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segunda-feira, setembro 09, 2013

'Um jeito ianque/ De São Paulo...'

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 Vaga-bundando pela rede social Fêicibúqui no fim de tarde desta segunda-feira, me deparo com um depoimento surpreendente do músico, cantor e compositor Alceu Valença (foto):
"Mais uma vez me disponho a escrever sobre um assunto que pela rapidez com que as notícias se tornam caducas em nossos tempos, não deveria voltar a comentá-lo. Acontece que ontem, conversando numa roda de amigos em um bar em São Paulo sobre a espionagem americana no Brasil, eis que sou surpreendido por um vizinho de nossa mesa que entrou no nosso papo sem ser chamado e tentou justificar a arapongagem americana como algo necessário e fundamental para o resto do mundo, argumentando que o que levava a interferência do governo Obama, era evitar possíveis ataques terroristas no Brasil e no resto do mundo. Sabemos que a rede privada da Petrobrás foi invadida, lhe perguntei sorrindo: '- Você acredita que haja terroristas nos quadros na nossa empresa de petróleo?' E o rapaz, imediatamente, me respondeu: '- Os terroristas estão infiltrados em todas as nossas empresas públicas!!!' E acrescentou, fechou seu raciocino: '- Nossa presidenta não foi terrorista!? Logo, o serviço de inteligência americano está de olho no Brasil, e com toda razão, por causa dela.' Gostaria de saber a opinião de vocês. Comentem o caso de acordo com suas crenças." - Alceu Valença
Tudo bem que, como já disse ao Futepoca o ator José Dumont (neste post aqui), "O bar é o grande ato politizador. Porque, se eu não escuto opinião, como vou mostrar a minha?" Ou seja, todo mundo tem o direito de pensar e se expressar como quiser (se bem que invadir conversa alheia seja falta de educação). Mas me parece sintomático que tal cena, descrita pelo nordestino Valença, tenha acontecido na cidade de São Paulo. É óbvio que gente conservadora, reacionária, paranóica e americanófila existe em qualquer ponto desse Brasil varonil. Mas é a capital paulista justamente a mais decantada como "cosmopolita", "miscigenada", "aberta", "progressista", "moderna" etc etc. São Paulo, capital, onde nordestinos, negros e pobres sofrem um preconceito atroz, onde homossexuais são espancados em plena região da Avenida Paulista, onde os moradores de Higienópolis tentam recusar uma estação do Metrô para não atrair "gente diferenciada", onde a Polícia Militar do PSDB bate, prende, atropela, atira e joga bombas contra manifestantes. Por esse prisma, os simpatizantes de Obama e da espionagem institucionalizada acabam sendo o menor dos problemas...

E o episódio narrado me lembrou uma música do Premeditando o Breque:

"O clima engana/ A vida é grana/ Em São Paulo (...)
Gatinhas punk/ Um jeito ianque/ De São Paulo..."


quarta-feira, maio 29, 2013

Na seca por 18 meses, há 10 anos

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Meu fígado sempre foi meu orgulho. Quando a médica pediu uma ultrassonografia de abdome superior para ver o estado hepático não hesitei na piada: "Tá de quantos meses? Nasce quando, doutora?"

Não fui eu quem riu por último.

Quando peguei o resultado do exame, o diagnóstico parecia nada bom. "Esteatose hepática difusa grave".

Grife-se o "Grave".

Foto: Marcelo Reis/Wikicommons


Uma consulta ao Doutor Google aconteceu antes que eu pensasse que isso não ajudaria. Na lista das primeiras páginas listadas à época, abri tudo quanto era tipo de artigo. O mais marcante era de um zootécnico, que descrevia o fenômeno em bovinos. "Será que de tanto beber que nem um porco você vai terminar virando uma vaca?", ouvi de um interlocutor, ainda em mesa de bar.

Faz dez anos neste mês de maio de 2013 que este outrora assíduo ébrio -- atualmente um moderado, como todos os leitores do Futepoca -- recebeu a recomendação médica de parar de beber. "É pelo bem do seu fígado. Você não gosta dele, não gosta?"

Eu gostava...

O terror e pânico da médica foram calculados para assustar um embriagado de 22 anos. O medo assegurou 18 meses sem ingerir bebida alcoólica nem gordura. Minto: fiz uma incursão fura-lei-seca depois de sete meses, para celebrar a conclusão da graduação na faculdade. Bastou um chope para ficar feliz-feliz. Os lipídios não tiveram a mesma sorte.

A parte feliz do "causo" é que, em um ano, o fígado estava novo, pronto para outra. Em seis meses adicionais, a liberação para voltar a atuar como profissional. Nesse tempo, uns 30 quilos se perderam.

Foto: Carla Salgado/Flickr
Um universo de cachaças para um simples manguaça


Fato é que, passada uma década, ainda mais quilos a menos, nunca voltei a desempenhar o mesmo papel dentro das quatro linhas da mesa quadrada de alumínio dos botecos do mundo. Houve esforço, mas as obrigações etílicas passaram a parecer maiores do que minha capacidade.

Muitos botecos vieram e virão, visto que tudo isso deu-se na era pré-Vavá, Espeto, Moscão e Roxão. O que significa que ao boteco voltei, tentei, insisti. E como insisti.

Na mesa do bar, naquela hora em que se separam os homens dos meninos, há muito que fico com a criançada.

Felizmente, a fama de manguaça permanece.

sexta-feira, maio 03, 2013

Amigo Ibra assistiu o jogo do Timão, dormiu e partiu

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Ainda estou incrédulo. Notícia triste. Lembro de quantas e quantas vezes, nos últimos dois anos, me encontrei com o Ibra lá no bar Meu Rico Português, na esquina da Teodoro Sampaio com a Francisco Leitão, em Pinheiros. Eu já conhecia sua história, havia assistido o documentário Hércules 56 e cruzado com ele em alguns comícios e manifestações. Mas um dia, depois de observá-lo bebendo e fumando sozinho no referido buteco paulistano, decidi abordá-lo. "Perdão, mas o senhor não é o José Ibrahim?" "Sou. O que é que manda?" "Nada. Sou apenas um admirador de sua trajetória" "Obrigado. Senta aí, vamos tomar uma cerveja". E foi assim que passei tardes e noites conversando sobre o governo federal, Cuba, a campanha para prefeito em São Paulo, sindicalismo, luta partidária. Com o tempo, minha filha Liz também o conheceu - e sempre me contava quando encontrava o Ibra em algum lugar.

Pois é. Foi a Liz que me deu a notícia: ele morreu ontem. Diz a notícia do site G1: "Ibrahim assisitiu a um jogo de futebol pela televisão na noite de quarta-feira (1) e depois foi para seu quarto. A mulher o filho saíram para trabalhar pela manhã e o deixaram dormindo. O corpo do sindicalista foi encontrado pela família no início da tarde." Assim, simples. Assistiu o jogo do Corinthians contra o Boca Juniors, dormiu e partiu. Engraçado: nunca conversamos sobre futebol. Era só política. E, de repente, nunca mais vou encontrar o Ibra bebericando sua cervejinha e fumando, às vezes falando muito ao celular - ele era secretário de Formação Política da União Geral dos Trabalhadores (UGT). Nem deu tempos de dar um abraço, de dizer "bebe mais uma", "até logo". Ou dizer que eu tinha a intenção de escrever alguma coisa sobre ele. Ibra foi como um "primeiro Lula". Amigo Ibra, esteja em paz. E à luta, sempre!

terça-feira, abril 16, 2013

Zeografia

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pariso
novayorkizo
moscoviteio
sem sair do bar

só não levanto e vou embora
porque tem países
que eu nem chego a madagascar

Paulo Leminski

sexta-feira, janeiro 18, 2013

Cerveja-do-pará

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Quatro anos depois, uma nova visita a Belém-PA demanda uma atualização da cena etílico-fermentada da região. A terra da Cerpa, vencedora do primeiro teste-cego de cervejas do Futepoca – realizado em longíqua época em que o Corinthians não tinha levantado o caneco de campeão da  Libertadores e, portanto, quando o mundo era mais divertido – tem novidades que passaram despercebidas aos olhos e copos dos ébrios autores do Futepoca

Foto: Futepoca

Em 2009, às margens do Guajará, nas barraquinhas do Ver-o-peso e em botecos afins, foram registrados momentos altos e baixos do consumo do fermentado de malte (e de cereais não maltados) na capital paraense.


Foto: Futepoca

Além da Cerpa Export, também conhecida como "Cerpinha", a cervejeira ainda trabalhava com a Draft (à direita), variedade mais leve, que levava o rótulo de "lager", para acompanhar e competir com selos igualmente aguados das concorrentes. Brahma Fresh e Glacial (da Schin) que apostavam, desde então, na necessidade de um produto mais refrescante para o calor, adequado à elevada umidade do clima equatorial. Tudo muito parecido com opções como Antartica Sub-Zero e similares, lançadas em outras regiões.

Foto: Futepoca

Em passagem por lá agora, em janeiro de 2013, ficou claro que o cenário está preservado. Duas imagens registram ofertas de cerveja em palcos bastante distintos, do ponto de vista socioeconômico.

Em uma barraquinha (foto à esquerda) em que parei para comprar água de coco (que, segundo diz a literatura, ajuda a recuperar da ressaca), as opções levinhas misturam-se a refrescos à lá tubaína, como um guaraná da própria Cerpa, e energéticos de eficácia duvidosa.



Foto: Futepoca

A outra paisagem (foto à direita) já inclui marca ligeiramente fora desse perfil, mas segue dominada pela devastadora presença de cervejas levinhas. A foto a gora é de um restaurante em um shopping center em Umarizal, bairro de classe média alta da cidade. Além da Antártica Cristal, parece haver toda uma preocupação com a iluminação, para fazer com que o líquido dourado pareça mais claro, mais aguado...

Refresco
 
A certeza de que cervejas leves dominam ainda mais soberanas no mercado belenense ganhou força ao conhecer a Tijuca, lançamento premium da Cerpa de novembro de 2011 , que recorre ao imaginário da capital fluminense ("A paraense mais carioca do Brasil") para comover bebedores mais abastados da cidade. Trata-se de uma versão mais saborosa do que as insossas concorrentes de fabricação mais massiva, mas realmente leve e com muito pouco corpo.

Refrescos também se parecem duas outras opções desse segmento premium (ainda mais caras) da Amazon Beer, que também já foi tema por aqui. A marca é produzida pelo grupo que detém o restaurante Manjar das Garças – situado no parque Mangal das Garças e também em um restaurante da Estação das Docas (100% #TuristaFeelings), tem quatro variedades. Duas delas, bem menos convencionais, vão além da lei de pureza alemã de 1516 (ou de 1952?) e incluem, além de água, malte, lúpulo e levedura, bacuri ou taperebá (caja manga, em outras regiões do país).

Enquanto Bacuri Beer é suavemente adocicada, a de taperebá é a base de trigo, mais encorpada. Ambas, inexoravelmente frutadas, remetem a guaraná e suco ao paladar que esperava se aventurar por sabores etílico-amazônicos mais selvagens... Mas são muito agradáveis. Seria preciso repetir a experiência ao sul do paralelo 1º para saber se é alterada a experiência gustativa. Duas outras opções da marca, uma pielsen e outra lager, completam a carta de opções.







Haja copo.

Em tempo: Cerpa Export e Draft continuam valendo a visita ao estado de Giovanni e Paulo Henrique Ganso.

terça-feira, novembro 06, 2012

Pinga de morrer

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Supermercado em um sábado à noite no Lago Sul, em Brasília. Um de óculos de armação preta e larga outro de camisa xadrez, dois amigos vão comprar energético e destilados para algum esquenta pré-balada. Ou para fazer a própria balada. Pouco importa.

Escolhem o energético mais barato, fora de qualquer geladeira. Vão atrás do destilado, o primeiro pega conhaque. O segundo, de óculos, pede:

– Não, peraí... Pega pinga.
– Pinga, véi?
– É, véi... Pinga.
– Véi... Se a gente levar pinga, a gente vai beber pinga. Se a gente beber pinga, a gente vai morrer!
– É essa ideia.
– Nooooooooooossa!
Levaram tanto o conhaque como a cachaça.

As delegacias de polícia consultadas e o serviço funerário não retornaram as consultas de informação sobre óbitos juvenis na manhã seguinte à ocasião.

quarta-feira, setembro 26, 2012

O garçom que enfrentou a tropa de choque da polícia

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Um garçom de um bar em Madri que já faz fama em todo o mundo. Ele impediu que a tropa de choque local chegasse até manifestantes que estavam refugiados no bar em que ele trabalha. Ontem, milhares de espanhois protestaram "cercando" a Câmara dos Deputados em Madri, contra as medidas de austeridade do governo espanhol.

Alberto Casillas Asenjo trabalha em um bar que servelanches e fica em frente ao Museu do Prado, perto da Praça Netuno, onde os manifestantes se concentraram. Segundo o Huffington Post, Asenjo conta que um manifestante ferido, sangrando, se refugiou no estabelecimento e ele escutou uma ordem dada pela polícia para que prendessem o rapaz. "Foi então que lhes disse que não iriam passar. Durante todo o dia, o clima da manifestação foi o mais correto. E digo, a título pessoal, que acho que houve um excesso de força policial terrível."

Segundo a matéria, os momentos de tensão se estenderam por meia hora. Em relação ao fato de usuários das redes sociais terem o chamado de "herói", Asenjo comentou: "Herói é cada pessoa que luta por seus direitos".

As imagens abaixo dizem muito:

 
 


Quem disse que democracia também não se faz (ou se exerce) no bar?

Fotos extraídas daqui, daqui e daqui. Via Twitter do Idelber Avelar.

sexta-feira, maio 20, 2011

Ação de marketing

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Na foto acima, vemos o time do São Paulo que empatou sem gols com o Corinthians em 30 de agosto de 1987, na segunda partida fnal do Campeonato Paulista. Como havia ganho o primeiro jogo por 2 a 1, quatro dias antes, o Tricolor garantiu a taça. Vemos, em pé, o volante Bernardo, o zagueiro Adílson, o goleiro Gilmar (hoje empresário de jogadores), o eterno "xerife da zaga" Darío Pereyra, o lateral-esquerdo Nelsinho e o lateral-direito (e hoje treinador) Zé Teodoro.

Abaixo, agachados, vemos o massagista Hélio Santos, a dupla formada pelo atacante Muller e o meio-campo Silas (veja post sobre os dois), o baixinho atacante Lê (campeão paulista pela Inter de Limeira em 1986), o meia Pita e o finado ponta-esquerda Edvaldo.

Lê e Edvaldo, aliás, fizeram os gols da vitória na primeira partida da decisão. E o técnico do São Paulo, que não aparece, era Cilinho. Mas faço esse post para destacar um dos "papagaios de pirata" que sempre querem aparecer nessas fotos de time posado. No alto, à esquerda, há um manguaça de óculos escuros, com a mão no ombro de Bernardo, que aproveitou aquele dia para fazer propaganda de seu estabelecimento comercial. De qual ramo? Um buteco, lógico...

quinta-feira, maio 19, 2011

Motivo justo

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sexta-feira, maio 13, 2011

Ilustríssimo senhor 'superior' Ed Motta: eu nunca digo nada disso 'nos bares' - nem em lugar algum!

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Aquele sobrinho mala do Tim Maia, digo, o músico, cantor e compositor Ed Motta (foto), resolveu incorporar publicamente, nesta sexta-feira 13, o espírito da "gente diferenciada" que não quer o metrô no bairro Higienópolis, em São Paulo. Por meio de sua página no Facebook, externou a seguinte declaração de princípios pessoais:

"[Estou] em Curitiba, lugar civilizado, graças a Deus. O Sul do Brasil, como é bom, tem dignidade isso aqui. Frutas vermelhas, clima frio, gente bonita. Sim porque ooo povo feio o brasileiro, (risos). Em avião, dá vontade chorar (risos). Mas chega no Sul ou SP gente bonita compondo o ambiance (risos)", escreveu.

Quando um internauta, indignado, recriminou seus comentários, Motta desceu ainda mais:

"Ô, xará, aprende comigo que é o máximo que você, mortal medíocre, pode fazer. Eu estou num plano superior, te respondi só porque tens o meu nome, mané. Essa porra é um lixo e eu tenho pena de ignorantes como você... Brasileiros... A cultura que eu vivo é a CULTURA superior. Melhor que a maioria, 'ya know' [sabe]?"

Quando a merda começou a repercutir freneticamente na internet, o "culto" e "superior" Ed Motta tentou se explicar:

"Reconheço que fiz comentários infelizes (...). Mas todas as pessoas fazem isso nos bares, em casa".

Ele deve estar falando dos bares e casas de Higienópolis, onde nós, que andamos de ônibus e metrô, não conseguimos a "dádiva divina" de frequentar...

quarta-feira, maio 11, 2011

Filosofia de bar

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Estou lá, apreciando minha loira gelada, quando ouço, na mesa em frente:

- A mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer!

É por causa de coisas como essa que sou viciado em buteco...

sábado, abril 09, 2011

Com ovos, é perfeitamente possível fazer omelete

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Fiquei no aguardo dos santistas comentarem alguma coisa sobre a contratação do Muricy Ramalho mas, achando muito curiosa a reação da mídia esportiva (ah, a mídia esportiva...), resolvi me adiantar. O que mais tenho lido e ouvido, desde quando a ida de Muricy pra Vila Belmiro era só especulação até sua oficialização no cargo, é que o treinador é retranqueiro, joga feio e não vai dar certo com o time rápido, habilidoso e de muitos gols como é o Santos, desde o primeiro semestre de 2010. Os palpiteiros insistem que ele arrumará a defesa mas prejudicará o ataque, vai mandar os atacantes voltarem toda hora e blá, blá, blá.

Não concordo. Muricy usa o que tem, não tinha como ele fazer milagres com um São Paulo de Aloísio, Alex Dias, Souza, Joílson, Jadílson. Vai daí, acertou a defesa e mandou chuveirar bola na área dos adversários ou cavar faltas ou escanteios que resultassem em gols. No Palmeiras, a mesma coisa. Tinha algum craque naquele time? Uma linha de ataque veloz e habilidosa? No Fluminense, ele tinha o Conca. E só. O resto não se comparava nem de longe aos meninos da Vila. Por isso, agora, Muricy terá a chance de provar que, com excelentes jogadores, dá pra ganhar e jogar bonito.

Ou não. Mas é melhor aguardar pra ver do que condenar o homem logo de cara, não acham? Pra mim, se o Santos passar dessa fase na Libertadores, levanta o caneco. Aposto meia dúzia de Heineken no buteco a escolher. Alguém topa?

quarta-feira, abril 06, 2011

Vê uma Raikkonen e... como não tem cachaça?

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Era uma padaria dessas metidas a besta. Tomando um café para encarar uma sessão de cinema – que se revelaria chata à beça e exigente daquela ingestão de cafeína para manter-me acordado – desfrutei da conversa alheia.

Chegam à mesa ao lado três homens, um mais moço, na faixa dos 30, outro na casa dos 50, e o terceiro, saindo dos 60. Preferem a mesa do lado de fora, "que é mais fresco", inclusive por uma garoa intermitente.

Eles se provocam até que algum deles atira a pergunta para o garçom:

– Você não é corintiano, é?

– É claro – devolveu, com um sorriso que fez todo mundo entender que, sim, era um sofredor-graças-a-Deus.

– Aqui, aqui – repetia o sessentão, comemorando qual um gol a "conquista" de um aliado em terras nada lusitanas daquela padaria metida a chique.

Passado o êxtase e acomodados, começa a conferência?

– Vai uma breja, seu Durval? – sugeriu o mais novo ao mais velho, com a deferência de quem fala ao sogro.

– Mas... você não ia tomar o seu uisquinho? – convidou-se.

– Não, eu não queria ficar muito bêbado. Com uísque eu vou ficar bêbado. Cerveja? – insistiu.

– Tá bom, que cerveja tem?.

O mais novo repete a pergunta ao garçom. Tinha só longneck da Bohemia, da Heineken, da Cerpa e da Skol. Os olhos voltam-se ao de maior experiência e de maior quilometragem rodada em mesas de bar do Brasil.

– (pausa reflexiva) Vai de Räikkönen (sic) – respondeu, agora sem olhar ao outrora aliado corintiano.

– Três Räikkönen (sic), então – concordou, de pronto, o rapaz, dirigindo-se ao garçom.

Arte: Futepoca
Este rótulo foi a piada que imaginei
na hora em que ouvi a pérola.


Sem hesitar, foi-se o trabalhador buscar as garrafas verdes da lager holandesa que há pouco tempo comprou a Kaiser e a Bavária no Brasil. A piada não é nova, mas a confusão involuntária, pelo menos para mim, sim.

Um minuto mais e o mais novo foi para dentro da padaria buscar alguma opção de pão sólido. O senhor, liberado de olhares repressores, chamou o garçom para uma extravagência.

– Vem cá, que cachaça você tem?

– Não temos cachaça, não, senhor.

– Nenhuma?

– Bom, vende a garrafa, mas seria pro senhor levar pra casa. Pra servir aqui, não tem.

– Nem uma São Francisco? – insistiu.

– Não tem...

A reiterada negativa não bastou.

– Mas eu sou cachaceiro, viu? Como é que não tem cachaça? Vem cá, ô corintiano. Como não tem cachaça? Tem que ter, senão vão achar que eu não sou cachaceiro! E ele também – completou, apontando para o terceiro e calado elemento da mesa.

Nem mesmo um apelo dessa monta demoveu o encarregado das mesas de fora. Para sorte dele, a garoa apertou e o mais novo veio levar a tropa para uma mesa do lado de dentro, já com alguma porção encaminhada – não de pão, mas de alguma fritura não identificada.

O cinquentão foi o último a sair, quando nem garçom nem os parceiros estavam por perto. Calado até ali, exclamou para si mesmo olhando para o outro lado da rua:

– Eu falei pra gente ir pro bar...

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Por não ser dono de bar, jornalista é cliente assíduo

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Muita gente não entende o motivo de a maioria dos jornalistas beber tanto. Já elocubrei sobre isso aqui no blogue, mas vejo que o assunto gerou até análises acadêmicas. No livro "Jornalismo freelance - Empreendedorismo na Comunicação", de João Marcos Rainho (Summus Editorial, 2008), o autor afirma que três caminhos surgem quando um jornalista está desempregado. Primeiro, óbvio, é procurar e arrumar outro emprego. Segundo, profissionalizar-se como freelance. E, terceiro, continuar desempregado e mudar de ramo - e Rainho observa que "esta última possibilidade está se tornando muito comum nos últimos anos!" (e deve ser, mesmo, ainda mais depois que acabaram com a necessidade de diploma para exercer a profissão). Pois bem, mais algumas páginas à frente há um trecho interessante sobre os que renegam ou pretendem renegar o ofício (os grifos são nossos):

"Pesquisando sobre o modo de vida dos jornalistas para sua tese de mestrado, Isabel Siqueira Travancas entrevistou dezenas de profissionais no Rio de Janeiro [trabalho publicado no livro 'O mundo dos jornalistas']. Ela descreve que o sonho da maioria dos jornalistas dos grandes centros urbanos é ser dono de um jornal - ou ter um bar, para se libertar do esquema empresarial do grandes jornais e do próprio anonimato."

Taí: na impossibilidade de ter um bar, o jornalista vira cliente. Ou melhor: verdadeiro devoto e militante da causa! E o problema do anonimato acaba quando ele passa de alcoólatra anônimo para bêbado conhecido...

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Bebê atômico mandava todo mundo tomar pinga

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No meio jornalístico brasileiro, um dos fatos mais bizarros foi a inacreditável série de 27 manchetes que o extinto jornal paulista Notícias Populares deu entre maio e junho de 1975, sobre um suposto "bebê diabo" que teria nascido em São Bernardo do Campo (curiosamente, no mesmo ano em que Luís Inácio Lula da Silva assumia a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos, na mesma cidade). Fruto da audácia do secretário de redação, José Luiz Proença, e do editor de polícia, Lázaro Campos Borges, em um plantão de sábado em que não havia uma pauta sequer para salvar a edição do dia seguinte, a inacreditável matéria "Nasceu o diabo em São Paulo", que iniciou a série e triplicou as vendas do jornal, surgiu a partir de uma notinha da Folha de S.Paulo sobre um bebê que havia nascido com prolongamento do cóccix e duas pequenas saliências na testa em um hospital do ABC paulista.

Segundo o livro "Nada mais que a verdade", de autoria de Celso de Campos Jr., Denis Moreira, Giancarlo Lepiani e Maik Rene Lima, o repórter Waldemar de Paula, do NP, telefonou para alguns hospitais da região e, como não obteve informação, partiu para a imaginação e a cara de pau. No domingo, 11 de maio de 1975, a "reportagem" dizia que "o bebezinho (...) já nasceu falando e ameaçou sua mãe de morte, tem o corpo totalmente cheio de pelos, dois chifres pontiagudos na cabeça e um rabo de aproximadamente cinco centímetros". Mais à frente, o texto explicava: "parece que tudo começou na Semana Santa, quando o marido da mulher, que é muito religioso, convidou-a para ir à igreja, ver a procissão. A mulher grávida bateu com as mãos na barriga e respondeu, indignada: - Não vou, enquanto este diabo aqui não nascer".

A lorota vendeu horrores e só restou ao jornal prosseguir com a farsa. Por quase um mês, publicou em manchete principal a saga do "bebê diabo", que mobilizou a população em São Paulo e em outros estados (minha sogra, que estava grávida na época, disse que no Rio de Janeiro também só se falava sobre isso). A série espetacular do NP teve capítulos esdrúxulos como "Bebê-diabo inferniza o padre do ABC", "Viu bebê-diabo e ficou louca", "Bebê-diabo nos telhados das casas do ABC", "Diabo explode o mundo em 1981", "Fazendeiro é pai do bebê-diabo", "Bebê-diabo foge para o Nordeste" e "Zé do Caixão vai caçar bebê-diabo no Nordeste", entre outros. Em 24 de maio, por exemplo, o jornal noticiava que "Bebê-diabo parou táxi na avenida" e, respondendo ao taxista qual seria o destino, teria dito: "Toca para o inferno".

Depois de tanto absurdo (e de milhões de exemplares vendidos), o NP resolveu encerrar o assunto quando o "bebê-diabo" havia se perdido nos sertões da Bahia e Pernambuco.

Guta, o "bebê atômico"
Porém, o departamento comercial pressionou e, pouco depois, o jornal apelaria novamente com a notícia de nascimento de um "bebê peixe" na floresta amazônica, com "pele escamosa e cauda de peixe nos membros inferiores". A segunda manchete foi: "Boto é pai do bebê-peixe", em que um médico explicava que a mãe tivera relações sexuais com um "cetáceo fluvial". Saturado pelo "bebê diabo", o público não deu bola e as edições encalharam. Aí, o NP decidiu esculhambar de vez. Em 11 de novembro de 1975, lia-se que "Bebê atômico nasceu em SP". A criança, chamada Guta, tinha o poder de controlar raios e relâmpagos, além de ficar invisível e transformar seu corpo em substância líquida e gasosa. Pior: ela morava no esgoto e passeava por bairros distantes porque, no Centro de São Paulo, as ondas de rádio e TV lhe faziam cócegas.

Segundo o jornal, o pai do bebê, um pedreiro, tivera contato com uma pistola de raios alimentada por urânio enriquecido, "a mesma fonte de energia dos submarinos nucleares". Assim, no dia 14 de novembro, a notícia era a de que a médica Vânia teria recebido uma visita de Guta, que saíra junto com o vapor do chuveiro e, sorridente, se materializara em sua frente (!). Em seguida, a garotinha nuclear parou em uma oficina para recarregar as energias com a bateria de um carro Galaxie azul. Mas a loucura chegou ao ápice quando a garota entrou em uma bar da Vila Prudente para beber todo o leite gelado do local (sua bebida preferida) e, ao mesmo tempo, ordenar: "Quando eu bebo, todo mundo bebe também. Aqui não vai ficar ninguém sem tomar pelo menos uma garrafa de pinga". O livro "Nada mais que a verdade" observa que, talvez, esse fosse o desejo inconsciente do repórter que escreveu essa pérola...

Sem o mesmo sucesso do "bebê diabo", a nova série acabou quando Guta levou um tiro de chumbinho do proprietário da lancha Tiririca, às margens da represa de Guarapiranga.

Os futepoquenses, esses pingagistos
Mas, falando em bar, em cachaça e em jornalistas manguaças, o livro comenta que o romeno Jean Mellé, mentor do Notícias Populares, não falava português direito, confundindo o idioma com uma mistura de alemão, francês e espanhol. Quando aprendeu que o indicativo do gênero masculino era a letra "o", passou a empregar a lição ao pé da letra. Por isso, para Mellé, todo jornalista do sexo masculino era "jornalisto", artista era "artisto", e assim por diante. Seus funcionários (que deviam frequentar o bar com certa assiduidade) lembram que, por associação "lógica" com o termo tabagista, o romeno tratava os bêbados de "pingagistos"...

quinta-feira, janeiro 13, 2011

Yo y mis cervezas

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Buenas, já que aproveitei o tempo que estive na Irlanda para comentar umas e outras cervejas que provei por lá, faço o mesmo, agora, sobre as que conheci numa rápida passagem por Uruguai e Argentina. Quando chegamos a Montevidéu, fomos encontrar uns amigos na Cervejaria Burlesque, no bairro Pocitos. Provamos algumas cervejas artesanais, não engarrafadas industrialmente, e outras marcas latinas. Mas eu gostei mesmo foi da holandesa Grolsch (foto), uma Premium American Lager que fica entre a compatriota Heineken (mas menos amarga) e a nossa Serra Malte (mas um pouco mais suave). O teor alcoólico é de 5% e ela vem numa garrafa com um sistema diferente de lacre.

Muito parecida com a Grolsch é a uruguaia Zillertal (foto), que provei em um butequinho da Praça Cagancha. Vem numa daquelas garrafonas de 1 litro, como as também uruguaias Norteña e Patricia, mais comuns em terras brasileiras, e tem 5,5% de álcool. É outra Premium Lager e, pelo o que percebi, só não é mais pedida que a popular (e fraquinha) marca Pilsen. Também experimentei, em Montevidéu, uma long neck de garrafinha gordinha da mexicana Negro Modelo, que chega até lá via importadora venezuelana. Muito gostosa, 5,3% de álcool. Pelo o que li aqui, ela também é uma cerveja Lager, mas o fabricante a denomina Munich Dunkel, sendo que outros a consideram uma Vienna. Quem entende sobre isso, que se manifeste...

Ainda no Uruguai, na última noite por lá, provei uma long neck da marca Patricia, só que estilo Red Lager, no barzinho Fun Fun, bairro Ciudad Vieja. Muito boa, parecida com a Baden Baden desse tipo, só que mais fraca (5% de álcool). Já em Buenos Aires, resolvi mergulhar de cabeça nos excelentes vinhos, mas o forte calor - muito mais que em Montevidéu, cidade ventilada - me "obrigou" a voltar à fundamental rubia helada, digo, loira gelada. A primeira que arrisquei foi a manjada Quilmes (foto), num buteco tosco da Avenida Córdoba, em Palermo Viejo. Outra cerveja Lager, o que comprova que essa história de que as Pilsen, mais leves, são obrigatórias em lugares quentes, é conversa fiada aceita só no Brasil. A Quilmes tem 4,9% de álcool, mas vou me abster de nota para a qualidade, pois na Argentina, ao contrário do Uruguai, todo bar serve cerveja morna. Só o chope vem geladaço.

A única exceção foi o bar La Biela, no bairro Recoleta, onde conheci uma (gelada) Imperial, indicada, no rótulo, como "cerveza especial argentina". Nunca tinha ouvido falar, mas é boa mesmo. Pra (não) variar, é uma Premium Lager, com 5,5% de teor alcoólico. O bar servia também outras argentinas, como a já citada Quilmes e a Schneider, mas a Imperial estava em TODAS as quase 100 mesinhas do local, em versão long neck e 1 litro. Outra surpresa, já no caminho de volta, no Aeroporto Ezeiza, foi a Quilmes versão Stout, long neck (foto). Cremosa, suave (só 4,8% de álcool) e um pouco adocicada, diferente de outras do tipo, como a tradicional irlandesa Guinness ou a brasileira Colorado. Mas foi uma boa despedida. Até a próxima, ou melhor, as próximas! Saludos!

sexta-feira, dezembro 24, 2010

Som na caixa, manguaça! - Volume 64

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MINHA HISTÓRIA (GESUBAMBINO)
(Dalla/ Pallotino - versão: Chico Buarque)

Chico Buarque

Ele vinha sem muita conversa, sem muito explicar
Eu só sei que falava e cheirava e gostava de mar
Sei que tinha tatuagem no braço e dourado no dente
E minha mãe se entregou a esse homem perdidamente, laiá, laiá,laiá, laiá

Ele assim como veio partiu não se sabe prá onde
E deixou minha mãe com o olhar cada dia mais longe
Esperando, parada, pregada na pedra do porto

Com seu único velho vestido, cada dia mais curto, laiá, laiá,laiá, laiá
Quando enfim eu nasci, minha mãe embrulhou-me num manto
Me vestiu como se eu fosse assim uma espécie de santo
Mas por não se lembrar de acalantos, a pobre mulher
Me ninava cantando cantigas de cabaré, laiá, laiá, laiá, laiá
Minha mãe não tardou alertar toda a vizinhança
A mostrar que ali estava bem mais que uma simples criança
E não sei bem se por ironia ou se por amor
Resolveu me chamar com o nome do Nosso Senhor, laiá, laiá, laiá,laiá

Minha história e esse nome que ainda carrego comigo
Quando vou bar em bar, viro a mesa, berro, bebo e brigo
Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz
Me conhecem só pelo meu nome de menino Jesus, laiá, laiá
Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz
Me conhecem só pelo meu nome de menino Jesus
Laiá, laiá, laiá,laiá

(Do LP "Construção", Philips, 1971)

sexta-feira, dezembro 17, 2010

De como o artista driblava a 'rádio-patroa'

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Mais um trecho do livro de Paulo César Pinheiro do qual extraí outro post essa semana. Ele conta que o amigo e parceiro Baden Powell (foto) ficava muito infeliz durante suas temporadas de shows no exterior, por causa da "distância que o sufocava, da frieza do país que o rodeava, da solidão dos quartos de hotel em que se hospedava". Por isso, telefonava constantemente para Pinheiro e passava até uma hora no telefone. "Eu ouvia nitidamente o barulho das pedras de gelo nas paredes do copo. O chocalho da cascavel. E o uísque descendo como veneno, inoculado no sangue, cujo antídoto só encontraria atravessando o Atlântico". A vontade de Baden era voltar para sua casa no Itanhangá, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.

Numa dessas, largou uma turnê pelo meio, pagando pesada multa, e veio correndo para seu refúgio brasileiro. Pinheiro conta: "As festas dadas nessas ocasiões eram magistrais. Uma durou três dias. Um fim de semana. Essa quando acabou, havia, encostado num pedaço do muro que cercava o terreno, um outro muro. De vidro. Uma montanha de garrafas de cerveja, vodka e uísque". Porém, o maior problema do artista era driblar a vigilância da esposa. "Quando Baden se casava com alguém era logo etilicamente policiado. Sumiam todas as bebidas da casa. E ainda assim ele ficava de porre. Pra elas era um mistério. Onde ele bebia, se não saía dali, nunca, sozinho? Jamais descobriram a artimanha", relembra o parceiro.

Segundo Paulo César Pinheiro, colada ao muro dos fundos, na rua seguinte, havia a birosca do "seu" Manuel, que, ao contrário do que se pode pensar, não era português, mas sim alemão - e macumbeiro. "Baden contratou um pedreiro para construir, do lado de fora do muro, um nicho espaçoso e uma portinhola de madeira. Esticou uma corda até o balcão do boteco e lá pendurou um sino. Quando queria uma dose, abria a portinhola, puxava a corda e o sino tocava no ouvido do gringo. Seu Manel enchia o copo longo com o Drury's previamente negociado, punha gelo e o colocava no nicho. Era só abrir o fecho da portinha e esticar o braço. O badalo tinia o dia inteiro na tasca do tedesco". Como diziam na minha adolescência, "deu Drury's, tome um Dreher!"...

quarta-feira, dezembro 15, 2010

Questão de caráter

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Em mais um volume da série "Histórias das minhas canções", da Editora Leya, o poeta, compositor e escritor Paulo César Pinheiro conta uma passagem interessante sobre o fantástico Alfredo da Rocha Viana, o Pixinguinha (foto):

"Morando em São Cristóvão ainda, próximo do centro da cidade [do Rio de Janeiro], fui algumas vezes ao Bar Gouveia, na rua Sete de Setembro, em seu ponto de fé, atrás de um bom papo com o chorão. (...) Alguns sentavam-se à sua mesa, também, para ouvi-lo. Jamais foi deseducado ou deselegante com sua enorme legião de fãs. Pra um, uma vez, que, não por maldade, mas por cuidados com sua saúde, lhe dissera que a bebida fazia mal, Pixinga retrucou com uma frase que ecoa ainda hoje em minha mente:
- Meu filho, bebida só faz mal pra quem não tem caráter."

sexta-feira, dezembro 10, 2010

Som na caixa, manguaça! - Volume 63

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TURMA DO FUNIL
(Antonio Carlos Jobim/ Chico Buarque/ Mirabeau/ Oliveira/ Castro)

Tom Jobim, Miúcha e Chico Buarque

Quando é tão densa a fumaça
Que o tempo não passa
E a porta do bar já fechou
Quando ninguém mais tem dono
O garçom tá com sono
e a primeira edição circulou
Quando não há mais saudade, nem felicidade
Nem sede, nem nada, nem dor
Quando não tem mais cadeira
tomo uma besteira de pé no balcão
Eis que da porta do fundo
Do oco do mundo
Desponta o cordão

Chegou a turma do funil
Todo mundo bebe
Mas ninguém dorme no ponto
Ah, ah, ah, ah!
Mas ninguém dorme no ponto
Nós é que bebemos
e eles que ficam tontos, morou
Eu bebo sem compromisso
É o meu dinheiro
Ninguém tem nada com isso
Enquanto houver garrafa
Enquanto houver barril
Presente está a turma do funil

(Do LP "Miúcha & Tom Jobim", RCA Victor, 1979)