado. É significativo, pois, em 2010, Dilma teve 37% dos votos válidos no 1º turno, em São Paulo. E Aloizio Mercadante somou 35,2% como candidato a governador, contra os 18,2 de Alexandre Padilha, agora.

O que vai acontecer no 2º turno, na disputa presidencial, é difícil prever. Mas São Paulo, com 22,4% dos eleitores brasileiros, já se posta como principal trincheira do antipetismo. Muito mais, curiosamente, do que quando os paulistas Serra e Alckmin disputaram a presidência da República, em 2002, 2006 e 2010. Se Aécio perde para Dilma em seu estado, Minas Gerais, em São Paulo conta com uma adesão maciça, muito mais "explicável" pelo crescente e ostensivo antipetismo local do que pelo voto convicto num candidato tão pouco identificado com o estado.

Uma dúvida: se Alckmin tem a pretensão de se candidatar à presidência da República novamente, em 2018, será que ele está mesmo empenhado na vitória de Aécio Neves?


sábado, outubro 04, 2014

Mão na bola ou bola na mão? O que dizem os presidenciáveis

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Alijada do grande painel das discussões e dos debates entre presidenciáveis, a questão da mão na bola/bola na mão não foi tema de nenhuma pergunta de jornalista durante toda a eleição presidencial. Por conta disso, fazemos um esforço para tentar adivinhar o que cada candidato diria sobre o assunto. Qualquer semelhança com a vida real é coincidência de acordo com sua crença.


Dilma Rousseff
Olha aqui, meu filho, a bola na mão... É preciso entender que, no nosso governo, a bola na mão foi tratada como questão de Estado, não como piloto. Já a mão na bola é malfeito, que nunca foi tolerado no nosso governo. Nunca, em nenhum governo, se fez tanto para conter a mão na bola como no nosso. Porque a bola na mão... Mas a mão na bola no sentido de quando a bola bate na mão sem a intenção não é a bola no sentido de propina na mão, porque isso não tem no nosso governo.

Aécio Neves
Bola na mão e mão na bola é uma confusão criada nesse governo do PT. Antes, não havia nada disso, a regra era clara. Você, pai de família, você, mãe de família, não punha a mão na bola porque não se deve colocar a mão na bola. Mas nas altas esferas do governo do PT, isso é diferente. Aí, agem como se tudo pudesse e se nada fosse punido. Precisamos de um governo que saiba como fazer, que faça bem feito. Nem mão na bola nem bola na mão: o que vamos fazer é jogar com os pés. Não apenas com a bola no chão, mas com ela no alto, nos cantos e no meio.

 

Marina Silva
Fizemos estudos de impacto futebolístico e, por isso, podemos propor. Caso eu seja eleita, vamos criar o 12º jogador em campo, que também poderá pôr a mão na bola. Percebemos essa necessidade estudando a fundo os problemas do país e do futebol. Não adianta só querer enfrentar a situação com essa falsa dicotomia entre a mão e a bola. Sei disso desde quando vivia entre seringueiros, cuja produção de látex era vertida nas câmaras das antigas bolas de capotão. E as mãos que desenham sonhos, que constroem utopias, tem que ser usadas também não só pelos goleiros.


Luciana Genro
Essa é uma questão que só pode ser entendida do ponto de vista da exploração capitalista e das falhas existentes na nossa democracia. Dar ao juiz a prerrogativa de dizer quem teve ou não intenção de colocar a mão na bola nada mais é que facilitar o favorecimento aos grandes e o assalto aos pequenos. Vamos taxar os grandes clubes, as grandes fortunas, os grandes cartolas e os grandes empresários do futebol, revertendo esse dinheiro em um fundo que possa ajudar os clubes menores e equilibrar as chances de cada um, dentro de uma lógica socialista.

Eduardo Jorge
Isso é mais uma prova de desrespeito ao uso que queremos e podemos dar ao nosso próprio corpo. Quem é o juiz para dizer se posso ou não colocar a mão na bola? Essa arbitrariedade vai contra nossos princípios, é antidemocrática e contradiz nosso próprio instinto humano, que é de colocar a mão em tudo aquilo que desejamos. Defendo a legalização da bola na mão para acabar com a fúria punitiva de árbitros e de tribunais que só atendem a esse esforço desumano na penalização dos jogadores.

terça-feira, setembro 23, 2014

A 'nova' política de Marina Silva

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RECORDAR É VIVER:

Em nota divulgada no sábado, 7 de junho de 2014, Marina Silva criticou a decisão do PSB de apoiar a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo:
“Para nós, isso é um equívoco. Consideramos necessário manter independência e lançar uma candidatura própria, que dê suporte ao projeto de mudança para o Brasil liderado por Eduardo Campos, e que dê ao povo de São Paulo a chance de fazer essa mudança também no âmbito estadual”, disse Marina Silva.

segunda-feira, setembro 22, 2014

Os presidenciáveis e a solução para o Palmeiras

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quinta-feira, setembro 11, 2014

Luz no fim do turno

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Em 29 de agosto, quando o Datafolha divulgou pesquisa apontando que Marina Silva bateria Dilma Rousseff por 10 pontos em eventual 2º turno disputado por ambas (leia aqui), um conhecido comentou comigo que políticos do PT haviam confirmado em off, pra ele, que pesquisas internas do próprio partido, naquele mesmo período, davam resultado idêntico. "Então ferrou", me lembro de ter comentado. Porém, contra todas as minhas (ultra-pessimistas) expectativas, a explosão da boiada pró-Marina parece estar sofrendo, agora, um refluxo. Ontem, o Datafolha soltou nova pesquisa (leia aqui) mostrando que agora, num 2º turno disputado entre Marina e Dilma, a primeira alcançaria 47% e a segunda, 43% - o que, num levantamento com margem de erro de dois pontos para cima ou para baixo, configura empate técnico. Parece que, após o fluxo de rejeição contra a atual presidente da República ter atingido a crista da onda no mês passado, há um refluxo também significativo dos que estão considerando com mais atenção o que seria um governo de Marina Silva. E, como bem observou o camarada Nicolau em seu excelente texto postado ontem (leia aqui), se cristaliza "a chance, cada vez mais uma certeza, de Aécio Neves ser o primeiro tucano fora da disputa desde 1989, o que é ainda mais interessante". Oremos ao Senhor!

quarta-feira, setembro 10, 2014

Eleições, bancos e jogadas pelas pontas

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Ficou assim: Dilma à esquerda, Aécio à direita e
Marina no meio, piscando pro eleitorado dos dois
Incorrendo orgulhosamente no vício das metáforas futebolísticas, o cenário político no Brasil hoje está parecendo um Corinthians e Palmeiras em final de campeonato. O santista e o são-paulino podem se refestelar no sofá de casa, apreciar a partida e secar qualquer dos lados, enquanto os envolvidos diretamente roem as unhas e mal conseguem entender o que se passa em campo.

É minha sensação: se eu morasse no Uruguai, estaria tomando uma Nortenha e me preparando para apertar um legalizado baseado com ávido interesse pela política do gigante vizinho. Como analista político, temos uma eleição bem jogada, com novidades interessantes, reviravoltas, suspense até o final – e temperada duas vezes por um plebiscito popular pela reforma política que rearticula e mostra a força do campo progressista. Como brasileiro de esquerda (e eleitor de Dilma, digo logo para evitar mal-entendidos), bate um enorme medo de retrocessos.

A eleição presidencial começou se mostrando um passeio no campo para a candidatura petista. A presidenta Dilma Rousseff enfrentava níveis de aprovação perigosos, mas liderava com folga sobre dois concorrentes que não empolgavam. Aécio Neves e Eduardo Campos não conseguiam galvanizar a aparente insatisfação do eleitorado, que não é bem com o governo ou com o PT, mas um reflexo do grito “contra tudo que está aí” que esteve entre os inúmeros brados de Junho de 2013. Havia um eleitor em busca de uma saída para mudar sem retroceder no que já conquistou com os governos petistas.

A trágica morte de Campos trouxe a opção que faltava: Marina Silva, a única política de projeção nacional que teve seus índices nas pesquisas elevados após as Jornadas de Junho. Com uma linda história pessoal de superação, trajetória de esquerda e uma aura de outsider da política que construiu nos últimos anos (mesmo estando toda a vida adulta a fazer política, vai entender...), ela apareceu como uma opção para empunhar o discurso do “novo” que as ruas cobram.

A linha condutora do discurso é o fim da polarização entre PT e PSDB, carta que já foi usada por Celso Russomanno e Gabriel Chalita em São Paulo. Acena com um governo dos “bons”, sem o intermédio dos partidos políticos, corruptos por excelência no entender geral. Assim, acabaria com as negociatas ao escolher os melhores de cada partido, de cada campo social. Na prática, ela precisaria também acabar com os conflitos inerentes a qualquer sociedade: patrões e empregados decidiriam de bom grado sobre aumentos salariais, latifundiários e sem-terra estariam de acordo sobre a reforma agrária, PM e moradores das favelas entrariam em paz automaticamente, brancos e negros fechariam questão sobre as cotas nas universidades.

O discurso esconde os conflitos sociais, o que permite a Marina não se posicionar sobre eles. É despolitizante e enganoso, pois restringe esses conflitos aos partidos, como se as divisões partidárias não existissem para representar as divisões da própria sociedade – e eu nem citei o Marx aqui ainda pra falar em luta de classes. Nesse sentido, é interessante que muitos dos eleitores de esquerda de Marina sejam aqueles que criticam o PT por flexibilizar (eles talvez dissessem vender) bandeiras históricas e fazer alianças com partidos de direita em nome da governabilidade. A fala de Marina não é um recuo no processo de peemedebização dos partidos brasileiros, mas antes um passo adiante nesse caminho.

E no meio da geleia, apresenta propostas de esquerda ao lado da direita mais perigosa. Fala em aumentar gastos com segurança, com saúde, com o meio ambiente. E fala em aumentar o superávit primário (grana que o governo separa antes de qualquer outra despesa para pagar juros da dívida), em independência para o Banco Central (leia-se terceirização aos banqueiros) e medidas drásticas para conter a inflação. É uma conta que não fecha, não dá pra cortar e aumentar gastos ao mesmo tempo. 

Os marineiros chamam esse tipo de denúncia sobre as posições econômicas da candidata de “discurso do medo”, mas não estamos falando do desconhecido aqui. Essas medidas foram usadas no Brasil e em toda a América Latina durante os anos 1990, a era de ouro neoliberal, e tiveram sempre o mesmo resultado: recessão econômica, menor crescimento, desemprego, queda nos salários. Se não lembra, basta olhar a situação de países europeus como Espanha e Grécia, todos vítimas do mesmo receituário. Dá medo sim, mas não é um mero discurso, é uma análise histórica.

Pelas pontas

Bom, mas o fato é que a entrada de Marina foi o fato novo que chacoalhou a eleição. A partir daí, a possibilidade de Dilma descer a rampa do Planalto tornou-se extremamente concreta. E também se cristalizou a chance, cada vez mais uma certeza, de Aécio Neves ser o primeiro tucano fora da disputa final desde 1989, o que é ainda mais interessante.

As duas candidaturas começaram a se mexer em busca do eleitorado perdido, cada uma a seu modo. Aécio falou em “mudança segura”, chamou FHC e outros tucanos para seu programa eleitoral, garantiu Armínio Fraga, queridinho do tal “mercado”, esse deus hoje já sem tantos adoradores, no ministério da Fazenda em seu governo, declarou que há “exageros” no seguro-desemprego brasileiro. Ou seja, quis mostrar ao eleitorado conservador que a opção correta é ele, um direitista de carteirinha e tradição. Não aceite imitações.

De sua parte, Dilma também aumentou o tom, mas pela esquerda: falou em regulação econômica da mídia (saída encontrada contra as ridículas acusações de “censura”), defendeu claramente plebiscito e constituinte para a reforma política, a criminalização da homofobia. Em seu programa de TV, atacou duramente as medidas neoliberais da economia prometidas por Marina e Aécio e contrapôs claramente os interesses dos bancos e da população. Uma agenda de esquerda, buscando os votos progressistas que apoiam Marina – em especial os dos trabalhadores mais pobres.

Ou seja, a entrada de Marina empurrou a eleiçaõ para as pontas: Aécio para a direita e Dilma para a esquerda. E estamos falando aqui das propagandas eleitorais, que costumam ser muito pouco sinceras. Se olharmos as publicidades do PT e do PSDB em eleições passadas, na maior parte do tempo elas falam de platitudes por educação, saúde e sei lá mais o que. Consensos, sem dizer com muita clareza onde querem chegar. É na prática dos governos que as diferenças aparecem, que os apoios sociais de desnudam e fica claro o caráter programático e ideológico dos dois partidos, PT mais para a esquerda, PSDB mais para a direita. O discurso político – no melhor sentido da palavra, o das opções e alianças para governar – só apareceu em momentos chave, em geral no segundo turno, como na eleição de 2006, quando Lula jogou as privatizações no colo de Alckmin.

É um efeito muito positivo de uma candidatura muito perigosa, principalmente por suas opções econômicas, que podem por a perder os ganhos sociais que tivemos nos últimos 12 anos. Além dos investimentos em infraestrutura, que Dilma ampliou muito, e das políticas de desenvolvimento, como a opção por compras nacionais no pré-sal e os juros subsidiados para certos setores – que Eduardo Gianetti, um dos gurus de Marina, já disse que devem sumir, o que significaria na prática o fim do Minha Casa Minha Vida, dos financiamentos via BNDES, do Pronaf e outros programas na mesma linha.

Mas deixando de lado as críticas, há fatores muito interessantes na candidatura Marina, a maioria trazidos pelo movimento original da Rede Sustentabilidade. Incluir a questão ambiental no modelo de desenvolvimento inclusivo que queremos é importante. Mais ainda, a Rede congrega pessoas que têm uma visão interessante sobre as demandas por maior participação popular nas decisões públicas. Fortalecer essa parcela da base marinista é um avanço para o país. Sem falar na escanteada que o PSDB - logo, a direita neoliberal orgânica - está levando nessas eleições. Que a Rede (ou pelo menos essa parte central dela, que prescinde de Marina) cresça e encontre uma voz própria na economia, e que não seja tão atrelada aos bancos.

segunda-feira, setembro 08, 2014

Fófis

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sexta-feira, setembro 05, 2014

Leituras de cabeceira

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Flagramos o que estão lendo Marina Silva e Márcio França, companheiros de PSB:


quarta-feira, setembro 03, 2014

Política - Primeiros passos

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Nos tempos em que o debate político parece ter sucumbido ao ódio grosso e bruto, elogiar o governo federal - e, por associação (mesmo que involuntária), Dilma Rousseff e o PT - pode ser tarefa inglória e mesmo arriscada em determinados estratos sociais. Décadas de linchamento midiático maciço e diário, somado ao conservadorismo renitente, à ignorância e ao preconceito de classe, além de outros males, mesquinharias e baixezas da natureza humana, cozinharam um caldo virulento que borbulha mais feroz do que nunca. Na classe média despolitizada e suscetível ao noticiário tendencioso e aos discursos mais tacanhos e reacionários, há um policiamento agressivo contra possíveis "petistas", que passaram a encarnar tudo o que existe de pior no mundo, únicos responsáveis por tudo o que de ruim acontece neste país. Como disse, não se trata mais de política. É ódio. Uma explosão de ódio.

Minha filha Liz, de 12 anos, estuda em uma escola particular onde 90% dos alunos pertencem exatamente a essa classe média despolitizada e obediente ao coro anti-petista da mídia. Qualquer menção à Dilma, Lula ou PT provoca vaias, xingamentos e atitudes agressivas por parte de crianças que não fazem ideia alguma sobre o que estão hostilizando - apenas reproduzem e amplificam, de forma simplória, a atitude beligerante de seus pais e/ou responsáveis. É óbvio que, da mesma forma, as crianças que não agem assim, como a Liz, não são, necessariamente, "petistas" (ou filhas de "petistas" - como se isso fosse crime!). Mas, como nos tempos da ditadura, o simples fato de não tomarem parte nas manifestações de ódio, ou de não apoiá-las e incentivá-las, as colocam sob "suspeita". Nesta sociedade extremista e intolerante, se você não odeia o que eu odeio, então deve ser odiado também.

Liz é esperta e, como "ponto fora da curva" em sua turma, sabe manter a cautela. Prova disso ocorreu semana passada, quando ela me trouxe, toda orgulhosa, uma redação sobre a Copa do Mundo de 2014 que mereceu a maior nota da classe. O texto, elogiado pela professora, começava com o seguinte parágrafo:

A preparação da Copa foi ótima. Disseram que o dinheiro da Copa devia vir para escolas e hospitais. Eu concordo com isso, pois em vez de investir na população, investiram no futebol que é importante também, mas nem tanto quanto a população.

Ou seja, ela utilizou o principal chavão midiático para condenar o mundial de futebol realizado no Brasil. Mas eu, que já tinha ouvido a Liz reclamar muitas vezes desse coro anti-Copa, desconfiei. E minhas suspeitas se confirmaram: folheando um de seus cadernos, encontrei, escrita a lápis, a versão original do texto:

A preparação da Copa foi ótima. Disseram que o dinheiro da Copa devia ir para escolas, hospitais. Mas eu não concordo com isso, pois a Copa já tinha sido decidida que ia ser no Brasil e o dinheiro para a Copa é separado do da educação e o da saúde porque são assuntos diferentes.

Compreendi o que havia acontecido. Com receio de atrair o ódio irracional que fermenta raivoso nesses tempos de campanha eleitoral, Liz mudou a argumentação. Consternado, eu a chamei para conversar e apoiei sua atitude. Comentei que também já passei por esse tipo de situação e que sei o quanto é triste quando evitamos expressar nossas opiniões. Mas que é exatamente essa pressão, essa coação, que nos incentiva, no futuro, a não ficar quietos, a ter coragem para marcar posição - sem receios. Também aproveitei para elogiá-la porque, mesmo sem ter consciência disso, ao evitar um confronto desnecessário em momento desfavorável, ela tinha tomado uma decisão estratégica e política. Isso serviu para exemplificar que, mesmo que a gente não queira, é impossível se relacionar em qualquer grupo - familiar, de amizade, escolar, profissional ou comunitário - sem tomar decisões políticas, o tempo todo. Dizer "não gosto de política" é o mesmo que "não gosto de respirar".

O papo terminou com um longo abraço entre pai e filha. Um ato simbólico de adesão solidária e, por que não?, partidária. Um ato de união de convicções. Um ato político.

terça-feira, setembro 02, 2014

Retratos da campanha: em time que está ganhando... Ganhando?

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Dizem que o da esquerda (posição não ideológica) é humorista, mas o da direita tem feito muita gente rir nos últimos tempos...

segunda-feira, setembro 01, 2014

Tiririca "polemiza" com Marina Silva

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O atual deputado federal e palhaço nas horas vagas Tiririca (PR-SP) resolveu polemizar com a presidenciável Marina Silva (PSB), mas de forma sutil e elegante, sem citar a candidata. Em um post publicado no dia 30 de agosto, o parlamentar escreveu: "dizem q sou burro mais pelo menos sou a favor do pre-sal que vai trilhões para educação... tem uma que quer tirar isso do brasil!!"



Tiririca se refere à alegada intenção da pessebista de reduzir a importância do pré-sal na produção energética brasileira, reportada por matéria do jornal O Globo e não desmentida pela candidata. No programa de governo de Marina, no capítulo referente à energia, não há menção ao papel do pré-sal.

Por lei, 75% dos royalties e 50% do fundo social do pré-sal estão destinados para a educação. Além disso, estados produtores que fizeram intenso lobby no Congresso para não deixarem de ganhar recursos com a exploração do petróleo também não devem estar muito satisfeitos com a ideia de Marina.



sexta-feira, agosto 29, 2014

Se candidato a presidente fosse cerveja

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Escolher um candidato com base em suas propostas é um bordão adotado de quatro em quatro anos por todo mundo, da Justiça Eleitoral aos próprios postulantes, passando por idealistas e por metade da torcida do Flamengo. A segunda máxima do "voto consciente" é analisar a história de vida dos postulantes aos cargos eletivos, como se a trajetória da turma fosse tão acessível e transparente.

Escolher a cerveja em um bar é mais simples. O cidadão posicionado, na mesa ou no balcão, pergunta as opções. Ouve, pensa, mede preço e informações previamente adquiridas (experiências anteriores com o produto, o que os amigos e parentes disseram, o que andam falando em mídias sociais, a propaganda que promete a quem degustar aquele rótulo mais e mais amigos, mulheres, dinheiro, glorias e fama, não necessariamente nesta ordem etc.).

Candidato a presidente é uma coisa. Cerveja é outra.

Mas um teste-cego pode surpreender.

Para analisar as propostas sem pender para o lado que o eleitor já estava torcendo, uma startup chamada Projeto Brasil divulga agora um game para ser usado no navegador que permite tanto comparar as propostas quanto fazer um teste-cego entre as ideias (geniais ou não) dos candidatos.

A parte do comparativo das propostas ladeia dois ou mais postulantes conforme suas propostas agrupadas por grandes temas.




No caso do teste cego, a ferramenta traz uma frase descontextualizada e pede que o usuário classifique de uma a cinco estrelas. A medida que vai respondendo, um ranking das avaliações das propostas dos candidatos vai se formando em uma coluna à direita da tela.


A proposta em tela é de Marina Silva

O máximo que pode acontecer é você descobrir que é o eleitor-modelo do Rui Costa Pimenta (PCO) ou, pior, do Levy Fidélix (PRTB).

Foi ali que aprendi que Mauro Iasi (PCB) defende estatizar todo o sistema financeiro. E que Pastor Everaldo (PSC) prega respeito ao direito de lucro e ao dever de responsabilização privada dos prejuízos. Com o tempo, a expectativa é mapear a avaliação da proposta por região geográfica do país e quetais.

No caso de teste-cego de cervejas, a internet é pouco útil, exceto para divulgar resultados.

Se candidato a presidente fosse "peguete"

Outro aplicativo divertido de campanha eleitoral é o "Voto x Veto". Tudo em clima de Tinder, aquele aplicativo que mostra fotos de pessoas com quem você, talvez, quereria ou poderia querer se relacionar afetivamente (no sentido amplo).

O "Voto x Veto" faz isso com propostas dos presidenciáveis. Você só descobre o autor depois de votar (concordar) ou vetar (discordar).

Pela comparação com o Tinder, é um jeito de escolher candidato como se fosse "peguete" em tempos de smartphone.

Sem olho no olho, sem pegar criança no colo nem comer sanduíche de mortadela.