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quarta-feira, julho 10, 2013

15 motivos para os rivais gritarem 'Juvenal eterno!'

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Paulistão de 1990 ainda causa polêmica: 'herança' de Juvêncio
No dia 23 de abril de 1990, Juvenal Juvêncio encerrou seu primeiro mandato como presidente do São Paulo Futebol Clube, iniciado dois anos antes. No período, conquistou um mísero Campeonato Paulista e um vice-campeonato brasileiro, ambos em 1989. Mas sua "herança" foi bem pior. Duas semanas antes de deixar a presidência do clube, Juvêncio derrubou o técnico Carlos Alberto Silva, após uma derrota por 2 a 0 para o Palmeiras, no Paulistão. Começava ali uma sequência de 17 jogos (8 vitórias, 6 empates e 3 derrotas) - 10 partidas comandadas pelo interino Pupo Gimenes e 7 pelo novo treinador Pablo Forlán - que marcaria uma das piores campanhas do São Paulo no campeonato estadual em todos os tempos e que causa polêmica até hoje - se deveria ou não ter sido rebaixado.

Juvenal pegou carona nas glórias de Gouvêa
Pois bem. O tempo passou e, em 2003, Juvenal Juvêncio voltou à cúpula do clube, como diretor de futebol. O sucesso da gestão de Marcelo Portugal Gouvêa, com as conquistas do Paulistão, da Libertadores e do Mundial de 2005 credenciaram Juvêncio a voltar à presidência, em abril de 2006. Antes de sair, Gouvêa deixou Muricy Ramalho como técnico, que seria o principal responsável pelo tricampeonato brasileiro conquistado entre aquele ano e 2008. O São Paulo tinha um bom elenco, havia recuperado seu prestígio com duas conquistas internacionais, conseguia fazer bons negócios aos vender e comprar jogadores, estava com dinheiro em caixa e, praticamente, já dava como certo o Morumbi sediar jogos da Copa de 2014. Mas "havia um Juvenal Juvêncio no meio do caminho...". E, a partir de sua reeleição, em abril de 2008, as coisas começaram a mudar (para muito pior) no clube.

Abaixo, 15 besteiras cruciais de Juvêncio nos últimos anos, que afundaram o São Paulo e fizeram os rivais gargalharem com a campanha "Juvenal eterno!":

1 - Briga no "Clube dos 13" (2007) - Pensando ter mais poder do que de fato possuía, Juvenal Juvêncio comandou uma insurreição para tentar mudar o estatuto do "Clube dos 13", grupo de grandes clubes brasileiros criado em 1987. Juvenal fez com que São Paulo, Atlético-MG, Botafogo, Cruzeiro e Flamengo comunicassem que, a partir de outubro de 2007, atuariam em bloco dentro do grupo. Excluído, o Corinthians aproveitaria discordâncias no pagamento de cotas de TV, em 2011, para sepultar o "Clube dos 13". Antes disso, Juvenal arruinaria as chances de o Morumbi sediar jogos da Copa de 2014 ao apoiar Koff numa eleição do "Clube dos 13" contra Kléber Leite, o candidato de Ricardo Teixeira, da CBF. Ou seja, o São Paulo não ganhou nada com isso. Só inimigos. E derrotas.

2 - Briga com a Federação Paulista (2008) - Reeleito presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio decidiu brigar com o presidente da FPF, Marco Polo Del Nero. A primeira confusão ocorreu na semifinal do Paulistão de 2008. Juvenal não queria jogar no Parque Antartica (o jogo do controverso episódio do gás). Depois, em dezembro, Del Nero enviou à CBF denúncia de um suposto esquema de favorecimento ao São Paulo contra o Goiás, pela última rodada do Brasileirão (o chamado “caso Madonna”). Brigado com a FPF, Juvêncio iniciou o isolamento político que culminou na exclusão do Morumbi da Copa de 2014.

3 - Politicagem para o lado errado (2008) - Após as eleições municipais, em 2008, Juvenal chamou o vencedor Gilberto Kassab para entregar uma camisa do clube com a porcentagem de votos obtida por ele. Foi um "tapa na cara" da candidata derrotada Marta Suplicy e do PT - e um afago no então governador José Serra (PSDB), de quem Kassab era pupilo. Resultado: nem Serra nem Kassab fizeram as obras de mobilidade que poderiam garantir o Morumbi na Copa. E o PT se aproximou do Corinthians.

4 - Perda de bilheteria no Morumbi (2009) - Chateado com a iniciativa do São Paulo de disponibilizar apenas 10% da carga total de ingressos para o Corinthians em um Majestoso disputado no Morumbi, em fevereiro, o presidente do clube alvinegro, Andrés Sanchez, decidiu não mandar mais jogos no estádio. Logo depois, o Palmeiras tomaria a mesma atitude. Com isso, além de perder somas consideráveis com o aluguel do estádio aos dois rivais, Juvenal Juvêncio isolou ainda mais, politicamente, o São Paulo.

5 - Demissão de Muricy Ramalho (2009) - Tudo bem que é difícil segurar um técnico depois de seu quarto fracasso consecutivo na Copa Libertadores. Mas Muricy era tricampeão brasileiro (com responsabilidade fundamental nestes sucessos) e cumpria outras importantes funções: valorizava/revelava jogadores e indicava/barrava contratações, impedindo/consertando besteiras de Juvenal. Muricy seria campeão brasileiro pelo Fluminense e paulista e da Libertadores pelo Santos. O São Paulo, nada disso.

6 - Baciada de "reforços"/refugos (2010) - A confirmação de que Muricy freava a insanidade de Juvenal veio no início da temporada seguinte, quando, sem consultar a comissão técnica, o clube trouxe 11 "reforços" (um time inteiro!). A maioria nunca justificou o investimento: André Luis, Xandão, Alex Silva, Rodrigo Souto, Carlinhos Paraíba, Léo Lima, Marcelinho Paraíba, Fernandinho, Cléber Santana, Cicinho e Fernandão. O "balaio" sepultou a intenção do técnico Ricardo Gomes de definir um time titular.

7 - Arouca no Santos (2010) - Nessa leva de transações feitas "na baciada", Juvenal Juvêncio cometeu um dos maiores desatinos do futebol brasileiro em todos os tempos: entregou o volante Arouca, que tinha feito um ótimo Brasileirão em 2009, para o Santos - em troca do também volante Rodrigo Souto (!). Resultado: Arouca foi uma peça fundamental do time santista tricampeão paulista, campeão da Copa do Brasil e da Libertadores. E tem sido convocado para a seleção. Outra burrice foi ter liberado Jean para o Fluminense. Foi campeão e considerado um dos melhores volantes do Brasileirão de 2012. E também está na seleção. 

8 - Perda do craque Oscar (2010) - Enquanto investia dinheiro alto em uma dúzia de "craques" como Cléber Santana, Léo Lima e Marcelinho Paraíba, o São Paulo deixava de valorizar suas jóias. No fim de 2009, início de 2010, sem perspectivas de chegarem ao time de cima, quatro jogadores das categorias de base entraram na Justiça para pedir rescisão de contrato. Entre eles, o meia Oscar, que foi para o Internacional e acabou vendido ao inglês Chelsea por R$ 80 milhões. Ah, e é titular da seleção brasileira.

9 - Morumbi fora da Copa (2010) - Essa foi a derrota mais sonora de Juvenal Juvêncio nos bastidores (porque, dentro do campo, foram tantas de 2009 para cá que ficaria extenso compilar). Oficialmente, a Fifa descartou o estádio por falta de "garantias financeiras". Mas, como exposto antes, ficou claro que a briga de Juvenal com a Federação Paulista, com o "Clube dos 13" e com a CBF foram preponderantes para o clube perder o que parecia certo. Pior: o rival Corinthians ganhou um estádio novo e sediará jogos da Copa, inclusive a abertura.

10 - Reforma do estádio emperrada (2010-2015) - Juvenal tinha tanta certeza de sediar jogos da Copa no Morumbi que engatou um plano de reforma total do estádio. Na cabeça dele, com certeza entraria dinheiro do governo federal - e alguma coisa da Prefeitura e do governo estadual. Deu com os burros n'água e, hoje, enquanto assiste os rivais Corinthians e Palmeiras construírem casas novas e modernas, não tem de onde tirar R$ 300 milhões para prosseguir com uma reforma da qual não tem mais como voltar atrás.

11 - Golpe no estatuto do clube (2011) - Com a desculpa de que precisaria ser mantido no poder caso o Morumbi sediasse jogos da Copa de 2014, Juvenal articulou um golpe para permitir seu terceiro mandato como presidente do São Paulo. Em fevereiro de 2011, a oposição conseguiu uma liminar para impedir a votação no âmbito do Conselho, pois qualquer mudança estatutária só poderia ocorrer por meio de uma Assembléia Geral. Juvenal aprovou o golpe e venceu na Justiça, consolidando sua "ditadura" no clube.

12 - Debandada de profissionais (2010-2011) - A "dinastia" Juvêncio também afastou vários profissionais do São Paulo. Em julho de 2010, o fisiologista Turíbio Leite de Barros, que estava no clube há 25 anos, foi demitido. Em dezembro do mesmo ano, foi a vez do preparador físico Carlinhos Neves ser dispensado (hoje é um dos responsáveis pelo time do Atlético-MG estar "voando baixo"). Logo em seguida, em janeiro de 2011, Marco Aurélio Cunha pediu demissão do cargo de superintendente de futebol. Já em abril de 2013, o clube demitiu o fisioterapeuta Luiz Rosan, um dos criadores do Reffis, núcleo de reabilitação de ponta. O último foi o vice-presidente administrativo, Ricardo Haddad, que pediu demissão para apoiar Marco Aurélio Cunha. 

13 - Má escolha e fritura de técnicos (2009-2013) - Quando Muricy saiu, a escolha de Ricardo Gomes mostrou que, a partir dali, Juvenal só apostaria em técnicos "dóceis". Gomes não teve voz para impedir a "baciada" de contratações que inviabilizou seu trabalho. Para o seu lugar, veio o "funcionário" Sérgio Baresi, que recebia ordens até do Rogério Ceni. Depois, Carpegiani, que teve que engolir Rivaldo, outra contratação unilateral de Juvenal. Adilson Batista chegou - e saiu - sem respaldo. Aí ressuscitaram Leão, desautorizado publicamente no "caso Paulo Miranda". E Ney Franco, que aceitou calado os sete expurgos de Juvenal.

14 - Expurgo e desvalorização de jogadores (2013) - Depois de eliminações seguidas em duas competições (Paulista e Libertadores), em maio de 2013, Juvenal baniu sete jogadores do São Paulo. Entre eles, o até então titular Cortez, que custou R$ 7 milhões e, depois do expurgo, deverá ser vendido por R$ 5 milhões ao português Benfica (sendo que, no fim de 2012, teve oferta de R$ 19,5 milhões do ucraniano Metalist, recusada por Juvenal). Cañete, que custou R$ 4,7 milhões, foi emprestado à Portuguesa.

15 - Desperdício de dinheiro (2010-2013) - Somente nas últimas quatro temporadas, Juvenal trouxe 28  jogadores (sem contar o recém-chegado Clemente Rodríguez), por um custo estimado em R$ 91,9 milhões. A despesa com contratações subiu de R$ 18 milhões, em 2010, para R$ 68,6 milhões em 2012, de acordo com o balanço do clube. Em 2011, o custo foi de R$ 57,7 milhões. Paulo Henrique Ganso, contatado por R$ 24 milhões, não é nem sombra do que era em 2010. E nem merece ser titular. Luís Fabiano, que custou R$ 20 milhões, não teve proposta nem de R$ 15 milhões para sair. Só por causa disso, ficou.

Fora esses erros, ainda há o "estilo Juvenal Juvêncio" de ser. Falastrão, arrogante, preconceituoso, ridículo. O que também ajuda a entender a quantidade de bobagens feitas em sua administração e a velocidade com que conseguiu transformar o São Paulo de melhor do país em motivo de piada. Em abril de 2010, Juvenal afirmou que o time do Santos era "de médio para pequeno" (sim, o Santos que estava dando show naquela época, com Neymar, Ganso e Robinho, e que eliminaria o São Paulo por três anos seguidos na semifinal do Paulistão). Em outra ocasião, "matou" Ricardo Teixeira, dizendo que tinha posições contrárias a ele "quando ele estava vivo" (detalhe do mau gosto: Teixeira está doente). Seu preconceito também se direcionou ao estádio do Corinthians: "Para você chegar lá (Itaquera) precisa chamar o corpo de bombeiros. Se você pega a Angela Merkel, da Alemanha, ela não chega lá. Se tiver de sair, também não sai". Em 2011, tentou ofender Andrés Sanches dizendo que seu problema era "o mobral inconcluso". E voltaria à carga em 2012, chamando-o textualmente de "analfabeto".  Mas foi aí que o ex-presidente do Corinthians colocou Juvenal em seu lugar, ao recordar que "ele era presidente da Cecap em um escândalo de anos atrás". Juvenal foi dirigente da companhia habitacional Cecap (atual CDHU) quando Laudo Natel era governador - e essa foi sua ponte para alçar vôo no São Paulo. Naquela época, dizem que Natel usou recursos públicos para terminar o Morumbi.

Bem, é claro que todos os cartolas, de todos os times, erram. E que Juvenal Juvêncio teve seus méritos no São Paulo. Mas os 15 tópicos acima ajudam a entender como o clube despencou tão vertiginosamente dentro de campo, nos últimos anos. Juvenal representa o que existe de mais atrasado, centralizador, prepotente, preconceituoso, arrogante e reacionário no futebol brasileiro. É por isso que o São Paulo, hoje, é isso que está aí. E não vai adiantar mudar técnico nem jogadores. FORA, JUVENAL!

6 comentários:

Maurício Ayer disse...

Esse post é de encher os olhos, Marcão, emocionante... Eterno! Eterno! Eterno!

fredi disse...

Por isso tudo, fica Juvenal.

Juvenal eterno.

Adiciono mais um causo.

Nas oitavas-de-final da Libertadores neste ano, disse que o Cuca desligou a água quente do Morumbi para incentivar os jogadores do Galo. Com base em quê? O Cuca cuida dos encanamentos do Morumbi?

Allejo disse...

depois de hoje a coisa vai ficar ainda mais feia pro São Paulo.

Maurício Ayer disse...

Aliás, tinha comentado sem ler. Agora que li, que belíssimo trabalho, Marcão. Já disse isso outra vez e repito aqui: só você mesmo pra ser tão coerente e transparente e fornecer tanta munição pros adversários.

Marcelo Abdul disse...

Belo post Marcos. Você tocou em pontos fundamentais para entender a atual crise são paulina.

Porém no caso do campeonato paulista de 1990 a polêmica é desnecessária. Não houve rebaixamento. Juridicamente falando não há qualquer cláusula que defina esse fato.

Desde 1988 o presidente da época Eduardo José Farah definiu que não haveria rebaixamento de clubes no paulistão. Somente em 1991 foi que a regra do descenso voltou.

Novamente invocando as regras e a justiça desportiva todos os pontos dos regulamentos do campeonato de 1990 foram cumpridos. Qualquer disposição contrária seria um ato ilegal da FPF. Lembramos que todos os clubes assinaram o regulamento. A "lenda urbana" do rebaixamento do São Paulo se disseminou muito mais pelos torcedores adversários.

O caso Oscar é bem emblemático. Não colocaria isso no colo do Juvenal. Oscar foi orientado para fazer aquilo pelo empresário que é ligado ao Chelsea e a Roman Abramovich ( por coincidência clube onde o meia atua no momento).

Antes de Oscar entrar na justiça já havia a predisposição de colocar Oscar como titular no clube. Ele não saiu "porque não tinha chances".

Tanto que ele quis deixar o clube sem pagar um tostão de multa e o Internacional foi obrigado a mandar a grana ao São Paulo pela justiça brasileira.

Marco Polo Del Nero não é um dirigente confiável, assim como Andrés Sanchez e Ricardo Teixeira. Se incluirmos o Juvenal nessa toada não há "santinhos" nessas brigas. Apenas briga política. Juvenal perdeu, mas os "vencedores" não são nenhuma reserva moral da sociedade brasileira. Vide as denúncias que surgem contra o sr. Sanchez e a "fuga" de Ricardo Teixeira para Boca Ratón.

Juvenal é um péssimo dirigente sem dúvida nenhuma, mas não coloco toda a responsabilidade de alguns dos fatos citados no seu post como responsabilidade exclusiva dele.

Parabéns por sua postagem.


Abraços.

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muito bom o blog, adorei!