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sexta-feira, maio 03, 2013

Amigo Ibra assistiu o jogo do Timão, dormiu e partiu

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Ainda estou incrédulo. Notícia triste. Lembro de quantas e quantas vezes, nos últimos dois anos, me encontrei com o Ibra lá no bar Meu Rico Português, na esquina da Teodoro Sampaio com a Francisco Leitão, em Pinheiros. Eu já conhecia sua história, havia assistido o documentário Hércules 56 e cruzado com ele em alguns comícios e manifestações. Mas um dia, depois de observá-lo bebendo e fumando sozinho no referido buteco paulistano, decidi abordá-lo. "Perdão, mas o senhor não é o José Ibrahim?" "Sou. O que é que manda?" "Nada. Sou apenas um admirador de sua trajetória" "Obrigado. Senta aí, vamos tomar uma cerveja". E foi assim que passei tardes e noites conversando sobre o governo federal, Cuba, a campanha para prefeito em São Paulo, sindicalismo, luta partidária. Com o tempo, minha filha Liz também o conheceu - e sempre me contava quando encontrava o Ibra em algum lugar.

Pois é. Foi a Liz que me deu a notícia: ele morreu ontem. Diz a notícia do site G1: "Ibrahim assisitiu a um jogo de futebol pela televisão na noite de quarta-feira (1) e depois foi para seu quarto. A mulher o filho saíram para trabalhar pela manhã e o deixaram dormindo. O corpo do sindicalista foi encontrado pela família no início da tarde." Assim, simples. Assistiu o jogo do Corinthians contra o Boca Juniors, dormiu e partiu. Engraçado: nunca conversamos sobre futebol. Era só política. E, de repente, nunca mais vou encontrar o Ibra bebericando sua cervejinha e fumando, às vezes falando muito ao celular - ele era secretário de Formação Política da União Geral dos Trabalhadores (UGT). Nem deu tempos de dar um abraço, de dizer "bebe mais uma", "até logo". Ou dizer que eu tinha a intenção de escrever alguma coisa sobre ele. Ibra foi como um "primeiro Lula". Amigo Ibra, esteja em paz. E à luta, sempre!

quarta-feira, março 09, 2011

Wikileaks: Para cônsul, crise econômica e eleições ampliaram influência de sindicatos no Brasil

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Na análise da estrutura diplomática dos Estados Unidos no Brasil, os sindicatos viram sua influência crescer nos oito anos de governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A superação da crise econômica de 2008-2009 e a perspectiva das eleições presidenciais indicavam expansão dessa ascendência, ainda na visão dos estadunidenses em missão no país.

Em telegrama do quinto lote vazado pelo Wikileaks para blogues, Thomas White, cônsul-geral dos Estados Unidos em São Paulo, relata encontros entre Ron Kirk, representante comercial do governo Barack Obama, e membros de sindicatos e centrais sindicais. O documento é datado de 13 de outubro de 2009, pouco menos de um mês depois da visita de Kirk ao país, em 16 de setembro.

Apesar dos atuais desafios econômicos globais e de uma rodada de greves recentes nos bancos, indústria automotiva e nos Correios, o sentimento expresso pelos sindicalistas no contato com Kirk e em reunião posterior (de follow-up) no consulado, demonstrou que, sob o governo Lula os sindicatos organizados tiveram sua voz sendo ouvida em questões sociais, políticas e econômicas. "À medida que o Brasil sai da crise econômica e move-se para eleições nacionais em 2010, os sindicatos terão maiores oportunidades para expandir sua influência", diz o texto.

Quem participou da reunião, na ordem elencada pelo telegrama, foi

  • Ivan Gonzalez, coordenador político da Confederação Sindical das Américas (CSA) – à qual são filiadas CUT, Força Sindical e UGT
  • Braz Agostinho Albertini, presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado de São Paulo (Fetaesp)
  • Joao Carlos Goncalves, o Juruna, secretário geral da Força Sindical
  • Ortelio Palacio Cuesta, secretário de assuntos internacionais da Força Sindical
  • Lourenco Ferreira do Prado, vice-presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT)
  • Caninde Pegado, secretário Geral da UGT
  • Maria Silvia Portela de Castro, assessora internacional da CEntral Única dos Trabalhadores (CUT) – "Sole Center of Workers", na tradução livre; e
  • Brian Finnegan, diretor para o Brasil do Centro de Solidariedade da AFL-CIO.

Protecionistas mas limpinhos
A imagem não é fácil de ser imaginada, sindicalistas na mesma mesa com um representante comercial dos Estados Unidos. Sem nenhuma reivindicação nem qualquer belicosidade no ar. Mas é assim que é descrito o encontro.

Os sindicalistas no Brasil têm, na definição de White, "visões protecionistas/pró-política industrial". No entanto, ainda segundo o cônsul, eles mostraram-se dispostos a encontrar e se envolver com o representante comercial – "um sinal que vemos como positivo", relata White.

Na perspectiva da embaixada, o contato entre o membro do governo dos EUA e os sindicalistas foi quase toda positiva, com exceção de algumas demandas por saber mais sobre a política de Obama para a área comercial.

De olho na cana
A inclusão do representante da Fetaesp, um dos sindicatos relacionados a trabalhadores rurais do setor sucroalcooleiro, pode indicar interesse comercial dos Estados Unidos sobre a questão. As denúncias internacionais de superexploração dos boias-frias são motivo de preocupação dos usineiros, a ponto de a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Única) ter assinado um protocolo com garantias de fim da intermediação de mão de obra.

O etanol produzido do milho é um concorrente internacional do obtido a partir da cana. O impacto social do cultivo da cana (além do dano relacionado às queimadas para permitir a entrada dos trabalhadores no corte) sempre aparece entre os aspectos negativos do álcool combustível produzido no Brasil. Em telegrama divulgado anteriormente, há menção à informalidade na contratação dos boias-frias.

No telegrama em questão, relata-se que Albertino considera que a forma preferida por empregadores para a remuneração, o pagamento por peso cortado – e não por hora trabalhada –, é um dos vilões. O texto cita leis estaduais e acordos entre usineiros comprometendo-se a mecanizar toda a produção até 2014 e a consequente onda desemprego de trabalhadores de baixa qualificação profissional.

"Expressando a frustração de alguns dos cortadores (de cana), ele (Albertino) reclamou: 'há mais leis regulando a proteção dos animais criados na pecuária do que dos cortadores de cana'", completa o cônsul.

Parceria
No final da conversa, tanto Juruna quanto Silvia Portela teriam cogitado a possibilidade de a estrutura consular dos EUA oferecer, em algum tipo de parceria com os sindicatos ou com as centrais sindicais, cursos de inglês ou programas de intercâmbio para jovens em cursos profissionalizantes. Nenhuma resposta consta no documento. Mas mostra que o pessoal não perde tempo.

Leia também sobre o quinto lote de telegramas:

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segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Quando os jornalistas também eram barbudos

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No finzinho de um post do Glauco de dois anos atrás, ele chamava a atenção para um texto do blogue Futebol é Literatura sobre a ausência, hoje, de jogadores barbudos. "Parece que barba é crime. Será uma proibição contratual? Uma exigência dos técnicos? Penso saudosamente em Sócrates, no zagueiro campeão do mundo Hugo de León, do ponta Mário Sérgio, do atacante Kita. Coitados, órfãos do futuro, sem sucessores", dizia Fabrício Carpinejar, o autor. Pois é, os tempos eram outros. Hoje em dia a "rebeldia barbuda" quase não é mais tolerada. E não é só no futebol que isso acontece, infelizmente. Os pelados vigiam os peludos.

Na política, com exceção do Lula, do José Genoíno e de mais meia dúzia de três ou quatro, é difícil achar alguma figura de maior proeminência que mantenha com orgulho seus pêlos na cara. E na imprensa não é diferente: o visual yuppie e mauricinho que passou a imperar nas redações a partir dos anos 1990 limpou de vez o rosto dos jornalistas - com exceção, talvez, dos manguaças de alguns blogues e publicações "de esquerda" (a exemplo do rapaz na foto acima). Por isso, foi com satisfação que vi, no Facebook, um retrato do arquivo de nosso camarada Jesus Carlos, da agência Imagenlatina. Vejam aí, com legenda dele:

Greve - ABCD. Jesus Carlos (Em Tempo) e Lula conversando, com Irmo Pasoni (Veja), Hélio (free-lancer) e U. Detimar (Folha de São Paulo) durante a greve de 1979, no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema. Foto: Roberto Faustino.

quarta-feira, outubro 27, 2010

Lula 65 - Início na política com futebol e cachaça

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Hoje o nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemora 65 anos com mais de 80% de popularidade e terminando sua gestão com a certeza absoluta de que o Brasil está hoje, inegavelmente, milhões de vezes melhor do que há sete anos, quando iniciou seu primeiro mandato. Os 28 milhões que saíram da linha da miséria, os mais de 30 milhões que ascenderam à classe média, os quase 15 milhões que conseguiram emprego com carteira assinada, as milhões de crianças e famílias amparadas pelo Bolsa Família, os mais de 700 mil que realizaram o sonho de chegar à faculdade pelo ProUni, além dos milhares que tiveram acesso à energia elétrica e que puderam comprar ou reformar sua casa própria com as facilidades inéditas da Caixa Econômica Federal são as principais testemunhas da transformação fantástica da sociedade brasileira no período. E de que, com certeza, "nunca antes na História deste país", o estado fez tanto para tantos - e o mais importante, para os tantos que mais precisam.

No esporte, entre múltiplas iniciativas, o governo Lula marcou verdadeiros gols de placa ao disputar de conquistar o direito de sediar a próxima Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas de 2016. Há dez anos, se alguém dissesse que o Brasil tinha 0,0001% de chance de trazer um evento de projeção mundial desse porte, seria taxado de louco e rechaçado às gargalhadas. Lula resgatou o orgulho de ser brasileiro, de saber que podemos e fazemos, que confiamos no nosso taco. Algo parecido com o que sentíamos no final da década de 1950 e que logo em seguida foi destroçado pela subserviência da ditadura militar aos ditames de Washington. E esse projeto político que deu e dá certo no Brasil teve e tem suas raízes nos movimentos populares, entre eles, o sindical, dos trabalhadores organizados. Que tomou impulso e direção a partir do momento em que Lula assumiu a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, no ABC Paulista, em 1975.

E o mais interessante, que registro aqui nesse post a partir do título, é que o gênio político e intuitivo de Lula buscou no futebol e na cachaça sua primeira estratégia de atuação. Logo, nosso presidente tem tudo a ver com o Futepoca, ou seja, Futebol, Política e Cachaça. No livro "O sonho era possível - A história do Partido dos Trabalhadores narrada por seus protagonistas", compilação de entrevistas feita pela jornalista e pesquisadora chilena Marta Harnecker (Editora Mepla/Casa América Livre, Cuba, 1994), Lula afirma que sua primeira decisão no sindicato foi a de ir às fábricas, em vez de ficar esperando que os trabalhadores comparecessem às assembleias, o que nunca acontecia. Aliado a isso, ele imaginou uma forma infalível de fazer com que os operários fossem conscientizados politicamente ao mesmo tempo que se divertiam. Diz Lula, no livro:

Um dia, discutimos na diretoria como é que íamos fazer para o trabalhador pegar confiança na gente. Sabe o que eu fiz? Eu marcava campeonato de futebol: a diretoria do sindicato contra a seção de uma fábrica. A gente ia e antes de começar o jogo eu falava cinco minutos com os trabalhadores. Depois a gente tomava umas cervejas, tomava chope, fazia churrasco. Em pouco tempo conseguimos criar uma nova consciência: a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) era uma lei, a Constituição era uma lei, mas tem um espaço político importante para a gente atuar. Em pouco tempo, um sindicato que era esvaziado e que ninguém participava, lotava em todas as assembleias.

Convenhamos: é ou não é um craque? Show de bola na política - e na cachaça também! Vamos brindar ao Lula e à sociedade civil organizada, que já mudou e que vai continuar mudando este país para muito melhor. Saúde, Lula!

terça-feira, junho 01, 2010

Em ano de copa, sindicatos ignoram futebol em agenda eleitoral

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No evento no estádio do Pacaembu, em São Paulo (SP), as cinco centrais sindicais que protagonizaram a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora ignoraram o futebol e os direitos a ele associados em sua agenda para as eleições de 2010. Em ano de copa do mundo, questões relacionadas a garantias de acesso a jogos de futebol foi completamente ignorado no documento final.


Foto: Jailton Garcia/Rede Brasil Atual
Gramado foi poupado no Pacaembu

O encontro teve de 10 a 22 mil pessoas, dependendo da fonte, reuniu menos do que os 30 mil sindicalistas esperados. Teve gente chegando às 7h, apesar de a programação começar às 10h – o que, em sindicalês, quer dizer que começaria só às 11h30. O resultado, é que a turma teve de ir embora já às 13h, e não no horário previsto.

São 249 propostas em seis eixos temáticos. No que trata de Democracia com efetiva participação popular, há um capítulo que fala de meios de comunicação. Nem mesmo o palco, do estádio Paulo Machado de Carvalho, assegurou uma linha sequer ao ludopédio.

A única menção a esportes está em questões ligadas à Educação, no eixo sobre Crescimento com distribuiçaõ de renda e fortalecimento do mercado interno. O texto pede que sejam integradas "as ações de ensino técnico e profissional entre as esferas governamentais (educação, trabalho, esporte entre outros)".

A agenda das centrais deve ser encaminhada às candidaturas presidenciais, assim que elas forem oficializadas. O prazo para a realização das convenções partidárias ocorre ainda neste mês de junho.

Cerca de 37% das empresas não pretendem dar folga aos trabalhadores durante os jogos do Brasil na Copa do Mundo, segundo pesquisa da empresa Curriculum.com. Virtualmente 0% cogita liberar seus funcionários para assistir a outros jogos de outras representações nacionais, ignorando a importância do evento quadrienal.

As escolas públicas brasileiras tampouco têm definição sobre como será o ritmo de se assistir aos jogos do escrete comandado por Dunga.

Em tempo: o gramado foi preservado, porque apenas um palco foi montado em frente ao tobogã. Então, a relva está poupada para a partida entre Palmeiras e Flamengo nesta quarta-feira, 2. A desculpa de má qualidade do piso o alviverde não vai ter.

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Durante FSM, Força Sindical quase sorteia carro

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O título é uma brincadeira, mas vale o registro da piada.

Durante as atividades do Fórum Mundo do Trabalho, que reuniu as seis principais centrais sindicais do Brasil, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), União Geral dos Trabalhadores(UGT) e Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), a perda de uma chave de carro foi anunciada várias vezes. Já perto do encerramento das discussões sindicais, Artur Henrique, presidente da CUT, fez uma brincadeira, reproduzida pelo coordenador da mesa. “Como disse o Artur, é melhor o dono do carro aparecer logo porque a Força Sindical vê carro e logo quer sortear”.

Vale o adendo: Arthur Henrique sinalizou que o estádio do Pacaembu, em São Paulo, pode abrigar a Conferência Nacional da Classe da Trabalhadora, com as seis centrais sindicais. Um dos motivos é a pauta unificada de reivindicações propondo um novo modelo de desenvolvimento, jornada de trabalho para 40 horas, para o próximo (a) presidente e, talvez, o anúncio de apoio unificado à futura candidata Dilma Rousseff (PT). O que não parece tão impossível, uma vez que a Intersindical e Conlutas não estarão presentes. “No dia 1º de junho realizaremos a Conferência Nacional da Classe da Trabalhadora, estaremos todos lá em unidade. Porém, unidade não é estarmos todos juntos no caminhão de som e fazer um discurso bonito, mas prática. É organizar os locais de trabalho, unificar datas-base, porque hoje temos categorias com até 15 datas – caso da construção civil. É pensar na Copa do Mundo, que aumentará o número de postos de trabalho”, discursou Arthur.

domingo, abril 13, 2008

Conhecidos na festa

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Sexta fui na festa de inauguração da nova sede dos Bancários de ABC. Estava lotado de personalidades da política, figuras destacadas do ambiente sindical, e vários jornalistas famosos, entre eles o senhor da foto, o Marcão claro! E eu como bom paparazzi que sou, não ia deixar passar a oportunidade de fotografar uma "celebridade" da imprensa local. Sucesso a Rita e todos os camaradas do sindicato, a sede esta um show. Parabéns!

quinta-feira, agosto 02, 2007

Tudo tem limite mesmo: até panfleto do Metrô

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Distraído, desavisado e alienado (como sempre), fui pegar o metrô hoje cedo, em São Paulo, e me deparei com um verdadeiro cenário de guerra: funcionários com camisetas escrito "Operação" zanzavam ensadecidos, tensos; o alto-falante repetia a todo instante que o serviço estava funcionando só até a estação Ana Rosa; faixas de plástico listradas de amarelo e preto impediam o acesso a uma das entradas e tinha mais polícia - dentro e fora da estação - do que em dia de clássico entre Palmeiras x Corinthians.
Tonto como só eu sei ser, perguntei a um dos agitados funcionários de camiseta branca o que estava acontecendo. "-Nada!", ele me gritou, transtornado. Uma senhora obesa desistiu de esperar o trem e saiu esbravejando: "-Tem que privatizar logo esse negócio!" (ah, essa elite paulistana que mora em Pinheiros...). Lesado e desinformado (ah, esses jornalistas bêbados que não assistem TV nem lêem jornal...), só percebi o que estava acontecendo quando entrei no vagão: era dia de paralisação dos metroviários.
Foi então que encontrei sobre as cadeiras um panfleto azul com o singelo título "Tudo tem seu limite! - Urgente: Metrô informa". Sob olhares tensos de funcionários que discutiam pelos walk-talks, quase não acreditei no que estava lendo. Tratava-se de um arrazoado de "motivos" para o cidadão ficar revoltado contra os metroviários, que estariam "usando a população como refém". Recheado de pontos de exclamação, o libelo anti-Sindicato cuspia "informações" como "cerca de 70% da passagem é utilizado no pagamento de salários, e o Sindicato quer mais!", e também "o Sindicato quer receber o benefício (participação nos lucros) duas vezes no mesmo ano, e antes de cumpridas as metas".
Mas o pior ficava para o fim, onde, sob o título "Você precisa saber", há uma lista de benefícios recebidos pelos metroviários, como se tudo fosse crime hediondo ou a maior injustiça do mundo. Pasmo, li ali o seguinte: "(Os funcionários do Metrô recebem) Salários, em média, mais de duas vezes superiores aos do Metrô do Rio de Janeiro, que é privado e dá lucro". Perceberam o tom desse material oficial, assinado pela Companhia do Metropolitano de São Paulo? E o pior é que a impressão desse troço foi paga com o nosso dinheiro.
Ao sair do estação, na Avenida Paulista, tinha três viaturas paradas na calçada, na boca do metrô, com policiais olhando feio. Parecia que ali todo passageiro era suspeito ou culpado de alguma coisa. Realmente, não existe limite para a truculência do PSDB no (des)governo de São Paulo...