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Quando um time perde uma partida com dois pênaltis desperdiçados é de se pensar. Muitos podem dizer que isso “acontece no futebol”, mas se não olharmos esse ponto como uma síntese de tudo que aconteceu com o Santos no segundo semestre, perderemos uma chance preciosa de avaliar o que vem sendo feito no clube. Uma combinação desastrosa de uma diretoria incompetente que terceiriza seu futebol para um técnico decadente, egocêntrico, que se preocupa mais consigo mesmo do que com o time, gasta mal os poucos recursos de que o clube dispõe e queima os jovens talentos que poderiam dar alegria ao torcedor.
Exigir mais dos jogadores em um cenário assim é simplesmente desumano. Curioso é ver que a torcida cobra muito de Kléber Pereira (que deve sim ser cobrado), mas esquece o “comandante”. Luxemburgo. Mesmo demitido do Palmeiras por um misto de ingerência indevida e “deficiência técnica”, foi premiado pela diretoria santista com carta branca e o maior salário de um treinador no Brasil. O resultado? O Santos não evoluiu nada, tem aproveitamento pior que o da era Mancini, o futebol da reta final do Paulistão não foi reproduzido sequer uma vez com o “gênio” Luxa e, de “time da virada”, tornou-se o “time que torna virada”. Aliás, tudo previsível.
Da promessa feita de levar o time à Libertadores - pra quem esqueceu, a afirmação textual ao assumir a equipe foi: "o objetivo é colocar o Santos na Libertadores, que é a elite do futebol Sul-Americano; é claro que os adversários estão bem preparados e acima de nós na tabela, mas com trabalho e sacrifício vamos recolocar o Santos onde ele deve estar, que é no grupo da frente" - , vemos hoje um técnico cheio de desculpas e que não assume as responsabilidades nem pelos esquemas táticos errático nem pelos reforços que trouxe, com um elenco mais numeroso e, em tese, com mais qualidade do que dispunha seu antecessor. Parece que não tem nada a ver com a situação da equipe, que ele é uma vítima que somente espera ou a viabilização da sua candidatura ao senado ou um empreguinho no Internacional.
Muitos diziam que a vinda do ex-palmeirense teria como objetivo, além da promessa não cumprida da Libertadores, valorizar as jovens jóias Neymar e Paulo Henrique. A sua forma de “valorizar” os meninos foi colocá-los na reserva logo na sua primeira partida contra o Atlético-PR na Vila. Depois, Neymar, decisivo para que o Peixe chegasse à final do Paulistão, virou reserva (assim como Madson, outro atleta decisivo naquela ocasião) e vale bem menos do que quando o atual comandante assumiu.
Já Paulo Henrique perdeu dois pênaltis hoje. Se havia perdido um no primeiro tempo, por que cobrar o segundo? Porque o “gênio” quer que seja desta forma ou porque ele simplesmente se omitiu. Na coletiva, ainda justifica dizendo que foi uma forma de “dar confiança” ao garoto, desviando o foco da própria culpa. E assim ele não só compromete o resultado da equipe como joga a auto-estima de Paulo Henrique lá pra baixo. Ainda vai dar lições de moral, auto-ajuda e psicologismo barato em entrevistas justificando sua atitude para os crédulos que ainda o acham um profissional das quatro linhas. Não é. Quando era, era bom, talvez não fosse o melhor, embora muitos acreditassem que fosse, mas hoje é uma sombra e já era antes de vir para o Santos.
É capaz de que, ao fim do Brasileirão, Luxemburgo e MT venham a público dizer que a campanha foi vitoriosa porque o Santos, em nenhum momento, foi ameaçado pelo rebaixamento. E tem gente que vai acreditar e aplaudir.
Ver Jean como titular do Santos – praticamente uma mistura de Lenny com Kléber Pereira (no quesito gols perdidos) – é o tipo de desprazer que só o “gênio” pode proporcionar ao torcedor santista. Assim como a despedida de Antônio Carlos vestindo a 10 de Pelé e indo para o Corinthians na mesma semana.