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segunda-feira, abril 27, 2015

Obdulio Varela uniu o time campeão mundial de 1950 em bar uruguaio - e se arrependeu em bares brasileiros

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No cartaz do filme, o chute de Ghiggia
Ontem assisti, finalmente, o documentário "Maracanã" (ou "Maracaná", como grafam e pronunciam os uruguaios), sobre a Copa do Mundo de 1950, de autoria de Sebastián Bednarik e Andrés Varela. Foi uma revelação, para mim, descobrir o quanto Obdulio Varela, capitão da Celeste, foi absolutamente determinante em toda a campanha vitoriosa dos portenhos, da fase preparatória ao título. Até então, eu achava que ele tinha sido fundamental apenas na partida decisiva, considerada uma das maiores "zebras" da história do futebol mundial em todos os tempos, quando comandou como um leão raivoso seus companheiros a uma virada absurdamente improvável. Mas o documentário narra uma responsabilidade muito mais significante e abrangente desse mulato, filho de uma lavadeira negra, na maior conquista futebolística (e, por que não, patriótica) do Uruguai.

Obdulio usava sobrenome materno
Aliás, o orgulho que o jogador tinha de sua mãe e do sacrifício que ela fez em sua infância miserável era tão grande que ele não usava o sobrenome do pai, Muiños, mas o materno, Varela. Criado nas ruas de Montevidéu, Obdulio tinha um temperamento "chucro", zangado e determinado, com cara "de poucos amigos", que impunha temor e respeito. Caráter determinante para que liderasse, em 1948, uma inédita greve dos jogadores de futebol no Uruguai, que durou mais de sete meses, até que os clubes concedessem as reivindicações que extinguiram um regime profissional quase que escravocrata imposto até então. Porém, como era de se esperar, o líder grevista Obdulio ficou marcado - e foi afastado da seleção. Só que, às vésperas do Mundial do Brasil, a Celeste estava muito mal, com jogadores fora de forma, desunidos, sem comando e sem dinheiro. A ressaca da greve de 1948 era forte - e eles iam passar vexame.

O então presidente Luis Batlle Berres
Todos imploraram para que Obdulio voltasse à seleção, mas, orgulhoso, ele negou. Foi preciso que o próprio presidente do Uruguai na época, Luis Batlle Berres, fosse atrás dele para convencê-lo. "Tenho 36 anos e não tenho nada. Só peço um emprego", impôs Varela. "Terá", garantiu Batlle. E a primeira tarefa do "jefe" (chefe), como era chamado, foi extinguir de uma vez por todas as desavenças no elenco que iria à Copa. Muitos dos atletas tinha furado a greve de 1948, e eram desprezados e evitados pelos outros. Um deles era Matías Gonzales, o zagueiro que seria peça crucial e considerado um dos melhores jogadores do torneio. Obdulio Varela chamou todo mundo para um bar, em Montevideu, e, no meio dos "inimigos", sentenciou: "Chega disso. Nós somos todos uruguaios e vamos ganhar a Copa juntos. Agora, cerveja pra todos, amigos". O grupo se uniu e criou um vínculo patriótico ali.

Diário do Rio: 'O Brasil vencerá!'
O resto é mais ou menos conhecido. Obdulio comandou reações "impossíveis" como o empate em 2 x 2 com a forte Espanha e a virada heróica na vitória por 3 a 2 sobre a Suécia (ambos os jogos no Pacaembu), e praticamente "obrigou" seus colegas a virarem o jogo contra o Brasil no Maracanã lotado com mais de 200 mil pessoas, sendo que o anfitrião tinha a vantagem do empate e abriu o placar. Na véspera da decisão, o jornal carioca Diário de Notícias havia estampado um pôster da seleção brasileira com o título: "Eis os campeões do mundo!" No local onde estavam hospedados, os jogadores uruguaios aguardavam a partida já com uma sensação de dever cumprido, de que "fomos longe demais, está muito bom; se o Brasil ganhar será apenas a lógica". Obdulio abriu a porta do quarto onde estavam e jogou o jornal violentamente contra a parede. "Leiam!", ordenou.

Augusto (à esquerda) e Obdulio Varela
Naquele momento, os defensores da Celeste ficaram "com o sangue nos olhos", como se diz atualmente. Aliás, dizem que, segundos antes de começar o jogo, ao cumprimentar o capitão brasileiro, Augusto, e notar seu sorriso de "campeão", Obdulio teria dito a ele, rangendo os dentes: "Vais llorar lágrimas de sangre"" ("[Você] Vai chorar lágrimas de sangue!"). Depois que o Brasil fez 1 x 0 no início do segundo tempo, com o atacante Friaça, o capitão uruguaio resolveu intervir diretamente. Berrou aos companheiros: "Nós, uruguaios, entramos em campo para ganhar ou ganhar!" Até ali, o lateral-esquerdo brasileiro Bigode vinha fazendo marcação implacável sobre os atacantes da Celeste que caíam pelo seu setor, com entradas duras. Depois de mais uma delas, recebeu um "tapinha" intimidador de Obdulio, que vociferou em sua cara, com os olhos faiscando: "Calma, muchacho!"

Bigode levou 'tapinha' e murchou no jogo
Bigode murchou completamente e Ghiggia passou voando por ele duas vezes, primeiro para dar a assistência ao empate uruguaio, num chute forte de Schiaffino, e depois para marcar o gol que ficará entalado eternamente na garganta e na alma de toda uma nação. A vitória uruguaia era tão estapafúrdia e inacreditável que o presidente da Fifa (e idealizador das Copas do Mundo), Jules Rimet, ficou parado com a taça na mão, no meio do campo, sem saber o que estava acontecendo nem o que fazer. Quando ele deixou as tribunas para pegar o túnel que o levaria ao gramado, o Brasil vencia o jogo e a multidão brasileira urrava em delírio. Ao subir para a premiação, viu jogadores do Uruguai pulando, brasileiros chorando e os 200 mil torcedores em absoluto - e assustador - silêncio. O documentário mostra Obdulio literalmente arrancando a taça das mãos de Rimet, que permaneceu mudo e abestalhado. Nada daquilo estava no script.

Tragédia: brasileira chorando no Maracanã
Sem dinheiro e abandonados (porque, prevendo derrota, metade dos dirigentes da seleção uruguaia tinha embarcado de volta ao seu país antes da decisão!), os heróis da Celeste não tiveram direito nem a um jantar da vitória. Precisaram fazer uma "vaquinha" do próprio bolso para comprar salgadinhos e cervejas para a modesta comemoração em um quarto de hotel. Mas houve uma ausência: de temperamento completamente diferente dos companheiros, Obdulio Varela saiu pela noite do Rio de Janeiro, sem ser reconhecido, para tomar cerveja sozinho nos bares cariocas. Conforme relataria em seu país, ficou assombrado com o tamanho do desespero dos brasileiros que afogavam as mágoas naquela noite. Porque, para ele, tinha sido apenas um jogo de futebol, e haveria outros, para possível desforra. "Se eu soubesse a dor que causaria a essa gente tão boa, não teria ganhado o jogo", diria mais tarde, ao recordar que, em muitos bares, abraçou bêbados e chorou junto com eles.

ASSISTA O DOCUMENTÁRIO:

 


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terça-feira, abril 14, 2015

Pra 'roubar' técnico alheio, que fosse Marcelo Oliveira

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Sabella, como jogador do Grêmio-RS
Enquanto Carlos Miguel Aidar prossegue soltando bravatas (vide episódio "peixada") e aguarda resposta de Alejandro Sabella até sexta-feira pra definir o novo técnico do São Paulo, o auxiliar e treinador interino Milton Cruz simboliza a improvisação e a falta de planejamento da atual diretoria sãopaulina. Caso o argentino recuse a proposta, Cruz será efetivado no cargo mesmo contra sua vontade, na base do "se não tem tu, vai tu mesmo". Sabella, que nos anos 1980 foi jogador do Grêmio-RS, trabalhou como auxiliar de Daniel Passarella em sua malfadada passagem no Corinthians, em 2005, e treinou a Argentina na Copa de 2014. Como técnico, venceu a Libertadores de 2009 com o Estudiantes de La Plata. Mas de concreto sobre a troca de comando no Morumbi, até o momento, apenas o descarte de dois nomes que têm compromisso com outros clubes: Vanderlei Luxemburgo, técnico do Flamengo, e Abel Braga, indicado por Muricy Ramalho, que diz ter acordo com um time árabe.

Ainda bem. Fora o fato de ser totalmente condenável assediar funcionários alheios, nem o "pofexô" nem Abelão me pareciam dignos de uma transação tão desesperada. Se fosse pra investir alto, pagar multa e sofrer a pecha de "roubar" técnico de outro time, na minha opinião, que fosse logo o Marcelo Oliveira! Óbvio que o bicampeão brasileiro nem de longe pensa em abandonar tudo o que construiu no Cruzeiro, mas, já que "sonhar não custa nada", que fosse ele em vez de Luxa ou Abel. Oliveira é, para mim, um dos dois melhores técnicos brasileiros, ao lado de Tite - e ambos poderiam muito bem estar treinando nossa seleção.

Milton Cruz em figurinha de 1978
Enquanto nada se decide, o auxiliar e treinador-tampão Milton Cruz se vê na - nem um pouco invejável - "sinuca de bico" de ter que classificar o São Paulo para a próxima fase da Libertadores e, logo em seguida, enfrentar o "indigesto" Santos na semifinal do Paulistão (no alçapão da Vila Belmiro e em jogo único eliminatório). A primeira "pedreira" será contra o Danubio, amanhã, em Montevidéu, com obrigação de vitória. E um detalhe curioso: pesquisando na inFernet sobre Milton Cruz, descobri que foi lá, no Uruguai, há mais de três décadas, que seu destino cruzou justamente com o do citado Marcelo Oliveira. Lá, os brasileiros jogaram juntos.

Nascido em Cubatão, Milton foi um centroavante que começou jogando em um time chamado Comercial, em Santos (cidade onde enfrentará a segunda "pedreira" desta semana, no próximo domingo). Depois de passar pelo Aliança, de São Bernardo, chegou ao juvenil do São Paulo em 1975, aos 18 anos. Na temporada seguinte, foi o artilheiro do Campeonato Paulista de Aspirantes, com oito gols, o que o credenciou a subir para o time profissional. Logo de cara, integrou o elenco tricolor que conquistou o Brasileirão de 1977, derrotando, na decisão, o Atlético-MG - onde jogava Marcelo.

Marcelo, como atacante do Atlético-MG
Mas a grande chance de Milton surgiu quando Serginho Chulapa, o maior artilheiro da História do São Paulo, pegou um ano de suspensão após ter chutado a canela de um bandeirinha. O garoto de 20 anos entrou em seu lugar e marcou 14 gols no Brasileirão de 1978. Mas Chulapa voltou no ano seguinte e Milton foi emprestado ao Dallas, dos Estados Unidos, e ao Guadalajara, do México, antes de desembarcar no Nacional do Uruguai, onde jogou entre 1980 e 1983. E foi lá que, no penúltimo ano de sua passagem, partilhou a linha de ataque com o Marcelo, dois anos mais velho. Foi jogando pelo Nacional, aliás, que os dois começaram a ser chamados como Cruz e Oliveira, pois os uruguaios costumam tratar os jogadores pelo sobrenome (veja seus nomes na reprodução de um pôster logo abaixo).

Mineiro de Pedro Leopoldo, Marcelo chegou ao Atlético-MG aos 14 anos, em 1969, e foi efetivado como profissional três anos depois pelo técnico Telê Santana, que havia levado o Galo ao título do Brasileirão de 71. O jovem atacante disputou os Jogos Pan-Americanos de 1975 e a Copa América, além das eliminatórias para a Copa da Argentina. Em 1977, era titular do Atlético-MG invicto que, nos pênaltis, perdeu a decisão do Campeonato Brasileiro para o São Paulo no Mineirão. Depois de ser vendido ao Botafogo-RJ em 1979, Marcelo comprou seu passe o alugou para o Nacional do Uruguai, em 1982 - onde jogou com Milton.

Ataque do Nacional em 1982, com Milton (centro) e Marcelo (à direita)

Depois do Nacional, Marcelo Oliveira jogou ainda por Desportiva-ES e América-MG, onde encerrou a carreira, aos 30 anos, em 1985. Como treinador, iniciou nas categorias de base do Atlético-MG, e passou por CRB, Atlético-MG, Ipatinga, Paraná, Coritiba, Vasco e, desde 2013, Cruzeiro. Já Milton Cruz jogou pelo Internacional-RS, pelos pernambucanos Sport, Catuense e Náutico, pelos japoneses Yomiuri e Nissan e pelo Botafogo-RJ, onde encerrou a carreira em 1989, aos 32 anos, como campeão carioca - título que encerrou um jejum de 21 anos do time da estrela solitária. Em 1997, Milton Cruz assumiu o posto de auxiliar técnico no São Paulo. De lá pra cá, assumiu o comando da equipe principal em 27 oportunidades - sempre como "tampão", entre um técnico e outro. Foram 13 vitórias, 6 empates e 8 derrotas. Seus maiores feitos foram um empate em 1 x 1 com o Universidad, no Chile, durante a campanha vitoriosa da Libertadores de 2005, e a vitória por 3 x 0 sobre o Red Bull Brasil, anteontem, que botou o São Paulo na semifinal do Paulistão. O futuro, a Deus pertence...

Marcelo e Milton, em 1982: 'bola dividida' dos atuais técnicos do Cruzeiro e do São Paulo

quarta-feira, abril 08, 2015

Conhecendo os dois, terminou em cachaça...

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Em foto postada há pouco na página oficial de Lula no Feicibúqui, o time de deputados constituintes de 1988 antes de uma pelada em Brasília. Aécio Neves está agachado bem em frente ao Barba, que, de braços levantados, sinaliza o número de caixas de cerveja necessárias para o pós-arranca-toco.


Som na caixa, manguaça! - Volume 85

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LÁ SE VAI O CAMPEONATO


Domingo, chegou o grande dia
Meu time nas finais, uma tarde de alegria
No boteco, com os camaradas
A cerveja lidera a invasão da arquibancada!

Olê!Olê!Olê!Olê!......

Nossa torcida cumpre seu papel
Cantamos e cantamos, nosso time lá no céu
A defesa é como uma muralha
Nosso ataque corta como uma navalha!

Olê!Olê!Olê!Olê!......

O jogo segue empatado
O adversário luta e por isso é respeitado
E então um pênalti é marcado
Vamos ao deliro, chacoalhamos o estádio!

Olê!Olê!Olê!Olê!......

A tensão congela nossas almas
E o nosso atacante corre para a bola
O nervosismo estampado nos seus olhos
O chute muito alto e a bola vai pra fora!

Olê!Olê!Olê!Olê!......

O empate não é nosso resultado
Um pênalti perdido, lá se vai o campeonato!
A raiva nos toma o coração
Queremos quebrar tudo, mas beber é a opção

Olê!Olê!Olê!Olê!.....

Cantando, vamos para o bar
Lembrar as nossas glórias, a mágoa afogar
Apesar da alegria, ninguém pôde esquecer
Que o maldito campeonato, acabamos de perder!

(Do CD "Canções de batalha", gravadora TRREB, 2004)




terça-feira, abril 07, 2015

Problema de saúde, identificação com o clube, possível volta, até logo, até breve (Parte II)

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"Infelizmente, tem um problema com meu irmão em São Paulo, tá adoentado e o ano passado eu perdi minha mãe, que cuidava dele. (...) Eu acho que é um até logo, porque isso aqui é minha casa, né. Um dia eu devo voltar pra cá." - Muricy Ramalho, em 30/06/2002, logo após sagrar-se bicampeão pernambucano e despedir-se do comando do Náutico (veja vídeo abaixo, a partir de 02:41).


"Já comecei o ano com um problema sério, né. Acho que nem ficaria até agora. Fiquei, realmente, porque é o São Paulo, é o time que eu realmente me identifico. (...) Pode acontecer de eu estar voltando aqui, como não? Com certeza, foi por isso que eu disse um 'até breve'. Porque a gente ainda tem a esperança de, quem sabe, um dia, voltar ao clube." - Muricy Ramalho, em 07/04/2015, ao se despedir do comando do São Paulo pela terceira vez (veja vídeo abaixo, a partir de 01:36).




segunda-feira, abril 06, 2015

Muricy não completará 500 jogos como técnico do SPFC

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Desânimo: para Muricy, já deu a hora
A derrota por 2 a 0 para o Botafogo de Ribeirão Preto marcou o 474º jogo de Muricy Ramalho como treinador do São Paulo, em sua terceira passagem pelo clube (segundo levantamento divulgado pela TV Bandeirantes). Restariam, portanto, 58 jogos para igualar Vicente Feola, o recordista, que treinou a equipe 532 vezes. Mas isso dificilmente vai ocorrer. Aliás, nem perto dos 500 jogos Muricy deverá chegar, mesmo tendo contrato até dezembro deste ano. Depois da entrevista que o desanimado, desolado e irreversivelmente abatido treinador concedeu após a derrota de ontem, parece claro que seus dias - ou melhor, jogos - estão contados no São Paulo: "A gente se sente envergonhado (...) Já estou bem arrebentado com minha saúde, não aguento mais" (leia clicando aqui). Esse "não aguento mais" parece um desabafo de milhões de sãopaulinos que escapou pela garganta de Muricy, involuntariamente. E eu estou entre aqueles que nem colocam a culpa nele, pois o buraco é (muito) mais embaixo. Mas seu prazo de validade, sem dúvida, já expirou.

Se der a lógica futebolística, o Red Bull eliminará o São Paulo nas quartas-de-final do Paulistão, no próximo fim de semana. O time de Campinas vem embalado e, recentemente, derrotou o Palmeiras e empatou com o Corinthians - rivais que superaram o Tricolor sem fazer muito esforço. E a polêmica sobre jogar ou não no Morumbi nem faz diferença, pois ano passado a eliminação no estadual, para o Penapolense, ocorreu justamente diante da própria torcida. Na Libertadores, tendo que decidir a "vida" contra o Corinthians, melhor nem falar nada... O problema nem é esse. Tirando o exercício de "palpitologia", o que me faz visualizar a guilhotina caindo sobre o São Paulo e, consequentemente, sobre Muricy, é a "falta de tudo" no time da capital. Falta de esquema tático, de padrão de jogo, de entrosamento, de jogadas ensaiadas, de sistema defensivo, de saída de bola, de laterais, de armadores, de atacantes, de líderes, de finalizações objetivas, de técnica, de ânimo, de garra. Falta de tudo, mesmo. Este início de temporada está perigosamente semelhante ao de 2013, quando o clube afundou em crise aguda e quase foi rebaixado no Brasileirão.

Juvenal levou clube ao fundo do poço
Naquela época, Muricy retornou e, inegavelmente, foi quem salvou o São Paulo da degola. Porém, aquele alívio imediato camuflou um mau sinal: técnico que começa a ser chamado pra salvar time de rebaixamento raramente retorna ao patamar dos que brigam por título. Pior: não dá pra brigar por título, a curto prazo, em um clube totalmente desestruturado, que precisa recomeçar do zero. O fundo do poço onde o São Paulo chegou em 2013, resultado da gestão desastrosa de Juvenal Juvêncio, foi um aviso aos sãopaulinos mais conscientes de que ainda vai levar muito tempo para a equipe voltar a brigar de igual pra igual com os grandes. Essa conversa fiada da diretoria de "melhor elenco do Brasil" e de que há "obrigação de ganhar título" é, mais do que delírio e prepotência, um grande engodo. É má fé. Coitado de quem acredita nisso. Carlos Miguel Aidar e Ataíde Gil Guerreiro são dois embusteiros, que vivem de bravatas ridículas, num estilo parecido ao do Juvenal. Acorda, torcedor! O clube não tem patrocinador master há quase um ano! Já  começou a atrasar salários! A torcida sumiu do estádio! A diretoria está rachada e nem consegue chegar a um acordo para reformar o (anacrônico) Morumbi! Estamos f*! Essa é a realidade.

Vejam o desnível em relação aos dois outros rivais da capital, que ostentam arenas novas e modernas, capazes de atrair todo tipo de evento e de patrocínio, e lotam as arquibancadas todos os jogos. Fora os milhões de reias da Caixa, para o Corinthians, e da Crefisa, para o Palmeiras. O São Paulo não chega nem perto (e nem longe) de vislumbrar algo parecido e, quanto mais o tempo passa, mais a situação se agrava. E isso, lógico, tem reflexo em campo. Dá a impressão de que, quando a maionese começa a desandar, não tem quem segure. Muricy até tentou tomar alguma iniciativa. Pediu e recebeu dois laterais, Bruno e Carlinhos, com quem trabalhou no Fluminense. Considerei positivo, pois são posições-chave para o sucesso de qualquer esquema tático e, há anos, o clube não acerta nessas contratações. Não por acaso, os dois chegaram e já assumiram a titularidade. Só que, péssimos, foram parar no banco de reservas. Muricy pediu zagueiro. Veio Dória, e só por seis meses. Tirando a contusão que o deixou quase dois meses fora, também não disse ao que veio.

Souza não está jogando porcaria nenhuma
Muricy pediu Dudu para o ataque. Veio Johnathan Cafu. Pediu um volante ofensivo. Veio Thiago Mendes. Nenhum deles é titular, longe disso. E os que já estavam no elenco, e que fizeram um bom segundo turno no Brasileirão do ano passado, "sumiram" em campo - comprovando que Kaká foi, realmente, o grande responsável pelo rendimento coletivo da equipe naquela época. Atualmente, creio que a maioria da torcida não se importaria nem um pouco se fossem afastados do time titular - ou negociados definitivamente - Souza, Ganso ou Pato. Sim, Souza! Foi pra seleção mas não tá jogando nada, nada, nada. O "maestro" (!) Ganso, para mim, não serve nem para ficar no banco de reservas. Nem Alan Kardec e Luís Fabiano, que, contundidos, já vão ser desfalques para o treinador, de qualquer maneira. Duvido que alguém gostaria de ter, em seus times, algum dos zagueiros do São Paulo: Rafael Toloi, Lucão, Edson Silva ou Paulo Miranda (Dória já vai sair e Breno é mistério). E os laterais? Horríveis. Sobra vaga até para o mediano Hudson jogar improvisado. Os volantes são fracos, sofríveis. Em resumo: com que limões Muricy faria uma limonada?

Com nenhum. Por isso o treinador troca peças, incentiva novatos, improvisa esquemas, treina jogadas e... nada! Nada. O time do São Paulo, hoje, é isso: nada vezes nada. E o técnico, pra (não) variar, vai pagar o pato. O Pato, o Ganso e toda a turma de "estrelas" improdutivas e inúteis. Que, na minha opinião, a diretoria força para que estejam sempre em campo. Não tem técnico que aguente, mesmo. Se Muricy cair após prováveis fracassos no Paulistão e na Libertadores, antecipo aqui meu muito obrigado. É injusto que, após tantas vitórias e alegrias que deu para o São Paulo, seja responsabilizado por tanto vexame.


POST SCRIPTUM:

Duas horas e 15 minutos após a publicação do texto acima, caiu a notícia:




segunda-feira, março 30, 2015

A inesgotável criatividade nordestina

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'Ão, ão, ão, Caça-Rato é seleção!'
Depois que o atacante Flávio Caça-Rato foi apelidado como CR 7 pela torcida do Santa Cruz, pois, além de ter as mesmas iniciais, também usava o número de camisa do atual melhor jogador do mundo, Cristiano Ronaldo, os nordestinos voltaram a aplicar sua inesgotável criatividade no futebol. No fim de semana, foram definidos os semifinalistas da Copa do Nordeste: o Bahia enfrentará o Sport, e o Ceará, o Vitória. Mas o melhor é que esse torneio, habitualmente conhecido como Nordestão, foi apelidado agora, pelos torcedores, de Lampions League (Liga do Lampião), que brinca com o nome da principal competição europeia.

Lampião, o 'Rei do Cangaço'
A frescagem repercutiu lá fora e, numa reportagem do correspondente Tales Azzoni para a Associated Press, os estrangeiros foram informados que o apelido do torneio nordestino faz "referência a Lampião, um conhecido e popular herói local da década de 1920, que permanece simbólico à região". Ao lado do cearense Padre Cícero e do pernambucano Luiz Gonzaga, o também pernambucano Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, completa a tríade de nordestinos míticos. Considerado o "Rei do Cangaço", seu apelido deriva da lenda espalhada por seus comandados de que ele era capaz de atirar tão rápido que o cano da espingarda se "iluminava", de tão aquecido.

Camiseta criada pelos torcedores
Voltando à Copa do Nordeste, o apelido Lampions League pegou de tal forma que, além do gibão de couro na cabeça, muitos torcedores estão indo ao estádio com camisetas ostentando o nome fictício da competição. E, para completar a (maravilhosa) "esculhambação", foi composto e gravado até um tema para a "Liga", com típicos instrumentos nordestinos, cuja versão emenda o hino oficial da competição Europeia. Até me lembrei da paródia de "Quero voltar pra Bahia", de Paulo Diniz, que um cunhado meu cantava nos anos 1970: "Eu já falei pra minha tia/ Eu vou jogar de beque no Bahia". Bahia que pode conquistar a sensacional Lampion's League.


OUÇA O 'HINO' DA LAMPIONS LEAGUE:




quinta-feira, março 19, 2015

Sofredores

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Sãopaulino reza, reza, reza...
O torcedor do Corinthians sempre se orgulhou de ser "sofredor", no sentido de que grande parte de sua imensa torcida integra as classes econômicas mais humildes. Mas, de 2009 pra cá, esse adjetivo pode ser aplicado também ao torcedor do São Paulo, só que, desta vez, no sentido futebolístico da expressão. Ser sãopaulino e acompanhar os jogos do Tricolor, nas últimas seis temporadas (contando com esta), é conjugar o verbo sofrer em todas as suas declinações. Tirando uma dúzia de atuações convincentes, contra equipes realmente fortes, nestes últimos seis anos, o resto foi de vitórias contra times mais fracos e sofrimento - muito sofrimento! - em todos os momentos em que o time precisou decidir alguma coisa. Nem na decisão da Copa Sul-Americana de 2012, único título do período, deixamos de sofrer. O adversário argentino (Tigre) recusou-se a voltar para o segundo tempo, sob alegação de que havia sofrido agressões, e os sãopaulinos viveram minutos intermináveis de tensão até o juiz encerrar o jogo e confirmar a vitória brasileira. Sufoco, sempre sufoco...

Sofrer: rotina de 2009 para cá
Aliás, falando em mata-mata, a coleção de decepções é vasta: no Paulistão, três semifinais seguidas perdidas para o Santos (entre 2010 e 2012), duas para o Corinthians (2009 e 2013) e até para o Penapolense (2014)! Na Copa do Brasil, passamos vexame contra Avaí (2011), Coritiba (2012) e Bragantino (em pleno Morumbi, 2014). Aliás, falando em perder jogos decisivos em casa, o São Paulo conseguiu a proeza, também, de ser eliminado da Sul-Americana, diante da própria torcida, pela Ponte Preta (2013) e pelo Atlético Nacional (2014). Na Libertadores, o sofrimento sempre é contra times brasileiros, e isso já há nove anos: perdemos para o Internacional (2006 e 2010), Grêmio (2007), Fluminense (2008), Cruzeiro (2009) e Atlético-MG (2013). Perdemos a Recopa de 2013 para o Corinthians. Já nos pontos corridos, batemos na trave e terminamos como vice do Brasileirão em 2009 e 2014. Nas duas oportunidades, tivemos rodadas ou confrontos diretos em que uma vitória deixaria o título bem encaminhado. Mas perdemos ou empatamos. E morremos na praia.

Tá difícil torcer pro São Paulo
Fora isso, quase fomos rebaixados no Brasileirão de 2013, naquela que talvez tenha sido a pior temporada do São Paulo em 84 anos de existência. Mas o mais grave, e o que mais incomoda, de 2009 pra cá (curiosamente, entre a saída de Muricy Ramalho e sua volta), é a extrema dificuldade de formar um time de verdade. De fazer com que o torcedor saiba de cor e salteado a relação dos 11 titulares. De ter um padrão técnico, tático e estratégico. De ter zagueiros confiáveis, laterais indiscutíveis, volantes marcadores e bons apoiadores, meias efetivos e artilheiros, atacantes unânimes. De cabeça, só consigo me lembrar de dois momentos em que conseguimos ter um time realmente definido: no fim de 2012, quando Ney Franco fixou o esquema com dois pontas e um centroavante (mas Lucas era peça fundamental e, quando saiu, tudo desmoronou); e em 2014, quando Muricy alcançou um estilo de jogo coletivo (mas que dependia de Kaká e, quando ele se foi, tudo desmoronou de novo). Nas outras temporadas, vimos só indefinição, improviso, irregularidade.

Ufa! Só Michel Bastos salva!
Ontem, a vitória contra o San Lorenzo foi outro "show de sofrimento" para a torcida sãopaulina. Como esse time de 2015 sofre para chutar no gol adversário! Sempre que pega adversário forte (Santos, Corinthians, San Lorenzo), a dificuldade de articular jogadas pelo meio ou pelas laterais e de emplacar algum contra-ataque rápido é assustadora. Quando os zagueiros ou os volantes recebem a bola de Rogério Ceni, não sabem o que fazer com ela. Não existe qualquer planejamento para a saída de bola. Invariavelmente, ela bate nos laterais ou nos meias e retorna para a defesa, que dá um chutão e rifa a bola para a frente. Não há qualquer jogada ensaiada para o tradicional "um dois" entre laterais e pontas e deles com os atacantes que caem pelo meio. Aliás, os laterais não têm ideia do que fazer na maior parte do tempo e tanto marcam quanto atacam mal. Ganso joga pessimamente; Luís Fabiano fica só assistindo, sem ação. Para sorte dos sãopaulinos, o clube é o "da fé". E, apelando para o "Muricybol" (20 bolas alçadas na área), só Michel Bastos salva... Ufa! Quanto sofrimento, meu Deus! Até quando? Até quando...



Cerveja sim, mata-mata não!

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Neste país, todo avanço parece estar condicionado a algum retrocesso, e  vice-versa. Vejamos: a comissão de clubes formada recentemente para debater a volta do sistema mata-mata (retrocesso) no Campeonato Brasileiro discutirá também a retomada da venda de cerveja nos estádios (avanço). Assim como, há pouco mais de uma década, tivemos a adoção do sistema de pontos corridos (avanço) e, como contrapartida, a proibição da venda de goró nos estádios (retrocesso). Ou seja, a gente  muda para depois voltar a ser tudo como antes. Bonito isso.


sexta-feira, março 13, 2015

O futebol encaretou

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Será que a Itaipava levou Sheik a parar de beber?
No programa Globo Esporte de hoje, da famigerada "Vênus Platinada", o atacante corintiano Emerson Sheik fez questão de declarar (o grifo é meu): "Festa nunca mais! Eu tomava minha cerveja, mas já estou há dois meses sem beber" (leia aqui). Uma frase na medida para ficar "de boa" com a torcida - a mesma que, há cerca de um ano e meio, reagiu furiosamente depois da postagem de uma foto em que o jogador dava uma "bitoca" num amigo, episódio que colaborou decisivamente para que fosse emprestado ao Botafogo-RJ no ano passado. De volta ao Corinthians, Sheik recuperou a confiança do técnico Tite, apesar de causar alguma dor de cabeça à diretoria, como quando chega atrasado aos treinos. Porém, mesmo assim, vem apresentando um bom futebol neste início de temporada. E esse é o cerne da questão: o que importa se o jogador bebe ou não a sua cervejinha nas horas de folga? Sou daquela opinião de que, se o cabra corresponder em campo, ninguém tem nada com sua vida pessoal. Mas hoje, com as torcidas organizadas patrulhando "baladas" noturnas (e a imprensa esportiva dando cada vez mais espaço pra esse tipo de pauta "revista Contigo"), os jogadores procuram passar a imagem de "bons moços". Dando declarações como a de Emerson Sheik ao Globo Esporte, por exemplo.

Sócrates, nos tempos de jogador, brindando cerveja
Coisas como essa me levam a pensar no quanto o futebol encaretou de uns 20 ou 30 anos pra cá. Quando eu era moleque, nenhum dos grandes craques escondia que tomava sua cervejinha - e, quando apareciam na TV fazendo churrasco ou roda de samba, todos ostentavam um copinho na mão. Como o Júnior, do Flamengo, o palmeirense César Maluco, o sãopaulino/santista Serginho Chulapa, o Careca (que conta que bebeu com os torcedores logo após a conquista do Brasileirão de 86), sem falar no Renato Gaúcho, Romário & cia. ilimitada. Mas o ícone máximo, neste "quesito", era mesmo o Doutor Sócrates, "guru informal" e sintético do Futepoca. Tá certo que o Magrão, a exemplo de outros casos tristes como os do Canhoteiro e do Garrincha, sucumbiu ao alcoolismo e morreu disso, depois de parar de jogar. Mas, nos seus tempos de Corinthians e de seleção brasileira, nunca deixou de corresponder em campo, mesmo mantendo o hábito de beber e fumar - e publicamente, à vontade, em qualquer situação. Por isso mesmo, ao contrário dos jogadores de hoje, tinha a coragem de peitar todo tipo de patrulha, da torcida e da imprensa. "Não querem que eu beba, fume ou pense? Pois eu bebo, fumo e penso. Fui para a avenida brincar, bebi direitinho. Não fico me escondendo para fazer as coisas", afirmou, à revista Placar, logo após o Carnaval de 1986. Prestem atenção: "bebo e penso". Ah, bons tempos! Velhos tempos, saudosos tempos...


terça-feira, março 03, 2015

O fim da longa estrada da vida

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José Rico e seu estilo único, inconfundível
Morreu hoje um dos meus maiores ídolos: José Alves dos Santos, o JOSÉ RICO, da famosa dupla com Milionário (Romeu Januário de Matos). Com 68 anos, não resistiu a uma parada cardíaca, depois de ter sido internado ontem, em Americana (SP), ao passar mal durante uma partida de futebol (aliás, o gosto dele por esse esporte ia muito além de disputar "peladas": chegou a construir uma mansão no formato da Taça Jules Rimet). Zé Rico é o autor de um dos maiores hinos populares do país: "Estrada da vida", que virou até filme, em 1981, no auge da fama da dupla, batizada como "Os Gargantas de Ouro do Brasil". Naquela época, Milionário e José Rico fizeram shows no México, no Japão e na China. Ainda hoje, mesmo quem não gosta de música caipira (ou sertaneja), já deve ter ouvido em algum lugar, pelo menos uma vez, os versos: "Nesta longa estrada da vida/ Vou correndo e não posso parar/ Na esperança de ser campeão/ Alcançando o primeiro lugar". Pra quem insistir em dizer que não conhece, segue a gravação original desse clássico:


Pelo menos para mim, um caipira do interior de São Paulo (mais precisamente de Taquaritinga, região de Ribeirão Preto), essa e muitas outras gravações da dupla estão eternamente fixadas nas memórias mais longínquas da minha infância, com a profusão de cornetas mexicanas como pano de fundo para os gritos do Zé Rico - "Ui-ui-ui! Farrúpa!  Zuuummm! Alôôôô! Uuuuiiiii! Rí-rí-rí!" - e os "provérbios" que ele costumava "declamar" no meio das músicas, segurando um dos ouvidos com a mão: "É isso aí, amigo! Enquanto você descansa, a gente carrega mais um caminhão de pedra!". Digam o que quiserem, mas Zé Rico foi uma das figuras mais originais e peculiares do nosso cenário artístico, um personagem único, algo comparável a Raul Seixas - e comparável mesmo, pois a dupla com Milionário possui uma legião de milhões de fanáticos por todo o Brasil. Como o Emerson Pereira, meu amigo dos tempos de faculdade, com quem eu costumava fazer o dueto de "Taça da amargura", música que batizou a república de estudantes onde morávamos:


Me lembro também de uma festa numa quitinete onde morei, em Ribeirão Preto, aos 18 anos, em que o vinil "Volume 4" de Milionário e José Rico era um dos únicos disponíveis, e tocou a madrugada inteira na pequena sonata de plástico, embalando os casais que já se agarravam (mesmo os que tinham preconceito contra a dupla). Pra mim, apesar de não gostar de música sertaneja, Zé Rico está acima de qualquer preferência ou preconceito. É um dos "puros", dos "autênticos", imune a rótulos e desdéns. Numa entrevista ao site Clube Sertanejo, ele resumiu as origens da dupla: "Eu sou nordestino, nasci no sertão pernambucano [em São José do Belmonte], me criei no cantinho do Norte do Paraná, na cidade de Terra Rica, onde recebi o nome de José Rico. Aí, vim pra São Paulo, encontrei com Romeu, formamos a dupla e começou a luta". Luta que rendeu fama, dinheiro e sucessos estrondosos. Minha gravação preferida, que tocou naquela noite em Ribeirão, é essa:


É emblemático - e nada gratuito - o Zé Rico falar em "luta", pois, pela origem, pelo nome e pelo apelido, trata-se de um legítimo BRASILEIRO, um Garrincha da música. Um gênio - ainda que incompreendido por muitos que defendem o temível e subjetivo "bom gosto". E termino esse post (triste pelo Zé Rico, e com a certeza de que derrubarei um gole de cachaça pra ele), reproduzindo mais um trecho da citada entrevista ao site Clube Sertanejo (o grifo é meu): "Nós tivemos a sorte e felicidade de, quando praticamente não se vendia disco, ultrapassar as expectativas. E hoje é mais difícil, através de outros intercâmbios. Mas dá pra ir tocando. Mais uma vez, eu afirmo: aqueles que se dedicaram com respeito e amor permanecem". JOSÉ RICO PERMANECERÁ. "Farrúpa! Zuuuuuummmmm..."



LEIA:

Enterro de José Rico reúne multidão e causa tumulto em Americana (SP)


P.S.1: Só pra acrescentar a tag "Política" ao post, vídeo recente do José Rico:


P.S.2: E a tag "Futebol" se justifica também por este outro vídeo, de 31/12/2014:




quinta-feira, fevereiro 19, 2015

A vingança é um prato que se come... após 1 ano

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Em janeiro de 2014, Muricy Ramalho botou o meia Jadson na geladeira no São Paulo, expondo o jogador publicamente ao dizer que ele havia começado aquela temporada "mal preparado". E disparou, de forma grosseira: “Se não estiver satisfeito, vá embora. Aqui, ninguém está fazendo favor ao São Paulo. Todo o mundo é pago para trabalhar". Jadson não pensou meia vez: arrumou suas trouxas e fechou contrato com o rival Corinthians pouco depois, no início de fevereiro, numa negociação que teve como contrapartida o empréstimo do atacante Pato para o clube do Morumbi.

Após um bom início no time corintiano, com gols e assistências, Jadson caiu de produção no segundo semestre do ano passado, mesma época em que Pato vivia boa fase no rival - fato que levou muitos precipitados a afirmar que o São Paulo tinha levado a melhor na polêmica transação. Com a saída de Mano Menezes e a volta de Tite neste início de 2015, o roteiro de Jadson parecia repetir o da temporada anterior. Preterido no time titular por Lodeiro, o ex-sãopaulino chegou a ser sondado pelo Flamengo. Porém, como o meia uruguaio acabou se transferindo para o Boca Juniors, Jadson ficou.

Ficou, virou titular absoluto e começou o Paulistão e a pré-Libertadores "voando baixo", como diz o jargão futebolístico. Mas nada se compara à atuação que teve ontem, no Itaquerão, na estreia da fase de grupos da competição continental. Com um passe magistral e decisivo para Elias abrir o placar, e uma finalização perfeita no segundo gol (ainda que tenha havido falta de Sheik no início da jogada), Jadson destruiu o São Paulo e humilhou o mesmo Muricy que o havia "enxotado" do Morumbi há um ano. A vingança é um prato que se come frio. Ainda assim, para o meia corintiano, foi saborosíssimo.


'O CARA' - Ainda que Jadson, Elias e Ralf tenham feito uma partida perfeita, na técnica, na tática e na raça, e que Felipe, Danilo e Sheik também mereçam (muitos) aplausos pelas suas atuações, "o cara" do Corinthians é, sem sombra de dúvida, o técnico Tite. A equipe compacta, com forte marcação, toques rápidos e múltiplas opções de saída de bola e de contra-ataque, como era a da Libertadores de 2012, voltou. E voltou mais forte, na minha opinião. Se Guerrero tivesse jogado, creio que o prejuízo sãopaulino teria sido maior. Uma injustiça Tite não ter assumido a seleção.

SEM NOÇÃO - Entrar com uma formação nunca testada, com três volantes, num clássico dessa importância, foi uma pisada na bola incontestável de Muricy Ramalho. Michel Bastos na lateral também foi algo "sem noção", bem como as substituições feitas. O resultado foi que o São Paulo praticamente não deu um chute a gol, sequer, e Cássio saiu com o uniforme limpo. Mas quero, aqui, concordar com a observação do colunista Marcio Porto, do jornal Lance!: o time teria perdido o jogo com qualquer formação titular, pois não sabe o que fazer quando pega a bola. E o Corinthians sabe. Muito bem.

TRÊS ZAGUEIROS - O São Paulo não sabe o que fazer porque não tem saída de bola. Quando Rogério Ceni não dá chutão lá pra frente, ele toca para a zaga ou para os volantes, que não têm opção alguma a partir daí. O motivo é que o time não tem laterais de ofício, mas "alas", que ficam lá na frente, isolados, esperando a bola. Quando os adversários anulam Souza e Ganso (palmas para Ralf e Elias!), a equipe de Muricy "desaparece". Foi o que aconteceu. Por isso, o São Paulo deve voltar a jogar com três zagueiros, para ter opções de saída de bola e de ligação com os "alas", além de compactar mais a defesa com o meio e o ataque. Foi assim que o time ganhou quase tudo entre 2005 e 2008. E, de lá pra cá, os títulos sumiram. Com três zagueiros, o São Paulo finalizou 19 vezes contra o Bragantino. Ficou nítido que, com dois na zaga e dois "alas", Muricy não irá a lugar algum.


quinta-feira, fevereiro 12, 2015

"Tiozinhos da Vila" param no veterano Rogério Ceni

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Os comentários das redes sociais durante e depois do clássico entre Santos e São Paulo resumem desta vez o que foi o jogo. Rogério Ceni, de fato, fez a diferença a favor da equipe do Morumbi e evitou que seu time saísse da Vila Belmiro derrotado na noite desta quarta-feira.

Foi uma partida em que o Alvinegro foi conquistando espaço aos poucos. Até pouco mais da metade do primeiro tempo, o Tricolor tinha mais a posse de bola, que chegou em dado momento a uma vantagem de 62% a 38%. Os donos da casa abusavam dos passes errados, muito pelo fato de buscaram os toque mais longos, a ligação direta entre o meio e o ataque. As distâncias entre os setores da equipe ficaram visíveis nessa etapa da partida, como, aliás, em outros jogos do Santos neste campeonato paulista.

O panorama começou a mudar quando o São Paulo afrouxou a marcação pressão que fazia sobre o Peixe, passando a sofrer com as investidas de Geuvânio no lado esquerdo de sua defesa. Se o arqueiro Vanderlei demonstrou segurança ao defender finalizações perigosas de fora da área, foi o Santos que entrou pela defesa adversária, com uma jogada fantástica de Geuvânio e outro passe seu para Robinho, ambos os lances defendidos por Rogério Ceni quando os atacantes santistas já estavam dentro da área.

Se a objetividade peixeira já havia sido maior mesmo como time jogando pior que o rival, quando passou a ter mais presença no campo do São Paulo as oportunidades de gols e multiplicaram. E Ceni cresceu ainda mais. Os visitantes seguiam tocando a bola, mas não conseguiam articular jogadas incisivas de ataque. Ganso teve atuação apagada, confirmando a escrita de não jogar bem contra seu ex-clube na Vila. Michel Bastos se movimentou, mas pouco criou, e à frente, Luis Fabiano e Evandro (depois Alexandre Pato) foram em boa parte do tempo presas fáceis para a defesa, mesmo quando os donos da casa passaram a dar mais espaço perto do final do jogo. 

Em uma peleja de alta intensidade, os veteranos, ou “tiozinhos da Vila”, sentiram. Ricardo Oliveira perdeu ótima chance por não conseguir avançar em um contra-ataque; Renato desperdiçou um rebote de Ceni finalizando em cima do goleiro, ajudando o arqueiro a se consagrar ainda mais, e Robinho também não aguentou o retorno até o meio de campo, algo que o jogo passou a exigir que fizesse. E também chutou pra fora em finalização feito de dentro da área, dando a nítida impressão de cansaço.
Destes, só Renato permaneceu até o final, na questionável opção de Enderson Moreira, que preferiu sacar Lucas Lima e colocar Elano em campo. Mas é fato que o jovem meia também estava exaurido, muito por conta da marcação que passou a fazer no lado direito da intermediária no segundo tempo.

O técnico fez a opção por uma partida mais cautelosa, algo compreensível, já que o adversário manteve a forte base de 2014 e o Santos ainda precisa de mais condicionamento físico e entrosamento. De qualquer forma, sabendo que a equipe vai contar com Gabriel, Caju e Thiago Maia, que retornam da seleção sub-20, o elenco fica um pouco mais encorpado e o torcedor começa a ter mais esperanças do que o final de 2014 sugeria. No entanto, o meio de campo precisa marcar melhor atrás e acertar com mais precisão a transição para o ataque.

No primeiro teste real da temporada, o Alvinegro foi quem teve mais finalizações certas, mostrando que pode lamentar o 0 a 0. No total, foram doze contra cinco. Contando que ainda houve um pênalti evidente em Ricardo Oliveira não marcado pelo árbitro Leandro Bizzio Marinho, que estava a poucos metros do lance, o torcedor peixeiro pode reclamar com mais vontade. Mas, para uma equipe em formação, as notícias parecem boas.

Corinthians vai bem na pré. Agora, começa a Libertadores

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Elias, dois gols na quase-Liberta,só na infiltração (Rodrigo Coca/Ag. Corinthians)
Pronto, o Corinthians passou pelo Once Caldas. Deixada para trás a zica, começa a Libertadores 2015, num grupo pra lá de difícil – e com clássico logo de cara. O começo da temporada é interessante, tanto pelos resultados quanto pelo futebol jogado até aqui. Para comecinho de temporada, a coisa está bacana e com umas novidades em relação ao passado de Tite.

Comecemos pelo mais óbvio: a defesa continua muito boa. E quando digo “defesa”, não falo só da zaga, mas do esquema armado pelo treinador quando o time não tem a bola. O time vem num 4-1-4-1, com Ralph de limpa-trilho na frente da zaga e uma linha de quatro meias fechando a marcação. A movimentação defensiva é muito bacana, coordenada, compacta, bem difícil de furar. E quando passa, Cássio e/ou Walter estão lá pra garantir a lavoura.

Com a bola no pé, o time tem novidades. Está tocando mais a bola, buscando tabelas curtas pelo meio e aproveitando muito bem a movimentação de Elias, que depois de um segundo semestre mais ou menos em 2014, parece estar já adaptado. As tabelas e o grande número de gols marcados até aqui são as novidades que Tite pode ter trazido até aqui de seu “ano sabático pesquisando o futebol”. Ou é só fruto da fragilidade dos adversários – calma, palmeirenses, o seu time entra nessa definição só por estar ainda desentrosado e sem muitos titulares certos para a temporada.

Um exemplo de indício dessa mudança de Tite: quando Lodeiro foi embora, ele tinha Petros, mas escolheu Jadson como substituto. O atual titular é um belo meia, com passe e visão de jogo acima da média, mas (1) marca mal e (2) volta e meia entra numas de preguiçoso que é difícil aguentar. Em outros tempos, Tite fez Douglas correr loucamente na marcação, vamos ver se repete a façanha.


A coisa está muito no começo, mas até aqui parece promissor. Vamos ver esse clássico contra o São Paulo, o primeiro da história da Libertadores. O Tricolor tem um ataque estrelado, talvez o melhor do país hoje no papel. Vamos ver como se saem as compactas linhas alvinegras.

terça-feira, fevereiro 10, 2015

Altos e baixos no mercado da zaga

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Breno foi emprestado ao Nuremberg
Apresentado como reforço da zaga sãopaulina ontem, para um curto empréstimo até o final de junho, o ex-botafoguense Dória, de 20 anos, conseguiu uma folga do "sufoco" que passava no clube francês Olympique de Marseille, onde o técnico argentino Marcelo Bielsa o ignorou ostensiva e publicamente desde que o brasileiro chegou lá, mantendo-o no banco de reservas e no time B por meses a fio. No atual elenco do São Paulo, ele não é o único a ter más recordações de passagem pela Europa. O "prata da casa" Breno, que retornou ao clube este ano, teve experiência semelhante: chegou ao Bayern de Munique com 19 anos, em 2008, e no ano seguinte foi preterido pelo técnico holandês Louis van Gaal, sendo emprestado para o Nuremberg. Após sofrer grave lesão, voltou ao Bayern e amargou uma "geladeira" que o fez entrar em depressão. Pelo o que parece, estava bêbado ao atear fogo à própria casa no final de 2011, crime que lhe rendeu três anos de cadeia na Alemanha. Agora livre, aos 25 anos, o São Paulo o ajuda a recuperar a forma e tentar um retorno ao futebol profissional.

Alex Silva atuando pelo Boa Esporte
Breno foi a maior revelação e um dos destaques da zaga sãopaulina na conquista do bicampeonato brasileiro de 2007, que terminou 22 jogos sem sofrer gols e foi vazada apenas 19 vezes em 38 rodadas. Um de seus companheiros na defesa era Alex Silva, outro que, a exemplo de Dória e de Breno, não teve uma passagem europeia das mais felizes. Quando acertou com o alemão Hamburgo, no segundo semestre de 2008, tinha apenas 23 anos. Lá, porém, passou a ser escalado pelo técnico holandês Martin Jol como volante, o que prejudicou seu desempenho e eliminou qualquer chance de integrar a seleção brasileira que disputou a Copa da África do Sul. O pior foi que, ao retornar por empréstimo ao São Paulo, em 2010, aquele futebol vistoso das duas conquistas de Brasileirão, em 2006 e 2007, sumiu. Depois da segunda passagem pelo Morumbi, jogou mal também no Flamengo e no Cruzeiro, indo depois para o Boa Esporte e o São Bernardo.

Lugano, fiasco no West Bromwich
Curioso é que o terceiro componente da bem sucedida zaga sãopaulina de 2007, André Dias, está há sete meses sem clube. Depois de quase quatro anos na equipe italiana da Lazio, rescindiu contrato e chegou a ser sondado pelo Corinthians. Está prestes a completar 36 anos e continua parado. Situação idêntica à de outro ex-zagueiro sãopaulino, Diego Lugano, desempregado desde maio do ano passado, quando pediu dispensa do West Bromwich Albion, da Inglaterra, após uma breve - e pífia - experiência. Tem 34 anos e segue desempregado. Ao sair do São Paulo, em 2006, teve boa passagem pelo Fenerbahçe, da Turquia, até 2011 - o que lhe rendeu o posto de titular e capitão da seleção uruguaia que foi a quarta colocada na Copa da África do Sul e campeã da Copa América de 2011, além de um contrato milionário com o Paris Saint Germain, logo em seguida. Foi um fiasco. Terminou no Málaga, no modesto time inglês e, agora, espera que o treinador uruguaio Diego Aguirre consiga levá-lo para o Inte-RS. Porém, depois do fracasso de Diego Forlán por lá, os colorados desconfiam...

Alex Bruno jogou pela Portuguesa
No seu período vitorioso no São Paulo, entre 2005 e 2006, Lugano dividiu a zaga com Edcarlos, Fabão e Alex Bruno. Aos 22 anos, em 2007, Edcarlos chegou com moral ao português Benfica. Também não foi feliz na Europa. Depois de passagens apagadas por Fluminense, Cruz Azul (do México), Grêmio, Sport e Seongnam (da Coreia do Sul), busca, desde 2014, uma "ressurreição" no Atlético-MG. Já Fabão tinha 31 anos quando deixou o São Paulo para jogar pelo Kashima Antlers, no Japão. Em 2008, fraturou a perna direita. A partir daí, nunca mais foi o mesmo. Seu último grande clube foi o Santos, passando depois por Guarani, Henan Jianye (China), Comercial de Ribeirão Preto e Sobradinho-DF, seu último paradeiro conhecido. Por fim, Alex Bruno, titular do São Paulo na reta final da Libertadores de 2005, permaneceu no clube até 2008, sempre como reserva. Tinha só 25 anos na época, quando começou a ser emprestado sucessivamente ao Botafogo-RJ, Figueirense, Portuguesa e Atlético-MG. Depois, foi para o Nacional (Portugal), Sport e Paraná. Disputou o Paulistão de 2014 pelo Rio Claro.


segunda-feira, janeiro 12, 2015

Clubes 'bananas' - e 'humilhados'

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"No Brasil, o neoliberalismo chegou ao futebol através da chamada Lei Pelé. (...) Supostamente para libertar os jogadores do domínio dos clubes, jogou-os nas mãos dos empresários privados. (...) Os jogadores foram transformados em simples mercadorias, nas mãos dos empresários, que reinam soberanos, assim como o mercado e as grandes empresas fazem no conjunto da sociedade. (...) Interessa aos empresários privados que os clubes sejam fracos, estejam falidos, serão mais frágeis ainda diante do poder do seu dinheiro." - Emir Sader, em artigo republicado pelo portal Carta Maior em 12/07/2014.
Sader: Lei Pelé interessa aos empresários
Sem a pretensão de estender a discussão sobre a polêmica Lei Pelé, pincei estes trechos do texto do Emir Sader porque os considero muito apropriados para ilustrar, como um comentário de perplexidade, a bizarra situação (para dizer o mínimo) exposta publicamente pela contratação do atacante Dudu, ex-Dínamo de Kiev, pelo Palmeiras. O negócio surpreendeu porque, até então, o atleta vinha sendo disputado ferozmente por dois grandes rivais, Corinthians e São Paulo - e ninguém colocava o alviverde como concorrente. Mas o que mais chamou a atenção foi o comunicado assinado e divulgado pelos empresários de Dudu, Bruno Paiva, Fernando Paiva, Marcelo Goldfarb e Marcelo Robalinho, ironizando e atacando Corinthians e São Paulo:

"A negativa ao São Paulo Futebol Clube não é fruto de qualquer questão pessoal com dirigentes da agremiação. Porém, no futebol há uma ordem natural para que os negócios fluam e tenham um desfecho satisfatório, de modo que qualquer caminho contrário a essa ordem estabelecida determina o fracasso das tratativas. Além disso, pesou a vontade de nosso cliente, que mesmo após declarar publicamente que não via no São Paulo sua melhor escolha, continuou sendo procurado insistentemente pelos dirigentes do clube."
"Por fim, sobre o Sport Club Corinthians Paulista, que também negociou conosco para contar com Dudu, não há muito o que ser dito. Apenas desejamos ao clube, em nome de sua grandeza e tradição, que o dia 07 de fevereiro chegue depressa ante ao processo latente de apequenamento que se dá dia após dia."
Neste verdadeiro "passa-moleque" veiculado pela OTB Sportes, empresa dos agentes de Dudu, a referência à "ordem natural para que os negócios fluam" diz respeito ao fato de o São Paulo ter procurado negociar diretamente com o Dínamo de Kiev, enquanto os empresários tratavam com o Corinthians. A diretoria do tricolor paulistano, por meio do vice-presidente de marketing, Douglas Schwartzman, respondeu: "É preciso deixar claro que o São Paulo nunca foi e nunca será refém de empresário. Fizemos o que é correto, que era procurar o detentor dos direitos. Empresário por intermediar, mas não tem o direito de determinar o jogador deve fazer".

Dudu queria Corinthians; foi pro Palmeiras
Só que o mais espantoso foi a ressalva de que a decisão de jogar pelo Palmeiras ocorreu após Dudu "declarar publicamente que não via no São Paulo sua melhor escolha". Na verdade, não foi bem isso o que o jogador afirmou. Ao portal Globoesporte, em notícia publicada há apenas uma semana, o atacante frisou, com todas as letras: "Quero jogar no Corinthians. Essa é a minha vontade". Ora, bolas! Como é, portanto, que os empresários de Dudu usam, num comunicado destinado a espinafrar o São Paulo, que "pesou a vontade do nosso cliente"?!? Pesou pinóia nenhuma! Pesou a GRANA oferecida pelo Palmeiras, quase o dobro do que os rivais ofereciam.

Porém, que fique claro que, quanto a esse "leilão" feito pelo atleta, não há nada de "errado" (ou tem, mas isso é outra história). Trata-se apenas da chamada "lei do mercado", que regula as coisas no neoliberalismo, como bem observou Emir Sader. Tanto o Corinthians como o São Paulo  - e todos os clubes profissionais - também já atravessaram e continuarão atravessando contratações alheias. O que causa espécie é a afronta dos empresários de Dudu ao "processo latente de apequenamento" do alvinegro paulistano. Quem são eles para falarem assim de uma agremiação como o Corinthians, um clube com o qual, até outro dia, estavam negociando? Quanta "sem-cerimônia"!

Ao provocar rival, Aidar se apequenou
"Por conta da negativa de um negócio em que ele era interessado, ele não pode dizer que o clube está apequenado. Discordo completamente das palavras. No mais, ele deve se preocupar com o jogador dele, com os negócios dele, não com o Corinthians", rebateu, "sutilmente", o diretor de futebol do alvinegro, Ronaldo Ximenes. Cabe registrar, por oportuno, que os agentes de Dudu usaram o mesmo termo soberbo e arrogante utilizado pelo presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, quando tirou o atacante Alan Kardec do Palmeiras. "A Sociedade Esportiva Palmeiras, (...) ano após ano, se apequena", disse o dirigente sãopaulino, naquela ocasião, enquanto comia bananas (foto ao lado), num espetáculo deplorável do mesmo (baixo) nível do ex-presidente Juvenal Juvêncio. Só que agora, ao perder Dudu para o Palmeiras, quem ficou com cara de banana foi Aidar...

E "bananas", cada vez mais, ficam os clubes nas mãos dos "agentes" de jogadores. "Interessa aos empresários privados que os clubes sejam fracos", já apontava o artigo de Emir Sader citado no início do post. O próprio São Paulo, em 2013, tinha em seu elenco dez (DEZ!) jogadores de um mesmo empresário, Eduardo Uram - e, não por acaso, passou bem perto de cair para a Série B do Brasileiro. E agora os clubes ainda têm de engolir desaforos em forma de comunicados oficiais, quando perdem eventuais quedas-de-braço nas contratações. E durma-se com um barulho desses!

quarta-feira, janeiro 07, 2015

Glückliches Jahr Alt! (Feliz Ano Velho!)

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domingo, dezembro 07, 2014

Desculpe aí, "Trio de Ferro"...

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... mas é bom torcer pra um time que não entrega pra prejudicar rival. Acreditem, é sim!


quinta-feira, dezembro 04, 2014

Três anos sem Sócrates: o médico era sãopaulino...

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Hoje faz três anos que perdemos Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira. O Doutor. O Magrão. Cada vez que ouvimos, hoje, algum jogador de futebol sendo entrevistado, mais falta sentimos da inteligência, conteúdo, posicionamento e consciência do velho e bom Sócrates. Paciência, vida segue. No vídeo abaixo, gravado para o programa "Fantástico", da Rede Globo, temos uma de suas últimas entrevistas, logo após sair do hospital, no fim de agosto de 2011. As complicações no fígado, decorrentes do alcoolismo, fragilizaram definitivamente sua saúde, provocando sua morte cerca de três meses depois. Mas posto esse vídeo porque, nele, a esposa de Sócrates, Kátia Bagnarelli, faz uma revelação: o médico que havia salvado sua vida, naquele momento, era torcedor do São Paulo (!). Justo o rival que o Magrão (também médico) derrotou por duas vezes, nas decisões do Campeonato Paulista de 1982 e 1983, e que teria, mais tarde, seu irmão Raí como um dos maiores ídolos. "Um sãopaulino teve que salvar a vida de um corintiano", observou Kátia à reportagem, enquanto Sócrates ria. Confiram (a partir de 1:38):