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Só, somente só (Santosfc) |
Ao fundo, dois atleticanos tentam levantar após dribles de Neymar |
O generoso Miralles homenageia Felipe Anderson (Santos FC) |
Miralles fez o segundo (Ricardo Saibun/Santos FC) |
Mais um gol de placa para a coleção de Neymar |
Meninos salvam a noite do Santos |
Santos 10 X 0 Naviraiense, Copa do Brasil 2010. Muito mais engenho e arte que o jogo de hoje...
Sempre ele. (Santosfc) |
Que pena, Ganso... (Ricardo Saibun / Santosfc.com.br) |
Peixe não nadou na chuva (Santos FC) |
Meninos curtem a casa (Ricardo Saibun/Santosfc.com.br) |
Boas recordações para o santista. Farão igual? (Twitter) |
A Seleção Brasileira de futebol de campo bateu a Coreia do
Sul por 3 a 0 na tarde desta terça-feira e se classificou para a semifinal dos
Jogos Olímpicos. Aquele apressado trabalhador que viu só os primeiros minutos
da peleja achará improvável que tal placar tenha sido atingido. A Coreia
começou o jogo em cima do Brasil, marcando a saída de bola e criando boas
chances. Ajudada, sempre, pela fragilidade da defesa e do goleiro canarinhos.
Foi divertido assistir a dois jogos simultaneamente, como pedem datas em que coincidem semifinais de duas competições de relevância distinta. Sorte que manteve-se a regra de a Globo exibir um jogo, da Libertadores da América, enquanto a Band exibia o da Copa do Brasil.
Enquanto o Corinthians tratava de surpreender o Santos na Vila Belmiro com um golaço, achado por Emerson Sheik, o Palmeiras conseguiu, em cinco minutos finais, fazer mais do que nos 270 de atuação anteriores.
Quem fez menos do que esperavam santistas e claque de admiradores foi Neymar. É o primeiro apagão da minha contagem. A queda da iluminação na Vila Belmiro, o segundo, bem menos determinante para o andamento da partida -- embora tenha esfriado ainda mais o ímpeto da equipe da casa.
O terceiro apagão mencionado no título foi do Grêmio. Por conta dessas questões paralelas que a turma costuma chamar de "trabalho", foi a primeira partida do tricolor gaúcho que pude assistir no ano, de modo que fica difícil ter referência para saber se o futebol que a trupe de Vanderlei Luxemburgo já fez mais do que o exibido na noite de quarta-feira, 13, no Olímpico.
O esquema com três zagueiros implantado por Luis Felipe Scolari pode ter desempenhado papel relevante nessa, digamos, "neutralização". Mas é muito cedo para considerar que essa solução retranqueira é a melhor -- atualmente, em se tratando de Palmeiras, se houver "solução", ela estará mais para "única" do que para "melhor".
O fato é que foi bem impressionante o time gremista desaparecer nos minutos finais de partida. Foi quando Mazinho conseguiu fazer o primeiro gol do Palmeiras, em um chute em que o meia mal olhou para o goleiro adversário: só chutou e conseguiu pôr a bola por entre as pernas do arqueiro. Fez as vezes de talismã, depois de introduzido no jogo na vaga de Daniel Carvalho aos 39 do segundo tempo,
numa típica manobra de consumir uns minutinhos na reta final da partida e
acalmar a cadência dos movimentos.
No finzinho, Barcos marcou o segundo, em cruzamento de Junhinho, a quinta jogada de linha de fundo do lateral; a primeira a terminar com um cruzamento feliz e certeiro. Durante o jogo, as duas bolas atiradas em direção à meta do goleiro Víctor foram as que entraram. As outras chances de algum perigo foram para fora. Por isso o apagão do Grêmio é relevante.
Se haverá repetição ou inversão dessa escuridão toda nas partidas de volta, só será possível saber na quarta-feira, 20. Até lá, o melhor é comemorar enquanto há motivos verdes para isso.
Não são só os zagueiros que querem pegar Neymar |
Sem Libertadores,
Brasileirão ou Copa do Brasil, o jeito foi o torcedor se conformar
com o amistoso entre a seleção e os Estados Unidos. Uma vitória
por 4 a 1 que diz algumas coisas, mas que não traduz bem o que foi a
partida. Ainda mais se levarmos em conta que o pênalti dado ao
Brasil e que conferiu a vantagem aos visitantes logo aos 11 minutos
foi pra lá de duvidoso.
Vamos pro basquete, vai... |
A partida valia pelas
oitavas de final da Libertadores de 2003. O Santos havia saído na
frente na Vila Belmiro, contra o Nacional de Montevidéu, mas sofrera
o empate aos 38 do primeiro tempo. Três minutos depois, uma falta
pelo lado direito do ataque uruguaio, daquelas que pedem um
chuveirinho na área. Mas O'Neill chuta direto e Fábio Costa falha.
Silêncio na torcida. O arqueiro peixeiro, minutos depois do lance,
ainda sente e permanece estático, semi-ajoelhado no gramado. Quando
a bola pára, o lateral esquerdo Léo vê a cena, atravessa o campo,
estende as mãos para o goleiro (que, diga-se, não costumava ter
atitude similar com companheiros de time) e o ergue, incentivando o
atleta a voltar à partida. A torcida vai junto com Léo, carrega o
goleiro no colo e, na decisão por penalidades, Fábio Costa, que
nunca foi pegador de pênaltis, defende três e o Peixe se classifica
para as quartas.
A História vai dizer
que Léo foi coadjuvante nessa peleja, mas a cena dele apoiando seu
companheiro nunca me saiu da cabeça. Não é só o atleta, é o tal
do caráter, aquela coisa de você olhar a atitude do cara e pensar
que poderia ter alguém assim do lado quando pisou na bola naquela
vez... E justamente ele, que penou pra chegar lá, foi dispensado por
Felipão no Palmeiras em 1999. O técnico não aprovaria um atleta de
1,66 m de altura e Léo, por destino, fez carreira no Alvinegro a
partir do ano 2000.
Tornou-se campeão
brasileiro pelo Santos em 2002, fez o gol de empate do time contra o
São Paulo, na segunda partida das quartas de final, e marcou o tento
da vitória contra o Corinthians, na peleja derradeira da
finalíssima. E de pé direito. Foi para a seleção brasileira,
venceu a Copa das Confederações de 2005 e partiu para o Benfica.
Voltou em 2009. Guerreiro, para a torcida. Deus, para o amigo Olavo.
Quem diria que seria o personagem decisivo da vitória peixeira
contra o Vélez Sarsfield, na partida desta quinta, siando da
reserva.
Os três e os do fundo eram um só (Foto Santosfc) |
O Santos entrou em
campo (debaixo de muita chuva) com o time reserva, sendo que cinco
jogadores fizeram sua estreia com a camisa alvinegra. No caso, com o
terceiro uniforme, a camisa azul. Gerson Magrão e Bernardo já estão
na Vila há tempos, mas só agora puderam jogar. Galhardo e David
Braz, que vieram do Flamengo na negociação com Ibson, e Ewerton
Páscoa, que no fim de semana passado enfrentava o Peixe jogando pelo
Guarani, foram os outros debutantes.
Mesmo com a esperada
falta de entrosamento, o Santos fez rodar a bola e trocou muitos
passes, mantendo a redonda sob seu domínio a maior parte do tempo.
Felipe Anderson exerceu uma nova função, revezando na ala direita
com Galhardo, um expediente que Muricy Ramalho usou bastante no São
Paulo em outros tempos. Tanto um quanto o outro levaram perigo no
apoio na primeira etapa, mas também sofreram com as investidas de
Lulinha por aquele setor.
Bernardo levou perigo
nas cobranças de escanteio. Em duas delas, quase saiu o tento
santista. Borges chamou a atenção pela disposição. Correu,
marcou, desarmou, deu opção ao ataque saindo pelos lados... Mas
quando a bola esteve na zona onde tem o atacante tem conforto, na
área, ele não conseguiu conferir por duas vezes na etapa inicial.
Já na segunda etapa, o
Bahia voltou com mais disposição, pegando mais no meio de campo e
explorando também o lado esquerdo da intermediária peixeira. E
começaram as baixas do visitante. David Braz já havia saído no
primeiro tempo com lesão, e Galhardo também pediu para sair antes
da metade do segundo tempo. Os donos da casa fizeram uma blitz
durante quase dez minutos, logo depois dos 22, mas não furaram a
defesa alvinegra. Na frente, Borges, e principalmente Renteria, não
seguravam a bola na frente e eram presa fácil dos zagueiros da Boa
Terra.
As oportunidades
peixeiras, enfim, surgiram quando a partida também começou a pesar
para os tricolores. E aí apareceu Borges. Por duas vezes ele teve a
chance de dar a vitória ao time B, ambas na cara do goleiro, mas
desperdiçou as duas. Em que pese todo seu esforço na peleja,
mostrou o porquê de estar na reserva.
Léo, mesmo cansado, aguentou o ritmo da jogo até o fim (Santos FC) |
Por que um título como o de hoje, um Estadual que muitos dizem desprezar
(embora seja fato que, se seus times ganhassem, a história seria
outra), consegue me emocionar? Não foram dois jogos parelhos na
final, o Santos mostrou sua superioridade técnica diante de um
Guarani valente, brioso, mas inferior. Mas não são só as duas
partidas que contam o que foi esse título. Trata-se de história,
história... O Santos se tornou hoje tricampeão (três vezes campeão
de forma consecutiva) do campeonato estadual mais disputado do país.
Um feito que, da última vez que foi conseguido, os donos da bola
eram Pelé, Edu, Carlos Alberto Torres, Clodoaldo, Lima, Rildo,
Toninho Guerreiro, Ramos Delgado... De lá pra cá, nenhum rival
conseguiu tal feito.
Quando o tri vem, e remete àquele esquadrão sessentista, lembro de Eduardo
Galeano, que disse, em
uma entrevista concedida a mim e ao amigo Nicolau: “Mas
a história é uma senhora que caminha devagar. É preciso ter
paciência. O resultado dessa articulação de vozes não aparece em
um ou nem mesmo em dez anos.” Essa tal de História, que caminha às
vezes em passos muito mais curtos do que desejamos, pesava e chegava
a assombrar quando eu era adolescente e vivia um jejum de títulos.
Mas ela andou, lentamente, deu as caras com aquele Giovanni mágico
de 1995, saiu um pouco mais da penumbra quando saímos da fila com
Diego e Robinho em 2002, e chegou a seu apogeu com esse espetacular
Neymar, que comanda um elenco valoroso que tem em Ganso outra estrela
que brilha de forma irregular, mas que faz sonhar quando traz luz aos
gramados.