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quarta-feira, novembro 18, 2015

O maniqueísmo nosso de cada dia

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Laudo Natel com o ditador Ernesto Geisel
Desde sempre, como sãopaulino, ouço críticas veementes aos dirigentes do São Paulo Futebol Clube pela postura politicamente conservadora e elitista e pelo apoio à ditadura militar - época que um dos diretores do clube, Laudo Natel, chegou a ser governador de São Paulo e que o estádio do Morumbi teve ajuda (leia-se: dinheiro) do poder público para ser terminado. Até onde checamos aqui no Futepoca, é tudo verdade. Falamos da postura ostensivamente conservadora e elitista da torcida e da diretoria do São Paulo nesse post aqui, nesse aqui e mais esse aqui. E das ligações políticas comprometedoras e dos benefícios (públicos) para o Morumbi (particular) nesse post aqui, nesse aqui e esse aqui também.

Pois bem, em contraposição a essa pecha "direitista" do São Paulo, sempre vejo, da mesma forma, elogios ao Corinthians - o "time do povo", da "democracia" dos jogadores no início dos anos 1980. Falamos sobre isso aqui, aqui e mais aqui. Porém, precisamos tomar cuidado com o maniqueísmo nosso de cada dia. Tem muito sãopaulino (diretor, jogador ou torcedor) que não é conservador e/ou apoiou a ditadura militar, assim como tem muito corintiano (idem parênteses anterior) que sim. No que se refere especificamente aos cartolas, "é sempre bom lembrar" - como diz aquela música do Gilberto Gil - que patrão é patrão, em time "da elite" ou "do povo". E o patronato geralmente costuma simpatizar com governos ditatoriais, apoiá-los, financiá-los e tê-los como aliados. Ou, pelo menos, não afrontá-los.

Rose Nogueira no ato do dia 27 de outubro
Vai daí, fiquei sabendo que, no último dia 27 de outubro, o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo fez, em sua sede, um ato em memória dos 40 anos do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, e, na ocasião, a jornalista (e atualmente uma das diretoras da entidade de classe) Rose Nogueira, que foi presa e torturada pela ditadura militar, lembrou que naquela época Wadih Helu era um dos deputados estaduais que cobravam na Assembleia Legislativa repressão aos jornalistas comunistas. O mesmo Helu que foi presidente do Corinthians entre 1961 e 1971 e que, mais tarde, ocuparia o cargo de secretário estadual de Administração no governo - biônico, ou seja, nomeado sem eleição - de Paulo Maluf. Aliás, foi Helu quem apelidou o Palmeiras de "porco" (leia aqui) numa polêmica com o rival.

Enfim, Zé Rodrix já observava que "cada um acredita naquilo que quer, pode e consegue". Mas sempre é bom evitar maniqueísmos. Sãopaulinos e corintianos, uni-vos - no bar!




segunda-feira, agosto 31, 2015

E a sele-çã-ão! É coisa nossa!

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Impressionante (pra dizer o mínimo) linha de ataque da "seleção brasileira" no início dos anos 1970: da esquerda pra direita, Erasmo Carlos, Jair Rodrigues (sentado), Moacyr Franco, Sílvio Santos (ele mesmo!) e Wanderley Cardoso. Pausa no "treino" para observarem Marthinha e Wanderléa.

Ps.: Como Moacyr Franco e Silvio Santos enveredaram pela política, justificam a tag.

 

terça-feira, março 11, 2014

O programa 'social' que nossa elite escravocrata apoia:

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quarta-feira, outubro 23, 2013

Fazer coração com as mãos é para os fracos

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Fred, Neymar e Alexandre Pato: coração na mão é fácil, quero ver suar um no peito!
Edson Arantes do Nascimento, um dos brasileiros mais ilustres de todos os tempos, completa hoje 73 anos. "O maior jogador de futebol do mundo foi Di Stefano. Eu me recuso a classificar Pelé como jogador. Ele está acima de tudo", afirmou, certa vez, o genial húngaro (e já falecido) Ferenc Puskas. "Posso ser um novo Di Stéfano, mas não posso ser um novo Pelé. Ele é o único que ultrapassa os limites da lógica", concordou o holandês Johann Cruyff. De fato, todas as vezes que aparece um novo candidato a "rei" do futebol, como os argentinos Diego Maradona e Lionel Messi, as discussões e comparações acabam confirmando a superioridade de Pelé. O homem nasceu para ser especial. Um exemplo: de uns tempos pra cá, virou moda entre os jogadores comemorar gol fazendo um coração com as duas mãos (fotos acima). Pois Edson Arantes do Nascimento foi além. SUOU um coração:

Não, não é Photoshop! Foto de Luiz Paulo Machado (para a revista Placar) ficou famosa

Outras frases sobre o aniversariante do dia:

"Se Pelé não tivesse nascido homem, teria nascido bola." - Armando Nogueira

"Eu pensei: '-Ele é feito de carne e osso, como eu.' Me enganei." - Tarciso Burnigch, zagueiro italiano que marcou Pelé na final da Copa de 1970

"Em Roma, o melhor jogador do mundo, Pelé, e um fã." - legenda de uma foto publicada pelo jornal inglês The Observer em 1966, mostrando o encontro do jogador brasileiro com o Papa Paulo VI

"Muito prazer, sou o presidente dos Estados Unidos. Você não precisa se apresentar." - Ronald Reagan, ao receber Pelé na Casa Branca


Leia também:










segunda-feira, junho 10, 2013

Os caminhos que cruzam Muricy e o São Paulo

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Além de a torcida gritar seu nome nas arquibancadas do Morumbi, durante a derrota para o Goiás, mais um fato cruzou os caminhos de Muricy Ramalho e do São Paulo na semana passada. Dessa vez, nos bastidores. Tudo começou quando o ex-volante Teodoro, titular do clube nos anos 1970, decidiu ligar para o colega Muricy, seu parceiro de meio-de-campo naquela época, para pedir uma ajuda. Depois de morar muitos anos em Dallas, nos Estados Unidos, onde comandava uma escolinha de futebol, Teodoro está de volta ao Brasil e precisa fazer um tratamento de saúde. Acionado, Muricy passou a demanda para outro colega, o hoje vereador, ex-dirigente do São Paulo e médico Marco Aurélio Cunha. Que, por sua vez, pediu ajuda a Kalil Abdalla, manda-chuva da Santa Casa de Misericórdia da capital paulista - que também é diretor jurídico do São Paulo Futebol Clube.

Kalil Abdalla e Marco Aurélio Cunha
Teodoro foi encaminhado para aquela casa de saúde e, pelo o que dizem, foi feita uma foto dele junto com Marco Aurélio e Kalil, em agradecimento, publicada na rede social Facebook. Aí, ferrou. Marco Aurélio, que se desligou do São Paulo em 2011, por discordar da atual gestão do clube, é um dos nomes que vêm sendo especulados pela oposição sãopaulina como possível candidato à presidência nas eleições de 2014, contra o grupo do "Deus Todo-Poderoso do Morumi" Juvenal Juvêncio. Quando o "Velho Barreiro" Juvenal viu a foto de Kalil com Marco Aurélio no Facebook, deu um "passa-moleque" no diretor jurídico, que respondeu no mesmo tom. Essa briga rachou o grupo de situação entre os "cardeais" sãopaulinos, pois Kalil tem força no clube e, se passar para a oposição, pode arrastar muita gente com ele. Mas o curioso, na confusão toda, é que Teodoro residia nos Estados Unidos - justamente onde Muricy Ramalho está passando férias com a família e assistindo de camarote aos apuros de Ney Franco, em campo, e de Juvenal, nos bastidores.

TÚNEL DO TEMPO

Delegação da Ponte Preta, treinada por Cilinho, em uma viagem à Poços de Caldas (MG), no início da década de 1970:  à partir da esquerda, o lateral-direito Nelsinho Baptista, o meio-campista Pedro Paulo ("Pepê"), o goleiro Waldir Peres e o volante Teodoro. Com exceção de Pedro Paulo, os outros três seriam contratados logo em seguida pelo São Paulo, onde conquistariam o Paulistão de 1975 (Waldir e Teodoro ainda seriam campeões brasileiros jogando juntos dois anos depois). Cilinho treinaria o São Paulo na década seguinte, quando revelou Muller, Silas e Sidney, entre outros.

terça-feira, junho 21, 2011

Vamos beber ao Ravel e à Wilza Carla!

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No início do ano, fiz um post sobre a morte do Cido Guarda Chuva, figura folclórica de minha cidade, como símbolo de um mundo que existia há umas três décadas e que já está desaparecendo sem deixar vestígios. Pois, neste final de semana, duas outras figuras folclóricas e relacionadas à minha infância, dessa vez com fama televisiva e projeção nacional, também partiram desta pra melhor: o cantor Ravel (à esquerda), que fazia dupla com seu irmão e também falecido Dom, conhecidos por pérolas ufanísticas como "Eu te amo, meu Brasil" (veja vídeo abaixo), e a rechonchuda Wilza Carla (à direita), ex-jurada do Programa Sílvio Santos e estrela de pornochanchadas que faziam nossa alegria nas noites de "Sala Especial", na TV Record (veja trecho de um desses filmes abaixo). Dois símbolos de um Brasil que já não existe. A eles, meus sentimentos. E vamos beber o(s) morto(s)!



segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Quando os jornalistas também eram barbudos

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No finzinho de um post do Glauco de dois anos atrás, ele chamava a atenção para um texto do blogue Futebol é Literatura sobre a ausência, hoje, de jogadores barbudos. "Parece que barba é crime. Será uma proibição contratual? Uma exigência dos técnicos? Penso saudosamente em Sócrates, no zagueiro campeão do mundo Hugo de León, do ponta Mário Sérgio, do atacante Kita. Coitados, órfãos do futuro, sem sucessores", dizia Fabrício Carpinejar, o autor. Pois é, os tempos eram outros. Hoje em dia a "rebeldia barbuda" quase não é mais tolerada. E não é só no futebol que isso acontece, infelizmente. Os pelados vigiam os peludos.

Na política, com exceção do Lula, do José Genoíno e de mais meia dúzia de três ou quatro, é difícil achar alguma figura de maior proeminência que mantenha com orgulho seus pêlos na cara. E na imprensa não é diferente: o visual yuppie e mauricinho que passou a imperar nas redações a partir dos anos 1990 limpou de vez o rosto dos jornalistas - com exceção, talvez, dos manguaças de alguns blogues e publicações "de esquerda" (a exemplo do rapaz na foto acima). Por isso, foi com satisfação que vi, no Facebook, um retrato do arquivo de nosso camarada Jesus Carlos, da agência Imagenlatina. Vejam aí, com legenda dele:

Greve - ABCD. Jesus Carlos (Em Tempo) e Lula conversando, com Irmo Pasoni (Veja), Hélio (free-lancer) e U. Detimar (Folha de São Paulo) durante a greve de 1979, no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema. Foto: Roberto Faustino.

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Bebê atômico mandava todo mundo tomar pinga

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No meio jornalístico brasileiro, um dos fatos mais bizarros foi a inacreditável série de 27 manchetes que o extinto jornal paulista Notícias Populares deu entre maio e junho de 1975, sobre um suposto "bebê diabo" que teria nascido em São Bernardo do Campo (curiosamente, no mesmo ano em que Luís Inácio Lula da Silva assumia a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos, na mesma cidade). Fruto da audácia do secretário de redação, José Luiz Proença, e do editor de polícia, Lázaro Campos Borges, em um plantão de sábado em que não havia uma pauta sequer para salvar a edição do dia seguinte, a inacreditável matéria "Nasceu o diabo em São Paulo", que iniciou a série e triplicou as vendas do jornal, surgiu a partir de uma notinha da Folha de S.Paulo sobre um bebê que havia nascido com prolongamento do cóccix e duas pequenas saliências na testa em um hospital do ABC paulista.

Segundo o livro "Nada mais que a verdade", de autoria de Celso de Campos Jr., Denis Moreira, Giancarlo Lepiani e Maik Rene Lima, o repórter Waldemar de Paula, do NP, telefonou para alguns hospitais da região e, como não obteve informação, partiu para a imaginação e a cara de pau. No domingo, 11 de maio de 1975, a "reportagem" dizia que "o bebezinho (...) já nasceu falando e ameaçou sua mãe de morte, tem o corpo totalmente cheio de pelos, dois chifres pontiagudos na cabeça e um rabo de aproximadamente cinco centímetros". Mais à frente, o texto explicava: "parece que tudo começou na Semana Santa, quando o marido da mulher, que é muito religioso, convidou-a para ir à igreja, ver a procissão. A mulher grávida bateu com as mãos na barriga e respondeu, indignada: - Não vou, enquanto este diabo aqui não nascer".

A lorota vendeu horrores e só restou ao jornal prosseguir com a farsa. Por quase um mês, publicou em manchete principal a saga do "bebê diabo", que mobilizou a população em São Paulo e em outros estados (minha sogra, que estava grávida na época, disse que no Rio de Janeiro também só se falava sobre isso). A série espetacular do NP teve capítulos esdrúxulos como "Bebê-diabo inferniza o padre do ABC", "Viu bebê-diabo e ficou louca", "Bebê-diabo nos telhados das casas do ABC", "Diabo explode o mundo em 1981", "Fazendeiro é pai do bebê-diabo", "Bebê-diabo foge para o Nordeste" e "Zé do Caixão vai caçar bebê-diabo no Nordeste", entre outros. Em 24 de maio, por exemplo, o jornal noticiava que "Bebê-diabo parou táxi na avenida" e, respondendo ao taxista qual seria o destino, teria dito: "Toca para o inferno".

Depois de tanto absurdo (e de milhões de exemplares vendidos), o NP resolveu encerrar o assunto quando o "bebê-diabo" havia se perdido nos sertões da Bahia e Pernambuco.

Guta, o "bebê atômico"
Porém, o departamento comercial pressionou e, pouco depois, o jornal apelaria novamente com a notícia de nascimento de um "bebê peixe" na floresta amazônica, com "pele escamosa e cauda de peixe nos membros inferiores". A segunda manchete foi: "Boto é pai do bebê-peixe", em que um médico explicava que a mãe tivera relações sexuais com um "cetáceo fluvial". Saturado pelo "bebê diabo", o público não deu bola e as edições encalharam. Aí, o NP decidiu esculhambar de vez. Em 11 de novembro de 1975, lia-se que "Bebê atômico nasceu em SP". A criança, chamada Guta, tinha o poder de controlar raios e relâmpagos, além de ficar invisível e transformar seu corpo em substância líquida e gasosa. Pior: ela morava no esgoto e passeava por bairros distantes porque, no Centro de São Paulo, as ondas de rádio e TV lhe faziam cócegas.

Segundo o jornal, o pai do bebê, um pedreiro, tivera contato com uma pistola de raios alimentada por urânio enriquecido, "a mesma fonte de energia dos submarinos nucleares". Assim, no dia 14 de novembro, a notícia era a de que a médica Vânia teria recebido uma visita de Guta, que saíra junto com o vapor do chuveiro e, sorridente, se materializara em sua frente (!). Em seguida, a garotinha nuclear parou em uma oficina para recarregar as energias com a bateria de um carro Galaxie azul. Mas a loucura chegou ao ápice quando a garota entrou em uma bar da Vila Prudente para beber todo o leite gelado do local (sua bebida preferida) e, ao mesmo tempo, ordenar: "Quando eu bebo, todo mundo bebe também. Aqui não vai ficar ninguém sem tomar pelo menos uma garrafa de pinga". O livro "Nada mais que a verdade" observa que, talvez, esse fosse o desejo inconsciente do repórter que escreveu essa pérola...

Sem o mesmo sucesso do "bebê diabo", a nova série acabou quando Guta levou um tiro de chumbinho do proprietário da lancha Tiririca, às margens da represa de Guarapiranga.

Os futepoquenses, esses pingagistos
Mas, falando em bar, em cachaça e em jornalistas manguaças, o livro comenta que o romeno Jean Mellé, mentor do Notícias Populares, não falava português direito, confundindo o idioma com uma mistura de alemão, francês e espanhol. Quando aprendeu que o indicativo do gênero masculino era a letra "o", passou a empregar a lição ao pé da letra. Por isso, para Mellé, todo jornalista do sexo masculino era "jornalisto", artista era "artisto", e assim por diante. Seus funcionários (que deviam frequentar o bar com certa assiduidade) lembram que, por associação "lógica" com o termo tabagista, o romeno tratava os bêbados de "pingagistos"...

quinta-feira, novembro 04, 2010

'É preciso criar o Partido dos Trabalhadores'

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Viciado em biografias, resolvi esta semana arriscar o "Nem vem que não tem - A vida e o veneno de Wilson Simonal", de Ricardo Alexandre (Editora Globo, 2009). E não me arrependi. Além de extremamente bem escrito e econômico, com uma pesquisa de dez anos muito completa, o livro cumpre até o fim o papel de esmiuçar a maior tragédia na vida do cantor, compositor, apresentador e showman Simonal: o nebuloso episódio em que teria mandado dois amigos seus, agentes do DOPS (um dos principais órgãos de repressão e tortura da ditadura militar), espancar e torturar um de seus ex-funcionários para que ele confessasse que desviava dinheiro. Pior de tudo é que, quando a vítima resolveu registrar a ocorrência em uma delegacia e a bomba estourou na imprensa, em agosto de 1971, Simonal achou que limparia a barra se acusasse o ex-funcionário de terrorista, em declaração oficial firmada no próprio DOPS. E nesse documento, inacreditavelmente, o artista assinou embaixo do seguinte texto:

"(...) QUE O DECLARANTE aqui comparece visto a confiança que deposita nos policiais aqui lotados e visto aqui cooperar com informações que levaram esta seção a desbaratar por diversas vezes movimentos subterrâneos subersivos no meio artístico; QUE O DECLARANTE quando da revolução de Março de Mil Novecentos e Setenta, digo Sessenta e Quatro aqui esteve oferecendo seus préstimos ao Inspetor José Pereira de Vasconcellos;"

Foi o suficiente para que Simonal fosse taxado para todo o sempre como o maior dedo-duro e informante da ditadura, o que arruinou sua (brilhante) carreira e, de maior astro nacional no final da década de 1960, campeão absoluto de venda de discos e de audiência televisiva, maior até do que Roberto Carlos e Elis Regina naquela época, único capaz de comandar um côro de 30 mil pessoas no Maracanazinho, de lançar discos nos EUA, Itália, Argentina, de dividir o palco com Sarah Vaughan e de representar oficialmente o país na Copa do México, com um prestígio igual ao de Pelé (foto acima), depois da pecha de dedo-duro, chegou a ser preso e foi banido do cenário artístico e isolado totalmente da TV e dos grandes centros urbanos entre 1975 e 1992, período em que mergulhou na depressão e no alcoolismo.

O livro procura mostrar que, de fato, Simonal tinha amigos no DOPS, policiais que costumavam fazer bicos de segurança para vários artistas. O famigerado Sérgio Paranhos Fleury, um dos torturadores mais notórios, chefiou a segurança dos artistas na TV Record e era chamado por Roberto Carlos de "Tio Sérgio". Simonal teria se aproximado de Mário Borges - policial acusado da tortura e morte de Stuart Angel, filho da estilista Zuzu Angel, e acusado em mais nove processos semelhantes daquele período - ao ser chamado ao DOPS, em 1969, para explicar a presença de uma bandeira da então União Soviética no cenário do show "De Cabral a Simonal". Depois disso, Borges e outros asseclas passaram a fazer bicos para o cantor/compositor. Nada leva a crer que, de fato, ele fosse informante do órgão repressor.

Mas o poder que obteve e a suprema arrogância de achar que, naquele momento, podia fazer o que bem entendesse, o levou a usar policiais para "dar uma prensa" num ex-funcionário, dentro de um órgão público, e, pior de tudo, achou que se mentisse declarando que era "ajudante" do DOPS, o governo militar livraria sua cara. Foi o beijo da morte. Longe de querer inocentar Simonal, o autor do livro condena essas suas atitudes mas pondera que, junto com a fama de "dedo-duro", o "linchamento" público do artista também foi impulsionado pelo seu poder, sua arrogância, como se dissessem "tá na hora de acabar com esse negro insolente de uma vez por todas". A classe artística se esqueceu que ele teve a coragem de se solidarizar, em seu programa de TV, ao vivo, com os atores da peça de teatro "Roda Viva", espancados em 1968. Só se lembraram de suas músicas ufanistas, "Brasil, eu fico", "País tropical" etc (todas de autoria do "bonzinho" Jorge Ben). Mário Borges, o torturador, foi inocentado. Simonal escapou da cadeia, mas "morreu em vida".

Curioso é que, sem entender muito de política e sempre querendo evitar se envolver com isso, o ex-favelado Simonal declararia, em 1979, um ano antes de Luiz Inácio Lula da Silva comandar a fundação do PT:

"O MDB e a Arena são uma farsa, é preciso criar o Partido dos Trabalhadores."

Mas aí ninguém mais lembrava que ele existia. Há um documentário que foi lançado ao mesmo tempo que o livro, "Ninguém sabe o duro que eu dei". Achei um trailler, em que até o Pelé dá seu pitaco:

quarta-feira, abril 14, 2010

Tempos idos

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Foto com dedicatória para o atual técnico da seleção sul-africana, de 18 de julho de 1971, data em que Pelé se despediu definitivamente da seleção brasileira, no empate de 2 a 2 com a Iugoslávia, no Maracanã. Será que o (jovem) Emerson Leão, à direita, estava achando alguma coisa "desagradável"? Talvez os paletós nos cabides pendurados pelas janelinhas do avião...

sexta-feira, abril 02, 2010

'Coluna do meio é opção'

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Mesmo para quem entende de futebol, opinar sobre o possível resultado de Uberaba x Vila Nova é uma coisa complexa...

segunda-feira, março 01, 2010

Água que manguaça bebe

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Rodger Rogério é um cantor, compositor, ator e professor de Física de 66 anos. Integrou o mítico grupo Pessoal do Ceará no início dos anos 1970, com a cantora Téti e Ednardo (na foto ao lado, ele está à esquerda). Eles foram da mesma safra dos também cearenses Fagner, Belchior, Amelinha, Fausto Nilo, Petrúcio Maia e Clodo, entre muitos outros. O LP "Meu corpo, minha embalagem, todo gasto na viagem", lançado pela gravadora Continental em 1973, é um clássico disputado hoje nos sebos. Com Ednardo e Téti, Rodger canta coisas como "Cavalo ferro", de Fagner e Ricardo Bezerra. Ele também participou do festival "Massafeira", em 1979, movimento coletivo que fez apresentações no Teatro José de Alencar e foi outro marco da música cearense - os 30 anos do evento foram comemorados com um show em maio do ano passado.

No blogue Do Carvalho, li uma passagem manguacística contada por Rodger Rogério (à esquerda, em foto recente). O bar Estoril sempre foi uma referência em Fortaleza. Nalgum fim de noite perdido nos anos 1970, Rodger e outros manguaças chegaram ao local quando o garçom Sitônio já guardava as mesas e cadeiras. Tratou logo de avisar os ébrios que o bar estava fechando e não venderia mais nada. "- Mas Sitônio, só três vodkas enquanto tu guarda as cadeiras, rapaz!", implorou Rodger. "- Tudo bem, vou trazer as vodkas e a conta logo". "- Peraí, Sitônio, arruma as coisas com calma. Traz três vodkas pra cada um e um Crush por rodada". O garçom aceitou e os manguaças beberam suas três doses com refrigerante. Porém, quando a conta chegou, só constava o valor a ser pago pelos três Crush. "- Que é isso, Sitônio? Num vai cobrar as vodkas não, rapaz?". "- E vocês acham que botei vodka? Tomaram muito foi água misturada com laranjada. E do jeito que estão, nem perceberam. Agora paguem e vão simbora!".

terça-feira, setembro 29, 2009

Motivo para beber não faltou...

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Que o Milton Nascimento gostava de uma birita desde os primeiros tempos como músico, todo mundo sabe. Mas, no início dos anos 1970, o saudável hábito de molhar a palavra evoluiu para um quadro perigoso de alcoolismo, que quase comprometeu sua carreira profissional. O livro "Os sonhos não envelhecem: Histórias do Clube da Esquina", escrito pelo compositor Márcio Borges (Geração Editorial, 2002), narra um triste episódio em que Milton desabou de costas no palco, destruindo a bateria da banda, antes mesmo de terminar a primeira música. O show, no Rio de Janeiro, teve que ser cancelado. Na época, Milton costumava se isolar em Vitória, no Espírito Santo, para pegar uma praia e encharcar todas. Mas, pelo o que parece, conseguiu (felizmente) vencer o alcoolismo doentio e destrutivo.

Pois hoje, assistindo o documentário "Brasil, Brasil - Tropicalia Revolution", da BBC de Londres, no Youtube, vi um interessante depoimento do genial músico, cantor e compositor mineiro. Ele relembra sua participação na famosa Passeata dos 100 mil, o maior protesto popular contra a ditadura, quando foi fotografado pelos repressores na linha de frente (na foto acima, aparece à direita, de braços cruzados), e passou a sofrer ameaças. "O telefone tocou e era uma pessoa da ditadura dizendo que eu estava proibido de ir a São Paulo, principalmente na rua tal, que era onde morava minha esposa, na época, e meu filho. Porque, se eu fosse, eles iam raptar meu filho. Sem volta. Eles iam matar meu filho", revelou Milton.

Naquele tempo, ele era casado com a paulistana Káritas, com quem teve o filho Pablo. "Mas eu não liguei praquilo, fui (a São Paulo) mais umas três vezes. Então, quando eu cheguei em casa no Rio, outra vez, o cara (telefonou de novo e) falou assim, 'olha, essa foi a última vez, é o último aviso - se a gente te ver de novo aqui, ele vai sumir pra nunca mais'. Aí foi o mais horrível que aconteceu na minha vida, as pessoas não entendiam por que que eu bebia tanto, por que que eu não ia a São Paulo, e eu não podia falar nada. Nem pra minha mãe, eu não podia falar nada", desabafou Milton, no documentário da BBC. O artista, lógico, não quis pagar pra ver e passou muito tempo sem ver o próprio filho. Alguém imagina uma situação dessas? Pois é, tempos brabos. E tem gente que tem a cara de pau de tratar o período de "ditabranda"...

sábado, junho 06, 2009

Cerveja ajudou músico a impressionar McCartney

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Outro dia escrevi sobre o único show que os Beatles fizeram em Dublin, Irlanda, em 1963. Curioso sobre o assunto, acabei encontrando na livraria pública "The Beatles and Ireland" (à esquerda), de Michael Lynch e Damian Smyth, sobre todas as possíveis relações da banda inglesa com o país vizinho - a comecar pelos antepassados de John, Paul e George, todos irlandeses. Depois de descrever os shows em Dublin e em Belfast, o livro fala sobre visitas esporádicas de cada beatle à Irlanda até 2003 e narra fatos pitorescos como a compra de uma pequena ilha do litoral irlandês por John Lennon, em 1967, chamada Dorinish. O local funcionou como acampamento hippie por dois anos, até 1971, e acabou sendo vendido pela viúva Yoko Ono em 1985.

Lá pelas tantas, os autores enveredam pela simpatia declarada de John e Paul, em 1972, pelo grupo paramilitar católico e reintegralista IRA (Irish Republican Army), que luta pela separação da Irlanda do Norte do Reino Unido e reanexação à República da Irlanda. Na época, Lennon lançou as canções "The Lucky of the Irish" ("A sorte dos irlandeses") e "Sunday Bloody Sunday" ("Domingo Sangrento Domingo") e McCartney, "Give Ireland Back to the Irish" ("Deem a Irlanda de volta para os irlandeses"). Foi exatamente nesta época que o guitarrista irlandes Henry McCullough foi chamado para a primeira formação dos Wings, a banda de Paul pós-Beatles.

E ele conta um segredo sobre seu teste para admissão: "Recebi um telefonema de Ian Horne, meu roadie, pedindo para eu ir a um ensaio no dia seguinte. Eu tinha bebido um monte de pints [copo padrao de 500ml] de Guinness [cerveja irlandesa] antes de ir lá pela primeira vez. Isso ajudou muito!". Segundo McCullough, depois de tocar alguma coisa do velho rock'n'roll, como "Blue Moon of Kentucky" (um dos primeiros hits de Elvis Presley) e "Lucille" (de Little Richard, ídolo de Paul), o teste partiu para o reggae e musicas de McCartney daquela época. Foi então que o ex-beatle comecou a tocar uma música inédita. "Eu perguntei a Paul o que fazer e ele apenas disse 'Estamos só tentando alguma coisa' - e continuou tocando. Nos o seguimos e, pouco depois, uma nova canção estava escrita. Ela foi feita naquele teste", lembra McCullough. Para ele, foi literalmente uma "prova de fogo", pois conseguiu improvisar e compor com "um monte de Guinness" na cabeca.

Wings, 1972. A partir da esquerda: McCullough, Denny Laine (guitarrista), Denny Seiwell (baterista), Linda (teclados) e Paul McCartney (baixo)

quinta-feira, março 19, 2009

Na "seleção da rodada"...

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Entre milhões de arquivos jogados pela internet, encontrei um recorte de jornal (à direita) da década de 1970 com uma "seleção da rodada" (provavelmente do Campeonato Paulista, mas não descobri o ano). Curioso é que a tal "seleção" começa com dois técnicos muito conhecidos hoje em dia: Geninho, que na época era goleiro do São Bento de Sorocaba, e Nelsinho Baptista, que jogava como lateral direito pelo São Paulo. O texto do jornal (também não sei qual é, mas parece a finada Gazeta Esportiva) diz o seguinte:

Goleiro - Geninho, do São Bento, garantiu a vitória sobre o Comercial, em Ribeirão Preto.

Lateral direito - Nélson, do São Paulo, atacando com objetividade e marcando bem.


Completavam a tal "seleção": Klein, do Paulista de Jundiaí (central), Araújo, do Noroeste (quarto zagueiro), Isidoro, da Portuguesa (lateral esquerdo), Marinho, do Juventus (armador), Pedro Rocha, do São Paulo (armador), Antonio Carlos, da Portuguesa (ponta direita), Toninho, do Marília (ponta de lança), Serginho Chulapa, do São Paulo (centroavante) e Edu, do Santos (ponta esquerda) - este último merece ter registrado o comentário sobre sua atuação: "Fez dois gols e apavorou a defesa da Portuguesa Santista".

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

O maluco, o chato, a música, o futebol e a cachaça

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Depois de apresentar "Let me sing, let me sing" no Festival Internacional da Canção, o baiano Raul Seixas (à direita) surgiu nas paradas de sucesso, em 1973, com uma música que denunciava o engodo do "milagre brasileiro" de Delfim Netto e, ao mesmo tempo, "respondia" a canção "A montanha", de Roberto Carlos. Enquanto o "rei" dizia "Obrigado Senhor/ Por mais um dia", Raulzito cantava, em "Ouro de tolo": "Eu devia agradecer ao Senhor/ Por ter tido sucesso na vida como artista". Só que o mais engraçado, nessa história, é que a própria música de Raulzito ganharia uma "réplica".

Em 1974, o mineiro Silvio Brito (à esquerda) apareceu com "Tá todo mundo louco", na qual escancara: "Eu fiz tudo pra não fazer um plágio/ Mas ela saiu muito parecida com a música do Raul Seixas". O discurso é quase o mesmo. Raul reclama: "Macaco, praia, carro, jornal, tobogã/ Eu acho tudo isso um saco". Silvio emenda: "Essa música foi feita num momento de depressão/ Eu tava com saco cheio, com raiva da vida, com raiva de tudo/ Eu fiz essa música pra encher o saco de todo mundo".

Ouro de tolo:


Tá todo mundo louco:


A mesma agressividade está no desabafo de Raul Seixas: "É você olhar no espelho/ Se sentir um grandessíssimo idiota/ Saber que é humano, ridículo, limitado/ Que só usa dez por cento de sua cabeça animal". Aliás, falando em olhar no espelho, não parece de todo impossível que o descarado Silvio Brito tenha se inspirado na letra do colega baiano para emplacar, na sequência, "Espelho meu". A letra parece confessional: "Tomo a dimensão de quem não tem razão pra ser normal/ Sou débil mental".

O mineiro insistia em construir uma imagem de "maluco", "doido assumido" - e feliz com isso. Em "Espelho meu", grita: "Salve os loucos, salve os loucos!". Curioso é que, pouco tempo depois, Raul soltaria "Maluco beleza" – e ficaria com esse apelido e estereótipo até o fim da vida. Mas, antes disso, o roqueiro baiano decidiu esculhambar Silvio Brito com "Eu também vou reclamar", de 1976. Que já começa avisando: "Eu vou tirar meu pé da estrada/ E entrar também nessa jogada/ E vamos ver quem é que vai ‘güentar’".

Eu também vou reclamar:


Pare o mundo que eu quero descer:


Na época, uma das músicas mais grudentas de Silvio era "Pare o mundo que eu quero descer". A letra faz menção ao futebol: "Pare o mundo que eu quero descer/ Que eu não aguento mais esperar o Corinthians ganhar o campeonato/ E ver no rosto das pessoas a mesma expressão" (o time de Parque São Jorge sairia de uma fila de mais de duas décadas no ano seguinte - foto acima). Para rebater, Raul Seixas foi direto ao assunto: "Ligo o rádio e ouço um chato/ Que me grita nos ouvidos/ Pare o mundo que eu quero descer".

Outra coincidência entre a produção musical do mineiro e do baiano, naquela época, foi a implicância feminina com a – indispensável – manguaça nossa de cada dia: "Já estou cansado de ouvir você dizer/ Que eu não sei fumar, que eu não sei beber, que eu não sei cantar" (de "Tá todo mundo louco") e "Entro com a garrafa de bebida/ Enrustida/ Porque minha mulher não pode ver" (de "Eu também vou reclamar"). Raul morreria de pancreatite aguda, aos 44 anos, exatamente por abuso da bebida. Silvio Brito - que homenageou Raul - continua vivo. Mas quase ninguém repara...

Ps.: Eu posso ser chato (ou "chacrilongo"), mas as melodias dessas músicas abaixo não são extremamente parecidas, não?

Chacrilongo:


Capim guiné:

quarta-feira, outubro 08, 2008

Goró salvou Tim Maia da Cultura Racional

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Outro dia estava numa livraria e comecei a ler alguns trechos da biografia de Tim Maia, escrita pelo Nelson Motta. Por curiosidade, fui direto ao trecho que fala sobre o envolvimento do cantor, músico e compositor com a tal Cultura Racional, na década de 1970 (na foto à direita, da época, aparece cantando e "pregando" para a platéia). A forma como ele tinha sido "fisgado" eu já sabia: no início de 1974, depois de tomar mescalina, Tim foi visitar o amigo Tibério Gaspar (parceiro do pianista Antonio Adolfo em clássicos como "Sá Marina" e "BR-3"). Enquanto esperava ele voltar do banho, achou um livro que estava por ali: "Universo em Desencanto".

Não se sabe se pelo efeito do alucinógeno ou se por ter nascido doidão, mesmo, Tim Maia mergulhou de cabeça na Cultura Racional. Visitou Belford Roxo, onde morava Manoel Jacintho Coelho, sumo sacerdote do Racional Superior, e saiu de lá vestido inteiro de branco. Em seguida, cortaria o cabelo, rasparia a barba e abandonaria o álcool, as drogas, a carne vermelha e o sexo sem fins procriativos. O resultado prático é que levou um chute da gravadora RCA e foi banido das rádios e dos programas de TV, afugentou seus fãs, perdeu dinheiro a rodo e enriqueceu Manoel Jacintho.

Não por outro motivo, Tim nunca mais tocou no assunto até sua morte, em 1998. Mas os dois discos que gravou entre 1974 e 1975, "Tim Maia Racional" (capa do vinil à esquerda), volumes 1 e 2, são verdadeiras pérolas. Eu, particularmente, adoro o som (e as letras bizarras) de "Bom senso", "Contato com o mundo racional", "Leia o livro Universo em Desencanto", "No caminho do bem" (da trilha sonora do filme "Cidade de Deus") e, principalmente, a baladona "O dever de fazer propaganda deste conhecimento", que sapeia o toque de piano de "Sing this all together", dos Rolling Stones, e tem um suingue de violão que deixa Jorge Benjor no chinelo.

Mas, afinal, como Tim teria caído fora dessa roubada? Com a palavra, Nelson Motta: "No dia 25 de setembro de 1975, Tim acordou com uma vontade louca de comer uma carne sangrenta, tomar um goró e fumar um baseado. Teve uma desiluminação e abandonou a seita no seu velho estilo, quebrando tudo. Voltou para o apartamento da Figueiredo Magalhães, tirou e queimou a roupa branca e, nu e furioso, foi para a janela e começou a gritar para a rua, em volume máximo, que seu Manoel Jacintho era um pilantra, um ladrão e um tarado que comia todo mundo. E convocou a imprensa para dizer que tinha sido enganado e roubado pelo ex-guru".

Olha aí a manguaça ajudando a organizar as idéias e abrir os olhos de uma pessoa manipulada! O que a mescalina confunde, só o goró desanuvia...