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quinta-feira, outubro 24, 2013

Ciência do óbvio: dinheiro e poder estragam as pessoas

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Um vídeo com mais de 1 milhão de acessos - somente em inglês, sem legendas/ clique aqui -, intitulado "Money on the Mind" ("Dinheiro na mente"), lista algumas conclusões de uma série de estudos feitos por psicólogos da Universidade da Califórnia sobre como as pessoas de diferentes classes sociais se comportam em situações em que se deve tomar uma decisão ética ou moral. O resultado comum é que, quanto mais dinheiro ou poder as pessoas têm, maiores são as chances de:

- Não parar para pedestres passarem;
- Comer comida que deveria ser de crianças;
- Trapacear em jogos de tabuleiro;
- Achar que têm direito a coisas que na verdade são privilégios;
- Não ajudar outras pessoas.

Ou seja, segundo o estudo, "os indivíduos da classe alta se comportam de forma mais antiética do que os indivíduos da classe baixa". E mais: o comportamento de pessoas que não são ricas ou poderosas muda em experimentos em que elas são colocadas numa posição de maior status. "Fica bastante claro por que não é desejável uma sociedade com grandes disparidades sociais. O dinheiro fode com a cabeça das pessoas", resumiu o camarada Lineu Holanda, que desencavou o estudo.

Dá o que pensar quando lembramos, por exemplo, do (malfadado) movimento "Cansei" (foto acima), de 2007, espécie de "protesto" da elite "pela ética", a "moral" e os "bons costumes" - postura reeditada recentemente por atrizes globais que fizeram fotos como se estivessem "de luto". O estudo nos remete também à campanha "moralizante" que nossa imprensa despeja diariamente - e maciçamente - sobre o povo, "contra a corrupção". Contradição? Pensando bem, é até óbvio...

sexta-feira, maio 13, 2011

A 'ética' de Juvenal Juvêncio

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Leio agora sobre a demissão de Paulo César Carpegiani. Não quero entrar nas virtudes, defeitos, erros ou acertos do treinador em sua segunda passagem pelo São Paulo - nem na fatídica derrota que selou a eliminação do clube da Copa do Brasil. Já não vem ao caso, é página virada. Não quero falar da "boiada", mas sim do "dono dos bois": Juvenal Juvêncio. O erro já começou quando ele contratou Carpegiani, que não estava desempregado. Cumpria contrato com o Atlético-PR, clube que abandonou sem o menor constrangimento - por isso, apesar de reconhecer que o técnico conseguiu melhorar muita coisa no São Paulo, como frisei num post outro dia, não lamento sua saída e nem o defendo. Quem falta com a ética - e faz negócio com dirigente que age igual - recebe na mesma moeda. Sim, a "ética" de Juvêncio, o "algoz" de Carpegiani, está aí, nua e crua. Precisando de um novo treinador, vejam a desfaçatez de sua declaração, ao desembarcar no Aeroporto de Congonhas, na volta do "desastre" em Santa Catarina:

- Os bons técnicos estão empregados. É assim mesmo. Mas é claro que existe a chance de o São Paulo ir atrás de um técnico empregado. Esta é a lei do futebol, e eu não sou diferente.

Essa é a "ética" do digníssimo cartola. A mesma "ética" que outro colega de profissão, o também cartola Rivaldo, que é presidente do Mogi Mirim, teve ao final da partida contra o Avaí. O desabafo de um jogador descontente com o técnico, por não ter tido a chance de entrar em campo, tem sua razão. Mas também tem seu limite. O jogador é, antes de tudo, subordinado ao treinador e, no mínimo, lhe deve respeito. Dizer que foi "humilhado" e que a derrota foi "uma vergonha" significa exatamente o contrário: ele humilhou e envergonhou Carpegiani. No que foi prontamente corroborado pelo colega cartola Juvenal Juvêncio, que demitiu o técnico e confessou que o motivo não foi a derrota na Copa do Brasil:

- Acho muito difícil o Rivaldo e o Carpegiani continuarem juntos no São Paulo. Não posso ser cínico. Houve uma discussão pública entre o técnico e o atleta, o que deixa a convivência dos dois mais complicada.

Por isso, acho que Carpegiani foi muito feliz ao declarar: "Todo mundo tem um caráter e num momento adequado que a gente nota as pessoas". Carapuça justa para Rivaldo - e para Juvêncio também. Ficou bem claro que o jogador já sabia que Carpegiani seria demitido caso o São Paulo fosse eliminado da Copa do Brasil. Caso contrário, não teria dado entrevista tão ofensiva ao treinador, se este fosse continuar a comandá-lo. E como é que Rivaldo sabia e tinha segurança da demissão do técnico? Porque, com Juvenal Juvêncio, ele não tem conversa de jogador com presidente de clube. É papo de cartola com cartola. Ficou nítido que, nesse conflito, o único subordinado era Carpegiani...

Essa é mais uma das incoveniências do estranho contrato com um jogador que é presidente de outro clube. Quando Rivaldo foi contratado pelo São Paulo, escrevi aqui neste blogue que achava isso, no mínimo, complicado. E se o clube enfrentasse o Mogi Mirim numa partida eliminatória pelo Paulistão? Cadê a ética, a isenção? Porém, além dessas "ligações perigosas", a contratação significou (mais) uma "saia justa" para o treinador. Ficou nítida a pressão de Juvêncio para que Carpegiani escalasse Rivaldo, assim como o finado Marcelo Portugal Gouvêa pressionava a escalação de Lugano por Oswaldo Oliveira, em 2003 (o técnico caiu, assumindo Roberto Rojas, que botou o zagueiro pra jogar), e depois a de Falcão, astro do futebol de salão, em 2005, por Emerson Leão (que barrou o rapaz e decidiu sair do clube por cima, assim que ganhou uma taça).

E esse é outro aspecto que ajuda a entender a vitória de Rivaldo nessa queda de braço contra o treinador. Além de reconhecer o visível progresso do São Paulo com Carpegiani, pela sua liderança, seu pulso e autoridade (que nem Ricardo Gomes e muito menos Sérgio Baresi tinham), eu gostei de sua segunda passagem pelo clube exatamente por peitar e enfrentar as pirotécnicas contratações de Juvenal Juvêncio. Antes de Carpegiani, o time enfrentou a estapafúrdia baciada de 11 contratações para 2010, sem planejamento, sem critério, sem respeito ao rumo traçado pelo(s) técnico(s) da época. Isso criou um caos e os reflexos (e derrotas) estão aí, pra alegria dos adversários. E era pra situação estar pior, caso Carpegiani não chegasse impondo respeito. Isolou Cléber Santana, mandou Carleto e Marcelinho Paraíba para empréstimo, dispensou Fernandão e nem sequer cogitou a hipótese de escalar para o banco o tal de Edson Ramos - sintomaticamente, uma indicação de Rivaldo. Juvêncio engoliu calado. Até hoje.

Não importa qual técnico o São Paulo vai contratar agora. Ele terá problemas com Juvenal Juvêncio, sem dúvida nenhuma. E, óbvio, com Rivaldo.

Sobre obviedades
E por falar em obviedade, é mais do que óbvio que a eliminação do São Paulo em duas competições, num prazo de duas semanas, foi o principal motivo da demissão de Carpegiani. Isso não se discute. Só quis ponderar a falta de ética geral no desfecho desse caso, entre o técnico, o presidente do clube e o cartola/jogador Rivaldo. Também é óbvio que Carpegiani errou feio em escalações e substituições, na insistência com alguns (caso de Juan, por exemplo) e isolamento de outros (caso de Junior Cesar), além de outros defeitos. Mas é óbvio, também, que o São Paulo não tinha condições de levantar uma taça com o time que está aí - e eu também já havia alertado para isso no post que fiz sobre o jogo de ida. No caso particular do Avaí, afirmo com segurança que o time catarinense que entrou em campo ontem é, neste momento, mais time que o São Paulo. A vitória foi justa, a eliminação dos paulistas também. Chega de chororô e churumelas.

quinta-feira, novembro 13, 2008

A ética do vinho

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Não são muitas as coisas que me comovem. Uma delas são as crianças. Eu acho incrível o que os pequenos são capazes de fazer com a gente. Pensei nisso quando comecei a ler um livro muito interessante que caiu nas minhas mãos, É Vinho! Naturalmente – Em defesa do vinho orgânico e natural (Boccato e Gaia). O autor, Luciano Percussi, dedicado apreciador por décadas, oferece a obra a seus netinhos Francesca, Chiara e Lorenzo, para que eles “um dia descubram que vinho é cultura”.


Falando assim, parece pouco, mas pense bem, é muito bonito: um avô, preocupado com a formação manguaça de seus netos, não quer vê-los crescendo de qualquer jeito, engolindo qualquer coisa, desperdiçando os dons que a natureza lhes deu de sentir prazer e maravilhar-se com os sentidos numa total (ou quase) indiferença em relação ao que ingerem... Eu, não sendo nenhum especialista em vinho, sinto que ganhei mais instrumentos para apreciar esse líquido sagrado que há milênios reúne as pessoas mais diferentes em fóruns adequados à degustação e ao debate. Coloco este livro ao lado de um filme que vi tempos atrás.

Percussi é bem minucioso. Aborda cada aspecto que pode ser de interesse a um principiante para adentrar essa incrível diversidade que é o mundo do vinho. A história, o plantio da uva, a vinificação, o tempo de cada coisa, a degustação. Seu texto é cheio de metáforas, como quando explica o trabalho de um enólogo comparando-o ao de um treinador de pugilismo: “A cada [atleta] dará um tratamento específico para que, dentro dos limites de cada categoria, possam tornar-se os melhores. Com o vinho acontece o mesmo. Os tempos e as temperaturas serão diferentes para cada tipo de vinho.”

O livro tem mesmo o sabor de uma boa história de avô. E é ilustrado por fotos belíssimas. Devo registrar aqui uma ressalva quanto à revisão; esta deixa muito a desejar, a obra merecia um maior cuidado neste quesito tão importante.

Parênteses ético

Peço licença para um parênteses, pois é de valores que se trata quando nos preocupamos em como os manguaças do amanhã vão apreciar seus bebes. Lembrei de uma passagem do perfil do Daniel Dantas, publicado pela revista Piauí, em que o banqueiro faz uma interessantíssima colocação sobre o vinho. O interesse está na síntese de como funciona a cabeça de um banqueiro. Cito aqui o trecho:

“Outro dia, num restaurante, insistiram que eu tomasse um vinho caríssimo”, disse. “Argumentei que seria um desperdício oferecerem um vinho daqueles a uma pessoa que não tinha paladar apurado para apreciá-lo. Aí, me sugeriram aprimorar o paladar.” Fez uma pausa e massageou a testa, parecendo refletir sobre o assunto. “Acho uma aporrinhação esse negócio de aprimorar paladar. Se consigo gostar de um vinho que encontro em qualquer lugar, porque vou arrumar meu paladar e só ter prazer quando tomar uma coisa rara, de altíssima qualidade? É um contra-senso. É muito mais fácil gostar de qualquer coisa. Depois, eu teria que comprar uma adega climatizada, e aí acabaria a luz, e tudo viraria um inferno.”

A lógica é perfeita, só que dentro de uma ética de resultados, que parece ser cada vez mais hegemônica, apesar da resistência de não poucos. Não estou defendendo os “vinhos caríssimos”, apenas quero clarificar um pouco o que é esse “contra-senso” na avaliação de Dantas. É a mesma lógica que inspira o Dunga a acreditar que o importante é ganhar a qualquer custo, jogando de qualquer jeito (e mesmo assim não ganha). Apreciar o bom futebol exige dedicação, não aceitar qualquer coisa, entender os lances e movimentos fundamentais que passam despercebidos e, também, perdoar o craque que arrisca o lance de arte e eventualmente perde uma jogada. Quem tem a qualidade como valor não se impressiona com firulas, coisas vistosas e sem densidade, sem sentido, mas também não pode suportar “qualquer coisa” que lhe dê um retorno quantificável. Assim é com a música, a literatura, o cinema e o vinho, entre tantas outras coisas.

Retomando, entendo a mensagem que Percussi lega aos netinhos de que “vinho é cultura” desse jeito: o vinho não é só uma bebida que agrada e embebeda, é um universo, exige conhecimento, dedicação para apurar o paladar e entender tudo o que está implicado ali. E, finalmente, tudo isso não serve para nada. É assim com tudo o que temos de mais precioso, não dá para submeter a nenhum critério de eficácia. É o campo da qualidade, do amor às coisas e às pessoas, do sabor singular e intraduzível, do valor em si.

Para quem se interessou, hoje, quinta-feira, 13 de novembro, vai ter uma sessão de autógrafos na Livraria Cultura (Loja de Artes, avenida Paulista, Conjunto Nacional), das 19h às 21h30.
PS: Não cheguei a mencionar a defesa que o autor faz das práticas orgânicas e biodinâmicas na produção do vinho. Mais um ponto para a ética!

segunda-feira, junho 23, 2008

No butiquim da Política - Papo (de bar) sobre ética

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Por CLÓVIS MESSIAS


Olá, amigos do Futepoca! Começo hoje a contribuir para o blogue com minha coluna sobre política, mas sempre no clima de "papo de buteco". E buteco que se preza - este é o nosso caso - começa em grande estilo: papo sobre ética na política. A abordagem de um assunto complexo exige premissas, que embora inconclusivas, podem ser esquecidas em benefício próprio.

Conhecemos, às vezes, as fraquezas psicológicas que alguns políticos passam. Advém daí a vulnerabilidade, surgida das necessidades, quase instantâneas. É difícil falar em ética numa política mercenária. Mas os mercenários existem porque há pessoas que acreditam no pagamento para a solução. Lei de Gerson (foto).

Mas voltemos a insistir: a ética é um bem do indivíduo. Vamos colocar a premissa de que a política democrática é igual à fraternidade. O substantivo feminino "fraternidade" nos conduz ao amor ao próximo, à harmonia, à boa amizade, a união com convivência.

Continuando o raciocínio, sendo a política uma fraternidade, deve-se, então, cultivar uma instituição fundamentalmente "ética". O substantivo feminino "ética" designa uma reflexão filosófica sobre a moralidade, sobre os códigos que orientam a conduta humana. A ética tem por objetivo a elaboração de um sistema de valores. A política, a que me refiro, é uma organização ética, com códigos de valores e de condutas.

Política com ética e fraternidade deixará o Estado mais forte e seguro. Isto é que é papo de buteco. Buteco de respeito, tem papo de "saideira" à vontade. Olha, mas este papo é mais sério que muitos políticos. E eu não tomei nenhuma! Ainda!

Abraços a todos e até a próxima semana!

*Clóvis Messias é dirigente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa de São Paulo e escreve semanalmente para o Futepoca.