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A manchete da Folha de S. Paulo de hoje (aqui, para assinantes) traz George W. Bush declarando seu esperado apoio à Colômbia na crise que ela mesma criou e criticando o que chama de "provocações" de Hugo Chávez. Apoio esperado por dois motivos. Primeiro, porque os Estados Unidos são os grandes financiadores de Uribe na luta contra a guerrilha. De acordo com o próprio jornal, já foram US$ 4 bilhões nos últimos quatro anos para combater "o narcotráfico e a guerrilha" (até a Folha separa as duas coisas).
O outro motivo é mais amplo. Os EUA nunca viram problema nenhum em invadir e bombardear o territóro alheio, desde que isso sirva a seus propósitos. Foi assim recentemente no Iraque, onde a ocupação atroplelou proposições de todos os organismos multilaterais. Foi assim na Nicarágua, no Panamá, no Afeganistão e quase foi em Cuba, no mal sucedido episódio da Baía dos Porcos.
Lutam contra a ditadura no Iraque, mas vendem (e compram) tudo o que podem para a China. Criticam o "atraso" no Afeganistão, nos apavorando com burcas, e abraçam com ardor o petróleo da Arábia Saudita, ditadura sangrenta onde as mulheres (mesmo estrangeiras em visita) não podem dirigir, ocupar cargos importantes ou andar na rua com a cabeça descoberta (mais detalhes em reportagem da revista Fórum). Ameaçam o Irã (que é muito mais liberal em termos de costumes) por pretender possuir bombas nucleares, mas guardam muito bem as suas além de entopir Israel com tudo que podem. Atacam as prisões polítcas de Cuba e torturam prisioneiros em Guantánamo, rasgando códigos e convenções internacionais de guerra.
Tem uma galera aí contra o "terrorismo" das Farc, ou seja lá o que for. Não foi nenhum grupo guerrilheiro que apoiou o golpe militar no Brasil, nem na Argentina, nem no Chile, onde o presidente foi assassinado na sede do governo (por aqui, alguns devem se lembrar – meu pai certamente se lembra –, terroristas e subversivos eram os termos utilizados pela ditadura militar para desiginar quem lutava contra ela, pela democracia). Também não foi nenhum grupo guerrilheiro que colocou Saddam Hussein no poder para tirá-lo anos depois, nem que financiou o Taleban e Osama Bin Laden contra os soviéticos para transformá-los mais tarde na encaração das hordas do inferno.
Hoje, da mesma foram que bancam a guerra interna de Uribe (e bancarão um conflito regional também), bancam o massacre (não há outra palavra) que Israel promove contra o povo palestino, classificado coletivamente como "terrorista".
Os Estados Unidos foram e são o maior fomentador de guerras e massacres nesse mundo, não se enganem. Consideram um direito (e de seus aliados) fazer o que quiserem, do jeito que quiserem, onde quiserem. Atropelam soberanias nacionais, direitos humanos, convenções internacionais, democracia e o que quer que esteja em seu caminho. Cuidado com seus medos.