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segunda-feira, novembro 01, 2010

Dilma venceria mesmo sem o Nordeste

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Não quero de modo algum minimizar a importância do voto nordestino, ao contrário. Mas é interessante ver que o peso do voto de estados como Minas Gerais e Rio de Janeiro, onde Dilma ganhou de lavada, já seria o suficiente para derrotar o candidato tucano.

Quer dizer, quem sustentar que foi o Nordeste que elegeu Dilma – afirmação que tem grande conteúdo de verdade, mas que geralmente é usada para reafirmar o velho preconceito contra o "voto do pobre" ou dos "analfabetos", já que nordestino por muitos "sulistas" é historicamente identificado com esses qualificativos – está intencional ou ingenuamente (sim, os tucanos também são enganados) ignorando a ampla votação que ela teve no Sudeste.

Veja os números do segundo turno:

Total de votos válidos: 99.462.514

Total de votos de Dilma: 55.752.092
Total de votos de Serra:
43.710.422

Votos de Dilma no Nordeste:
18.380.942
Votos de Serra no Nordeste:
7.673.776

Votos de Dilma excluindo o Nordeste:
37.371.157
Votos de Serra excluindo o Nordeste:
36.036.646

Assim, excluindo o Nordeste, Dilma venceria por 51% a 49%. Uma vitória apertada, mas ainda assim incontestável, por mais de 1 milhão de votos. Como o Nordeste existe, Dilma abriu a ampla vantagem de 12 milhões de votos.

quinta-feira, outubro 28, 2010

Água gelada (potável) e cerveja aguada (bebável)

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Conversando com meu colega carioca João Lacerda (legítimo sobrinho-neto daquele Lacerda), perguntei o motivo de a Skol ser a cerveja preferida no Rio de Janeiro. Resposta sincera:

- É que o Rio tem clima quente o ano todo, dá muita sede e todos acabam preferindo uma bebida alcoólica que lembre água gelada...

Depois, o João me mostrou um post do professor de Linguística da Unicamp, Sírio Possenti, sobre uma propaganda dessa mesma marca de cerveja:

BEBABILIDADE? - Uma fábrica de cerveja botou propaganda na praça dizendo que seu produto não dá aquela sensação de barriga estufada. Termina afirmando que sua cerveja tem bebabilidade. Não quero discutir com publicitários (se nem com os de campanhas políticas, imagine com os de cervejas!). Mas aproveito a deixa para uma consideração. "Beber" é verbo da segunda conjugação (como "mexer"). Uma coisa que pode ser bebida é uma coisa bebível (potável, claro, mas essa é outra história), assim como uma coisa que pode ser mexida é mexível.

Se uma coisa é bebível, ela tem... bebibilidade. Para ter bebabilidade, a cerveja teria que ser bebável, de um hipotético verbo "bebar". Talvez o "erro" se explique. A conjugação produtiva é a primeira. Todos os verbos novos (neologismos ou estrangeirismos) são da primeira conjugação. Pode ser por isso que uma palavra nova, inventada, mas derivada de um adjetivo que deriva de um verbo, "faça de conta" que se trata de um verbo da primeira conjugação. Mas eu preferia que a cerveja fosse bebível. Cerveja não pode ser só potável.




Curioso é que a tal propaganda de um "novo tipo" dessa marca (acima) diz que ela "não estufa e não empapuça". Ora, bolas, então reconheceram que não é mesmo cerveja de verdade! Pelo menos para o meu paladar, de potável só tem a (cada vez mais predominante) água. Bebível ou bebável, deixo para os cariocas.

terça-feira, outubro 19, 2010

Espetada em Serra sobrou até para Boris Casoy

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No Rio de Janeiro, durante o ato de apoio de artistas e intelectuais à campanha de Dilma Rousseff para a presidência da República, o cantor/compositor/escritor Chico Buarque resumiu o motivo de sua opção (o grifo é nosso):

‎- Eu vim aqui reiterar meu apoio entusiasmado à Dilma, essa mulher de fibra, essa mulher que já passou por tudo, que não tem medo de nada, e que, sobretudo, vai herdar o senso de justiça social, que é a marca do governo Lula, governo que não corteja os poderosos de sempre. Porque não é de sua índole desprezar os sem-terra, os professores, os garis. Temos hoje um país que é ouvido em toda parte porque faz de igual pra igual com todos - não fala fino com Washington nem fala grosso com a Bolívia e o Paraguai. E que, por isso mesmo, é ouvido e respeitado no mundo inteiro, como nunca antes na História desse país (risos).

Ou seja, além de botar a carapuça em José Serra, que, em vez de dialogar, criminaliza os movimentos sociais, e que costuma botar a polícia para bater nos professores (além de representar a linha política de submissão a Washington e de prepotência com os países sul-americanos mais pobres), Chico ainda deixou uma espetada sutil no apresentador de telejornal Boris Casoy, que este ano classificou dois garis como "o mais baixo da escala do trabalho" (reveja o vídeo aqui). Abaixo, a íntegra do discurso de Chico Buarque e de Leonardo Boff:

quinta-feira, setembro 23, 2010

Happiness is a stoned fly

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Tenho especial apreço por aqueles butecos que, de tão acolhedores, os clientes habituais não se importam muito com a higiene e, justamente por isso, acabam dando apelidos carinhosos ao local, como "Sujinho", "Porquinho" etc. Alguns ficam até conhecidos pelos animais insólitos que às vezes dão as caras no bar, como o "Minhoca's" (por causa de uma larvinha flagrada em uma cuia de feijão) e o "Moskão" (devido aos insetos sobrevoando os salgados, na estufa). É por isso que não gosto de comer em butecos. Como diz o meu pai, lugar de comer é em restaurante, bar é lugar pra beber. Pois outro dia eu estava lá na Urca, no Rio de Janeiro, e paramos para uma Skol gelada (carioca odeia Brahma) num buteco frequentado por universitários. E que, não sei se pela fumaça de "mato" queimado que eventualmente surge no bar, recebeu o simpático apelido de "Mosca feliz". Fiquei freguês!

terça-feira, junho 01, 2010

Quando a cerveja é boa, o público responde

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Desde muito tempo aproveito o espaço deste blogue para lamentar a péssima qualidade das marcas brasileiras de cerveja mais consumidas, especificamente do tipo pilsen. Nosso primeiro teste cego comprovou isso, pondo Antarctica, Bohemia, Original, Brahma, Kaiser e Itaipava pra baixo da 5ª colocação entre 11 degustadas (e a Skol só se deu bem porque foi a última a ser provada, quando ninguém mais sentia gosto de nada). Para os bebuns veteranos, como eu, nenhuma delas tem o gosto, a aparência, a densidade e o cheiro de cerveja que sentíamos em algumas dessas mesmas marcas há mais de 20 anos. E, coincidentemente, a queda na qualidade abriu mercado para as cervejas artesanais e importadas - que são mais caras, óbvio. Seria intencional?

Pois então, já há alguns anos tenho visto a tal cerveja Devassa nos supermercados, marca classificada em 4º lugar em outro teste cego do Futepoca, com artesanais. Mas, sei lá por que razão, nunca me animei a comprar. E meu desinteresse aumentou depois que a marca foi vendida ao grupo Schincariol, que produz temeridades como a Nova Schin e a Cintra. Porém, fui almoçar outro dia com os colegas de trabalho num buteco que batizamos carinhosamente de "Porquinho" e, na hora de pedir cerveja, a atendente sugeriu Devassa (em lata). Como ninguém ali havia provado, concordamos. Surpresa: ela tem o tal amarguinho, a tal densidade, o tal cheiro de cerveja. Bem parecidos com o da minha pilsen preferida, a boliviana Paceña, já elogiada aqui num post e bem recebida por alguns futepoquenses quando socializei uma remessa "clandestina".

E surpresa ainda mais agradável tive no último domingo quando, perambulando por Ipanema, no Rio de Janeiro, fui convidado pela namorada Patricia a conhecer a choperia Devassa, que oferece quatro tipos de chope/cerveja, Loura, Ruiva, Sarará e Negra. Ela opinou que a Ruiva era melhor, mas já tinha acabado. Pedi uma Negra e ela, uma Sarará. Provei das duas e repeti o bordão criado pelo Carlos Imperial nos julgamentos das escolas de samba cariocas: "-Dez, nota dez!". Coincidentemente, no dia seguinte, vi na Folha a matéria "Devassa muda o perfil da Schincariol", informando que a marca conseguiu se colocar em 15 mil bares e restaurantes no eixo Rio-São Paulo, ou 20% do total do mercado. "Bares e restaurantes respondem por 65% das vendas totais no Sudeste. Nos supermercados, responsáveis por 35% das vendas, a marca obteve penetração de 95%", acrescentava o texto. Pois é: se tem qualidade, o povo responde. E a família agradece!

quarta-feira, maio 12, 2010

Adriano vai pra Copa!

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(Fonte: Jornal Meia Hora)

Lógica manguaça

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Quando era um jovem advogado e deixou Minas para viver no Rio, José Aparecido de Oliveira ficou amigo do boêmio Antônio Maria (foto). Até dividiram um apartamento, mas pouco se encontravam: quando o mineiro chegava do trabalho, o colega já havia saído para a noite. Um dia, ao levantar-se, Oliveira encontrou um bilhete do amigo:

- Se eu estiver dormindo, deixe, mas se eu estiver morto, por favor, me acorde!

quarta-feira, abril 28, 2010

Som na caixa, manguaça! - Volume 53

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PEITO VAZIO
(Cartola/ Elton Medeiros)

Cartola

Nada consigo fazer
Quando a saudade aperta
Foge-me a inspiração
Sinto a alma deserta
Um vazio se faz em meu peito
E de fato eu sinto em meu peito um vazio
Me faltando as tuas carícias
As noites são longas
E eu sinto mais frio

Procuro afogar no álcool a tua lembrança
Mas noto que é ridícula a minha vingança
Vou seguir os conselhos de amigos
E garanto que não beberei nunca mais
E com o tempo esta imensa saudade
Que sinto se esvai

(Do LP "Cartola", Discos Marcus Pereira, 1976)

terça-feira, abril 13, 2010

A Tragédia no Rio de Janeiro e o jornalismo aquático

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O fato me lembrou o bordão de Glauber Rocha, "uma câmera na mão e uma ideia na cabeça", mas não à toa. Afinal o “grupo de praticantes de esportes radicais e circenses que usam suas habilidades para desafiar o cotidiano e distorcer a realidade da urbana”, o Rizoma, botou a câmera na mão e um guarda-chuva na cabeça, para desbravar as ruas alagadas do Rio de Janeiro. Só que sobre um bote inflável.

O resultado está no vídeo de quase dez minutos, gravado na madrugada do dia 6 de abril, onde somos telespectadores de pessoas ilhadas e capazes de reunir uma quantidade de xingamentos impensáveis em tão poucos minutos. Já as cenas de carros e mais carros submersos ou boiando, não perde em nada para aquelas mega produções cinematográficas que falam sobre o fim do mundo ou de enormes catástrofes naturais, ou as duas coisas juntas.

A produção do coletivo Rizoma é tão completa que mostra até a épica intervenção sonora de um policial tentando coagir o grupo a parar de filmar, além, obviamente, do momento heróico do grupo, resgatando sete pessoas.

Quanto às cenas que seguem abaixo, apenas uma ressalva.... Atenção manguaças de plantão, não tentem realizar nada parecido. Se beber, nada de dirigir ou navegar!



Brincadeira à parte, para debatermos as crises nas cidades, a responsabilização das vítimas em tragédias como a do Rio de Janeiro e o modelo de desenvolvimento, vale uma passadinha pelo blogue da Raquel Rolnik, urbanista, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e relatora especial da Organização das Nações Unidas para o direito à moradia adequada e ler a entrevista concedida à revista Fórum do mês de janeiro deste ano.

segunda-feira, março 08, 2010

'Com todo o respeito'?!??

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Tentando descobrir o que tinha acontecido na rodada do Paulistão no final de semana, sintonizei o programa Mesa Redonda, da TV Gazeta, bem no momento em que o apresentador Flávio Prado (foto) dizia o seguinte:

- Imperador da favela! Imperador da favela! E o Adriano ainda quer disputar a Copa. O Dunga não vai tomar uma providência? E a disciplina? O Ronaldinho (Gaúcho) também é baladeiro, mas é diferente, a balada dele é em Milão. A do Adriano é na favela da Chatuba! Com todo o respeito...

quinta-feira, outubro 01, 2009

Rio olímpico, será que consigo ser contra os do contra?

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Nesta sexta-feira, 2 de outubro, o Comitê Olímpico Internacional se reúne em Copenhagen para definir a sede dos jogos de 2016. Nas incursões anteriores, para o evento de 2004 e 2012, o Rio de Janeiro não havia chegado tão perto de ser escolhido como agora.

De um lado, tem a turma que promove a história. Além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu ministro dos Esportes, Orlando Silva, há o governador do Rio, Sérgio Cabral, e o prefeito carioca, Eduardo Paes. Tem também o humilde Pelé e seus tropeços, mais o carisma de Paulo Coelho junto às esposas dos integrantes do COI.

Tudo para contrapôr à presença de Barack e Michelle Obama, no corpo a corpo por Chicago. A opção de apostar no boca-de-urna vem da estratégia londrina que arrebatou a Olimpíada de 2012 com Tony Blair, então primeiro-ministro, como cabo eleitoral.

Estratégias à parte, a mídia esportiva cai em peso contra a empreitada (1, 2, 3, e só não amplio a lista por preguiça) assim como alguns ex-atletas também, como Magic Paula. ONGs de direitos humanos do Rio de Janeiro, escoladas com o "legado" do Pan-Americano no Complexo do Alemão, estão apreensivas. Outra crítica é que o Brasil teria outras prioridades e, se pode fazer investimento para melhorar as coisas, não precisa esperar os jogos olímpicos para isso.

Fiquei pensando em como ser contra os do contra, sem ser necessariamente a favor dos primeiros. Sediar os jogos por ufanismo, não comove. "Porque é legal", pode ser mais interessante, mas acho que se pode melhorar na argumentação. Pensar no turismo pode funcionar também, mas depende de ter investimento... Os investimentos em infraestrutura podem ser bons, mas sem controle e preocupação com os impactos sociais, rende um monte de problemas para além de acusações de desvio de verbas e desperdício de dinheiro público.

Considerar a possibilidade de recuperação de áreas degradadas no Rio pode ser interessante, em vista de turismo e do que isso representa para a atividade econômica de uma região. Mas "revitalização" costuma vir acompanhada de políticas de seleção de moradores, seja por vias diretas de repressão, seja por indiretas, de expulsão por valorização decorrente de especulação imobiliária.

Em resumo, não consegui achar a fórmula. Alguém tem uma pista?

terça-feira, maio 05, 2009

O ébrio e o respeito ao princípio da propriedade

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Em 2008, senti-me sinceramente envergonhado pelo pouco caso do Brasil em relação ao centenário de um de seus filhos mais célebres, o escritor carioca Machado de Assis (foto) - seguramente, um dos maiores da língua portuguesa e da literatura mundial. Fora uma ou outra palestra, exposição ou exibição de obras suas adaptadas para o cinema ou teatro, a data, que merecia justa comoção nacional, passou em lamentáveis e brancas nuvens. Chateado com isso e aproveitando que no próximo 21 de junho completam-se 170 anos de seu nascimento, decidi render minhas próprias homenagens da forma como acredito que Machado mais apreciaria: relendo três de seus livros mais fascinantes, "Memórias póstumas de Brás Cubas", "Quincas Borba" e "Dom Casmurro". O mais interessante em rever esses trabalhos, além do sarcástico bom humor e da absoluta avacalhação do ser humano e dos costumes sociais, é notar que, nas entrelinhas ou em capítulos aparentemente desconexos, o escritor encobriu pepitas que dificilmente encontramos nas primeiras leituras. Uma delas segue abaixo:

"Era uma vez uma choupana que ardia na estrada; a dona - um triste molambo de mulher - chorava o seu desastre, a poucos passos, sentada no chão. Senão quando, indo a passar um homem ébrio, viu o incêndio, viu a mulher, perguntou-lhe se a casa era dela.
- É minha, sim, meu senhor; é tudo o que eu possuía neste mundo.
- Dá-me então licença que acenda ali o meu charuto?
O padre que me contou isto certamente emendou o texto original, não é preciso estar embriagado para acender um charuto nas misérias alheias. Bom Padre Chagas! - Chamava-se Chagas. - Padre mais que bom, que assim me incutiste por muitos anos essa ideia consoladora, de que ninguém, em seu juízo, faz render o mal dos outros; não contando o respeito que aquele bêbado tinha ao princípio da propriedade, a ponto de não acender o charuto sem pedir licença a dona das ruínas. Tudo ideias consoladoras."


(in "Quincas Borba", Capítulo CXVII - Livraria Garnier, 1891)

quinta-feira, abril 23, 2009

Sequência carioca

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Saímos da sala de cinema vivamente ligados pela amizade. Os que estávamos ali sabíamos algo que outros não sabiam. Não havia nenhum orgulho poluindo de vaidade o que era apenas o sincero prazer de compartilhar algo que custou esforço e foi recompensado com uma experiência mágica. A experiência do cinema de Marguerite Duras, que não é fácil, mas que é gigantesca. A cópia em 35 milímetros do filme Aurélia Steiner (Vancouver) estava sendo estreada ali (para o contexto, leia aqui). A qualidade da imagem é brutal. E o filme é pura fotografia: a investigação do espaço, as texturas da praia, das pedras, as paisagens da Normandia, suas falésias, seu vento, suas árvores no inverno, o cemitério de troncos cortados no pátio de uma madeireira. E a voz da sereia Marguerite, sensual, com pausas tão densas quanto o chumbo.

Em meio a esse êxtase estético, pensei que havia uma coerência daquele sentimento com o lugar onde ele acontecia. A amizade soa carioca, principalmente essa amizade inconsequente, que se perde na primeira esquina. Perdemo-nos na sequência, de fato, e já só, na avenida Rio Branco, tomo o metrô no largo da Carioca até a estação Siqueira Campos, de onde caminho ao boteco Pierrot, na rua Domingos Ferreira, em Copacabana. Ali José Murillo, um filósofo chileno, deveria me encontrar. Uma cerveja e, na televisão, Palmeiras vs. LDU. Chegou meu amigo com mais dois chilenos, e outras três garrafas de cerveja agora se viam sobre a mesinha – na verdade um barril de chope com uma tábua redonda em cima.

Não íamos ficar ali. José tinha trazido três vinhos excelentes de Santiago, e uma garrafa de pisco Malpaso. Acontece um estranho evento na TV, em que a bola vence todos os esforços contrários (voluntários ou não) e cruza a linha. Gol da bola, abrindo o placar para o Palmeiras. Era a senha para irmos. Ao entrar edifício, deparamos com um distinto senhor em uniforme impecável, o porteiro:

– Olha só, subiu agora há pouco um cara, não liga não se ele começar a gritar. É que ele chegou doidão. Não pega mulher e fica enchendo a cara. Ele grita, mas não faz nada não, não precisa se preocupar. Mas se ele fizer alguma coisa você chama que a gente vai lá dar um jeito.

Ele me alertava pensando sem dúvida na minha mulher e meu filhinho que já estavam no apartamento, no mesmo oitavo andar que o manguaça. Foi certeiro, ao sair do elevador, um homem visivelmente alterado, meio elétrico, só de bermuda, num movimento frenético de lá pra cá, nos mirou, e seus olhos tremiam internamente. Estava mais pra cheirado que mamado.

– Vocês vão se mudar pra cá? Pô, bem-vindos, pô, certo, desculpa qualquer coisa, aí, sejam bem-vindos mesmo.

E desapareceu, sem que pudéssemos explicar que éramos apenas turistas. Entramos no apartamento, tocamos violão e degustamos vinhos excepcionais, como o Santa Rita (o único de que me lembro o nome). O problema da fartura de bebida boa é a euforia, tudo parece bom demais. Eu mesmo me sentia como um atacante em dia feliz, músicas que não tocava há anos vinham aos dedos como se as treinasse todo dia, lembrava das letras. Tocamos velhos clássicos latino-americanos, como canções de Silvio Rodrigues. A onda era tão boa que nem mesmo com a barulheira que fazíamos o bebê acordou. Brindamos com pisco, antes que os outros dois chilenos se fossem.



José e eu decidimos caminhar um pouco, até, ocasionalmente, aportar nalgum bar. Éramos dois bêbados andando pelo calçadão de Copacabana, desdobrando os mais improváveis assuntos, como fenomenologia política ou o cinema de Marguerite Duras, enquanto o olhar dançava pelas ondas de Burle Marx. Uma criança me pediu dinheiro, depois surgiu uma adolescente, como uma visão, tinha os olhos embaçados e uma voz distante pedindo algo para comer, um menino com alguma deformação facial puxava o canto da boca para baixo, rostos de zumbis que atravessavam meu percurso pelo calçadão. Um frio soprou, era como se estivesse dando os primeiros passos em um pesadelo. Noto que José não está ao meu lado, volto-me, estão todos sobre ele, uns oito, puxando a camisa, remexendo os bolsos, sacando-lhe o relógio...

– Corre, Compay – gritei em espanhol.

José se desvencilhou e os pequenos mortos vivos instantaneamente cruzaram a avenida Atlântica. Ainda atônitos, nos certificamos de que estávamos nós vivos. Vimos os meninos do outro lado, decidimos um caminho por onde voltar. Numa esquina, encontramos com uma viatura de polícia. Relatamos o ocorrido. O guarda, que na verdade queria continuar sua conversa com o senhor que passeava com seu chiuaua, deve ter se sentido constrangido, pois entrou no carro e saiu "em busca" daquelas crianças. Não tinha a menor cara de que ia fazer qualquer coisa, mas pediu para esperarmos no bar da esquina seguinte.

Pedimos duas doses, de Vale Verde e Magnífica. Estranho sabor o da madeira extraída ao tonel pela cachaça quando se mistura ao coquetel de adrenalina e outros alcoóis que circulava nas nossas veias. Não esperamos muito. Seguimos de volta ao apartamento, ainda filosofando, agora já não eufóricos, apenas um pouco mais bêbados. Não sei em que momento de meus descaminhos lógicos eu estava, mas era exatamente ali que se acabava a calçada, e eu pisei em falso no breu do asfalto. Torci o tornozelo esquerdo. Tenho larga experiência no assunto, e percebi imediatamente que era uma torção grave, tinha esgarçado os ligamentos. Era agora um amargo déjà-vu que me assolava. Uma vez, com 17 anos, torci o pé (direito) exatamente desse jeito, na porta de um bar em Santo Amaro, quando não percebi este pequeno abismo que há depois do meio-fio. Não tinha nenhuma saudade daquela dor.

José entrou no último bar da noite, para pedir gelo. Enquanto tentava conter o inchaço, fui me deprimindo nas minhas próprias histórias, contando os últimos 15 anos de minha vida, tão limitados por torções de ambos tornozelos, umas depois das outras, que acabaram me fazendo desistir do futebol, do basquete, do vôlei... Já fui um atleta que bebia, hoje do esporte só sobraram as torções.

Meu colega chamou um taxi, o que foi sensato. Eram três quadras, mas teria sido patético e, talvez, trágico tentar transpor aquele pedaço de chão confiando o agora imprescindível apoio ao equilíbrio de um bêbado. Chegamos, tomei meia garrafa de água (o que deprime também) e me joguei na cama onde dormiam minha mulher e meu filho. Entregue à dor e à momentânea mas intensa depressão, sinceramente chorei. Cris me perguntou o que acontecia, compartilhei minha dor moral, meu sentimento de recorrente derrota para um par de articulações. O bebê, que ainda não fez dois anos, acordou com o balanço do colchão. Limpou os olhinhos com as costas da mão. Me observava muito sério, enquanto sua mãe explicava “O papai está chorando, Chico, ele está muito triste”.

Ele me olha, apenas. Estou rendido, olho para ele também, sem poder interromper os soluços, que cedem agora um pouco à respiração. O Chico inclina um pouco a cabeça, e me olha mais de perto, compenetrado, sempre. Finalmente consigo uma única respiração mais longa e funda. É nessa hora que o Chico ergue as duas mãos e, sem desviar um segundo os olhos, coloca-as sobre a minha perna, como se adivinhasse que a dor nascia ali. E começa a fazer um carinho, movendo suas mãozinhas sem peso de um lado para o outro. Primeiro na perna, depois no ombro e finalmente na cabeça, com todo cuidado. Não tive como, devolvi-me ao choro e murmurei:

– Obrigado, Chico, obrigado.

quarta-feira, abril 08, 2009

'A sua única droga é a cerveja'

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A frase que dá título ao post é de Joana Machado (foto), rainha da escola de samba Renascer de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, e ex-namorada do manguaça Adriano. "A sua única droga é a cerveja, mas quem não gosta de tempos em tempos?", questionou Joana, que disse ter acabado com o namoro devido aos excessivos ciúmes do jogador. Este é outro assunto velho que recuperamos aqui: roído pelo pé na bunda que levou da namorada, o centroavante simplesmente desapareceu após o jogo do Brasil contra o Peru, há uma semana. Como não viajou para a Itália, para se reapresentar à Internazionale de Milão, deu o que falar no mundo inteiro: os jornais levantaram a hipótese de rapto e até de assassinato. Mas o atacante está vivo, curtindo a fossa na Vila Cruzeiro, comunidade carioca onde nasceu. "O Adriano está completamente perdido, mas não tenho forças para lidar com ele", desabafou Joana. Segundo Gilmar Rinaldi, empresário do bebum, a volta para a Itália deverá ocorrer semana que vem. Lá, a Internazionale pretende resolver o contrato com o conturbado jogador de uma vez por todas. E há quem não descarte um novo retorno de Adriano aos gramados brasileiros, depois de ter jogado pelo São Paulo em 2008 (onde, pra variar, também aprontou). Aí, fica a dúvida: o cara é um bom atacante, mas, se já bebia todas antes dessa desilusão amorosa, imagina agora! Porém, justiça seja feita: observando a foto acima, confesso que também me afundaria na cachaça...

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

A última do Carnaval...

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Na transmissão ao vivo do desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, uma gafe do ex-jogador Raí em entrevista para a Rede Globo:

- Acho que eu estou bem preparado, me deixaram e é uma honra levar a Mangueira na mão!

E a repórter ainda tripudia:

- É o Raí apaixonado pela Mangueira!

Confiram:

quinta-feira, janeiro 22, 2009

O goleiro que virou sambista e exaltou a cerveja

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Todo início de ano me lembro do saudoso sambista carioca Roberto Ribeiro (à direita). Mas por um motivo triste: ele morreu atropelado no bairro de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, há 13 anos - e justamente na data do meu aniversário, 8 de janeiro. O cantor tinha apenas 55 anos e estava praticamente cego. Havia perdido uma vista por contaminação de fungo causada pelo mau uso de lentes de contato e a outra terminou comprometida pela diabetes. Consta que o motorista que o atropelou fugiu sem prestar socorro.

Mas o que descobri recentemente é que Roberto, nascido Dermeval Miranda Maciel em Campos dos Goytacazes, no interior do Rio, em 1940, começou sua carreira profissional como jogador de futebol. Especificamente como goleiro do Goytacaz Futebol Clube, de sua cidade natal, na década de 1960. Seu apelido como jogador era Pneu. E foi por causa do futebol que ele se mudou para a capital carioca, em 1965, para tentar a sorte num clube grande. Chegou a treinar no Fluminense, mas o samba mudou definitivamente o seu destino.

Com voz marcante, passou a se apresentar no programa "A Hora do Trabalhador", da Rádio Mauá, chamando a atenção da compositora Liette de Souza (que viria a ser sua esposa), irmã do compositor Jorge Lucas. Logo depois, foi convidado a ser o puxador do samba-enredo da escola Império Serrano, em 1971. Na sequência, gravou um LP com Elizete Cardoso, em 1972, e outro com Simone, registro de um show na Bélgica, em 1973 (reprodução à direita). Quando estreou em disco solo, em 1975, emplacou de cara os sucessos "Estrela de Madureira", "Só pra chatear" e "Proposta amorosa".

Dos discos seguintes, na década de 1970, sairiam os sucessos "Acreditar", "Liberdade", "Isso não são horas", "Resto de esperança", "Amei demais", "Propagas", "Triste desventura" e, principalmente, "Todo menino é um rei" e "Vazio" (que começa com os versos "Está faltando uma coisa em mim/ E é você, amor/ Tenho certeza sim..."). A produção fonográfica seguiu pela década seguinte, com hits como "Algemas" e "Amar como eu te amei", mas seu espaço no mercado foi diminuindo e, em 1987, saiu da EMI-Odeon, onde havia gravado 14 discos em 15 anos, para produzir seu último álbum, "Roberto Ribeiro", pela BMG, em 1988.

Infelizmente, quando o grande público começava a redescobrir sua obra, com o lançamento da coletânea "O talento de Roberto Ribeiro", pela EMI, em 1995, veio o acidente fatal. Em 2006, sua viúva, Liette, lançou a biografia "Dez anos de saudade", pela Potiguar Editora (reprodução acima, à esquerda). Já no ano seguinte, foi lançado em DVD o programa Ensaio gravado por Roberto Ribeiro em 1990 (reprodução à direita). Para quem não conhece sua obra, uma boa pedida é a coletânea de dois CDs reunidos em um só, "Meus momentos", da EMI, de 2002. E especialmente para os cervejeiros que fazem e leem o Futepoca, segue abaixo uma de suas composições:

DIVINA INVENÇÃO
(Serafim Adriano/ Liette de Souza/ Roberto Ribeiro)

Ela mexe com a minha cabeça
Ela faz o meu corpo girar
Como um cisco nos braços do vento
Ela me deixa no ar
Ela me deixa no ar

Ó, divina!

Divina invenção dos deuses
Que se espalhou por toda parte
O combustível da ilusão
Que hoje vou mostrar com samba e arte
É temperada pela flor
Que enriquece o dia-a-dia
Está no barraco, no palácio e no salão
Acompanhando a tristeza e a alegria

Chegou ao Rio
Casou com o samba e com esse clima tropical (tropical)
Surgiu o chope, a cervejinha e a crioula
Desse enlace matrimonial (ô, chegou ao Rio!)

Bebe o negro, bebe o branco
Empregado e patrão
A cerveja geladinha
No inverno e no verão
No inverno e no verão

Na sexta-feira quero horário e vou partir
E vou me vestir de ilusão
Passear nos braços da alegria
Mil litros de fantasia pra esquecer a irritação
Mergulhar no néctar dos deuses
E esbanjar descontração (lalaiá)
Afogar num mar de espuma
Da crioula e da loirinha
Do sabor e da magia
Esquecer o agora e sonhar com o amanhã
E despertar no novo dia

(Do LP "Corrente de Aço", EMI-Odeon, 1985)

quinta-feira, outubro 23, 2008

Nada mais de cervejinha nos postos do Rio

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A prefeitura do Rio de Janeiro conseguiu, nessa quinta-feira (23), que a Justiça estadual acatasse decreto seu que determina a proibição da venda de bebidas alcóolicas nos postos de combustível da cidade. A intenção da administração municipal é evitar acidentes de trânsito.

Pelo que parece, a medida não deve vingar de imediato. Na verdade, o que o Tribunal de Justiça do estado fez foi revogar uma liminar que autorizava a comercialização do mé e seus derivados nos postos. Então a coisa ainda deve correr um pouco nos tribunais até que vingue de vez - ou não. Leia mais aqui

Não sei como é no Rio, mas acredito que não deva ser muito diferente do que ocorre em São Paulo. Por aqui, os postos de combustível - e, principalmente, sua lojas de conveniência - têm um faturamento com bebidas que deve superar o dos bares, creio eu. Passar em qualquer posto badalado (sim, os postos viraram points noturnos, e seguem até os hábitos das casas mais tradicionais do ramo) no finais de semana por volta das dez da noite é ter a certeza de encontrar alguma fila na hora de passar no caixa.

Há dois tipos de clientes dos postos: os que adquirem sua cerveja no local por conta da comodidade (estão sempre abertos e, mesmo com filas, comprar ali é mais rápido do que fazê-lo em um supermercado) e os que realmente gostam de ficar no posto. Encostam o carro ali, compram uma ou mais cervejas e fazem do local seu verdadeiro recinto noturno.

Da minha parte, caso a medida pegue a Via Dutra e vigore aqui em São Paulo, sentirei a falta dos postos por conta da comodidade. Porque ficar em posto como se fosse barzinho bom é um negócio que nunca entendi. Não tem lugar pra sentar, os preços são caros, o ambiente não é agradável e afirmo sem medo de errar que a presença de mulheres é em média inferior aos 25% - o que estraga a paisagem, ao menos no meu humilde julgamento.

segunda-feira, outubro 06, 2008

Surpresas na reta final

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Kassab (direita) passa como favorito, e Gabeira (PV) confirma ascensão


O prefeito Gilberto Kassab (DEM) decolou na reta final e virou a disputa em São Paulo. Se a virada sobre o terceiro colocado Geraldo Alckmin já estava consolidada, a superação da petista Marta Suplicy não foi sequer apontada pelas pesquisas de boca-de-urna. Tudo livre para o preferido de José Serra, que não mobilizou nem sua ampla calva pela campanha do correligionário de partido – aquele que dizia que "estava com o PSDB", ou seja, o próprio partido. Soninha também avisou que não vai de Marta nem que a vaca tussa.

Para quem teve menos votos no primeiro turno do que em 2000 e 2004, Marta terá que achar um discurso melhor do que comparar gestões. Kassab tem entre 48%, a mesma de Marta na eleição de 2004, ao que consta, embora tenha terminado com mais. Como a campanha do prefeito tem o "apoio" de Kassabinho, o boneco, e agilidade para responder, será uma reversão difícil.


Quem vai ter de sambar é a Marta

Já Fernando Gabeira (PV) mostrava que ia disputar o segundo turno com Eduardo Paes (PSDB) nas pesquisas de sábado. Até o prefeito e ex-blogueiro César Maia previa o resultado. Quem diria, o peemedebista Eduardo Paes busca agora apoio de Lula. Gabeira deixou a pecha de "candidato da Zona Sul".

Em Belo Horizonte, a surpresa foi por haver segundo turno. Márcio Lacerda (PSB) tem o apoio formal de Fernando Pimentel (PT), atual prefeito, e apoio informal mas explícito até em propaganda eleitoral do governador tucano Aécio Neves. A solução foi a forma de viabilizar a articulação tucano-petista na capital mineira sem afrontar a determinação da Executiva Nacional do PT. Leonardo Quintão (PMDB) surpreende pelo crescimento no final.

Nas capitais, o PT fez cinco prefeitos em primeiro turno e tem mais quatro na disputa. O PMDB pode chegar a oito capitais caso vença nas cinco que disputa segundo turno. O PSDB também fez dois e pode chegar, no máximo, a quatro.

Vereador
Em São Paulo, candidatos como Sérgio Mallandro, Dinei, Ademir da Guia e Dr. Farah não aparecem entre os 55 primeiros. Gabriel Chalita (PSDB), que só saiu candidato, segundo ele próprio, pelo apelo de Geraldo Alckmin, de quem foi secretário de educação, foi o mais votado, e o único a alcançar mais de 100 mil votos. Senival Moura (PT) que já era vereador surpreendeu como o mais votado do PT, na frente de Arselino Tatto e Antonio Donato.

A coligação PT, PCdoB etc. fez 1 milhão de votos, seguida da PMDB-DEM com 927 mil, e do PSDB com 870 mil. No Rio, Democratas tiveram 450 mil, seguidos do PSDB com 250 mil e do PMDB com 234 mil.

Palpites
Qual o palpite para o segundo turno? Não vale dizer que é mais fácil prever os rebaixados do Brasileirão.

quarta-feira, julho 02, 2008

Se o problema é esse, o Lula resolve!

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O ex-prefeito de Londres, Ken Livingstone (à direita), afirmou ao jornal The Independent que, para garantir as Olimpíadas de 2012 na capital inglesa, só teve de passar a noite bebendo com os delegados do COI (Comitê Olímpico Internacional), responsável pela escolha da sede dos jogos. "Esta foi a razão pela qual conseguimos ser a sede da Olimpíada de 2012", garantiu Livingstone. "Nem me lembro como fui capaz de achar minha cama depois daquela noite", entregou o ex-prefeito, que hoje é apresentador de rádio. Na semana passada, quando assinou o projeto de lei que dá crédito de R$ 85 milhões para custear a candidatura do Rio de Janeiro às Olimpíadas de 2016, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a cidade terá de travar "um grande embate político" para vencer Madri, Tóquio e Chicago. Tá no papo: se o "embate" for o que Livingstone revelou, Lula tem todas as condições de trazer os jogos para o Brasil. Biocombustível neles!

segunda-feira, março 31, 2008

Dois garotos e um certo fim de semana de 1957

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Música lembra Beatles, que lembra John Lennon. Futebol lembra seleção brasileira, que lembra Pelé. O que poucos sabem, porém, é que esses dois ícones do século passado, principalmente nos anos 1960, têm muitos pontos em comum. Para começar, ambos são librianos e quase da mesma idade: John Winston Lennon nasceu em 9 de outubro de 1940, em Liverpool, Inglaterra, e, exatamente duas semanas depois, no dia 23, veio ao mundo Edson Arantes do Nascimento, em Três Corações (MG), Brasil. Mas a maior coincidência aconteceria 16 anos e nove meses mais tarde.

No sábado, 6 de julho de 1957, a igreja de Woolton, em Liverpool, foi palco de um encontro crucial para história da música. Naquela tarde, Lennon se apresentou no local com sua banda The Quarrymen, formada por ele com amigos de escola. Tocavam rock and roll no ritmo do skiflle, um jazz-caipira-acelerado. Na platéia, um outro adolescente observava com interesse: James Paul McCartney, 15 anos recém-completos. Ele achava que tocava melhor que qualquer um no palco, mas estava impressionado por John já ter uma banda - e liderá-la. Após o show, Pete Shotton, um amigo comum, os apresentou. Os Beatles nasceram ali.

No dia seguinte, domingo, 7 de julho, o Brasil enfrentou a Argentina no Rio de Janeiro, então capital federal, pela Copa Roca de Futebol (extinto torneio disputado entre os dois países). No segundo tempo, perdendo por 1 a 0, o técnico brasileiro Sylvio Pirillo decidiu substituir o atacante Del Vecchio por um menino de 16 anos, Pelé. Poucos minutos depois, ele empatou a partida. Apesar de a Argentina ter marcado novamente e vencido por 2 a 1, aquele jogo marcou a estréia do futuro Rei do Futebol pela seleção brasileira. Ali, naquele domingo de julho, Pelé começou a pavimentar seu caminho rumo ao título mundial na Copa da Suécia, menos de um ano depois, quando teve início seu reinado.

No alto, John Lennon com os Quarrymen no sábado, em Liverpool. Acima, Pelé marcando seu primeiro gol pelo Brasil no domingo, no Rio de Janeiro.